Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Farmacologia (FAR 532) Clara L. Vianna Aula 5 -> Continuação de farmacodinâmica (29.03.12) � Normalmente, um agonista total tem uma eficácia que é igual à 100%. O agonista parcial, tem um eficácia que é submáxima, ou seja, não chega à 100%, porém é superior a 0. O antagonista, por não produzir nenhuma resposta biológica, terá sempre uma eficácia igual a zero; logo sua curva segue o eixo das abscissas. Isso não quer dizer que o fármaco antagonista não tenha efeito farmacológico, pois ele o tem. Já o agonista inverso, tem uma eficácia negativa (abaixo de zero). Para explicar tal fato, é necessário explicar a “teoria dos dois estados dos receptores”: Um receptor possui um estado inativado e um estado ativado; normalmente há o equilíbrio desses dois estados. Quando o receptor está no estado inativado, não há produção de resposta biológica (mesmo que por exemplo um agonista se ligue à ele); porém quando esse se encontra no estado ativado, há produção da resposta biológica. O receptor ativado pode produzir uma resposta biológica sem a ligação do ligante (pode-se comparar tal a meia embreagem do carro, que mesmo sem aceleração, o carro anda; porém pra andar mais o carro precisa dessa aceleração). Ao pensar em somente um receptor ativado sem ligante, tal não é capaz de produzir uma resposta biológica considerável, porém se houver a somação de todos os receptores que fazem essa ação, tal é desencadeada; essa resposta biológica é denominada, resposta constitutiva. Em tal caso, pode-se concluir que há uma linha de referência, essa é denominada de nível constitutivo de ativação dos receptores (esse vai funcionar como o ponto 0, de referência). Como há equilíbrio da quantidade de receptores ativados e inativados, caso haja a diminuição dos receptores ativados livres, o equilibrio irá se deslocar de onde tem mais pra onde tem menos, ou seja, os receptores inativados vão virar ativados. O inverso ocorre também. Embasando-se nessa teoria, considera-se que o agonista total, tem maior afinidade ao receptor ativo. Logo, isso que dizer que na presença desse agonista, haverá aumento da resposta biológica do receptor. Por outro lado, esse agonista quase não tem afinidade com o receptor inativado; logo, esse irá ocupar muitos receptores ativados, reduzindo a quantidade desses e fazendo com que haja conversão dos inativados; quanto mais ocorre essa conversão, mais o agonista total se liga, fazendo com que o nível constitutivo seja elevado para níveis mais altos. Concluindo o pensamento do porquê o agonista total conseguir chegar à uma resposta de 100%; pois ele ativa um grande número de receptores ativados. Já o antagonista, se liga de maneira equivalente aos receptores ativados e inativados; logo o equilíbrio não será deslocado, não haverá conversão, não ocorrendo assim mudança do nível constitutivo de ativação dos receptores. Por isso, se diz que o anatagonista tem uma eficácia igual a zero. O agonista parcial tem afinidade com o receptor ativado e com o receptor inativado; porém a com o receptor ativado e muito maior do que com o outro (mas continua se ligando nesse). Como há uma maior ligação com os receptores ativados, ocorre a conversão dos inativados para ativados; logo, o nível constitutivo aumenta, porém como há uma parcela de receptores inativados sendo ocupada, essa não vai se converter em ativado, fazendo com que não haja o alcance à um nível constitutivo maior. Por isso se diz que o agonista parcial tem uma eficácia submáxima, abaixo de 100%. O agonista inverso é o contrário do agonista total. Esse se liga com muita afinidade ào receptor inativado e quase não se liga ao receptor ativado; logo, ocorrerá a conversão dos receptores ativados em inativados. Como há a redução do número de receptores ativados, o nível constitutivo vai diminuir também. Por isso, diz-se que o agonista inverso tem uma eficácia negativa. obs.: diz-se hoje em dia na clínica, que quase todos os fármacos considerados antagonistas, são na verdade agonistas inversos; um exemplo de tal, seria o anti-histamínico H1 (allegra, loratadina, claritin, polaramine). Por isso, o agonista inverso é denominado de SUPER ANTAGONISTA; e sua definição é: um ligante, um agonista ou uma droga com alta afinidade para /com o receptor inativado. Normalmente no equilíbrio, há muito mais receptores inativados que ativados. Se o agonista inverso possui uma eficácia negativa, como ele funciona em benefício ao indivíduo? Tal pode ser explicado à partir do exemplo do anti-histamínico: Se tem o receptor histaminérgico e ele tem uma ação constitutiva que produz todos os sintomas e sinais de uma alergia (quer ele seja ligado a algo ou não, ele produz tais). Com a colocação de um agonista inverso, ele vai se ligar no receptor histaminérgico, impedindo que a histamina se ligue nesse e ainda vai diminuir a atividade basal desse; logo, fazendo uma resposta negativa; por isso ele é denominado de agonista inverso. � Caso haja diminuição dos receptores ativados, há diminuição da resposta biológica, diminuindo a eficácia; logo, também o CE50. � Caso haja a utilização de um agonista parcial com um agonista total, ele pode atuar como antagonista competitivo? Sim, por exemplo o beta-bloqueador pindolol, que não é um antagonista e sim um agonista parcial; porém ao se ligar ao receptor adrenérgico, ele impede que o agonista total (nesse caso a adrenalina e anoradrenalina) venha a se ligar ao receptor beta-adrnegérgico. Porém não é benefício fazer com que o receptor não funcione, logo a resposta será submáxima, porém fisiológica. Logo, percebe-se que o beta-bloqueador é antagônico à adrenalina, porém agonista parcial ào indivíduo em si. � Pode-se classificar o antagonista em: químico, funcional, competitivo e não competitivo. O químico é aquele que não vai competir com o agonista pelo mesmo receptor; ele vai se ligar diretamente ao agonista ou à outra substância, gerando assim, uma interação química. Um exemplo de tal seria um indivíduo que está intoxicado com algum metal pesado, é administrado nessa um carvão ativado. Esse vai absorver a substância que está dentro do TGI, ou seja, vai se ligar quimicamente à substância. Outro exemplo seria a protramina, utilizada para tratar de um indivíduo que está com uma alta quantidade de heparina no organismo; essa não vai competir com a heparina no seu receptor, ela vai se ligar diretamente à essa. O funcional é a mesma coisa que o antagonismo fisiológico. Um exemplo a ser dado, é a acetilcolina e a adrenalina; no receptor beta do coração, haverá ligação da adrenalina ou da noradrenalina, produzindo taquicardia (inotropismo positivo); já a acetilcolina ao se ligar no receptor muscarínico vai produzir um efeito inotrópico negativo, logo o efeito fisiológico produzido pela acetilcolina vai ser anatagônico à adrenalina ou noradrenalina. Outro exemplo seria a da histamina endógena com o omeprazol; a histamina vai levar à produção de HCl e o omperazol vai inibir a bomba de prótons, logo, o efeito do omeprazol não tem nada à haver com a da histamina, mas consequentemente seu efeito fisiológico vai ser anatgônico ao efeito fisiológico dessa. O competitivo (vide desenho abaixo) pode também ser denominado de agonista inverso. Esse vai se ligar ao sítio de ligação do agonista e os dois vão competir. Porém por mais que o anatagonista se ligue nesse sítio, não irá fazer efeito biológico, logo não irá gerar uma eficácia e ainda vai impedir a ação do agonista. Esse tipo de anatogonista pode ainda ser reversível (se liga e se desliga) ou ainda, irreversível (se ligae não se desliga mais ou possui seu desligamento feito muito lentamente). O RANG & DALE, trata o anatagonista irreversível como não competitivo; porém admite que um antagonista não competitivo se refere muito mais a uma substância que tem o sítio diferente da do agonista (sítio alostérico), logo, podendo também ser chamado de anatagonista alostérico. obs.: O anatagonista pseudo-irreversível possui uma ligação forte, porém ele vai se desligar bem depois. A partir do desenho acima, percebe-se que o anatagonista competitivo, bloqueia o receptor do agonista, impedindo a ação desse. Logo, em uma curva dose-resposta, o agonista vai se deslocar pra direita (reversível->modificando a sua potência, há diminuição do CE50; irreversível->modifica a potência e a eficácia) e o anatagonista vai permanecer no eixo das abcissas. No antagonista competitivo reversível, so há modificação da potência pois caso a concentração do agonista aumente, ele vai gerar uma resposta biológica, logo uma eficácia (vide gráfico abaixo). Já no antagonista competitivo irreverível, há modificação da potência e da eficácia do fármaco; pois por mais que a concentração do agonista aumente, o anatagonista não vai se desligar do receptor desse, não havendo resposta biológica e nem eficácia (vide gráfico abaixo). Quando não há modificação do CE50 no gráfico, pode-se concluir que o anatagonista é não competitivo ou alostérico. O não-competitivo/alostérico não compete com o agonista pelo seu receptor, porém a sua ligação pode alterar a conformação do sítio de ligação do agonista, fazendo com que o receptor não possa mais transduzir a resposta que o agonista trouxe. A partir do gráfico acima, percebe-se que o receptor e o agonista continuam tendo a mesma afinidade, porém não há resposta biológica, logo, diminuindo sua eficácia. Respostas: 1. Sim, pois atinge a eficácia máxima com um menor CE50. 2. Sim, pois possui o menor Kd, logo, maior afinidade 3. Sim, pois ambos atingem 100% no gráfico. 4. Sim, o Kd de Y é menor que o de Z, mas maior que o de X. 5. Sim, pois o Y não atinge 100% de eficácia no gráfico. A partir do gráfico acima, entre a NOR e a OXY, qual é o mais potente? Ambos são igualmente potentes, pois possuem o mesmo Kd. Já, entre esses dois, qual é o agonista parcial e qual é o total? O parcial é o OXY, pois atinge seu platô antes da eficácia máxima e o total é a NOR, pois seu platô está na eficácia máxima. � Existem 4 tipos de receptores, onde é preciso que o agonista tenha uma certa lipossolubilidade para atravessar as membranas lipídicas. São eles: inotrópicos ou canais iônicos (onde é necessário que haja um ligante no sítio de ligação para abrir o canal iônico; pode haver hiperpolarização ou despolarização, dependendo de qual íon entrar por esse); receptores acoplados à ptn G ou metabotrópicos; receptores regulados por ligantes ou ligados à quinase (receptores de fatores de crescimento e da insulina); receptores intracelulares. No receptor metabotrópico é necessário que quando o ligante se ligue ao receptor, haja uma mudança conformacional na ptn G (denominada assim pois está ligada aos resíduos de guanosina); essa atinge uma enzima efetora, e assim, há produção de segundos mensageiros. Nesse caso, é a ptn Gs ou Gq; pois quando é a ptn Gi, essa tem um efeito inibitório, no qual há inibição da adenilil-ciclase, inibição da enzima efetora, reduzindo assim a produção de segundos mensageiros, e consequentemente reduzindo os efeitos celulares. Os receptores intracelulares ficam no citoplasma, e quando o agonista chega, esse vai caminhar pra dentro do núcleo. Há a síntese de ptn’s, como por exemplo os receptores de esteróides. Os canais iônicos são de três tipos: voltagem dependentes (anestésicos locais que bloqueiam o nervos), regulados por ptn G e regulados por ligantes (por exemplo o canal gabaérgico ou glutamaérgico; o GABA se liga ao sítio no canal, há a abertura do canal, entrada do cloreto e hiperpolarização da célula). Logo, os fármacos ao atuarem nesses canais, pode haver a hiperpolarização, a despolarização ou ainda o bloqueio desses. obs.: Cocaína é um bloqueador do canal de sódio; Verapamil é um bloqueador do canal de cálcio; Hipoglicemiantes bloqueiam os canais de potássio; O etanol abre os canais de cálcio. Nos receptores ligados à quinase ou à ligantes, quando esses são ativados, há uma fosforilação dentro da parte citoplasmática, culminando nos efeitos celulares esperados. Para tal funcionar, é necessário que o ligante se ligue a dois receptores contínuos, fazendo assim, uma dimerização; no qual esses dois receptores vão conjugar, fazendo uma transfosforilação na parte citoplasmática (um vai fosforilar os resíduos de tirosina do outro). Normalmente a ptn G tem 3 subunidades (alfa, beta e gama), essa está ligada a GDP; quando o agonista vai se ligar, esse GDP se transforma em GTP; Ao haver essa troca, a subunidade alfa vai se disscociar em subunidade betagama; essa subunidade alfa junto com o GTP vai dissociar uma enzima denominada adenilil-ciclase. Haverá então a conversão do ADP em AMP cíclico (segundo mensageiro); esse vai ativar a ptn quinase A, e essa pode ou continuar a cascata de eventos ou fosforilar o canal de cálcio. Tem um momento que irá acabar o evento: alfa GTP pode mudar, no qual a enzima GTPase vai converter esse GTP em GDP, voltando a se ligar à duas subunidades (beta gama); o AMP-cíclico também não vai continuar funcionando, pois a fosfodiesterase vai acabar com a sua atuação (vai converter AMP cíclico em AMP- forma inativa). Essa fosfodiesterase é um alvo farmacológico, no qual a teofilina ou o siodenafil (viagra), por exemplo, podem inibi-la. A proteína G, pode ao invés de ativar a adenilil-ciclase, ativar a fosfolipase C, que vai clivar uma ptn de membrana chamada fosfatidil-inusitol bifosfato ou difosfato, essa clivagem vai dar origem a diacilglicerol (DAG) e inusitol-trifosfato. O IP3 vai no retículo endoplasmático e bota o cálcio pra fora, ou ainda pode ativar os canais iônicos. O DAG por ser muito lipossolúvel, normalmente, fica na membrana, podendo ativar a ptn cinase C, que pode continuar a fazer os mesmos efeitos que o cálcio. Pode também ocorrer da ptn G ativar a guanilil-cic lase, essa leva à formação de GMP- cíclico (converte GTP em GMP-cíclico), que vai ativar a ptn cinase dependendo de GMP-cíclico e vai fazer as suas ações celulares. Ou ainda o GP cíclico pode atuar nos canais iônicos (normalmente potássio ou cálcio). Os receptores muscarínicos dos vasos (endotélio), na parte genitourinária, pode ocorrer ereção pelo parassimpático. Caso seja adminstrado um agonista muscarínico, haverá ligação ao receptor de acetilcolina M3, que ativa a fosfolipase C, que leva à produção de IP3, há colocação do cálcio pra fora que vai se ligar à calmodulina e ativar a óxido nítrico sintase; esse vai converter a arginina em óxico nítrico, que por ser um gás, vai se difundir do endotélio para a musculatura lisa. Na musculatura o óxido nítrico vai converter o GTP em GMP cíclico, ativando a proteína cinase G, que vai levar ao relaxamento da musculatura lisa, devido ao aumento da condutância de potássio. O viagra, vai inibir a fosfodiesterase; caso haja essa inibição, não haverá metabolismo do GMP cíclico, logo, esse vai continuar provocando relaxamento, mantendo a ereção peniana (vasodilatação). Porém, qual a importância das proteínas G? As vezes, não é necessário uma grandequantidade de agonista para ativar essas proteínas; basta uma molécula de adrenalina, que vai ativar o receptor metabotrópico, esse pode ativar outros receptores ou levar a produção de AMP cíclicos; logo, com uma molécula, há amplificação do sinal e resposta máxima nesse tecido. Esses receptores são chamados de receptores de reserva.
Compartilhar