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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. 
 
TÉTANO EM EQUINO- RELATO DE CASO 
 
Jorge Tiburcio Barbosa de Lima
1
, Lucas Augusto Monteiro Magalhães Patrício
2
, Antônio Fernando de Amorim Farias
3
, 
Geymerson dos Santos Souza
4
, Luiz Carlos Fontes Baptista Filho
5
 

 
Introdução 
O tétano é uma doença infecciosa, de alta letalidade em todas as espécies de animais domésticos, causada por 
exotoxinas produzidas pelo Clostridium tetani, caracterizada por rigidez muscular, hiperestesia, convulsões e morte por 
parada respiratória (George, 1993). Caracteriza- se mais como doença relacionada a riscos ambientais do que como 
doença transmissível, não ocorrendo de forma epidêmica, embora seja uma causa importante de morbimortalidade em 
países em desenvolvimento (Viertel, 2005) e em locais onde não é hábito realizar a vacinação dos animais (Reichmann 
et al., 2008). Sua taxa de letalidade é variável, podendo chegar a 80% em equinos (Smith, 2006). 
O C. tetani é um bacilo gram-positivo, anaeróbico obrigatório e formador de endósporos, encontrado em todo o 
mundo e apesar de habitar o solo, o bacilo também é encontrado abundantemente nas fezes dos animais (Nakasato et al., 
1998). Por ser um microrganismo produtor de esporos, ele é muito resistente aos métodos rotineiros de desinfecção, 
podendo sobreviver no solo por muitos anos (Thomassian, 2005). 
Na maioria dos casos o microrganismo é introduzido nos tecidos através de um ferimento perfurante profundo 
contaminado por terra, ocorrendo até em casos de infecções do cordão umbilical, perfurações dos cascos, colocação de 
brincos e vacinações ou feridas cirúrgicas, como caudectomia e castrações (Radostitis et al., 2002). 
Os bacilos tetânicos, após colonização da ferida, permanecem no ponto de infecção e não invadem os tecidos 
adjacentes. Somente proliferam e produzem, pelo menos, três proteínas tóxicas: 1- tetanolisina, que é responsável por 
ampliar a necrose tecidual local, promovendo um ambiente mais favorável ao bacilo; 2-tetanospasmina, uma exotoxina 
lipoprotéica que se difunde do local de sua produção até o sistema vascular, distribuindo-se difusamente até a área pré-
sináptica das placas motoras, interferindo na liberação dos neurotransmissores glicina e ácido gama aminobutirico 
(GABA), provocando hipertonia e espasmos musculares e 3- toxina não espasmogênica, sendo provável responsável 
por fenômenos autônomos resultantes da hiperestimulação do sistema nervoso simpático (Radostitis et al., 2002; 
Raposo et al., 1999; George, 1993). 
Tendo em vista que não há alterações especificas no sangue ou líquido cerebroespinhal e nenhum teste ante-mortem 
tem valor para confirmação do diagnóstico (Green, 1994), o diagnóstico do tétano é extremamente simples e se baseia o 
exame clínico e dados epidemiológicos, visto que, geralmente a doença se apresenta após algum evento traumático ou 
cirúrgico, o que deve ser lembrado no atendimento clínico ao animal (Thomassian, 2005; Radostitis et al., 2002). É 
importante lembrar que os estágios iniciais o tétano pode ser confundido com outras doenças, por exemplo: 
envenenamento por estricnina, tetania hipocalcêmica, laminite aguda, paralisia periódica hipercalêmica, miosite e 
meningite cerebroespinhal (Radostitis et al., 2002). 
O objetivo desse trabalho foi descrever um caso de tétano em um equino, ocorrido no município de Toritama/ PE , 
atendido na Clínica de Equinos Dr. Fernando Farias (CEFF), Caruaru/PE. 
 
Material e métodos 
 Foi atendido em setembro de 2013, na Clínica de Equinos Dr. Fernando Farias (CEFF), município de Caruaru/PE, 
um equino da raça Quarto de Milha, macho, com dois anos e seis meses, procedente do município de Toritama/PE. 
O animal era criado confinado, onde foi encontrado pelo proprietário com sinais de rigidez ao caminhar e 
apresentando dificuldade em se locomover. O proprietário também relatou que o animal foi casqueado recentemente. 
Ao exame físico foi evidenciada extensão de cabeça e pescoço, sudorese, acúmulo de saliva na boca, taquipnéia, 
taquicardia, mucosas congestas, protrusão da terceira pálpebra, rigidez das orelhas, rigidez da cauda (forma de 
bandeira), dificuldade de locomoção (andando com os membros rígidos), tremores, temperatura retal de 39,9° C, a urina 
não foi observada e durante a inspeção dos cascos evidenciou-se a presença de um abscesso na sola. 
O animal foi encaminhado para internação onde foram iniciados os procedimentos terapêuticos. 
 
Resultados e Discussão 
 Com base nos achados clínicos característicos e a presença de lesão no casco, o diagnóstico de tétano foi 
estabelecido. 
As lesões encontradas na inspeção do animal são consequências da ação das toxinas atuando no sistema nervoso 
 
1 Primeiro Autor é Graduando do curso de Medicina Veterinária, Unidade Acadêmica de Garanhuns- Universidade Federal Rural de Pernambuco. 
Av. Bom Pastor, s/n, Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP: 55292- 270. 
2 Segundo Autor é Graduando do curso de Medicina Veterinária, Unidade Acadêmica de Garanhuns- Universidade Federal Rural de Pernambuco. 
Av. Bom Pastor, s/n, Boa Vista, Garanhuns, PE,CEP: 55292- 270. 
3 Terceiro Autor é Médico Veterinário autônomo da Clínica de Equinos Dr. Fernando Farias (CEFF). Estrada de acesso a Pau Santo, s/n, 1º 
Distrito, Caruaru,PE, CEP: 55000-000. 
4 Terceiro Autor é Médico Veterinário autônomo da Clínica de Equinos Dr. Fernando Farias (CEFF). Estrada de acesso a Pau Santo, s/n, 1º 
Distrito, Caruaru,PE, CEP: 55000-000. 
5 Quarto autor é Professor assistente da Unidade Acadêmica de Garanhuns- Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Bom Pastor, s/n, Boa 
Vista, Garanhuns, PE, CEP: 55292-090. 
 
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. 
 
central (SNC) encefálico e medular e nas junções mioneurais, determinando uma diminuição do limiar de 
excitabilidade, produzindo aumento de sensibilidade, irritabilidade central e contrações espasmódicas da musculatura 
(Thomassian, 2005). 
A marcha é rígida devida à dificuldade de flexão das articulações, com o progredir da doença a marcha pode ficar 
impedida devido a rigidez dos músculos (Thomassian, 2005). A retenção urinária é atribuída à incapacidade do animal 
em assumir a posição normal para urinar; a extensão da cabeça e pescoço é provocada por espasmos dos músculos do 
dorso e da cernelha (George, 1993). 
A evolução da doença está associada ao aumento da atividade muscular tônica, o que resulta em quadros de 
hipertermia e sudorese (Smith, 2006), justificando a temperatura retal de 39,9°C e a sudorese apresentada pelo animal. 
A presença de grande quantidade de saliva na boca dos animais é justificada pela incapacidade do animal em degluti-la 
e o esforço respiratório do animal a transforma em espuma (Smith, 2006). 
A eficiência do tratamento consiste na eliminação da bactéria causadora, neutralização da toxina residual, controlar 
os espasmos musculares, manter a alimentação e hidratação e fornecer tratamento de suporte. Então, foi instituído o 
protocolo de tratamento com: limpeza do ferimento com peroxido de hidrogênio, duas vezes ao dia e injeção de 
penicilina procaína na dose de 40.000 UI/kg, por via intramuscular/BID; administração de soro antitetânico na dose de 
500.000 UI/via intravenosa; o controle dos espasmos musculares foi feito com injeção de acepromazina na dose de 
0,05mg/kg/BID; a hidratação e alimentação foram mantidas com solução de NaCl 0,9% e fornecimento de feno de boa 
qualidade a vontade. Como tratamento de suporte o animal foi mantido em baia forrada com cama, preenchimento do 
pavilhão auricular com algodão e colocação de tampões os olhos.. 
O animal respondeu satisfatoriamente ao tratamentoe recebeu alta cinco dias após o início do mesmo. O prognóstico 
da doença está diretamente ligado à velocidade de evolução da mesma, sendo considerado desfavorável quando é de 
evolução rápida e favorável quando de evolução lenta e mais branda (Radostits et al., 2002; Smith, 2006). No paciente 
do presente relato, apesar de evolução rápida, segundo relato do proprietário, a resposta ao tratamento foi satisfatória. 
Embora o diagnóstico seja simples, é importante a diferenciação do tétano de outras enfermidades, como o 
envenenamento por estricnina (que acomete vários animais ao mesmo tempo), tetania hipocalcêmica (restringe-se a 
éguas prenhes e responde ao tratamento com cálcio), laminite aguda (não apresenta protrusão de terceira pálpebra), 
meningite cerebroespinhal (provoca mais depressão e imobilidade) e miosite (normalmente após aplicação de injeções 
no pescoço). 
 
Agradecimentos 
Os agradecimentos são destinados ao CEFF, ao Dr. Fernando Farias pela oportunidade de acompanhar o caso ao 
professor Luiz Carlos pela orientação do trabalho. 
 
Referências 
George L. W. Moléstias do Sistema Nervoso. Tétano. In: Smith B.P. Tratado de Medicina Interna de Grandes Animais. 
Manole Ltda. São Paulo.2006 . p. 1018-1021. 
 
Green, S. L. et al. J. Vet. Int. Med. 1994. v. 8, p.128. 
 
Nakazato L., Brum K. B. Tétano. In: Lemos, R.A.A. (ed.). Principais Enfermidades de Bovinos de Corte do Mato 
Grosso do Sul. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Campo Grande. 1998. p.142-144. 
 
 Radostits O. M., Gay C. C., Blood D. C. et al. Clínica Veterinária Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, 
Suínos, Caprinos e Equinos. 9ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 
 
Raposo, B. J. et al, Doença de ruminantes e equídeos. Pelotas: Universitária, 1999. 2ed., p. 271-277, 651. 
 
Reichmann, P.; Lisboa, J. A. N.; Araújo, R. G. Tetanus in Equids: A Review of 76 Cases. Journal of Equine Veterinary 
Science, Londrina. 2008. v. 28, n. 9. 
 
Smith, B. P. Medicina Interna de Grandes Animais. Davis: Manole, 2006. 
 
Thomassian, A. Enfermidades dos cavalos/ por Armen Thomassian. 4º ed., São Paulo: Varela, 2005. p. 475- 477. 
 
Viertel, I. L.; Epidemiologia e serviços de saúde em 2005. Disponível em: 
www.iah.iec.pa.gov.br/fulltext/pc/portal/ess/v14n1/pdf/v14n1a04 , acesso em 24/10/2013.

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