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MANUAL I

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ProjectoȱApoioȱaoȱDesenvolvimentoȱdosȱSistemasȱJudiciáriosȱ
(noȱâmbitoȱdoȱProgramaȱPIRȱPALOPȱIIȱ–ȱVIIIȱFED)ȱ
FormaçãoȱinicialȱeȱcomplementarȱparaȱOficiaisȱdeȱJustiçaȱ
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JURISDIÇÃOȱCÍVELȱȱ
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PesquisaȱeȱCoordenaçãoȱTécnicaȱ
JorgeȱConstantinoȱȱ
MárioȱFigueirasȱ
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AssistênciaȱtécnicaȱdoȱINAȱcomȱapoioȱcientíficoȱeȱpedagógicoȱdoȱCFOJȱȱ
ManualȱdeȱapoioȱaosȱCursosȬtipoȱAȱeȱBȱȱ
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Ficha Técnica 
Título: JURISDIÇÃO CÍVEL 
Pesquisa e Coordenação: Jorge Constantino e Mário Figueiras, Formadores-coordenadores do CFOJ 
ISBN: 978-989-8096-00-5 
Depósito Legal: 260575/07 
Editor: INA- Instituto Nacional de Administração 
Palácio dos Marqueses de Pombal 
2784-540 Oeiras 
Tel: 21 446 53 39 
Fax: 21 446 53 68 
URL: www.ina.pt 
E-mail: edicoes@ina.pt 
Revisão de Texto: Cláudia Pires e Ana Paula Mata 
Capa: Sara Coelho 
Execução Gráfica: JMG, Art. Pap., Artes Gráficas e Publicidade, Lda. 
Tiragem: 1.000 exemplares 
Ano de Edição: 2007 
A presente publicação foi organizada e editada pelo INA, no âmbito das funções de assistência técnica 
e pedagógica à execução do Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários (Programa 
PIR PALOP II), com enquadramento orçamental específico no co-financiamento do referido Projecto 
pelo Governo Português através do IPAD. 
O conteúdo da mesma corresponde à adaptação de textos de apoio à execução de acções de formação 
inicial e complementar para Oficiais de Justiça, desenvolvidas na Fase I do referido Projecto 
(Novembro de 2003 a Junho de 2006), elaborados em versão original por Docentes do CFOJ – Centro de 
Formação de Oficiais de Justiça do Ministério da Justiça de Portugal, sob coordenação científica e 
pedagógica da respectiva Directora, Dra. Maria João Henriques. 
As opiniões expressas no presente documento são da exclusiva responsabilidade dos respectivos 
Autores e, como tal, não vinculam nem a Comissão Europeia nem o Governo Português, o INA 
ou o CFOJ. 
A reprodução e utilização do conteúdo está condicionada quer às disposições legais genéricas 
aplicáveis aos direitos de propriedade intelectual quer às que regulam as iniciativas desenvolvidas no 
âmbito de financiamentos públicos da União Europeia e de Portugal. É autorizada a cópia para fins 
didácticos nos PALOP. 
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Índice
NOTA PRÉVIA ........................................................................................................................................... 
PARTE 1 – PROCESSO CIVIL .........................................................................................................
NOTA INTRODUTÓRIA .......................................................................................................................... 
1 – Princípios Fundamentais ............................................................................................................. 
1.1 – Da Suspensão ........................................................................................................................ 
1.2 – Personalidade e Capacidade Judiciária ............................................................................. 
1.3 – Patrocínio Judiciário ............................................................................................................. 
2 – Noções Essenciais sobre Actos Processuais ............................................................................. 
3 – Dos Prazos ......................................................................................................................................
3.1 – Modalidades dos Prazos ..... ...............................................................................................
4 – Omissão de Duplicados e Cópias – Art.º 152.º do CPC .......................................................... 
5 – Actos de Secretaria ........................................................................................................................ 
5.1 – Da Comunicação dos Actos ................................................................................................
A) Dentro da Área da Comarca .............................................................................................. 
B) Fora da Área da Comarca .................................................................................................. 
5.2 – Citação e Notificação ............................................................................................................ 
5.2.1 – Disposições Comuns ............................................................................................... 
5.3 – Da Citação .............................................................................................................................. 
5.4 – Da Notificação ....................................................................................................................... 
5.4.1 – Notificações às Partes e seus Mandatários ........................................................... 
5.4.2 – Oficiosidade das Notificações ................................................................................ 
5.4.3 – Notificação aos Intervenientes Acidentais ........................................................... 
5.4.4 – Notificação Judicial Avulsa .................................................................................... 
6 – Incidentes da Instância ................................................................................................................ 
6.1 – Conceito ................................................................................................................................. 
6.2 – Disposições Gerais ................................................................................................................ 
6.3 – Tramitação ............................................................................................................................. 
6.4 – Processamento dos Incidentes mais Frequentes .............................................................. 
A) Incidente de Verificação do Valor da Causa ...................................................................... 
– Tramitação ..................................................................................................................... 
– Consequências da Decisão do Incidente de Verificação do Valor ................................... 
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B) Incidente de Intervenção de Terceiros ............................................................................... 
– Intervenção Principal.................................................................................................. 
B-1) Intervenção Espontânea ............................................................................................. 
– Tramitação ........................................................................................................... 
B-2) Intervenção Provocada................................................................................................
– Tramitação ........................................................................................................... 
B-3) Incidente de Assistência ............................................................................................
– Tramitação ........................................................................................................... 
B-4) Oposição Mediante Embargos de Terceiro.................................................................
– Tramitação ........................................................................................................... 
C-1) Incidente de Habilitação............................................................................................
– Tramitação
........................................................................................................... 
C-2) Habilitação Documental.............................................................................................
– Tramitação ........................................................................................................... 
D) Incidente de Liquidação.....................................................................................................
– Tramitação .................................................................................................................... 
– Taxa de Justiça ..............................................................................................................
7 – Procedimentos Cautelares ........................................................................................................... 
7.1 – Arresto ................................................................................................................................... 
7.2 – Arrolamento .......................................................................................................................... 
8 – As Acções Cíveis ........................................................................................................................... 
8.1 – Formas de Processo .............................................................................................................. 
8.2 – Alçada .................................................................................................................................... 
8.3 – Noções Elementares sobre a Marcha do Processo e Respectivos Prazos ..................... 
8.3.1 – A Apresentação do Processo na Secretaria .......................................................... 
8.4 – Acção Declarativa – Processo Ordinário ........................................................................... 
8.4.1 – O Réu não Contesta a Acção ................................................................................... 
8.4.2 – O Réu Contesta .........................................................................................................
8.4.2.1 – A Réplica .................................................................................................... 
8.4.2.2 – A Tréplica ................................................................................................... 
8.4.2.3 – Resposta à Tréplica ................................................................................... 
8.4.2.4 – Audiência Preliminar e Despacho Saneador ........................................ 
8.4.2.5 – Instrução ..................................................................................................... 
8.4.3 – Meios de Prova .........................................................................................................
A) – Prova por Documentos ................................................................................... 
B) – Prova por Confissão ......................................................................................... 
C) – Prova Especial .................................................................................................. 
D) – Prova por Inspecção ........................................................................................ 
E) – Prova Testemunhal .......................................................................................... 
8.5 – Discussão e Julgamento ....................................................................................................... 
8.5.1 – Formalidades da Audiência (Instrução e Discussão da Causa) ........................ 
8.5.2 – Sentença ..................................................................................................................... 
8.6 – Acção Declarativa – Processo Sumário ............................................................................. 
8.7 – Acção Declarativa – Processo Sumaríssimo ..................................................................... 
8.8 – Entrada na Secretaria da Acção Executiva ....................................................................... 
8.8.1 – Forma das Execuções .............................................................................................. 
8.8.2 – Acção Executiva para Pagamento de Quantia Certa .......................................... 
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8.8.2.1 – Processo Ordinário .................................................................................... 
– Petição e Citação ....................................................................................... 
– Oposição ................................................................................................... 
– Penhora ..................................................................................................... 
– Do Registo ................................................................................................ 
– Convocação Dos Credores ........................................................................
– Pagamento ................................................................................................
– Venda Judicial ...........................................................................................
– Extinção da Execução ...............................................................................
– Renovação de Execução Julgada Extinta .................................................. 
8.8.2.2 – Processo Sumário ...................................................................................... 
– Execução Fundada em Sentença Proferida em Processo .......................... 
8.9 – Acção Executiva para Entrega de Coisa Certa ................................................................. 
8.10 – Acção Executiva para Prestação de Facto ....................................................................... 
8.10.1 – Facto Positivo Sujeito a Prazo ............................................................................. 
8.10.2 – Facto Positivo não Sujeito a Prazo ..................................................................... 
8.10.3 – Facto Negativo ...................................................................................................... 
9 – Processos Especiais ....................................................................................................................... 
9.1 – Interdições e Inabilitações ................................................................................................... 
9.2 – Do Divórcio ........................................................................................................................... 
9.2.1 – Divórcio e Separação Litigioso ............................................................................... 
9.2.2 – Separação ou Divórcio por Mútuo Consentimento ............................................ 
9.3 – Do Despejo ............................................................................................................................ 
9.4 – Falência .................................................................................................................................. 
9.4.1 – Pedido, Duplicados e Fotocópias dos Documentos ............................................ 
9.4.1.1 – Convocação da Assembleia de Credores ............................................... 
9.4.1.2 – Assembleia de Credores ........................................................................... 
9.4.1.3 – Assembleia de Credores Definitica ......................................................... 
9.4.2 – Processo de Falência ................................................................................................
9.4.2.1 – Disposição Gerais ...................................................................................... 
– Declaração Imediata da Falência ..............................................................
– Sentença de Declaração de Falência e sua Impugnação ...........................
– Oposição de Embargos à Falência .............................................................
– Efeitos da Falência ....................................................................................
– Processos Apensos à Falência ...................................................................
– Apreensão de Bens ....................................................................................
– Liquidação do Activo ................................................................................
– Verificação do Passivo ..............................................................................
– Contestação ...............................................................................................
– Resposta à Contestação .............................................................................
– Mapa de Reclamações de Créditos ............................................................
– Audiência ..................................................................................................
– Restituição e Separação de Bens ...............................................................
– Restituição ou Separação de Bens Apreendidos Tardiamente ..................
– Entrega Provisória de Bens Móveis .........................................................
– Verificação Ulterior de Créditos ou de outros Direitos ............................
– Pagamento das Custas e das Despesas de Liquidação ..............................
– Apenso de Prestação de Contas do Administrador ...................................
– Valor Tributário ........................................................................................
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PARTE 2 – PRÁTICAS DE DIREITO PROCESSUAL – PROCESSO CIVIL ................
1 – Recursos .................................................................. ....................................................................... 
2 – Espécies de Recursos .....................................................................................................................
2.1 – Ordinário ................................................................................................................................ 
2.2 – Extraordinário ........................................................................................................................ 
2.3 – Recursos Ordinários ............................................................................................................. 
2.3.1 – Apelação ...................................................................................................................... 
2.3.2 – Revista ......................................................................................................................... 
2.3.3 – Agravo ......................................................................................................................... 
3 – Reclamação ...................................................................................................................................... 
4 – Admissibilidade de Recurso ........................................................................................................
5 – Interposição de Recursos ..............................................................................................................
6 – Preparo ............................................................................. ...............................................................
7 – Efeito do Recurso ...........................................................................................................................
8 – Subida dos Recursos ....................................................................................................................
8.1 – Subida da Apelação .............................................................................................................. 
8.2 – Subida do Agravo ................................................................................................................. 
8.2.1 – Imediata ...................................................................................................................... 
8.2.2 – Subida Diferida .......................................................................................................... 
8.2.3 – Subida do Agravo nos Próprios Autos .................................................................. 
8.2.4 – Subida do Agravo em Separado ............................................................................. 
9 – Alegações .........................................................................................................................................
9.1 – Alegações na Apelação ......................................................................................................... 
9.2 – Alegações no Agravo ............................................................................................................ 
9.3 – Confiança do Processo para Exame .................................................................................... 
9.4 – Perda do Direito de Alegar .................................................................................................. 
10 – Desistência do Recurso ............................................................................................................... 
11 – Deserção do Recurso ................................................................................................................... 
12 – Expedição do Recurso ................................................................................................................. 
13 – Recurso de Apelação ................................................................................................................... 
14 – Meios de Prova ............................................................................................................................. 
14.1 – Prova Documental ............................................................................................................. 
14.2 – Prova Testemunhal ........................................................................................................... 
14.2.1 – Alteração do Rol de Testemunhas .................................................................... 
14.2.2 – Local e Momento da Inquirição ........................................................................ 
14.2.3 – Notificação e Requisição das Testemunhas .................................................... 
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14.2.4 – Inquirição por Carta Precatória ou Rogatória ................................................. 
14.2.5 – Testemunha Faltosa ............................................................................................ 
15 – Diligências Finais ........................................................................................................................ 
15.1 – Sentença .............................................................................................................................. 
16 – Acção Sumária .............................................................................................................................. 
16.1 – Fases da Acção Sumária ....................................................................................................
16.1.1 – Petição Inicial – Art.º 467.º do CPC ...................................................................
16.1.2 – Preparo Inicial pelo Autor ................................................................................. 
16.1.3 – Falta do Preparo Inicial ...................................................................................... 
16.1.4 – Falta do Preparo Inicial e de Pagamento de Imposto Sanção ....................... 
16.1.5 – Despacho Liminar de Citação ............................................................................ 
16.1.6 – Prazo da Contestação .......................................................................................... 
16.1.7 – Recusa da Contestação ....................................................................................... 
16.1.8 – Notificação da Contestação ................................................................................ 
16.1.9 – Reconvenção ........................................................................................................ 
16.1.10 – Réplica ................................................................................................................. 
16.1.11 – Tréplica ...............................................................................................................
16.1.12 – Quadruplica ....................................................................................................... 
16.1.13 – Audiência Preparatória .................................................................................... 
16.1.14 – Saneador, Especificação e Questionário ......................................................... 
16.1.15 – Reclamação da Especificação e Questionário ................................................ 
17 – Acção Sumaríssima ..................................................................................................................... 
17.1 – Fases da Acção Sumaríssima ........................................................................................... 
17.1.1 – Petição Inicial – Art.º 467.º do CPC ...................................................................
17.1.2 – Preparo Inicial pelo Autor ................................................................................. 
17.1.3 – Falta do Preparo Inicial ...................................................................................... 
17.1.4 – Falta do Preparo Inicial e de Pagamento do Imposto Sanção ....................... 
17.1.5 – Despacho Liminar de Citação ............................................................................ 
17.1.6 – Contestação ..........................................................................................................
17.1.7 – Recusa da Contestação ....................................................................................... 
17.1.8 – Notificação da Contestação ................................................................................ 
17.1.9 – Reconvenção ........................................................................................................ 
17.1.10 – Réplica ................................................................................................................. 
17.1.11 – Tréplica ...............................................................................................................
17.1.12 – Quadrúplica ....................................................................................................... 
17.1.13 – Audiência Preparatória .................................................................................... 
17.1.14 – Saneador, Especificação e Questionário ......................................................... 
17.1.15 – Reclamação da Especificação e Questionário ................................................ 
PARTE 3 – PRÁTICAS DE DIREITO PROCESSUAL – PROCESSOS JURISDICIONAIS 
DE MENORES ..................................................................................................................
1 – Regras Gerais .................................................................................................... ............................ 
2 – Adopção ...........................................................................................................................................
2.1 – Tribunal Competente ............................................................................................................ 
2.2 – Início do Processso ............................................................................................................... 
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2.3 – Da Instrução do Processo ..................................................................................................... 
2.4 – Tramitação no Tribunal ........................................................................................................ 
2.5 – Sentença .................................................................................................................................. 
2.6 – Da Revogação ou Anulação .................................................................................................
3 – Tutela ............................................................................................................................................... 
3.1 – Tramitação no Tribunal ........................................................................................................ 
3.2 – Sentença .................................................................................................................................. 
3.3 – Incidente de Revogação ou Anulação da Tutela .............................................................. 
4 – Regulação do Exercício do Poder Paternal ................................................................................ 
4.1 – Petição ..................................................................................................................................... 
4.2 – Conferência ............................................................................................................................ 
4.3 – Sentença .................................................................................................................................. 
4.4 – Incumprimento da Regulação do Exercício do Poder Paternal ...................................... 
5 – Acção de Alimentos ....................................................................................................................... 
6 – Entrega Judicial de Menor ........................................................................................................... 
7 – Inibição do Poder Paternal .......................................................................................................... 
8 – Averiguação Oficiosa de Maternidade ou de Paternidade .................................................... 
9 – Prevenção Criminal .......................................................................................................................
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................... 
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NotaȱPréviaȱ
Oȱpresenteȱmanualȱ constituiȱumȱguiaȱdeȱactuaçãoȱgeralȱparaȱosȱ
Oficiaisȱ deȱ Justiçaȱ queȱ exercemȱ funçõesȱ nosȱ diversosȱ Paísesȱ deȱ
LínguaȱOficialȱ Portuguesa.ȱ É,ȱ noȱ fundo,ȱ umȱ elementoȱ deȱ apoioȱ
que,ȱnaȱpráticaȱdoȱtrabalhoȱdoȱdiaȱaȱdia,ȱtemȱqueȱserȱadaptadoȱàȱ
realidadeȱdeȱcadaȱumȱdosȱpaísesȱdosȱdestinatáriosȱdaȱformação,ȱjáȱ
queȱcadaȱumȱdestesȱpaísesȱ temȱoȱseuȱquadroȱ legislativoȱpróprio,ȱ
comȱrealidadesȱdiferentes.ȱAssim,ȱnaȱpráticaȱdosȱactosȱprocessuaisȱ
deverãoȱsempreȱterȬseȱemȱconsideraçãoȱaȱ legislaçãoȱemȱvigorȱemȱ
cadaȱumȱdosȱpaíses.ȱ
CFOJȱ–ȱ2005
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PROCESSOȱCIVILȱ
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Jurisdição Cível 
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Nota Introdutória 
Este singelo manual, que se organizou como instância complementar da prática 
pedagógica, tem como destinatários os Funcionários de Justiça dos PALOP no 
âmbito do Programa abreviadamente designado PIR-PALOP. 
No seu conteúdo fundamental destacam-se os aspectos práticos do Código de 
Processo Civil na óptica das competências funcionais do Oficial de Justiça, 
procurando-se acompanhar a estrutura sistemática do Código, cuja consulta se 
recomenda em paralelo com a leitura do manual. 
Se a utilidade deste trabalho for sentida como instrumento facilitador da 
aprendizagem e da compreensão do Código de Processo Civil e da sua 
aplicabilidade no dia-a-dia, então, ter-se-ão atingido os objectivos que nos 
propusemos alcançar. 
A dúvida é o principio da sabedoria 
Aristóteles 
A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos 
Platão
Jurisdição Cível 
15
PROCESSO CIVIL 
1 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
No CPC estão estabelecidos os procedimentos a adoptar para a resolução dos 
conflitos cíveis existentes entre duas partes. 
Para a resolução desses conflitos devemos ter sempre presentes vários princípios, 
devidamente consagrados nesta lei adjectiva. 
Assim, está expressamente declarada: 
– a proibição da auto defesa, salvos os casos e nos limites declarados na lei 
(art.º 1.º do CPC); 
– a garantia de acesso aos tribunais, que implica o direito de obter, em prazo 
razoável, uma decisão que aprecie a pretensão deduzida, consagrando ainda a 
possibilidade de se acautelar o efeito útil da acção através dos procedimentos 
tidos por necessários (art. 2º do CPC); 
– a necessidade de ser solicitada a resolução da contenda e a obrigatoriedade de 
facultar à parte contrária oportunidade de oposição, salvos os casos excepcionais 
previstos na lei, princípio este – o do contraditório – amplamente consagrado 
(art. 3º do CPC); 
– complementando o estatuído pelo art. 3.º, o artigo 264.º do CPC estabelece 
o princípio do dispositivo – cabe às partes alegar os factos que integram a causa 
de pedir, ou, de uma forma simplista, são as partes que dispõem do processo; 
– sem prejuízo do princípio do dispositivo, tem o juiz o poder de direcção do 
processo, cabendo-lhe providenciar pelo seu regular e célere andamento, para o 
que pode, oficiosamente, promover diligências que visem o normal 
desenvolvimento da lide ou o apuramento da verdade, ou recusar o que for 
impertinente. Pode ainda providenciar pelo suprimento da falta de pressupostos 
processuais, mediante a realização dos actos necessários à reparação dessa falta, 
ou convidando as partes a praticá-los (art. 264.º do CPC); 
– amplamente consagrado, também, está o dever de colaboração das partes – art.º 
264.º do CPC. 
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II 
16
Estabelecidos estes princípios, temos de saber determinar o momento em que a 
acção se considera proposta, uma vez que, se é certo que a instância se inicia pela 
propositura da acção, também é certo que esta se considera proposta, intentada ou 
pendente com a entrada na secretaria da competente petição inicial. 
No entanto, temos ainda de ter sempre em conta a seguinte excepção: 
– apresentação de nova petição, no caso de recusa ou indeferimento liminar (art.ºs 
474.º e 476.º, todos do CPC); 
caso em que devemos ter presente a data, não da entrada da petição, mas sim a 
primeira data, ou seja, da apresentação da petição recusada. 
Mas, e apesar de iniciada a instância, a propositura da acção só produz efeitos em 
relação ao réu a partir do momento da sua citação (art.º 267.º, n.º 2 do CPC). 
1.1 – Da Suspensão 
Iniciada uma acção, ela poderá ser suspensa nos casos enumerados no art.º 276.º 
ou nos do art.º 279.º, ambos do CPC, não podendo, no entanto, no caso de 
suspensão por acordo das partes, esta ir além de seis meses. 
Ordenada a suspensão, só podem ser praticados os actos urgentes destinados a 
evitar dano irreparável, não obstando, no entanto, a que a instância se extinga por 
desistência, confissão ou transacção, desde que não contrariada a razão da suspensão;
os prazos não correm, mas nos casos de falecimento ou extinção de alguma das 
partes, e de falecimento ou impossibilidade absoluta do mandatário (nos 
processos em que a constituição é obrigatória), a suspensão inutiliza a parte do 
prazo já decorrida, ou seja, reinicia-se cessada a suspensão (art.º 283.º do CPC). 
Exemplo: 
Encontrando-se decorridos cinco dias do prazo para apresentação da 
contestação numa acção declarativa com processo sumário, foi a mesma 
suspensa por falecimento do réu; habilitados os herdeiros do de cujus para com 
eles prosseguir a referida acção, o prazo para apresentação da contestação – 
dez dias – decorrerá por inteiro, após a notificação da decisão que os 
considerou habilitados, não se descontando os dias decorridos antes da 
suspensão. 
Jurisdição Cível 
17
1.2 – Personalidade e Capacidade Judiciária
A personalidade judiciária consiste na faculdade de ser parte e adquire-se no momento 
do nascimento, com vida (art.ºs 5.º do CPC e 66.º do C. Civil). 
A capacidade judiciária é exercida por quem, tendo personalidade judiciária, é 
capaz, tem o direito de estar, por si, em juízo, pode ser sujeito de relações jurídicas, 
compreendendo este “estar” tanto o ser o próprio como o estar devidamente 
representado.
Os menores têm personalidade judiciária, mas, no entanto, não têm capacidade 
judiciária, devendo, no caso de serem réus e de estarem sujeitos ao poder paternal 
dos pais, ser citados ambos os pais (art.º 10.º do CPC). 
1.3 – Patrocínio Judiciário
Nos casos prescritos nos art.ºs 33.º e 60.º do CPC é obrigatória a constituição de 
advogado, ou seja: 
– nas causas de competência de tribunais com alçada em que seja admissível 
recurso ordinário – art. 678.º do CPC.); 
– nas causas em que, independentemente do valor, seja sempre admissível recurso; 
– nos recursos e nas causas interpostos nos tribunais superiores; 
– nas execuções de valor superior à alçada da Relação e nas de valor inferior mas 
excedente à alçada do tribunal de 1ª. Instância, quando sejam deduzidos 
embargos ou outro procedimento que siga a forma declarativa (ou seja, 
enquanto não forem opostos embargos não é obrigatória a constituição); 
– nas reclamações de créditos, quando seja reclamado crédito de valor superior à 
alçada do tribunal de comarca e apenas para apreciação deste crédito. 
Nos casos de constituição obrigatória, não tendo a parte constituído advogado, 
deverá ser notificada para o constituir, em prazo a fixar pelo juiz, sob pena de o 
réu ser absolvido da instância, de não ter seguimento o recurso ou de ficar sem 
efeito a defesa. Esta notificação poderá ser requerida pela parte contrária ou 
oficiosamente ordenada pelo juiz e deverá conter expressamente a cominação 
supra referida (art.º 33.º do CPC). 
O mandato judicial pode ser conferido por instrumento público, ou ainda por 
declaração verbal da parte no auto de qualquer diligência que se pratique no 
processo (art.º 35.º do CPC). 
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18
Quando num processo for requerida a renúncia ou a revogação de mandato, tanto 
o mandatário quanto o mandante são notificados, bem como a parte contrária; 
mas, no caso de renúncia, ela só produzirá efeitos a partir da notificação pessoal 
ao mandante
(segundo, pois, as regras prescritas para a citação) nos termos do 
disposto no art.º 39.º, n.ºs 1 e 3 do CPC. 
2 – NOÇÕES ESSENCIAIS SOBRE ACTOS PROCESSUAIS 
Enunciados os princípios fundamentais e tecidas algumas breves considerações 
sobre capacidade e personalidade judiciária e sobre patrocínio judiciário, 
passaremos agora a tratar do processo propriamente dito, especialmente dos actos 
que competem à secretaria. 
O oficial de justiça trabalha nos processos que lhe forem distribuídos e deve ter 
sempre presentes algumas linhas gerais para o bom desempenho das suas 
funções, designadamente: 
– não praticar actos inúteis – para além de ser uma quebra da boa ordem 
processual, ofende a economia e celeridade, podendo o oficial de justiça ser 
condenado nas respectivas custas (art.ºs 137.º e 448.º, n.º 2 do CPC); 
– os actos deverão ser redigidos em língua portuguesa e ter a forma que, nos 
termos mais simples, melhor corresponda ao fim que visam atingir, devendo o 
seu conteúdo ser claro e não deixar dúvidas quanto à sua autenticidade (art.ºs 
139.º e 138.º do CPC); 
– a forma dos actos é determinada pela lei que vigore no momento da sua prática 
(art.º 142.º do CPC); 
– praticar os actos oficiosos (nomeadamente, art.ºs 229.º, 234.º, 237.º, 239.º, 240.º, 
241.º e segs. e 492.º do CPC); 
– não se praticam actos judiciais nos dias em que os tribunais estiverem 
encerrados, nem durante as férias judiciais, à excepção das citações, notificações 
e daqueles que se destinem a evitar dano irreparável, bem como os actos 
urgentes (art.º 143.º do CPC). 
Por outro lado, o oficial de justiça encontra na própria lei - art.º 122.º, n.º 1, als. a) e 
b), aplicável por força do n.º 2 do art. 125.º do CPC – impedimentos que lhe vedam 
o exercício de funções em determinados processos, de modo a garantir a 
imparcialidade e isenção na tramitação processual. 
Jurisdição Cível 
19
Nestes casos, deve declarar imediatamente o impedimento no processo para que o 
juiz o conheça e, se for caso disso, nomeie outro oficial de justiça para o respectivo 
exercício de funções (art.º 125.º, n.º 3 do CPC). 
3 – DOS PRAZOS 
Em todos os processos é necessário respeitar determinados prazos. Esses prazos, 
chamados prazos judiciais, são marcados por lei ou fixados pelo juiz, e contam-se 
segundo as regras instituídas pelo art.º 144.º e 145.º do CPC, ou seja, o prazo será 
contínuo, interrompendo-se, no entanto, durante as férias judiciais (há países 
em que o prazo não interrompe, nas férias), excepto se for igual ou superior a 
seis meses. 
No cômputo do seu termo deveremos ter ainda em conta o disposto nos 
art.ºs 279.º e 296.º do C. Civil. 
Exemplos: 
– Um prazo de dez dias a contar do dia 10 de Março de 2000, termina no dia 20 
seguinte; no entanto o mesmo prazo de dez dias a contar do dia 10 de Maio 
de 2000, termina no dia 22 de Maio, já que o dia 20 é um sábado; 
– um prazo de um mês a contar do dia 10 de Julho de 2000, termina no dia 10 
de Outubro de 2000 (este prazo terminaria a 10 de Agosto - férias judiciais -
considerando o período de férias judiciais de 15/07 a 14/09 - , decorrendo, 
assim, entre o dia 16 de Julho e o dia 10 de Agosto, vinte e seis dias em férias, 
que se contarão após o dia 15 de Setembro, inclusivé); 
– um prazo de seis meses a contar do dia 12 de Junho de 2000, termina no dia 
12 de Dezembro de 2000 (sendo um prazo de 6 meses não se suspende nas 
férias). 
26 dias 
10/08
15/07 Férias 15/09
10/1010/07
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20
Quando a lei não fixar expressamente determinado prazo, ele será de 5 dias para 
as partes requererem qualquer acto ou diligência; e também é de 5 dias o prazo 
para a parte responder ao que for deduzido pela parte contrária (art.º 153.º, n.º 1 
do CPC). 
Porém, é de 2 dias o prazo para o expediente da secretaria, com excepções, sendo 
uma delas o dever da secretaria apresentar a despacho, avulsamente, no próprio 
dia, os requerimentos que não respeitem a processos pendentes e aqueles que 
suscitem dúvidas quanto à legalidade da sua junção (art.º 166.º do CPC). 
3.1 – Modalidades dos Prazos 
A lei fixa, por exemplo, para a contestação de uma acção declarativa com processo 
sumaríssimo, o prazo de 8 dias (art.º 794.º do CPC). Tal prazo é um prazo 
“peremptório”. Ou seja: findo esse prazo, o réu não poderá já contestar, pois 
extinguiu-se o direito de o fazer (art.º 146.º, n.º 1 do CPC). 
Não seria, contudo, justo que, correndo o processo no tribunal “A”, o réu que 
residisse em “B”, tivesse o mesmo prazo para contestar que aquele que residisse 
na própria comarca onde corre o processo. De facto, a contestação implica, quase 
sempre, uma consulta ao próprio processo, (v. g., para exame dos documentos que 
nele se encontrem). E seria muito mais fácil fazê-lo para o réu que residisse em 
“A” do que para o de “B”: enquanto este se deslocava a “A”, decorria o prazo da 
contestação. 
A lei estabeleceu um outro prazo, chamado “dilatório” (art.º 180.º do CPC) que 
acresce ao prazo de defesa do citando, quando: 
– b) o réu tenha sido citado fora da área da comarca do tribunal onde corre o 
processo.
O prazo para defesa, quando há lugar ao acréscimo da dilação, conta-se como um 
só (art.º 148.º do CPC) e a dilação referida na al. a) do n.º 1 acresce à que 
eventualmente resulte da al. b) (n.º 4 do art.º 252.º - A do CPC). 
Ou seja, se a parte dispunha, inicialmente, de um prazo de dez dias para contestar 
e foi citada fora da comarca, terá, uma dilação fixada pelo juiz que poderá ir de 
três a dez dias (art.º 180 nº.1 do CPC).. 
A prática de actos pelas partes, depois de findo o prazo peremptório, é possível 
em caso de justo impedimento (art.ºs 146.º, do CPC). 
Jurisdição Cível 
21
4 – OMISSÃO DE DUPLICADOS E CÓPIAS – Art.º 152.º do CPC 
Por cada articulado, requerimento, alegação ou documento apresentado deve a 
parte apresentar tantos duplicados e/ou cópias (dos documentos) quantos os 
interessados oponentes que vivam em economia separada, salvo se forem 
representados pelo mesmo mandatário, e ainda uma cópia para o tribunal no caso 
de articulados (conceito definido no art.º 151.º do CPC). 
Os articulados que não sejam acompanhados dos duplicados devidos não são 
recebidos; se a falta respeitar, porém, à petição inicial, será esta recebida, mas o 
juiz marcará prazo ao autor para apresentação dos respectivos duplicados, sob 
pena de indeferimento (art.º 152.º do CPC). 
Se a parte não der cumprimento, a secção: 
Se a parte não juntar o duplicado isento de selo, mandar-se-á extrair cópia do 
articulado, pagando o responsável o triplo das despesas a que a cópia der lugar, a 
qual é para o efeito contada com se de certidão se tratasse e de acordo com o 
estipulado na secção de actos avulsos do CCJ. 
No processo é feita liquidação do custo da certidão e a parte é notificada para, no 
prazo de dez dias, proceder ao pagamento voluntário. 
Se o pagamento voluntário não for efectuado, observa-se o disposto no art.º102.º 
do CCJ. 
5 – ACTOS DA SECRETARIA 
As secretarias judiciais asseguram o expediente, autuação e regular tramitação dos 
processos pendentes, em conformidade com a lei de processo e na dependência 
funcional do magistrado competente 
Incumbe à secretaria realizar oficiosamente as diligências necessárias para que o 
fim dos despachos possa ser prontamente alcançado (art.º 161.º, nºs. 1 e 2 do CPC). 
– Nas relações com os mandatários judiciais devem os funcionários agir com 
especial correcção e urbanidade, e prestar informações precisas acerca dos 
processos pendentes às partes que sejam interessadas, seus representantes ou 
mandatários judiciais ou aos funcionários destes, devidamente credenciados 
(art.º 168.º do CPC.). 
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– Os autos e termos lavrados na secretaria devem conter a menção da data e lugar 
da prática do acto e dos elementos essenciais (art.º 163.º, n.º 1 do CPC). 
– Os espaços em branco devem ser inutilizados e as emendas, rasuras ou 
entrelinhas devem ser devidamente ressalvadas (art.º 162.º, n.º 1 do CPC). 
Os oficiais de justiça deverão assinar os autos e termos que pratiquem, juntamente 
com as demais pessoas referidas no art.º 164.º. E, para além disso, rubricarão as 
folhas que não contenham a sua assinatura (art.º 165.º, n.º 1 do CPC). As partes e 
seus mandatários têm o direito de rubricar quaisquer folhas do processo (art.º 
165.º, n.º 2 do CPC). 
A secretaria, salvo os casos de urgência, deve fazer os processos conclusos, 
continuá-los com vista ou facultá-los para exame, passar mandados e praticar os 
demais actos de expediente, dentro de dois dias; No próprio dia da apresentação 
juntará aos processos os requerimentos, articulados e alegações que lhes respeitem 
– art.º 166.º do CPC. 
Os oficiais de diligências efectuarão as citações e notificações dentro do prazo de 
cinco dias, salvo os casos de urgência – art.º 167.º do CPC. 
Exemplo: 
No dia 8 de Março de 2005 deu entrada na secretaria um requerimento; se o 
juiz tiver de se pronunciar quanto ao requerido, a conclusão deverá ser aberta 
até ao dia 10 seguinte, assim como, se houver que fazer actuar o princípio do 
contraditório, a notificação da parte contrária deverá ser efectuada até ao 
mesmo dia 10. 
O art.º 167.º do CPC refere quem, e em que circunstâncias, pode examinar e 
consultar os processos, nas secretarias judiciais. Sobre a confiança de processos, 
ver os art.ºs 169.º a 173.º do mesmo diploma. 
Sobre a passagem de certidões convém ter presente o que dispõe o art.º 174.º, com 
especial incidência no respectivo prazo (5 dias, salvo nos casos de urgência) fixado 
no art.º 175.º do CPC. 
5.1 – Da Comunicação dos Actos 
A competência territorial de um tribunal circunscreve-se à área da comarca onde 
ele se situa. 
Jurisdição Cível 
23
Há excepção ao que atrás se disse. São os actos que devem ser praticados fora da 
comarca e que serão solicitados ao tribunal ou autoridade que exerça a sua 
competência nessa área. ou, em certos casos, comunicados por carta, ofício ou 
telegrama (art.ºs 176.º, n.º 3, 244.º, n.º 2, e 245.º, n.º 2, todos do CPC). 
Surgem-nos, assim, dois tipos de comunicação dos actos judiciais: 
a) – Dentro da área da comarca; e 
b) – Fora da área da comarca. 
a) Dentro da área da comarca
Se é necessário comunicar determinados actos dentro da área da comarca, que não 
possam ou não devam ser efectuados pelo correio (por exemplo, quando se 
mostrar mais célere a citação por contacto pessoal – art.º 233.º, n.º 1 do CPC), 
utiliza-se o “mandado”, nos termos do art.º 176.º, n.º 2 do CPC. 
Trata-se de um documento elaborado pelo funcionário da secretaria competente, 
que o assina, embora passado em nome do juiz ou relator (art.º 189.º do CPC). Dele 
apenas constarão, além da ordem do juiz, as indicações indispensáveis ao seu 
cumprimento (art.º 191.º do CPC). 
De entre os tipos de mandado destacam-se os para citação, para notificação e
para avaliação.
b) Fora da área da comarca
Com excepção das citações e notificações pelo correio, que são enviadas directamente 
ao citando, se o acto dever ser praticado fora da comarca, solicitar-se-á a sua 
realização à entidade competente com jurisdição na área respectiva, através de: 
“carta precatória” – quando solicitado a um tribunal ou cônsul português (art.º 
176.º, n.º 2 do CPC); 
“carta rogatória” – quando solicitado a autoridade estrangeira – ambas são 
assinadas pelo juiz, (art.ºs 176.º, 177º, 178.º e 181.º do CPC); 
“ofício” (simples) ou telegrama – quando se solicite, apenas, informações, envio 
de documentos, a realização de actos que não exijam intervenção dos serviços 
judiciários ou a sustação do cumprimento de uma carta precatória expedida; 
Nota
Tratando-se de actos urgentes, pode ainda ser utilizado o telegrama. 
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24
5.2 – Citação e Notificação 
5.2.1 – Disposições Comuns
Impõe o art.º 3.º do CPC que o tribunal não resolva o conflito de interesses 
pressuposto pela acção, sem que isso lhe seja pedido por uma das partes e a outra 
seja devidamente chamada a deduzir oposição – é o princípio do contraditório, 
amplamente consagrado na mesma lei adjectiva. 
Assim, quando for interposta uma acção contra qualquer pessoa, ela será citada 
(art.º 228.º, n.º 1 do CPC). 
Quando, após a citação, se mostrar necessário chamá-la a juízo ou dar-lhe 
conhecimento de algum facto, já não se usa a citação, mas sim a notificação. 
Usa-se ainda a notificação quando for necessário chamar qualquer pessoa a 
tribunal, mesmo que pela primeira vez, quando essa pessoa não tem, na causa, 
interesse directo, não necessitando, pois, de se defender – por exemplo, 
testemunhas, peritos, etc. (art.º 228.º, n.º 2 do CPC). 
Também não carecem de despacho que as ordene, as notificações previstas no n.º 2 
do art.º 229.º do CPC e aquelas que a própria lei especialmente prevê. 
Tanto a citação quanto a notificação podem ser efectuadas no lugar em que o 
destinatário se encontre, ainda que local de trabalho, não podendo, porém, 
efectuar-se dentro dos templos ou enquanto o destinatário estiver ocupado em 
acto de serviço público que não deva ser interrompido (art.º 232.º do CPC). 
Podem, todavia, efectuar-se durante as férias e mesmo nos dias em que o tribunal 
está encerrado (art.º 143.º, n.º 2 do CPC). 
Os incapazes, os incertos, as pessoas colectivas, as sociedades, os patrimónios autónomos e 
o condomínio são citados ou notificados na pessoa dos seus legais representantes ou na 
pessoa de qualquer empregado; não se encontrando nenhum deles, o representante 
será citado em qualquer lugar onde se encontre (art.ºs 231.º e 237.º do CPC). 
No entanto, e como excepção a esta regra, sendo réu um menor (também incapaz, 
art.ºs 9.º do CPC e 67.º, 122.º, 123.º e 124.º do C. Civil) sujeito ao poder paternal dos 
pais, deverão ambos ser citados (art.º 10.º, n.º 3 do CPC). 
Jurisdição Cível 
25
5.3 – Da Citação 
A citação é pessoal ou edital;
Na efectivação da citação pessoal deverá ser remetido ou entregue ao citando o 
duplicado da petição inicial e cópia dos documentos com ela juntos, 
acompanhados de nota de citação onde conste obrigatoriamente: 
– Número do processo, secção, juízo e tribunal onde corre termos; 
– O prazo dentro do qual pode exercer a defesa, com menção ao modo como este 
prazo deverá ser contado; 
– A necessidade de constituir advogado (processos em que seja admissível recurso 
ordinário (art.ºs 32.º, 60.º e 678.º do CPC); 
– A cominação em que incorre, caso não conteste. 
Se o citando se recusar a assinar a certidão de citação ou a receber o duplicado, o 
funcionário que procede à citação dá-lhe conhecimento que o duplicado fica na 
secretaria à sua disposição, e de tudo lavra certidão, (art.º 235.º, nºs.1, 2 e 3 do CPC). 
Ver ainda os artigos 228.º a 253.º do CPC, que por suficientemente claros, não 
necessitam de qualquer explicação. 
Mantendo-se desconhecido o paradeiro do citando, por não se conseguir saber a 
actual morada, local de trabalho, sede ou local onde funciona habitualmente a 
administração (art.º 247.º do CPC), será o mesmo citado editalmente, com as 
formalidades constantes dos art.ºs 248.º a 250.º do CPC: 
– afixação de três editais (última residência conhecida, junta de freguesia e porta 
do tribunal onde corre o processo) e publicação de anúncio em dois números 
seguidos de um dos jornais mais lidos da localidade, incumbindo esta 
publicação à parte (art.º 248.º do CPC);
PESSOAL
Na pessoa do próprio 
Na pessoa de terceiro CITAÇÃO
EDITAL
Por incerteza do lugar 
Por incerteza de pessoas 
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26
– a citação considera-se feita na data da publicação do último anúncio ou, não 
havendo lugar a anúncio (art.º 248.º, n.º 4 do CPC – inventários com herança 
deferida a incapazes, ausentes ou pessoas colectivas, processo sumaríssimo e 
quando o juiz dispensar a publicação), da afixação dos editais, contando-se desta 
a dilação e, de seguida, o prazo para a defesa (art.º 250.º do CPC). 
5.4 – Da Notificação 
As notificações a fazer aos Magistrados do Ministério Público são da competência 
do escrivão tal como se encontra expresso no § 10º. do art.º 89. do Código de 
Processo Penal (os escrivães só têm competência para notificar os Magistrados do 
Mº.Pº. e os mandatários das partes quando estes se encontrem no Tribunal). 
As notificações são efectuadas pelos oficiais de diligências e pelos funcionários 
que os substituem e podem realizar-se mesmo aos Domingos, dias feriados e 
durante as férias ( art.º 143.º do CPC). 
Ninguém pode ser notificado no dia do seu casamento, no dia do falecimento do 
seu cônjuge, pai, mãe ou filho, nem nos oito dias seguintes. Tendo falecido 
qualquer outro ascendente ou descendente (avô ou neto), irmão, cunhado, sogro, 
genro ou nora, a diligência não se efectuará no dia do falecimento nem nos três 
dias seguintes (art.º 231.º do CPC). 
Haverá que distinguir entre as notificações às pessoas que são parte no processo e 
àquelas que nele apenas intervêm acidentalmente. 
5.4.1 – Notificações às partes e seus mandatários
a) 1 – As notificações resultantes de processos pendentes são feitas aos 
mandatários constituídos pelas partes que tenham escritório na sede da comarca 
ou aí hajam escolhido domicílio para as receber. Mas quando a notificação se 
destinar a chamar a parte para a prática de acto pessoal, além da notificação ao 
mandatário será expedido um aviso pelo correio à própria parte – art.º 253.º, 
n.ºs 1 e 2 do CPC – (depoimento pessoal, audiência preparatória e tentativa de 
conciliação). 
b) 2 – Se a parte não tiver constituído mandatário ser-lhe-ão feitas as mesmas 
notificações desde que resida na sede da comarca ou aí tenha escolhido. 
Igualmente se procederá quando o mandatário da parte não tenha escritório ou 
domicílio na sede (art.º 255.º. n.º1 do CPC). 
Jurisdição Cível 
27
Estas notificações são feitas por carta registada com aviso de recepção, dirigida 
para o respectivo escritório ou domicílio (a notificação considera-se feita no dia em 
que tiver sido assinado o aviso de recepção; se este não vier datado ou assinado, 
ou se a carta for devolvida, mesmo com a nota de ausência do destinatário, 
juntar-se-á ao processo, o aviso ou a carta devolvida, considerando-se feita a 
notificação no segundo dia posterior ao do registo da carta (art.º 254.º do CPC). Só 
poderão ser feitas pelo correio se houver distribuição domiciliária na localidade 
(art.º. 14.º, n.º 1 da Portaria 19305). 
Os oficiais de diligências podem também efectuá-las pessoalmente, sempre que 
desse modo se consiga economia e celeridade processual – art.º 254.º do CPC – 
(aplicam-se às notificações pessoais de parte, as disposições relativas às citações, 
sendo que o oficial pode notificá-la na pessoa de um familiar, vizinho, ou por meio 
de nota afixada à porta da residência, marca-lhe hora certa, etc. – art.º 256.º do CPC). 
Para o caso das partes e seus mandatários não terem residência, escritório ou 
domicílio na sede da comarca, não se efectuam as notificações, sendo que as 
decisões consideram-se publicadas logo que o processo entre na Secretaria (art.º 
255.º, n.º 2 do CPC). 
Não obstante o acima mencionado, a parte é sempre notificada na sua própria 
pessoa nos seguintes casos: 
– Do despacho que fixar prazo para a ratificação da gestão (art.º 41.º, n.º 3 do 
CPC);
– Quando se requeira prova antes da acção ser proposta (art.º 521.º, n.º 2 do CPC); 
– Do despacho que designe dia para a nomeação de árbitros (tribunal arbitral) – 
art.º 1513.º, n.º 3 do CPC). 
E ainda, quando tiver de ser convocada para a prática de acto pessoal e não tenha 
constituído mandatário, ou, tendo-o constituído, este não se encontre nas 
condições de ser notificado, por, não ter escritório ou domicílio escolhido na sede 
da comarca. 
5.4.2 – Oficiosidade das Notificações
a) Das pessoas que devam comparecer aos actos judicias designados nos processos; 
b) Das partes que tenham o direito de assistir a esses actos; 
c) Das partes, relativamente às sentenças proferidas e aos despachos que a lei 
mande notificar e ainda de todos os que possam causar prejuízos às partes; 
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II 
28
d) Das parte, quando estas, por disposição expressa da lei, possam responder a 
requerimentos, oferecer provas, ou, de uma maneira geral, exercer algum direito 
processual que não dependa nem de prazo a fixar pelo juiz, nem da prévia citação.
EXEMPLOS:
– Certidões negativas de citação; 
– Certidão que refira a ausência em parte incerta do réu indicado com 
residência certa (art.º 239.º, n.º 2 do CPC; 
– Da expedição da carta para a produção de prova (art.º 182.º, n.º 3 do CPC); 
– Da juntada dessas cartas ao processo (art.º 188.º, n.º 2 do CPC); 
– Da apresentação, pelo réu, da contestação; ou havendo várias contestações, 
da última a que houver lugar, ou de ter decorrido o prazo para apresentação 
desta (art.º 492.º do CPC); 
– Do momento em que devem ser apresentados os róis de testemunhas e 
requerer-se quaisquer outras provas (art.º 512.º do CPC); 
– Do oferecimento de documentos com o último articulado ou posteriormente 
(art.º 526.º do CPC). 
5.4.3 – Notificação aos intervenientes acidentais 
As notificações que tenham por fim chamar ao tribunal testemunhas, peritos e 
outras pessoas com intervenção acidental (como exemplo destas últimas, os 
intérpretes – art.ºs 139.º, n.º 2 e 141.º do CPC – e os técnicos que prestam 
assistência ao tribunal – art.ºs 614.º, 649.º e 652.º do CPC), são feitas na própria 
pessoa dos notificandos (art.º 257.º, n.º 1 do CPC). 
c) Agente Administrativo ou Funcionário Público: 
A notificação destinada a chamar ao Tribunal algum funcionário público ou 
empregado de empresa concessionária de serviços públicos, cujo comparecimento 
dependa de licença do superior hierárquico, é feita com a necessária antecedência, 
por meio de requisição a esse superior (art.º 258.º do CPC). 
Ver ainda os seguintes artigos quanto à forma como se fazem as notificações: 
– art.º 261.º do CPC – notificação de decisões judiciais: deverá ser efectuada com 
cópia ou fotocópia legível; 
– art.º 263.º do CPC – notificação para revogação do mandato ou procuração: 
notificação a efectuar ao mandatário ou procurador e à pessoa com quem devia 
contratar, se for o caso, ou por anúncio publicado num jornal da localidade onde 
resida o mandatário ou procurador, ou se aí não houver jornal, o anúncio será 
publicado num dos jornais mais lidos nessa localidade. 
Jurisdição Cível 
29
5.4.4 – Notificação judicial avulsa
A notificação avulsa é sempre efectuada pelo oficial de justiça, na própria pessoa 
do notificando (art.º 261.º do CPC). 
6 – INCIDENTES DA INSTÂNCIA 
6.1 – Conceito 
Por incidentes da instância, poderemos entender como sendo “a actividade 
processual inserida numa acção principal visando a solução de questões 
secundárias que se prendem, nomeadamente, com a modificação de alguns dos 
elementos dessa causa”. 
Os incidentes não têm autonomia processual isto é, dependem sempre de uma 
causa e os seus fins estão limitados. 
6.2 – Disposições Gerais 
REGRA GERAL: 
Em quaisquer incidentes inseridos
na tramitação de uma causa observar-se-á, na 
falta de regulamentação especial, o que está estabelecido nos art.ºs 302.º a 304.º do 
Código de Processo Civil, ou seja, obedecerão a regras quanto ao prazo de oposição 
(10 dias), oportunidade de oferecimento dos meios de prova (requerimento inicial 
e oposição), número limite de testemunhas por cada parte (oito). 
ENUMERAÇÃO: 
O Código de Processo Civil considera incidentes da instância: 
A) A VERIFICAÇÃO DO VALOR DA CAUSA 
B) A INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
C) A HABILITAÇÃO 
D) A LIQUIDAÇÃO 
E) Outros a que a lei atribui essa qualidade, tais como: 
A incompetência relativa 
A falsidade 
A suspeição 
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PROCESSAMENTO: 
Os incidentes da instância podem ser processados: 
– Nos próprios autos da acção em que se inserem; e 
– Por apenso 
Processam-se nos próprios autos:
A maioria dos incidentes de intervenção de terceiros – art.ºs 320.º a 350.º do CPC; 
O incidente de verificação do valor da causa – art.ºs 305.º a 319.º do CPC; 
O incidente de falsidade – art.º 360.º e seguintes do CPC; 
O incidente de liquidação – art.º 378.º e seguintes do CPC. 
Processam-se por apenso: 
A incompetência relativa – art.º 108.º e seguintes do CPC; 
O incidente de suspeição – art.º 126 e seguintes do CPC; 
O incidente de embargos de terceiro – art.º 1039.º e seguintes do CPC; 
O incidente de habilitação, quando não documental – art.º 371.º e seguintes do CPC. 
6.3 – Tramitação 
No requerimento em que for suscitado o incidente e na oposição que lhe for 
deduzida (regra geral, não carecem de obedecer à forma articulada), devem as 
partes oferecer logo os róis de testemunhas e requerer os outros meios de prova. 
A oposição ao incidente (opõe-se ao incidente a parte contrária àquela que o 
deduziu) é apresentada, no prazo de 10 dias – art.º 303.º do CPC. 
O número de testemunhas, por cada parte, não poderá ser superior a oito e, sobre 
cada facto, a parte não poderá produzir mais de três testemunhas. 
Os depoimentos prestados antecipadamente ou por carta são escritos. 
Quando sejam prestados no tribunal da causa, os depoimentos produzidos em 
incidentes que não devam ser instruídos e julgados conjuntamente com a matéria 
daquela são escritos se, comportando a decisão a proferir no incidente recurso 
ordinário. 
Jurisdição Cível 
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INCIDENTES DA INSTÂNCIA 
Outras questões incidentais: 
Incompetência absoluta (art.º 101.º a 107.º) 
Incompetência relativa (art.ºs 108.º a 114.º) 
Suspeição (art.ºs 126.º a 136.º) 
Caução (art.ºs 428.º a 443.º) 
Reforço e substituição de caução (art.ºs 437.º a 443.º) 
Arguição de falsidade (art.ºs 360.º a 368.º) 
Falsidade de acto judicial (art.º 369.º a 370.º) 
-Verificação do 
valor da causa 
(art.ºs 305.º a 
319.º)
-Intervenção de 
terceiros (art.ºs 
330.º a 333.º) 
-Habilitações (art.ºs 
371.º a 377.º) 
-Liquidação (art.ºs 
378.º a 380.º)
-Intervenção 
principal
-Intervenção 
acessória
-Oposição
-intervenção espontânea 
(art.ºs 354.º a 355.º) 
-intervenção provocada 
(art.ºs 356.º a 359.º) 
-intervenção provocada 
(art.ºs 330.º a 333.º) 
-intervenção acessória 
do M.ºP.º - (art.º 334.º) 
-assistência (art.ºs 
1038.º e segt.s)
-oposição espontânea 
(art.ºs 342.º a 346.º) 
-oposição provocada 
(art.ºs 347.º a 350.º) 
-oposição mediante 
embargos de terceiro 
(art.ºs 351.º a 359.º) 
Incidentes 
da Instância 
(art.ºs 302.º 
a 380.º CPC) 
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6.4 – Processamento dos Incidentes mais Frequentes 
A) INCIDENTE DE VERIFICAÇÃO DO VALOR DA CAUSA
Este incidente, está regulado nos art.ºs 305.º a 319.º do CPC. 
Tem como finalidade apurar o valor processual de uma causa. 
Nos termos do n.º 1, do art.º 305.º do CPC, “a toda a causa deve ser atribuído um 
valor certo, expresso em moeda legal, o qual representa a utilidade económica 
imediata do pedido”; a obrigação de declarar esse valor recai sobre o autor, nos 
termos do disposto na alínea f) do n.º 1 do art.º 467.º do CPC. A esse valor se 
atenderá para determinar a competência do tribunal, a forma de processo comum e a 
relação da causa com a alçada do tribunal (o valor tributário, que poderá ou não 
coincidir com o valor processual, é determinado segundo as regras do CCJ). 
Tramitação 
Quando provocado (o incidente é provocado pelo réu, podendo sê-lo, 
oficiosamente, pelo juiz), inicia-se com a impugnação do valor que o autor ou 
requerente atribuiu ao processo, e terá lugar na contestação, devendo o réu indicar 
logo outro em sua substituição. Porém, se a indicação do valor não ocorreu 
inicialmente (na petição), a declaração posterior será notificada ao réu que, se já 
tiverem findado os articulados, poderá impugnar o valor por meio de 
requerimento avulso, que não carece de ser apresentado sob a forma articulada 
nem em duplicado – art.º 314.º, n.º 3 do CPC. 
Impugnado o valor, a secretaria deverá notificar, oficiosamente (art.º 229.º, n.º 2 do 
CPC; – cf. art.º 3.º do CPC), a parte contrária para responder, notificação esta a 
efectuar na pessoa do mandatário judicial (art.º 253.º, n.º 1 do CPC). Porque a lei 
não fixa prazo, a resposta deverá ser apresentada no prazo geral de 8 dias,
estabelecido no art.º 303.º do CPC. 
O valor considera-se definitivamente fixado, na quantia que as partes tiverem 
acordado, expressa ou tacitamente, logo que seja proferido o despacho saneador. 
Nos casos a que se refere o n.º 3 do art.º 308.º do CPC e naqueles em que não haja 
lugar a despacho saneador, o valor da causa considera-se definitivamente fixado 
logo que seja proferida a sentença – art.º 315.º do CPC. 
Quando as partes não tenham chegado a acordo ou o juiz o não aceite, o valor 
poderá ser fixado em face dos elementos do processo ou mediante arbitramento, 
requerido pelas partes ou ordenado pelo juiz – art.º 317.º do CPC. 
Jurisdição Cível 
33
Se for necessário proceder a arbitramento, será feito por um único perito nomeado 
pelo juiz, não havendo neste caso segundo arbitramento – art.º 318.º do CPC. 
Consequências da Decisão do Incidente de Verificação do valor 
Face ao disposto no art.º 319.º do CPC, decidido o incidente, o valor atribuído à 
causa poderá influir imediatamente: 
Na competência do tribunal: 
Se se verificar que o tribunal singular é incompetente, são os autos oficiosamente 
remetidos ao tribunal competente; 
Na forma de processo: 
Se, face ao valor, resultar ser outra a forma de processo correspondente à acção, 
mantendo-se a competência do tribunal, é mandada seguir a forma apropriada, 
sem anular o processado anterior e corrigindo-se, se for caso disso, a distribuição 
efectuada; 
Na necessidade de patrocínio judiciário: 
Se do novo valor verificado resultar a obrigatoriedade de patrocínio judiciário, 
que o primitivo valor não exigia, a parte não patrocinada terá de constituir 
advogado. 
B) INCIDENTE DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Intervenção Principal 
B-1 – INTERVENÇÃO ESPONTÂNEA 
Este incidente encontra-se regulado nos art.ºs 354.º e segts do CPC. 
Quem pode Intervir 
Pode intervir na causa como parte principal (art.º 351.º do CPC): 
– aquele que, em relação ao objecto da causa, tiver um interesse igual ao do autor 
ou do réu, nos termos dos art.ºs 27.º e 28.º do CPC (litisconsórcio voluntário ou 
necessário); e 
– aquele que, nos termos do art.º 30.º do CPC, pudesse coligar-se com o autor, sem 
prejuízo do disposto no artigo 31.º do CPC (obstáculos à coligação). 
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34
O pedido de intervenção poderá ser feito através de articulado próprio ou de 
simples requerimento, consoante a fase em que o processo se encontre,
nos 
termos do disposto no art.º 353.º do CPC. 
O interveniente principal faz valer um direito próprio, paralelo ao do autor ou do 
réu, apresentando o seu próprio articulado ou aderindo por requerimento aos 
apresentados pela parte com quem se associa (autor ou réu) – art.º 354.º do CPC. 
O pedido de intervenção não está sujeito ao regime estabelecido no art.º 303.º do 
CPC, que determina a obrigação das partes requererem e oferecerem os meios de 
prova com o requerimento em que deduzam qualquer incidente, pois o 
oferecimento dos meios de prova segue o que está estabelecido para os articulados 
da causa principal. 
Tramitação 
Junto aos autos o articulado do interveniente ou o seu simples requerimento 
(pagas as guias do preparo inicial do incidente), deverá o processo ser “concluso”
ao juiz para este ordenar, se não houver motivo para rejeição liminar, a notificação 
das primitivas partes para, querendo, responderem ou deduzirem oposição ao 
pedido de intervenção (art.º 355.º do CPC). 
Se as primitivas partes responderem, liquidarão previamente o preparo inicial do 
incidente; o juiz quando decidir o incidente deverá proferir, também, decisão 
quanto a custas. 
Se a intervenção for activa (pedido novo diferente do formulado pelo autor) terá 
de ser em articulado próprio e o interveniente terá, também, de pagar, 
previamente, preparo inicial relativamente ao pedido que faz. Se o réu contestar o 
pedido do interveniente terá de pagar, previamente, preparo inicial do incidente. 
A oposição da parte com a qual o interveniente pretende associar-se, será 
apresentada, por simples requerimento, no prazo de oito dias; a parte contrária 
deduzirá oposição nos mesmos termos, se o interveniente não tiver apresentado 
articulado próprio – art.º 355.º, n.º 2 do CPC. 
Se o interveniente tiver apresentado articulado próprio, a parte contrária cumulará 
a oposição ao incidente com a que deduza contra o articulado do interveniente,
seguindo-se os demais articulados admissíveis: se o articulado do interveniente for 
uma petição inicial (interesse paralelo ao do A.), o réu poderá opor-se, através de 
nova contestação e, se o processo o comportar, poderá o interveniente replicar e o 
réu treplicar; estes articulados serão apresentados nos prazos estabelecidos para o 
Jurisdição Cível 
35
processo onde foi deduzido o pedido (o articulado ou requerimento deduzindo a 
intervenção deverá vir acompanhado de duplicados para o autor e para o réu) – 
art.º 354.º, n.º 3 do CPC. 
A admissibilidade do incidente é decidida no despacho saneador, se o processo o 
comportar e ainda não tiver sido proferido ou, no caso contrário, logo após o 
decurso do prazo para oposição – art.º 355.º, n.º 4 do CPC. 
Se forem deduzidas oposições pelas primitivas partes ou logo que finde o 
respectivo prazo, deverá o processo ser “concluso” ao juiz para que decida da 
admissibilidade ou não, da intervenção. 
Se for admitida a intervenção, o interveniente goza de todos os direitos de parte 
principal, embora tenha de aceitar a causa no estado em que se encontrar – art.º 
353.º do CPC. 
Seguir-se-ão, quanto à instrução e julgamento da pretensão do interveniente, os 
mesmos termos estabelecidos para a causa principal, relativamente às primitivas 
partes: o interveniente apresentará os seus meios de prova (não estando sujeito aos 
limites previstos no art.º 304.º), o julgamento será conjunto e a sentença final 
apreciará tanto o direito das primitivas partes como o do interveniente. 
Assim, em esquema: 
1. junção do requerimento de intervenção principal espontânea, (pagas as guias 
do preparo inicial do incidente); 
2. conclusão;
3. notificação das primitivas partes para se oporem no prazo de 10 dias (com a 
oposição, deverão pagar o preparo inicial do incidente); 
4. apresentada oposição ou decorrido o respectivo prazo, conclusão para decisão 
da admissibilidade da intervenção; 
5. admitida a intervenção, seguir-se-ão, quanto à instrução e julgamento do requerido, 
os termos estabelecidos para a causa principal. 
B-2 – INTERVENÇÃO PROVOCADA 
Este incidente encontra-se regulado nos art.ºs 356.º do CPC. 
Qualquer das partes pode chamar a intervir na causa como parte principal, aquele 
que tiver direito a nela intervir, quer seja como seu associado, quer como 
associado da parte contrária – art.º 336.º, n.º 1 do CPC. 
Projecto Apoio ao Desenvolvimento dos Sistemas Judiciários – Programa PIR PALOP II 
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O chamamento para intervenção terá de ser feito nos articulados da causa, ou em 
requerimento autónomo, até ao momento em que podia deduzir-se a intervenção 
espontânea em articulado próprio (art.º 357.º do CPC), sem prejuízo do disposto 
no art.º 269.º, no n.º 1 do art.º 329.º e no n.º 2 do art.º 869.º do CPC – art.º 357.º 
do CPC. 
Tramitação 
Junto ao processo o requerimento de chamamento (pagas as guias do preparo 
inicial do incidente), deverá a secretaria notificar a parte contrária (o autor ou o 
réu, consoante aquele que tenha deduzido o incidente) para responder. Esta 
notificação deverá fazer-se oficiosamente, nos termos do disposto no art.º 229.º, 
n.º 2 do CPC, quando o incidente tiver sido interposto na contestação.
A oposição ao chamamento deverá ser apresentada no prazo de oito dias 
estabelecido no n.º 2 do art.º 303.º do CPC, pois trata-se de oposição ao incidente. 
E, sendo apresentada, (pagas as guias do preparo inicial do incidente). 
Decorrido o prazo para oposição, haja-a ou não, deverá o processo ser “concluso” ao
juiz para decidir da admissibilidade do chamamento – art.º 326.º, n.º 2 do CPC –, 
decisão esta que deverá conter condenação em custas, uma vez que o incidente 
delas não está isento. 
Se for admitida a intervenção, o interessado é chamado a intervir no processo por 
meio de citação – art.º 358.º, do CPC. 
O citando recebe, no acto da citação, cópias dos articulados já oferecidos, 
apresentados pelo requerente do chamamento. O citado pode oferecer o seu 
articulado (neste caso terá de pagar, também, preparo inicial, igual ao autor ou ao 
réu) ou declarar que faz seus os articulados do autor ou do réu, dentro de prazo 
igual ao facultado para a contestação da acção – art.º 358.º do CPC. 
Passado o prazo anteriormente referido, o chamado poderá ainda intervir no 
processo, tendo, contudo, que aceitar os articulados da parte a que se associa e 
todos os actos e termos já praticados – art.º 358.º do CPC. 
Se o chamado intervier no processo, a sentença apreciará o seu direito e constituirá 
caso julgado em relação a ele – art.º 359.º, n.º 1 do CPC. 
Se o chamado não intervier no processo a sentença só constitui, quanto a ele, caso 
julgado, quando tenha sido ou deva considerar-se citado na sua própria pessoa e 
se verifique o caso da alínea a) do art.º 351.º do CPC. 
Jurisdição Cível 
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Assim, em esquema: 
1. junção do requerimento de intervenção principal (apresentado pelo A. ou pelo 
R.,) pagamento do preparo inicial do incidente); 
2. notificação oficiosa da parte contrária para se opor no prazo de oito dias, quando 
o incidente for interposto na contestação; 
3. apresentada oposição, pagamento do preparo inicial do incidente, ou decorrido 
o respectivo prazo, conclusão para decisão da admissibilidade da intervenção; 
4. admitida a intervenção, citação do interessado.
B-3 – INCIDENTE DE ASSISTÊNCIA 
Este incidente encontra-se regulado nos art.ºs 335.º a 341.º do CPC. 
Estando pendente uma causa, pode um terceiro nela intervir na qualidade de 
assistente, para auxiliar qualquer das partes, quando tenha interesse jurídico em 
que a decisão do pleito seja favorável a essa parte. É um incidente que não pode 
ser provocado, antes terá de ser requerido pela pessoa interessada em prestar a 
assistência. 
O assistente pode intervir a todo o tempo, mas tem de aceitar o processo no estado 
em

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