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MINERALOGIA DOS SILICATOS 1- INTRODUÇÃO Os silicatos são a classe mineral mais importante pelas seguintes razões: 1) Abundância entre os minerais: cerca de 25% dos minerais conhecidos (mais de 2000) e em torno de 40% dos minerais comuns (em torno de 300) são silicatos. 2) Papel dos silicatos nas rochas da crosta terrestre: a crosta terrestre é constituída essencialmente de rochas ígneas e metamórficas e os minerais componentes destas rochas são quase que totalmente silicatos (mais de 90%). Desse modo, pode-se dizer que, em termos mineralógicos, os silicatos representam bem mais de 90% da crosta terrestre. 3) Interesse econômico: os solos, de onde retiramos nossos alimentos, são constituídos em grande parte de silicatos. As matérias primas da indústria cerâmica são essencialmente silicatos. Os materiais básicos da construção civil (pedra, tijolo, telha, concreto e vidro) são silicatos ou derivados de silicatos. 4) Papel dos silicatos fora da terra: acredita-se que a lua e os outros planetas rochosos do sistema solar, e provavelmente fora dele também, possuam crostas rochosas constituídas de silicatos e óxidos muito semelhantes à da Terra. 2- COMPOSIÇÃO QUÍMICA E FÓRMULA GERAL DOS SILICATOS A unidade básica de constituição dos silicatos é o tetraedro (SiO4) -4 que constitui um grupo iônico mesodésmico, o que caracteriza os silicatos como compostos polimerizados e não como oxissais. Tetraedro (SiO4) -4 NCSi = 4 VeSi = 4 4 = 1 VSi = 4 VeSi = VO/2 Silicatos: mineral mesodésmico (composto polimerizado) Fórmula geral dos silicatos: XmYn(ZpOq)Wr Z são cátions pequenos altamente carregados (Si +4 , Al +3 ), em coordenação tetraédrica (4) com o oxigênio (O); X são cátions grandes fracamente carregados (Ca +2 , Na + , K + ), em coordenação cúbica (8) ou mais elevada com o oxigênio; Y são cátions médios, bi a tetravalentes (Mg +2 , Fe +2 , Fe +3 , Mn +2 , Al +3 , Ti +4 ), em coordenação octaédrica (6) com o oxigênio; W são grupos aniônicos como a hidroxila (OH) , F e Cl . Os índices p e q dependem do grau de polarização da estrutura, enquanto que os índices m, n e r dependem das condições de neutralidade elétrica do mineral. A polimerização nos silicatos ocorre através do compartilhamento dos oxigênios, originando uma grande variedade de estruturas em cadeia. O oxigênio compartilhado interliga dois tetraedros, pertencendo igualmente aos dois, e o grau de polimerização (G.P) corresponde ao número de oxigênios compartilhados, variando de 0 a 4. Vista lateral Vista superior Ligação SiO 50% iônica e 50% covalente S +4 O -2 O -2 O -2 O -2 (SiO4) -4 CLASSIFICAÇÃO DOS SILICATOS Fórmula geral dos silicatos: XmYn(ZpOq)Wr Subclasse Arranjo dos tetraedros SiO4 Unidade Silicática G.P Exemplos Nesossilicatos ou Ortossilicatos (SiO4) -4 Si:O = 1:4 0 Olivina (Mg,Fe)2SiO4 Topázio Al2SiO4(OH,F)2 Zircão ZrSiO4 Granada X3Y2(SiO4)3 X = Mg, Fe +2 , Mn +2 , Ca Y = Al, Fe +3 , Cr +3 Sorossilicatos (Si2O7) -6 Si:O = 2:7 1 Grupo do Epidoto X2Y3O(SiO4)(Si2O7)(OH) Hemimorfita Zn4Si2O7(OH).H2O Ciclossilicatos (Si6O18) -12 Si:O = 1:3 2 Berilo Be3Al2(Si6O18) Turmalina XY3Z6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 X = Na, Ca Y = Mg, Fe +2 , Mn, Li, Al Z = Al, Fe +3 , Mg Inossilicatos (Si2O6) -4 Si:O = 1:3 2 Grupo dos Piroxênios XY(Si2O6) Ex. Enstatita-Ferrossilita (Mg,Fe)SiO3 Diopsídio-Hedenbergita Ca(Mg,Fe)Si2O6 Wollastonita CaSiO3 Isolados Duplos Aneis Cadeia simples CLASSIFICAÇÃO DOS SILICATOS Fórmula geral dos silicatos: XmYn(ZpOq)Wr Subclasse Arranjo dos tetraedros SiO4 Unidade Silicática G.P Exemplos Inossilicatos (Si4O11) -6 Si:O = 4:11 2 e 3 Grupo dos Anfibólios X0-2Y7-5Z8O22(OH)2 Ex. Antofilita (Mg,Fe)7Si8O22(OH)2 Tremolita-Actinolita Ca2(Mg,Fe)5Si8O22(OH)2 Hornblenda Ca2(Mg,Fe)4Al(Si7AlO22) (OH)2 Filossilicatos (Si2O5) -2 Si:O = 2:5 3 Caulinita Al2(Si2O5)(OH)2 Talco Mg3(Si4O10)(OH)2 Muscovita KAl2(AlSi3O10)(OH)2 Biotita K(Fe,Mg)3(AlSi3O10)(OH)2 Tectossilicatos (SiO2) 0 Si:O = 1:2 4 Quartzo SiO2 Feldspatos: K-feldspatos (K,Na)AlSi3O8 Plagioclásios (Na,Ca)Al(Si,Al)3O8 Folha Estrutura tridimensional Cadeia dupla Tetraedros inferiores Apontando p/ baixo Tetraedros superiores apontando p/ cima Se a crosta terrestre é constituída essencialmente de silicatos, deve haver uma correspondência entre a composição química das rochas da crosta (tabela 1) e a dos silicatos, ou seja, os elementos químicos que formam os silicatos são basicamente os mesmos elementos que compõem as rochas da crosta (maiores e menores), acrescidos de alguns elementos traços como o Li, Be, Zr, Cr, Zn, Cu, F e B que ocorrem em alguns silicatos mais raros em ambientes particulares. Tabela 1- Teores médios dos elementos maiores e menores na crosta terrestre, recalculados para 100 %, segundo Wedephol (1969). % Peso P.M % Peso % Átomo % Volume P.A R.I (A ) O 47,76 61,82 89,13 15,9994 1,30 SiO2 66,23 60,0848 Si 30,96 22,83 0,59 28,086 0,34 Al2O3 14,86 101,9612 Al 7,86 6,03 0,90 26,9815 0,61 Fe2O3 1,50 159,6922 Fe +3 1,05 0,39 0,06 55,847 0,63 FeO 2,99 71,8464 Fe +2 2,32 0,86 0,18 55,847 0,69 MgO 2,19 40,3114 Mg 1,32 1,13 0,38 24,312 0,80 CaO 3,79 56,0794 Ca 2,71 1,40 1,59 40,08 1,20 Na2O 3,59 61,979 Na 2,66 2,40 3,00 22,9898 1,24 K2O 3,29 94,2034 K 2,73 1,45 3,82 39,102 1,59 TiO2 0,70 79,8988 Ti 0,07 0,18 0,04 47,90 0,69 H2O 0,60 18,0154 H 0,08 1,44 0,30 1,008 0,68 P2O5 0,18 141,9446 P 0,06 0,05 30,9738 0,25 MnO 0,08 70,9332 Mn 0,42 0,02 0,01 54,9338 0,75 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 Elementos maiores (teores 1 % peso): O, Si, Al, Fe, Mg, Ca, Na, K. Elementos menores (teores entre 0,1 e 1 % peso): Ti, H, P, Mn. A crosta terrestre é constituída basicamente, portanto, por apenas 12 elementos (8 maiores e 4 menores), localizados na tabela periódica abaixo. Todos os elementos restantes, representados com símbolos vazados na tabela periódica, são elementos traços que ocorrem em quantidades insignificantes na crosta terrestre. Concentrações maiores desses elementos só ocorrem em ambientes geológicos específicos e normalmente restritos, eventualmente formando jazidas minerais. Os elementos maiores e menores são, evidentemente, os componentes químicos essenciais dos minerais que compõem as rochas dominantes na crosta terrestre. Estas rochas são basicamente ígneas e metamórficas, cuja composição mineralógica é representada essencialmente pelos seguintessilicatos: feldspatos (K-feldspato e plagioclásio), quartzo, micas (muscovita e biotita), piroxênios, anfibólios e olivinas. As rochas sedimentares, que também possuem expressão areal na crosta terrestre, são constituídas basicamente por quartzo, minerais argilosos e carbonatos, estes últimos são os únicos minerais não silicáticos com expressão quantitativa na crosta terrestre. 1 18 Ia 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 VIIIb 1 Hidrogênio IIa IIIb VIb Vb VIb 2 3 4 5 6 7 8 Oxigênio 9 10 11 Sódio 12 Magnésio IIIa IVa Va VIa VIIa Ib IIb 13 Alumínio 14 Silício 15 Fósforo 16 17 18 19 Potássio 20 Cálcio 21 22 Titânio 23 24 25 Manganês 26 Ferro 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57-71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89-103 104 105 106 107 Fe 55,847 Mn 54,9380 VIIIa VIIb O Si Al P Mg Na K H Ti Ca 47,90 40,08 39,0983 22,9898 24,305 1,0079 26,9815 28,0855 30,9738 15,9994 26 Ferro Fe 63,546 Peso Atômico Número Atômico Atômico Semi-metais Figura 1- Tabela periódica dos elementos, mostrando em destaque os elementos maiores (em vermelho) e menores (em preto). Elementos vazados são traços. NESOSSILICATOS Os nesossilicatos são os silicatos com estrutura mais simples, constituída por tetraedros (SiO4) -4 isolados, sem polimerização dos oxigênios (grau de polimerização zero), o que resulta em uma relação Si : O = 1 : 4. Os tetraedros (SiO4) -4 são interligados por cátions intersticiais X e/ou Y. As estruturas dos nesossilicatos dependem principalmente do tamanho e da carga dos cátions intersticiais. As estruturas nesossilicáticas mais simples são aquelas que contem apenas um tipo de posição do cátion intersticial. Tipo Y2SiO4: o Y é um cátion bi ou trivalente em coordenação 6 (NCY = 6) Mg Forsterita (Fo) Mg2SiO4 Grupo das olivinas Y = Fe Faialita (Fa) Fe2SiO4 Mn Tefroita (Tef) Mn2SiO4 No grupo das olivinas existem duas séries contínuas seguintes, com substituição iônica entre Mg, Fe e Mn: a série da fosterita faialita, com substituição iônica completa entre Mg e Fe, e a série da faialita tefroíta com substituição iônica completa entre Fe e Mn, sendo que os minerais da série fosterita faialita são minerais formadores de rochas, bem mais comuns que aqueles da série faialita tefroíta. Os termos intermediários da série fosterita faialita são definidos pela proporção dos termos extremos (Fo e Fa), como demonstra a figura abaixo: Grupo isoestrutural Sistema Ortorrômbico Z = 4 50 70 9010 30 Forsterita Fayalita Mg2SiO4 Fe2SiO4 (Mg,Fe)2SiO4 Fo30Fa70 Fo30Fa70 (Fe0,7Mg0,3)2SiO4 Olivinas Estrutura dos nesossilicatos, no qual os tetraedros (SiO4) -4 são interligados por cátions, sem polimerização dos oxigênios. Fo Fa Grau de polimerização zero (GP = 0) Si : O = 1 : 4 Mn SiO2 4 Tef Fe SiO2 4 FaFo Mg SiO2 4 50 50 50 8080 8020 2020 Série Faialita -Tefroita Série Fosterita - Faialita Tetraedro (SiO4) -4 Cátion X Topázio Al2(SiO4)(OH,F)2 é um nesossilicato do sistema ortorrômbico (Z = 4) que pode ocorrer como acessório em rochas ígneas félsicas, mas é mais comum em veios e cavidades nestas rochas e em greisens como produto pneumatolítico tardio do magmatismo. O topázio pode ser gemológico (topázio imperial e topázio azul). Tipo XSiO4: O X é um cátion tetravalente em coordenação 8 (NCA= 8) Zr Zircão ZrSiO4 (tetragonal, Z = 4) X = Th Torita ThSiO4 (tetragonal, Z = 4) U Coffinita USiO4 (isométrico, Z = 4) O zircão é um mineral acessório comum em rochas ígneas, especialmente as as graníticas. Ele pode ser gemológico Prisma + bipirâmide tetragonal de zircão (a) e prismas de topázio (b e c). Cátion Y (Mg, Fe) Tetraedro (SiO4) -4 Cristais de olivina Faialita Forsterita a b c Estrutura da olivina, vista na direção do eixo c, mostrando os tetraedros (SiO4) -4 interligados por cátions Y (Mg e Fe). Tipo X3Y2(SiO4)3: dois tipos de posição dos cátions Grupo das granadas Grupo isoestrutural (sistema Isométrico, Z = 8), no qual X = Íons bivalentes maiores (Mg, Fe +2 , Mn +2 e Ca) em coordenação 8 (NCX = 8) Y = Íons trivalentes menores (Al, Fe +3 e Cr +3 ) em coordenação 6 (NCY = 6) Teoricamente poderiam existir 12 granadas formadas pela combinação de cada um dos 4 cátions X com os 3 cátions Y. Entretanto são conhecidas no ambiente geológico somente 6 granadas seguintes: Mineral X Y Fórmula Mineral X Y Fórmula Piropo Mg Al Mg3Al2(SiO4)3 Grossulária Ca Al Ca3Al2(SiO4)3 Almandina Fe +2 Al Fe3Al2(SiO4)3 Andradita Ca Fe +3 Ca3Fe2(SiO4)3 Espessartita Mn +2 Al Mn3Al2(SiO4)3 Uvarovita Ca Cr +3 Ca3Cr2(SiO4)3 A granada mais comum é a almandina que é um importante componente mineralógico das rochas metamórficas, especialmente xistos e gnaisses. A almandina (Alm) forma uma série contínua com o piropo (Pi), com participação mais limitada da espessartita (Esp) e grossulária (Gro). Desse modo, a composição geral das granadas (almandina) mais comum nas rochas metamórficas é (Fe, Mg, Mn, Ca)3Al2(SiO4)3 , cuja proporção entre os cátions X depende da composição do protólito e do grau metamórfico. Diagrama de composição das granadas com 4 componentes (Alm-Pi-Esp-Gro) em (a) e com apenas 3 componentes (Alm-Pi-Esp) em (b). A área hachurada mais escura corresponde à composição das almandinas, com cálcio em (a) e sem cálcioem (b), que são as granadas mais comuns. Na posição Y a substituição iônica é mais limitada, mas há uma série descontínua entre Grossulária (Gro) e Andradita (And), cuja composição geral é Ca3(Fe +3 ,Al)2(SiO4)3 e que se forma por metamorfismo de calários e dolomitos impuros. Séries com a participação da Uvarovita (Uva) são mais limitadas e menos frequentes, podendo ocorrer com a Grossulária Ca3(Al,Cr)2(SiO4)3 e com o piropo Mg3(Al,Cr)2(SiO4)3, esta última conhecida como piropos cromitíferos que ocorrem em kimberlitos. Na andradita (variedade melanita) o Fe +3 pode ser substituído por Ti +4 concomitantemente com a substituição de Ca +2 por Na + na posição X, cuja fórmula geral é (Ca,Na)3(Fe +3 ,Ti +4 )2(SiO4)3. Nas granadas, os tetraedros (SiO4) -4 podem ser substituídos parcialmente por hidroxilas, passando o mineral a denominar-se hidrogranada, Esp AlmPi 50 50 50 8080 7030 2020 Série A lm andina - E spessartita Série Almandina - Piropo Fe Al (SiO )3 2 4 3Mg Al (SiO )3 2 4 3 Mn Al (SiO )3 2 4 3 50 50 Ca Al (SiO )3 2 4 3 Gro Fe Al (SiO )3 2 4 3 AlmPi Mg Al (SiO )3 2 4 3 Mn Al (SiO )3 2 4 3 Esp (Mg,Fe,Mn)3Al2(SiO4)3 (Mg,Fe,Mn,Ca)3Al2(SiO4)3 a b Cristais dodecaédricos de almandina. cuja fórmula geral é X3Y2(SiO4)3-m(OH)4m, ou seja para cada tetraedro (SiO4) -4 substituído entram 4 hidroxilas em seu lugar. Essa substituição ocorre principalmente na grossulária que passa a denominar-se hidrogrossulária com a fórmula geral Ca3Al2(SiO4)3-m(OH)4m. Titanita CaTi(SiO4)(O,OH,F) é um nesossilicato monoclínico (Z = 4), com o Ti em coordenação 6 e o Ca em coordenação 7. A titanita é um mineral acessório comum em rochas ígneas, particularmente abundante em nefelina sienitos. Polimorfos Al2SiO5 : Cianita (triclínico, Z = 4), Andalusita (ortorrômbico, Z = 4) e Sillimanita (ortorrômbico, Z = 4). Os polimorfos Al2SiO5 são minerais importantes em rochas metamórficas aluminosas. São minerais com estruturas complexas, nas quais um dos alumínios está em coordenação 6 (NCAl = 6). Na cianita o segundo alumínio está também em coordenação 6, mas na andalusita e sillimanita está em coordenação 5 e 4 respectivamente. Além disso, dos cinco oxigênios da fórmula mínima, 4 estão no tetraedro SiO4 e o quinto entra na estrutura para equilibrar as cargas, informações que podem ser expressas nas fórmulas químicas da seguinte maneira: Cianita Al6Al6O(SiO4) Andalusita Al6Al5O(SiO4) Sillimanita Al6Al4O(SiO4). Estaurolita (Fe,Mg)2(Al,Fe +3 )9O7(SiO4)4(OH) é um nesossilicato monoclínico (Z = 2), com o ângulo próximo de 90 o (pseudo-ortorrômbico) e estrutura complexa. A estaurolita é um importante mineral nas rochas metamórficas de médio grau, especialmente xistos pelíticos. Critais laminares de cianita (a), prismas curtos de titanita (b) e cristal geminado de estaorolita (c). Outros nesossilicatos (não formadores de rochas) Monticelita Ca(Mg,Fe)SiO4 é um nesossilicato do sistema ortorrômbico (Z = 4) que ocorre em rochas calciossilicatadas (skarnitos e metamorfismo de dolomitas) Fenacita Be2SiO4 e Willemita Zn2SiO4 são nesossilicatos do sistema Hexagonal-R (Z = 18), com os cátions (Be e Zn) em coordenação 4. A fenacita ocorre em pegmatitos, greisens e veios hidrotermais e a willemita nas zonas oxidadas de depósitos de zinco. Cloritóide (Fe +2 ,Mg,Mn)2(Al,Fe +3 )Al3O2(SiO4)2(OH)4 é um nesossilicato monoclínico (Z = 2) que ocorre em rochas metamórficas pelíticas de baixo a médio grau. Nesossilicatos com boro: Datolita CaB(SiO4)(OH) é um mineral monoclínico (Z = 4), secundário que ocorre em cavidades nas rochas basálticas. Dumortierita (Al,Fe)7O3(BO3)(SiO4)3 é um mineral ortorrômbico (Z =4) que ocorre em rochas metamórficas (xistos e gnaisses) e pegmatitos. a b c Grupo da Humita: minerais com estrutura estratificada constituída por camadas de fosterita Mg2SiO4 alternadas com folhas de brucita Mg(OH)2 que ocorrem em calcários, dolomitos metamorfisados e em skarnitos. A fórmula geral dos minerais do grupo da humita é Mg2n+1(SiO4)n(OH,F)2, onde n representa o número de fórmulas mínimas de olivina que se alterna com uma de brucita. Sistema ortorrômbico (Z = 4) Sistema monoclínico (Z = 2) Norbergita (n = 1) Mg3(SiO4)(OH,F)2 1 oliv : 1 bru Mg2(SiO4) . Mg(OH,F)2 Condrodita (n = 2) Mg5(SiO4)2(OH,F)2 2 oliv : 1 bru 2Mg2(SiO4) . Mg(OH,F)2 Humita (n = 3) Mg7(SiO4)3(OH,F)2 3 oliv : 1 bru 3Mg2(SiO4).Mg(OH,F)2 Clinohumita (n = 4) Mg9(SiO4)4(OH,F)2 4 oliv : 1 bru 4Mg2(SiO4).Mg(OH,F)2 SOROSSILICATOS Sorossilicatos são os silicatos cuja estrutura é constituída por tetraedros duplos (Si2O7) -6 , com apenas 1 oxigênio compartilhado (grau de polimerização 1) e relação Si : O = 2 : 7. Os tetraedros duplos (Si2O7) -6 são interligados por cátions X e/ou Y. Os sorossilicatos mais importantes são do grupo do epidoto. Estes minerais constituem um grupo isoestrutural que cristaliza no sistema monoclínico (Z = 2, grupo espacial P21/m). Os cátions que interligam os agrupamentos silicáticos apresentam-se em duas posições estruturais, uma em coordenação 8 (cátion X) e a outra em coordenação 6 (cátion Y). A fórmula geral mais simplificada dos minerais do grupo do epidoto é X2Y3(SiO4)3(OH). Entretanto, tanto os tetraedros isolados (SiO4) -4 como os tetraedros duplos (Si2O7) -6 estão presentes na estrutura complexa do epídoto, situação melhor representada na seguinte fórmula geral: X2Y3O(SiO4)(Si2O7)(OH), ficando um oxigênio fora das unidades silicáticas, além daquele da hidroxila. X cátions maiores de carga mais fraca: Ca, Ce, La, Y, Th, Mn +2 , Fe +2 (NCX = 8) Y cátions menores de carga mais elevada: Al, Fe +3 , Mn +3 , Fe +2 , Mn +2 , Ti +4 (NCY = 6) O grupo do epidoto é constituído principalmente por 4 minerais seguintes: Mineral Cátions X Cátions Y Fórmula mínima Clinozoisita Ca Al Ca2Al3O(SiO4)(Si2O7)(OH) Epidoto Ca Al, Fe +3 Ca2(Al,Fe +3 )3O(SiO4)(Si2O7)(OH) Piemontita Ca Mn +3 , Fe +3 , Al Ca2(Mn +3 , Fe +3 ,Al)3O(SiO4)(Si2O7)(OH) Allanita (ortita) Ca, Ce, La, Y, Mn +2 Fe +2 , Fe +3 , Al (Ca,Mn,Ce,La,Y)2(Fe +2 ,Fe +3 ,Al)3O(SiO4)(Si2O7) (OH) A clinozoizita possui um polimorfo ortorrômbico (zoisita) que não faz parte do grupo isoestrutural do epidoto, mas que ocorre juntamente com os minerais deste grupo. Os minerais mais comuns do grupo do epídoto são da série clinozoisita – epidoto, formada pela substituição entre Al e Fe +3 na posição Y. A clinozoisita (Clin) é o termo extremo de alumínio na posição Y, cuja fórmula é Ca2Al3O(SiO4)(Si2O7)(OH). O termo extremo férrico da série, denominado pistacita (Ps), é formado pela substituição de apenas um dos 3 alumínios da clinozoisita por Fe +3 , resultando na fórmula Ca2Al2Fe +3 O(SiO4)(Si2O7)(OH). Epidoto é o nome dos termos intermediários da série, cuja composição química é melhor representada pela fórmula geral Ca2Al2(Al,Fe +3 )O(SiO4)(Si2O7)(OH). Os minerais da série clinozoisita – epidoto (além da zoisita) ocorrem tipicamente em xistos enriquecidos em cálcio das fácies xisto verde, xisto azul e epidoto – anfibolito, derivados de rochas ígneas máficas ou rochas sedimentares carbonáticas, bem como em hornfelses derivados principalmente de calcários. Minerais desta série também ocorrem como acessórios em rochas ígneas e como produto da alteração hidrotermal,formando minerais de ganga em depósitos metálicos. A piemontita e allanita são de ocorrência mais restrita. A piemontita ocorre em rochas metamórficas de baixo grau, tal como os minerais da série clinozoisita – epidoto, ou como produto da alteração hidrotermal em depósitos de manganês. A allanita ocorre em skarnitos e pegmatitos e também como mineral acessório em rochas graníticas. Cálcio Alumínio Oxigênio Hidroxila Tetraedro (SiO4) -4 Estrutura da clinozoisita vista na direção do eixo b, mostrando os tetraedro duplos (Si2O7) -6 , os tetraedros isolados (SiO4) -4 , o cátion X (Ca +2 ), o cátion Y (Al +3 ), o oxigênio (não pertencente aos tetraedros SiO4) e as hidroxilas (OH). Ca2Al3(SiO4)3(OH) Clin Ca2Al2Fe +3 (SiO4)3(OH) Ps Epidoto Ps Clin60Ps40 Ca2Al2(Al0,6Fe +3 0,4)(SiO4)3(OH) Cristal prismático de epidoto Clin Ca2Al2(Al,Fe +3 )(SiO4)3(OH) 33,33... Ca2Al2Fe +3 (SiO4)3(OH) Outros sorossilicatos: Lawsonita CaAl2(Si2O7)(OH).H2O (ortorrômbico, Z = 4). Pumpellyita Ca2(Mg,Mn +2 )(Al,Fe +3 )2(SiO4)(Si2O7)(OH)2.H2O (monoclínico, Z = 4). São dois sorossilicatos típicos de rochas metamórficas de alta pressão (fácies xistos azuis). Vesuvianita (idocrásio) Ca10(Mg,Fe +2 ,Mn +2 )2(Al,Fe +3 )4(SiO4)5(Si2O7)2(OH)4. (tetragonal, Z = 2). Ocorre em skarnitos e calcários impuros metamorfisados. Hemimorfita Zn(Si2O7)(OH)2.H2O (ortorrômbico, Z = 2). É um mineral secundário que ocorre nas zonas oxidadas de depósitos de zinco. CICLOSSILICATOS Ciclossilicatos são os silicatos cuja estrutura é constituída por tetraedros em anel, com 2 oxigênios compartilhados (GP = 2) e relação Si : O = 1 : 3. Os anéis de tetraedros são interligados por cátions X e/ou Y. Existem três tipos de anéis seguintes: 1- Anel triangular (Si3O9) -6 : É a estrutura anelar mais simples, porém minerais com tal estrutura são raros. Exemplo: Benitoita BaTiSi3O9 (hexagonal-H, Z = 2). 2- Anel quadrangular (Si4O12) -8 : Não é, também, uma estrutura anelar comum. Exemplo: Axinita Ca2(Mg,Fe,Mn)Al2(BO3)(Si4O12)(OH), mineral triclínico (Z = 2), relativamente raro, formado por metamorfismo de contato e metassomatismo de calcários e rochas máficas. 3- Anel hexagonal (Si6O18) -12 : É a estrutura anelar mais comum que ocorre nos minerais berilo, turmalina e cordierita. Berilo: É um ciclossilicato essencialmente de berílio e alumínio que cristaliza no sistema hexagonal-H (Z = 2), cuja fórmula mínima é Be3Al2(Si6O18). Na estrutura do berilo, os anéis hexagonais (Si6O18) -12 formam colunas paralelas ao eixo c, interligadas lateralmente e verticalmente pelos cátions Be +2 e Al +3 , sendo que o primeiro ocorre em coordenação tetraédrica em relação aos oxigênios (NCBe = 4), formando um tetraedro distorcido, e o segundo em coordenação octaédrica (NCAl = 6), de tal modo que cada oxigênio está ligado a um alumínio e a um berílio. Esse arranjo não polarizado (com planos de simetria) dos anéis hexagonais resulta em cristais prismáticos hexagonais. Anel hexagonal Anel quadrangular Anel triangular Embora normalmente considerado um ciclossilicato de berílio e alumínio, o berilo pode conter elementos alcalinos (Na, Li, K, Cs), além de Mg, Fe +2 , Mn +2 , Fe +3 e Cr +3 . Esses cátions entram na estrutura do berilo normalmente por substituição iônica acoplada, ou seja, para reequilibrar as cargas elétricas em decorrência da substituição entre o Si +4 , Al +3 e o Be +2 na posição tetraédrica. O Na + e o Li + normalmente substituem o Be +2 , mas o K + e Cs + são muito grandes para substituir o Be +2 e normalmente se acomodam nos canais dos anéis hexagonais. Os cátions bi e trivalentes, de menor tamanho, normalmente substituem o Al +3 . A variedade de berilo mais comum é de coloração branca a verde ou amarelo pálido translúcido. Os berilos gemológicos são as variedades transparentes claras, denominados de esmeralda (verde garrafa intenso), água marinha (verde pálido, verde amarelado ou azul esverdeado), heliodoro (amarelo dourado) e morganita (róseo). O verde intenso das esmeraldas é atribuído à presença de cromo ou vanádio, enquanto que o azul celeste das águas marinhas está relacionado à presença de Fe +2 . Por outro lado, a presença de Fe +3 é responsável pela coloração amarelo dourado dos heliodoros, ao passo que a coloração rosada das morganitas é atribuída à presença de Mn +2 . O berilo ocorre em rochas graníticas, especialmente as fases tardias da cristalização, e em rochas metamórficas. O berilo comum e as águas marinhas ocorrem em drusas e pegmatitos graníticos, ao passo que as esmeraldas ocorrem mais freqüentemente em rochas metamórficas, especialmente biotita xistos. Tetraedro (SiO4) -4 Tetraedro (BeO4) -6 Al +3 Estrutura do berilo vista na direção do eixo c, mostrando os anéis (Si6O18) -12 ligados por Al +3 e Be +2 . Variedades de berilo: esmeralda (a), morganita (b) e água marinha (c). Cristais hexagonais de berilo Aa Ab Ac Turmalina: É um ciclossilicato de composição complexa que cristaliza no sistema hexagonal- R (Z = 3), cuja fórmula geral é XY3Z6(BO3)3(Si6O18)(OH)4, sendo os cátions X = Na, Ca, em coordenação 8 em relação aos oxigênios e hidroxilas, os cátions Y = Mg, Fe +2 , Mn, Li, Al, em coordenação 6 e os cátions Z = Al, Fe +3 , Mg, que também ocorrem em coordenação 6, envolvidos por octaedros deformados de oxigênios. Esse arranjo polarizado (sem planos de simetria) dos anéis hexagonais resulta em uma simetria romboédrica, com prismas trigonais ou ditrigonais (nunca hexagonais). Como os cátions X (Na, Ca) não se substituem amplamente, as composiões das turmalinas tendem a ser predominantemente sódicas ou cálcicas. Os cátions Y, ao contrário, se substituem mais amplamente formando séries, principalmente entre alumínio e lítio e entre magnésio e ferro bivalente. As turmalinas de sódio formam duas séries seguintes: Elbaíta- schorlita Na(Al,Li,Fe +2 )3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 , entre Al e Li, e dravita-schorlita Na(Mg’,Fe +2 )3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)6 , entre Mg e Fe +2 . Por outro lado, as composições das turmalinas de cálcio situam-se na série ferromagnesiana uvita-ferrouvita Ca(Mg,Fe +2 )3(Al,Fe +3 ,Mg)6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 entre Mg e Fe +2 . Os termos extremos destas séries são os seguintes: Tetraedro (SiO4) -4 (BO3) -3 (OH) Cátion X (Na) Estrutura da turmalina, mostrando os anéis hexagonais e os triângulos (BO3) interligados por cátions X, Y e Z, em uma simetria romboédrica. Cristais prismáticos ditrigonais de turmalina. Cátion Y (Mg) Cátion Z (Al) Turmalina Cátions X Cátions Y Cátions Z Fórmula Mínima Elbaíta Na Al, Li Al Na(Al,Li)3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 Schorlita Na Fe +2 Al NaFe +2 3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 Dravita Na Mg Al NaMg3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 Uvita Ca Mg Al, Mg CaMg3(Al,Mg)6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 Ferrouvita Ca Fe +2 Al,Fe +3 , Mg CaFe +2 3(Al,Fe +3 ,Mg)6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 A maioria das turmalinas, entretanto, contém tanto sódio como cálcio na posição X e na posição Y, além do Al, Li, Mg, Fe +2 pode entrar também o Mn +2 e Fe +3 formando séries complexas entre elbaíta-schorlita-dravita-uvita-ferrouvita, com a seguinte fórmula geral: (Na,Ca)(Mg,Fe +2 ,Mn +2 , Li,Al,Fe +3 )3(Al,Mg,Fe +3 )6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 As colorações das turmalinas são extremamente variáveis, mas normalmente estão relacionadas com suas composições. As elbaítas são as turmalinas de tons claros que recebem denominações específicas de acordo com a cor, conforme tabela abaixo: Turmalina Fórmula Mínima Cor (variedade) Elbaíta Na(Al,Li)3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 Verde (verdelita) Incolor Azul (indicolita) (acroíta) Vermelho a róseo (Rubelita) Schorlita NaFe +2 3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 Preta Dravita NaMg3Al6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 Marrom escuro a amarelo Uvita Ca(Mg,Fe +2 )3(Al,Mg)6(BO3)3(Si6O18)(OH)4 Marrom escuro a amarelo As elbaítas podem ainda ser zonadas com os tons variando paralelamente ou perpendicularmente às faces do prisma. A schorlita é preta, enquanto que a dravita e uvita são marrom escuro a amarelo. Turmalina ocorre em rochas graníticas, principalmente nas fases tardias da cristalização (veios e pegmatitos), e também em rochas metamórficas como produto de metassomatismo bórico. Nas rochas graníticas, as turmalinas são normalmente da série schorlitaelbaíta, enquanto que nas rochas metamórficas, as turmalinas são magnesianas, tanto de sódio (dravita) como de cálcio (uvita), sendo esta última típica de rochas cálcio-silicatadas. Cordierita: É um ciclossilicato de alumínio, magnésio e ferro que cristaliza no sistema ortorrômbico (pseudo-hexagonal, Z = 4), cuja fórmula mínima é (Mg,Fe)Al4Si5O18.nH2O. Existe um polimorfo hexagonal de alta temperatura da cordierita que é isoestrutural com o Aa Ac Cristais prismáticos de schorlita (a), dravita (b) e 3 variedades de elbaíta: verdelita (c), rubelita zonada (d) e indicolita zonada (e). Ae Ab Ad berilo. Na estrutura da cordierita, em cada anel hexagonal um dos 6 silícios é substituído por um alumínio, ficando 3 alumínios, portanto, fora da estrutura silicática, como mostra a fórmula (Mg,Fe)Al3(Al Si5O18).nH2O. Os anéis hexagonais são interligados por tetraedros (Al,Si)O4 e também pelos cátions de Mg e Fe +2 em coordenação octaédrica (NC = 8). A cordierita é um mineral essencialmente de origem metamórfica, formado a partir de rochas aluminosas (sedimentos pelíticos principalmente). Cristal de cordierita
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