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Dor e cultura Artigo

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1 
 
DOR E CULTURA 
 
PIMENTA, C. A. M. & PORTNOI, A. G. Dor 
e Cultura. In: CARVALHO, M. M. Dor: um 
Estudo Multidisciplinar. Summus, São 
Paulo, 1999, p.159-73 
 
“A quantidade e a qualidade da dor que 
sentimos é determinada pelas nossas 
experiências prévias e de quanto bem nos 
lembramos delas; pela capacidade de 
entender suas causas e compreender suas 
conseqüências. Ainda, a cultura em que 
estamos inseridos tem papel essencial em 
como sentimos e respondemos à dor”. 
(Melzack & Wall, 1991) 
 
Dor no Processo de Socialização 
Dor foi considerada como uma emoção por 
Aristóteles e como uma sensação por 
Descartes. A dor enquanto experiência 
culturalmente aprendida, embora incluída 
na definição atualmente aceita sobre dor, 
não tem sido enfatizada pelos estudiosos 
do tema. 
Cultura pode ser definida como “um 
complexo de conhecimentos, crenças, 
artes, moral, leis, costumes e quaisquer 
outras habilidades ou hábitos adquiridos 
pelo homem enquanto membro de uma 
sociedade”. As culturas são “sistemas de 
idéias compartilhadas, sistemas de 
conceitos, regras e significados que 
subjazem e são expressos nas maneiras 
pelas quais os seres humanos vivem”. Este 
conjunto de princípios, implícitos e 
explícitos, ensina ao indivíduo o modo de 
“ver” os fatos, como percebê-los, como 
vivenciá-los emocionalmente, como lhes 
atribuir significados e como se conduzir 
diante deles. A cultura é como uma “lente” 
através da qual se vê o mundo. A aquisição 
desta “lente” é gradual e deve-se 
principalmente à família, ao sistema 
educacional, às instituições religiosas, aos 
modos de produção e às instituições de 
trabalho (Helman, 1994). 
Grande parte dos valores, crenças e 
atitudes relativos à saúde é adquirida 
durante a infância no processo de 
socialização, que é quando os padrões de 
comportamento característicos de um grupo 
são aprendidos. 
Valores são objetivos sociais considerados 
como desejáveis de obtenção; são também 
as normas, princípios ou padrões sociais 
aceitos e mantidos pelo indivíduo e pela 
sociedade. Valor é algo cuja importância foi 
estabelecida ou arbitrada de antemão. 
Crenças são convicções íntimas 
culturalmente compartilhadas, são noções 
pré-existentes sobre a realidade, são 
formas de assentimento que, embora 
objetivamente insuficientes, subjetivamente 
se impõem com grande evidência. Atitudes 
são disposições estáveis e duradouras que 
implicam na tendência a responder às 
pessoas, instituições ou eventos tanto 
positiva quanto negativamente, isto é, 
envolvem a necessidade de classificar e 
categorizar. Comportamento pode ser 
definido como respostas observáveis 
objetiva e publicamente. Em síntese, 
valores são os objetivos e princípios de 
uma sociedade, crenças são noções 
prévias e convicções íntimas 
compartilhadas culturalmente e atitudes são 
disposições organizadas para a ação que 
se refletem diretamente no comportamento 
de indivíduos e grupos. (Chaplin, 1986; 
Lazarus & Folkman, 1984; Ferreira, 1986). 
O processo de socialização é essencial ao 
desenvolvimento de valores, crenças, 
atitudes e comportamentos relativos à dor. 
A internali-zação destes elementos culturais 
inicia-se na infância e é denominada 
socialização primária. O processo de 
internalização de aspectos do mundo 
familiar é realizado como “único mundo 
possível” e não como “um dos mundos 
possíveis”. Disto resulta que os aspectos 
2 
 
culturais internalizados na infância são 
muito mais arraigados do que os que se 
originam da socialização secundária. 
Socialização secundária é a internalização 
dos “outros mundos possíveis”, isto é das 
diversas subculturas institucionais tais 
como escolas, profissões, trabalhos, etc. 
Estas subculturas constituem realidades 
parciais que contrastam com o “único 
mundo possível” da cultura familiar e da 
socialização primária, o que implica que 
certos conteúdos, para serem devidamente 
internalizados, deverão se sobrepuser a 
outros já existentes (Berger, Luckman, 
1996). É importante ressaltar que fatores 
como genéticos, a idade, o sexo, a 
aparência, a personalidade, a inteligência, 
entre outros, interferem, de modo crucial, 
na internalização da realidade objetiva. No 
entanto, “a cultura exerce importante 
influência em muitos aspectos da vida das 
pessoas, incluindo suas crenças, 
comportamentos, percepções, emoções, 
língua e linguagem, religiões, estrutura 
familiar, alimentação, vestuário, imagem 
corporal, conceitos de espaço e tempo, 
além das atitudes em relação à doença, dor 
e outras formas de infortúnio” (Helman, 
1994). 
Enquanto unidade social básica, a família 
possui função mediadora entre as 
demandas individuais e as normas sociais. 
Para o indivíduo, representa o grupo 
primário e a primeira fonte significativa de 
comparação e aprendizado, passíveis de 
influenciar a atenção dada aos estímulos 
dolorosos e às lembranças de experiências 
anteriores. Para a sociedade, a família 
responde pela formação dos 
comportamentos precoces relativos à dor 
permitindo que certas respostas sejam 
reforçadas e outras ignoradas ou mesmo 
punidas. 
Os métodos de educação infantil das 
diferentes culturas influenciam ativamente a 
formação de condutas e expectativas frente 
à dor na idade adulta. O estoicismo diante 
da dor em meninos e homens é um 
componente cultural associado a valores 
como coragem e virilidade, enquanto que a 
expressão de dor em meninas e mulheres é 
mais tolerada por representar fragilidade e 
vulnerabilidade (Meinhart; McCaffery, 1983; 
Bates, 1987). A dor é parte integrante de 
todos os relacionamentos precoces e se 
associa a sentimentos de acolhimento e 
conforto, punição e culpa. Desde a infância 
o choro induzido pela dor provoca 
respostas de ajuda na mãe ou em terceiros. 
Crianças quando se machucam e 
expressam sua dor costumam ser levadas 
ao colo, acariciadas e consoladas e, 
quando se “comportam mal”, costumam ser 
castigadas, taxadas de “más” e induzidas a 
sentimentos de culpa e arrependimento. 
Cabe ressaltar que a dor infligida pelo 
“castigo” corporal representa uma forma de 
expiação da culpa (Engel, 1959). 
 
Tolerância à Dor e Cultura 
A bagagem cultural tem um poderoso efeito 
na tolerância à dor, uma vez que estímulos 
que produzem dor insuportável para uma 
pessoa podem ser perfeitamente toleráveis 
por outra. 
O conceito de dor atualmente aceito 
compreende três componentes: o sensitivo-
discriminativo (sensação física), o afetivo-
motivacional (emocional) e o cognitivo-
avaliativo (pensamento). A informação 
dolorosa é transmitida da periferia para o 
sistema nervoso central e, ao atingir as 
estruturas encefálicas, interage com fatores 
emocionais e culturais que podem interferir 
e modificar a percepção da informação 
inicial. A experiência dolorosa resulta da 
interpretação do aspecto físico-químico do 
estímulo nocivo e da sua interação com 
fatores emocionais e culturais individuais 
que estejam de alguma forma relacionados 
à dor tais como o humor, experiências 
anteriores, crenças, atitudes, conhecimento, 
significado simbólico atribuído à queixa 
dolorosa, entre outros. A apreciação da dor 
é uma experiência privada e subjetiva que, 
como descrito anteriormente, não resulta 
apenas das características da lesão 
tecidual (Melzack; Wall, 1991). 
3 
 
As variações na experiência dolorosa entre 
as pessoas se devem, entre outros fatores, 
a diferenças nos limiares de dor. Os 
limiares de dor são medidos através da 
aplicação de estímulos (choque, calor, 
pressão) de intensidade crescente, a uma 
pequena área da pele. O limiar de 
percepção à dor representa a menor 
intensidade em que o estímulo passa a ser 
percebido como doloroso. A tolerância à dor 
é a menor intensidade em que o estímulo 
passa a ser percebido como desconfortávela ponto do indivíduo se retrair e/ou solicitar 
sua interrupção. Embora o limiar de 
percepção à dor seja muito semelhante 
entre os indivíduos, a tolerância à dor varia 
muito e está relacionada a fatores 
sensoriais (extensão e localização da lesão 
tecidual, fatores genéticos (relativos ao 
sistema nociceptivo e de modulação da 
dor), emocionais (medo, raiva, ansiedade, 
depressão), culturais (aprendizagem, 
experiências anteriores, significado 
simbólico da dor) e sociais (possíveis 
ganhos secundários de ordem econômica, 
social e afetiva). Frente à ampla gama de 
fatores envolvidos na apreciação e 
expressão da dor, a sensação de 
desconforto resultante da estimulação 
nociceptiva tende a variar muito entre os 
indivíduos. Os profissionais, cientes do 
caráter multidimensional, individual e 
privado da experiência dolorosa, devem 
atentar que os doentes sejam vistos como 
autoridades sobre sua dor). 
Os fatores culturais parecem interferir de 
maneira determinante sobre os limiares de 
dor. Existe uma estreita relação entre as 
reações fisiológicas dos indivíduos e as 
atitudes relacionadas à dor desenvolvidas 
durante o processo de socialização. A 
comparação de limiares de percepção à 
dor, tolerância à dor e resposta galvânica 
da pele de donas de casa pertencentes a 
diferentes grupos étnicos (pioneiros 
americanos, judeus, italianos e irlandeses) 
revelou que as diferenças de limiar de 
percepção à dor não foram significativas, 
mas a tolerância à dor e as respostas 
galvânicas da pele apresentaram diferenças 
significativas. Essas diferenças se 
mostraram compatíveis com a diversidade 
atitudinal frente à experiência dolorosa, 
previamente conhecida nesses grupos. As 
mulheres descendentes de italianos 
apresentaram menor tolerância à dor do 
que as americanas e as de origem judaica 
(Sternbach; Tursky, 1965). Em população 
semelhante à descrita anteriormente, a 
comparação de outros parâmetros 
fisiológicos (batimentos cardíacos, potencial 
e resistência galvânica da pele, temperatura 
facial e respiração) reforçou o achado de 
que as diferenças fisiológicas entre os 
grupos étnicos estudados se comportavam 
de maneira paralela às suas atitudes com 
relação à dor (Tursky; Sternbach, 1967). 
Diferentes grupos étnicos podem se 
assemelhar na maneira como expressam a 
dor, entretanto, os fatores que influenciam a 
expressão individual podem ser bastante 
distintos. Quando as expressões de dor de 
pacientes com dores faciais pertencentes a 
diferentes grupos culturais (negros, 
irlandeses, italianos, judeus e porto-
riquenhos) foram comparadas, a análise 
dos resultados demonstrou que, para a 
maioria dos aspectos da comunicação da 
dor, existia uma homogeneidade entre os 
grupos. No entanto, os fatores que 
influenciam a expressão apresentavam-se 
heterogêneos dentro de cada grupo (Lipton; 
Marbach, 1984). 
O efeito cultural passa a ser mais evidente 
no que se refere aos limiares de tolerância 
à dor. Os indivíduos tendem a mudar 
significativamente seus padrões de 
comportamento de acordo com sua 
associação a diferentes grupos A tolerância 
à dor de mulheres judias e protestantes foi 
comparada em dois estudos distintos. No 
primeiro estudo as pessoas foram tratadas 
como estudantes voluntárias para participar 
de uma investigação científica e eram 
informadas que seu grupo religioso tolerava 
menos a dor que outros grupos religiosos. 
No segundo estudo, foram tratadas como 
membros de um grupo religioso e, em 
subgrupos, foram informadas que seu 
grupo tinha como característica tolerar mais 
4 
 
ou menos dor do que outros grupos 
religiosos, deixando claro que a 
comparação era entre judeus e 
protestantes. No primeiro estudo apenas as 
mulheres judias revelaram aumento nas 
médias de tolerância à dor, e, no segundo, 
tanto as judias como as protestantes 
aumentaram sua tolerância à dor (Lambert; 
Libman; Poser, 1960). 
Comparações entre grupos tendem a 
aumentar a tolerância à dor. Os limiares de 
tolerância à dor induzida por choque 
elétrico foram comparados entre homens 
agrupados por diferentes graus de 
identificação de acordo com a 
nacionalidade, sexo, religião, vocação, 
idade, etc. Os limiares foram avaliados 
através de duas séries de choques, sendo 
que entre a primeira e a segunda série, os 
indivíduos recebiam informações falsas 
sobre o nível de tolerância à dor de seu 
grupo de referência. Estas informações 
aumentaram os limiares de tolerância na 
segunda avaliação, sendo que, quanto 
maior o grau de identificação maior foi o 
aumento na tolerância à dor (Buss; Portnoy, 
1967). 
A presença de modelos pode influenciar os 
limiares de dor. A avaliação de indivíduos 
expostos a modelos que simulavam 
diferentes níveis de desconforto e 
susceptibilidade à dor demonstrou que 
sujeitos expostos a modelos tolerantes à 
dor aceitavam mais choques do que 
aqueles que observavam modelos 
intolerantes, não tinham modelo ou 
possuíam um modelo controle. Os registros 
de medidas autonômicas como resposta 
galvânica da pele e batimentos cardíacos, 
entretanto, não revelaram diferenças 
significativas entre os grupos. Se esses 
registros forem considerados índices de 
desconforto, esse estudo mostrou que os 
indivíduos que aceitaram choques de maior 
e menor intensidade experimentaram o 
mesmo nível de desconforto (Craig; 
Neidermayer, 1974). 
 
 
Significado Cultural da Dor 
O aprendizado social é essencial no 
desenvolvimento dos significados atribuídos 
à dor dentro do contexto cultural. Este 
aprendizado se inicia na unidade familiar e 
se modifica, integra e mantém, na 
convivência social mais ampla. Em grande 
parte das culturas, a dor é considerada 
como uma das possíveis fatalidades que 
podem ocorrer a seus membros. Diante de 
uma experiência dolorosa os indivíduos 
costumam se perguntar: “Porque isto 
aconteceu comigo?” ou “O que eu fiz para 
merecer isto?” Em busca de respostas para 
estas questões recorrerem não apenas à 
ciência, mas às religiões, às crenças e aos 
valores morais de sua cultura. 
As religiões desempenham um papel 
importante no processo de socialização. 
Elas representam um conjunto organizado 
de crenças e práticas, cuja finalidade é a de 
responder pela orientação ética, filosófica e 
ideológica de um determinado grupo. As 
religiões moldam a percepção que o 
indivíduo tem de si mesmo e também sua 
resposta à dor. A fé religiosa pode auxiliar 
muito na tolerância à dor, mas pode, 
também, levar o indivíduo a interpretar a 
dor como punição e procurar, em preces e 
rituais, o perdão para possíveis erros (Wolff; 
Langley, 1968; Meinhart; McCaffery, 1983). 
Essas concepções sobre dor foram 
observadas em estudo realizado em nosso 
meio, onde cerca de 10% das 800 pessoas 
entrevistadas considerou, entre outras 
possibilidades, a vivência de dor como um 
meio de purificar a alma (Teixeira; Shibata, 
Pimenta, Corrêa, 1996). 
Se a dor for vista como punição divina, os 
indivíduos tentarão experimentá-la sem 
queixas para que se transforme numa 
forma de expiação para aliviar sentimentos 
de culpa. Se for interpretada como 
conseqüência de transgressões morais, 
procurarão a cura através de penitências, 
jejuns ou preces. Se for atribuída à 
malevolência de terceiros (através de 
feitiçaria ou encantamentos) tentarão alívio 
5 
 
de maneira indireta, através de rituais ou 
exorcismo (Helman, 1994). 
Para determinadas culturas a dor possui um 
conteúdo sagrado. Em algumas regiões da 
Índia, ainda hoje, existe um ritual onde se 
escolhe um indivíduo como representante 
do poder dos deuses para abençoar as 
crianças e os campos de cultivo. Para a 
realização deste ritual, ganchos de aço são 
presos por cordas sob a pele e músculos 
das costas do escolhido, que é então 
alçado ao alto de um veículo especial queo 
leva de aldeia em aldeia, balançado-o em 
grandes giros, sustentado apenas pelos 
ganchos. Durante todo o ritual ele não 
demonstra o menor sinal de estar sentindo 
dor, ao contrário, parece estar em estado 
de exaltação. Ao final do período 
cerimonial, os ganchos são retirados e o 
indivíduo é tratado com as cinzas que se 
encontram nos altares das aldeias 
(Kosambi, 1967). 
Em outras culturas, a tolerância à dor se 
inclui nos valores morais que fundamentam 
a identidade de seus membros. Os bariba, 
um pequeno grupo étnico na África Oeste, 
são conhecidos por não manifestarem 
comportamentos de dor, mesmo quando 
sujeitos a ferimentos, rituais de iniciação e 
trabalhos de parto. A base da identidade 
bariba reside na adequação da resposta à 
dor, isto é, no estoicismo. Quando 
questionados, evitam falar sobre a dor 
preferindo discorrer sobre honra e coragem, 
valores que são enfatizados ao longo do 
processo de socialização, especialmente 
durante a circuncisão e a clitoridectomia 
(Sargent, 1984). 
Existem culturas onde as crenças em 
determinadas práticas relacionam-se 
diretamente com a percepção da dor. Na 
África Leste, existem indivíduos que, sem 
anestesia ou outras drogas, submetem-se a 
uma operação, chamada “trepanação” na 
qual o couro cabeludo e músculos 
subjacentes são cortados para expor uma 
grande área do crânio. Enquanto o crânio é 
raspado o indivíduo fica sentado 
calmamente segurando uma vasilha sob o 
queixo para aparar as gotas de sangue. 
Esta operação é culturalmente aceita como 
um procedimento que produz alívio de 
dores crônicas (Melzack; Wall, 1991). 
 
Comunicação da Dor e Cultura 
A comunicação é parte essencial do 
processo de socialização. A dor, embora 
experiência solitária, só pode ser 
comunicada e assim compartilhada, através 
de comportamentos manifestos (incluindo-
se a ausência de reações). A reação inicial 
à dor, em geral, é involuntária e instintiva, 
manifestando-se através de um 
distanciamento súbito da fonte de dor. As 
reações voluntárias envolvem a remoção da 
causa da dor, o tratamento dos sintomas e 
a intervenção de terceiros, sendo que, 
justamente por envolverem outras pessoas, 
são estes os comportamentos que têm, 
entre outras, a função de comunicação da 
experiência dolorosa e são susceptíveis à 
influência de fatores sociais e culturais 
(Helmann, 1994). 
A dor pode ser comunicada1 através 
comportamentos motores (retorcer-se, bater 
os dentes, etc.); verbais (gritar, gemer, 
queixar-se, etc.) sociais (retração do 
contato social, alteração no desempenho de 
papéis, etc.) e mesmo pela ausência de 
comportamento manifesto, ocultando ou 
suprimindo sinais de dor extrema 
(Zborowski, 1969). 
A comunicação da dor varia de acordo com 
a bagagem cultural. A avaliação das 
diferenças nas respostas à dor entre 
pioneiros americanos, judeus, italianos e 
irlandeses revelaram que cada grupo 
apresenta sua própria configuração de 
atitudes em relação a estímulos dolorosos e 
à expressão da dor. Os pioneiros 
americanos tendem a apresentar uma 
orientação mais fleumática, centrada no 
problema e na ajuda do médico; os judeus 
 
1
 Manifestações neurovegetativas, tais como 
taquicardia, palidez, suor, etc. embora úteis na 
comunicação da dor, não são aqui incluídas por 
serem involuntárias (nota das autoras). 
6 
 
costumam manifestar preocupação com as 
implicações da dor e descrédito nas 
medidas paliativas; os italianos expressam, 
geralmente, desejo de alívio imediato e os 
irlandeses tendem a inibir expressões de 
sofrimento e de preocupação com as 
conseqüências da dor (Zborowski, 1952). 
A compreensão da dor comunicada 
também sofre a influência dos fatores 
culturais. A comparação de descritores 
verbais de dor entre orientais (chineses) e 
ocidentais (americanos e escandinavos) 
revelou que existem dimensões da dor que 
são compartilhadas por estas culturas: 
tempo, intensidade, localização, qualidade 
e potencial de cura. Entretanto, os 
conceitos contrastantes de dor “real” e dor 
“imaginada” (enquanto conflitos 
psicológicos que se converteriam em dor 
percebida) são específicos das culturas 
ocidentais, enquanto que o conceito de 
“suantong” que engloba dores ósseas, 
musculares, articulares e odontológicas é 
tipicamente chinês (Moore; Dworkin, 1988). 
As diferenças culturais interferem na 
avaliação que a equipe de saúde faz da dor 
do paciente. Nos Estados Unidos o modelo 
cultural de resposta à dor, isto é, o 
comportamento esperado e valorizado 
pelos profissionais de saúde, assemelha-se 
ao dos americanos de origem européia. 
Espera-se que os doentes sejam calmos, 
estóicos e que se retraiam quando a dor se 
torna intensa. Comparados a estes, os 
americanos de origem mexicana são 
considerados como queixosos, que 
demandam alívio imediato para sua dor. As 
diferenças culturais entre os membros da 
equipe de saúde e o paciente acabam 
induzindo à subestimação da dor do 
paciente. (Calvillo; Flaskerud, 1991). 
 
Dor Oncológica e Conceitos Culturais 
As crenças, o conhecimento e as atitudes 
dos doentes sobre dor e analgesia 
influenciam a apreciação, a expressão e 
manejo da dor e há, na literatura, diversas 
relatos clínicos desse conceito. Informações 
errôneas, medos infundados dos doentes 
sobre os efeitos colaterais dos analgésicos, 
medo do desenvolvimento de tolerância e 
de habituação ao fármaco são freqüentes 
entre os doentes com dor e câncer e estes 
conceitos podem influir desfavoravelmente 
na resposta aos regimes terapêuticos, 
mesmo que adequadamente propostos. 
Estudo sobre o significado atribuído à dor 
pelo doente oncológico observou que 
doentes que julgavam que a presença de 
dor era sinal de avanço da doença 
neoplásica, experimentaram dores mais 
intensas do que os que não faziam esta 
relação (Ahles; Ruckdeschel; Blanchard, 
1983). 
Em inquérito populacional acerca das 
concepções sobre o controle da dor do 
câncer, que envolveu 496 indivíduos de 
uma cidade da América do Norte, observou-
se que a dor oncológica foi imaginada como 
muito intensa ou extremamente dolorosa 
por 48% dos entrevistados. Deles, 72% 
concordava com a frase "a dor no câncer 
pode se tornar tão forte que a pessoa pode 
considerar interromper a vida a prolongar o 
tratamento". Mais de 50% da população 
demonstrou preocupação com os conceitos 
de tolerância, dependência psicológica e 
confusão mental oriundas dos opiáceos 
(Levin; Cleeland; Dar, 1985). Achados 
semelhantes foram descritos por outros 
autores. Entre 82 doentes com dor de 
origem oncológica 20% tinha preocupação, 
de moderada a elevada, com o 
desenvolvimento de dependência 
psicológica e 23% apresentava 
preocupação com a tolerância 
medicamentosa. Encontraram correlação 
positiva entre a intensidade da dor e a 
preocupação com o desenvolvimento de 
tolerância (Jones; Rimer; Levy; Kinman, 
1984). 
Em estudo com 103 doentes com dor 
relacionada ao câncer, em tratamento 
domiciliar observou-se que, em 83% dos 
doentes, as medicações foram utilizadas 
menos freqüentemente que o 
recomendado. Em doentes internados em 
7 
 
hospitais, isto ocorreu em 60% dos casos. 
As razões apontadas para a baixa adesão 
ao tratamento foram: sensação de que a 
dor não poderia ser tratada, medo de viciar, 
ocorrência de tolerância e confusão com as 
doses. A família exerceu papel chave no 
cuidado ao doente em casa. As atitudes 
dos familiares sobre dor e analgesia 
influíram no manejo do quadro álgico. É a 
família, apoiada nos conhecimentos, 
crenças e valores que possui sobre dor e 
analgesia, que decide o que dar e quando 
medicar. Foi observado que a família tem 
dúvidas sobre o conceito de administrar os 
remédios antes que a dor apareça, tem 
medo de que o doente fique viciadoe sente 
que é sua obrigação evitar que isto 
aconteça. Suportados por essas 
concepções os familiares escondem os 
remédios e tentam limitar a quantidade da 
medicação utilizada (Ferrell; Scheneider, 
1988; Ferrell; Ferrell; Rhiner; Grant, 1991; 
Ferrell, Cohen, Rhiner, Rozek, 1991; 
Ferrell, Ferrell, Ahn, 1994). 
Estudo realizado em nosso meio tinha 
como hipótese que os doentes possuíam 
lacunas de informação e crenças errôneas 
sobre dor oncológica e analgesia e que isto 
poderia interferir na vivência de dor, o que 
de fato pôde ser observado (Pimenta, 
1995). Foram avaliados 57 doentes com dor 
neoplásica utilizando-se inventário 
composto por oito assertivas que visou 
identificar a opinião dos doentes sobre as 
questões: a dor oncológica pode ser 
aliviada; os remédios só devem ser 
tomados em casos de dores intensas; com 
tempo, o vício é inevitável; deve-se tomar a 
menor dose possível para deixar altas 
doses para o futuro (tolerância); utilizar 
analgésicos de rotina é melhor do que só 
quando há dor; as intervenções não 
farmacológicas são efetivas e analgésicos 
são perigosos pelos efeitos colaterais. A 8a 
assertiva avaliou a concepção de que os 
doentes são medicados em excesso. A nota 
máxima para cada assertiva foi 10 e o total 
de pontos 80. Encontrou-se que o 
conhecimento sobre dor oncológica e 
analgesia foi muito baixo. Os doentes 
acreditavam que: deve-se tomar a menor 
quantidade possível de remédios para 
deixar altas doses para o futuro quando a 
dor é pior (média=2,5), que analgésicos só 
devem ser tomados quando a dor é muito 
forte (média = 3,6) e que os remédios para 
dor são perigosos (média=3,7). A crença de 
que os indivíduos com câncer que tomam 
remédios para dor ficam viciados foi 
também muito importante (média = 4,8). 
Essas médias indicaram que grande parte 
dos doentes entendia a dor no câncer como 
incontrolável e que esta seria, fatalmente, 
muito mais intensa nas fases finais da 
evolução da doença oncológica. Os 
doentes julgavam que os remédios 
utilizados para controlá-la eram muito fortes 
e perigosos e que analgésico só se usa 
quando há dor intensa. Analisando-se a 
existência de relações entre a intensidade 
da dor e o conhecimento e a atitude sobre 
dor oncológica e analgesia encontrou-se 
correlação negativa. Esta correlação 
indicou que quanto menor o conhecimento 
sobre dor oncológica e analgesia, foi maior 
a intensidade da dor. A confirmação da 
hipótese de que as opiniões e a percepção 
do doente sobre sua doença e tratamento 
repercutem na vivência do quadro doloroso 
são de extrema importância para subsidiar 
a atuação educativa, visando melhor 
controle da dor. 
A influência de diferenças culturais e de 
linguagem na apreciação da intensidade da 
dor oncológica e na interferência desta nas 
atividades de vida diária, humor e 
relacionamento com outras pessoas, não foi 
observada em estudo que envolveu 1106 
americanos, 324 franceses, 147 chineses e 
267 filipinos. A intensidade da dor e os 
prejuízos nas atividades de vida diária 
(sono, atividade física, trabalho e 
deambulação), no humor, no 
relacionamento interpessoal e na 
apreciação da vida, foram avaliados por 
meio de instrumento de auto-relato. Não se 
observaram diferenças significativas entre 
os entrevistados. Estes dados são 
surpreendentes. Os autores consideram 
que há muito a se investigar sobre em que 
8 
 
tipos de dor, em quais domínios da vivência 
dolorosa e com que magnitude os aspectos 
culturais influenciam a queixa álgica 
(Cleeland; Serlin; Nakamura; Mendoza, 
1997). 
 
Conclusão 
A influência dos aspectos culturais na 
vivência e expressão da dor é assunto 
inquietante. A compreensão da evolução e 
das tendências futuras dos conceitos sobre 
a gênese e manutenção da dor é 
fundamental para o estabelecimento de 
estratégias visando ao controle e prevenção 
das queixas álgicas. Dor aguda e crônica 
são experiências cotidianas no ambiente 
das instituições de saúde, de trabalho e 
familiares e, de sua vivência, resultam 
alterações biológicas, psíquicas, sofrimento, 
incapacidade para o trabalho e para outras 
atividades sociais. Dor é um fenômeno cuja 
etiologia e manifestação são 
multidimensionais, com bases teóricas 
advindas de varias ciências. Na apreciação 
do fenômeno álgico aspectos sensoriais, 
afetivos e sócio-culturais estão imbricados 
de modo indissociável. Este modelo 
multidimensional nos remete a que as 
intervenções para o controle da dor devam 
englobar esta multidimensionalidade. 
 
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	Dor no Processo de Socialização
	Tolerância à Dor e Cultura
	Significado Cultural da Dor
	Comunicação da Dor e Cultura
	Dor Oncológica e Conceitos Culturais
	Conclusão
	Bibliografia

Outros materiais