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Trabalho de Antropologia Caetana


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UFRRJ- UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
DHRI – DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ICHS – INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
TAMIRES SURIEL NUNES ARAÚJO
ANÁLISE DE TEXTO: O SEGREDO DA BOA APARÊNCIA –
CAETANA MARIA DAMASCENO
SEROPÉDICA
2016
SOBRE A AUTORA
 Caetana Maria Damasceno, graduada em História USP (1970), mestrado em Antropologia Social Museu Nacional/UFRJ (1990) e doutorado em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ (1997). Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro do Instituto de Ciências Humanas e Sociais; Colaboradora da Faperj e conselheira editorial ad hoc da Revista Estudos Afro-Asiáticos/Universidade Cândido Mendes. Tem experiência etnográfica e com fontes arquivísticas, realizando pesquisas voltadas para a construção das Relações Raciais e de Gênero no mundo do trabalho, Antropologia da Religião, Antropologia da Política. Graças à formação em História, dedica-se ao diálogo entre Antropologia e História. Principais temas: pentecostalismo, catolicismo, religiões afro-brasileiras; representação política e poder local; rituais e ritualizações do poder; relações raciais e de gênero e mundos de trabalho; conexões etnográficas e históricas entre biografia, memória e teoria literária. É pesquisadora dos Grupos de Pesquisa: "Relações de Poder, Trabalho e Movimentos Sociais" (PPGH/UFRRJ), Núcleo de Antropologia do Trabalho (estudos biográficos e de trajetórias/NUAT (PPGAS-Museu Nacional/UFRJ) e "Núcleo de Estudos da Política/NUEP" (PPGH/UFRRJ). 
VOCABULÁRIO
Paradoxal: que é contrario á opinião comum, algo que entra em contradição.
Estenografia: técnica de escrita que utiliza caracteres abreviados especiais, permitindo que se anotem as palavras com a mesma rapidez com que são pronunciadas; taquigrafia, logografia, pasistenografia
Engomadeira: mulher que sabe engomar, passar roupa a ferro, ou que o faz por ofício
 
RELATÓRIO: ANÁLISE DE TEXTO
No texto analisado é logo percebido o objetivo central de refletir sobre a questão do porquê da nomenclatura boa aparência ser utilizada com bastante frequência para indicar quais indivíduos estariam ou não aptos para o trabalho anunciado nos jornais nas situações de recrutamento de mão de obra ao longo dos anos 30 e 40 do sec. XX. 
É apontado pela autora que essa denominação envolve de fato um silenciamento sobre a questão racial. No mercado de trabalho só estava se evidenciando um fato social, algo presente e engendrado, o preconceito de raça está intrínseco nessa sociedade. 
Ao longo do tempo, os anúncios que especificavam abertamente a cor de pele desejada do indivíduo candidato ao emprego foi sendo mesclado e adaptado com outras características que sub- entendidamente segregavam o negro e o mulato. Principalmente na seção de recrutamento de servidores domésticos, representa-se cada vez mais a cor branca ligada a boa aparência, e não só a qualidades físicas (bons dentes, asseio, boa saúde) mas também a qualidades morais (de confiança, respeito, boa conduta, sossegada alegre, carinhosa).
A expressão “boa aparência” foi se tornando tão essencial a ponto de se transformar num sinônimo natural de “só para brancos”, a atitude negativa e desfavorável dos anunciantes de jornal para com as pessoas de cor contribuiu para oficializar essa segregação. 
Finalmente, podemos concluir que os instrumentos e veículos de comunicação, ao refletirem a sociedade na qual estão inseridos, podem e são, de longa data, transmissores e reprodutores de valores sociais muitas das vezes equivocados, como nesse caso o é o racismo e o preconceito. Cabe aos agentes sociais, tanto físicos como jurídicos, identificarem esses aspectos e levantarem a questão para debate na sociedade, para que de alguma forma possa ser que com o tempo, formas cristalizadas e fixadas impensadamente, ou não, na sociedade, possam ser desconstruídas, questionadas e repensadas.