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DaTransmissão das Obrigações Cessão de Crédito

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UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
Conceito: Cessão de crédito, define Paulo Nader (2009, p. 223), “é negócio jurídico ‘inter vivos’ pelo qual o ‘creditor’ transfere os seus direitos de crédito para terceira pessoa, que o substitui na relação jurídico-obrigacional. Esta, portanto, não se extingue, dando lugar a uma outra, como ocorre na novação”.
A cessão de crédito é um importante instrumento econômico que evita circulação desnecessária de moeda uma vez que créditos, evidentemente, possuem significativo valor de mercado. É forma de transmissão (gratuita ou onerosa) do polo ativo da relação obrigacional que não exige o consentimento do devedor embora exija a sua notificação para que gere os efeitos pretendidos.
Base legal: Art. ,CC/02
UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
IMPORTANTE!!!
A cessão de crédito não se confunde com:
I. Compra e venda – a cessão tem por objeto apenas bem incorpóreo (crédito) e possui três personagens: cedente, cessionário e cedido. A compra e venda pode ter de bem corpóreo ou incorpóreo e possui apenas comprador e vendedor.
II. Novação subjetiva – na novação subjetiva, além da substituição do credor, ocorre a extinção da obrigação anterior que é substituída por um novo crédito. A cessão não extingue a obrigação.
III. Sub-rogação – o sub-rogado não pode exercer direitos e ações do credor além dos limites do seu desembolso, não tendo caráter especulativo (art. 350, CC). A cessão é sempre voluntária, enquanto a sub-rogação pode decorrer da lei. A cessão pode ser gratuita ou onerosa; a sub-rogação é sempre onerosa. Na cessão de conserva o vínculo obrigacional; na sub-rogação pressupõe-se o seu cumprimento por um terceiro (a sub-rogação é consequência do pagamento).
UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
Espécies de cessão de crédito:
Voluntária ou convencional. É a forma mais comum de cessão e exige escritura pública apenas para ter validade contra terceiros (art. 288, CC/02);
Necessária ou legal: Decorre da lei e produz efeitos semelhantes ao da sub-rogação, como a cessão de acessórios (art. 287, CC/02); cessão ao depositante das ações que o depositário tiver contra terceiros (art. 636, CC/02);
Judicial. Determinada pelo juiz, como adjudicação de acervo; supressão de declaração de cessão por parte de quem era obrigado a fazê-lo.
UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
Gratuita: Quando não há contraprestação por parte do cessionário;
Onerosa: Quando há contraprestação por parte do cessionário (quando há ‘venda’ do crédito);
Total: Transfere todo o crédito e seus acessórios;
Parcial: Transfere apenas parte do crédito. Não é disciplinada especificamente pela lei e, por isso, não se pode falar em preferência em favor do credor primitivo ou de alguns cessionários no caso de cessões parciais sucessivas (art. 291, CC/02).
UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
Requisitos da cessão de crédito:
Por se tratar de negócio jurídico exige os elementos de validade do art. 104, CC/02.
IMPORTANTE
·     Limitações à capacidade para ser cessionário: arts. 497 e 498, CC/02.
·     Para que a cessão seja realizada por mandatário, é preciso que tenha poderes específicos e expressos (art. 661, §1º., CC/02).
·     Os pais no exercício da administração dos bens dos filhos menores não podem efetuar cessão sem prévia autorização do juiz (art. 1.691, CC/02).
·     Se o crédito envolver direito real de garantia, sendo o cedente casado (exceto no regime de separação absoluta de bens), será necessária a outorga marital (art. 1.647, CC/02).
·     O falido e o inventariante só podem realizar a cessão após prévia autorização judicial.
UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
Em regra todos os créditos podem ser cedidos. Por isso, o objeto da cessão é o objeto da prestação obrigacional.
IMPORTANTE
·     A lei impõe algumas limitações, como por exemplo, os arts. 520 e 1.749, III, CC; art. 10, Lei n. 1.060/50; art. 114, Lei n. 8.213/91, etc.
·     Também não podem ser objeto de cessão as obrigações personalíssimas e das decorrentes de Direito de Família (como o direito a alimentos).
·      O crédito penhorado não pode ser objeto de cessão (art. 298, CC) porque indisponível. No entanto, nestes casos, se o devedor não tiver conhecimento de penhora e pagar ao cessionário, ficará desobrigado.
UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
Características da Cessão de Crédito
Trata-se de negócio jurídico que não exige forma especial, salvo se a natureza do título assim o exigir (como os títulos de crédito). Por isso, Pontes de Miranda admite a cessão de crédito feita em favor de terceiro, sem que se lance no instrumento de cessão, o nome do cessionário.
A cessão de crédito pode ser feita com reserva de pretensão ou ação. Nestes casos, é denominada cessão qualitativa ou restritiva.
A cessão pode ser total ou parcial e abrange todos os acessórios do crédito (art. 287, CC/02), salvo estipulação em contrário.
Podem ser cedidos créditos litigiosos, mas é proibida a cessão de crédito já penhorado.
Quando a cessão tem por objeto crédito hipotecário, o cessionário terá direito de averbá-la no registro do imóvel (art. 289, CC/02), embora a averbação não seja obrigatória.
UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
A cessão não exige que o instrumento de formalização do crédito seja entregue ao cessionário, salvo nas hipóteses em que a própria obrigação é representada por título negociável ou transmissível (nestes casos o documento é constitutivo da obrigação).
A cessão pode ser vedada por cláusula expressa em contrato (‘pacto de non cedendo’) (art. 286, CC), mas a vedação não pode ser oposta a cessionário de boa-fé se não constar do instrumento da obrigação.
A cessão admite termo e condição.
UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
O cedido não participa necessariamente da cessão. Precisa ser notificado para que tenha conhecimento de quem é o novo credor e a quem deve realizar validamente o pagamento (art. 290, CC/02).
·      Frise-se: a notificação (que pode ser judicial ou extrajudicial) não é elemento de validade, mas sim de eficácia em relação ao devedor.
·      A notificação pode ser expressa ou tácita.
o   A citação para ação de cobrança equivale à notificação.
·      Em regra, a notificação é encargo do cessionário, mas nada impede que seja feita pelo próprio cedente.
o   O fiador não precisa ser notificado porque para ele a relação obrigacional continua inalterada.
·      Dispensa-se a notificação quando o cedido se declarar ciente em instrumento público ou particular de cessão (notificação tácita) ou ainda quando sua transmissão obedecer à forma especial como é o caso dos títulos ao portador e das ações nominativas de Sociedades Anônimas.
·      A notificação também fixa o momento em que o devedor haverá de opor ao cessionário as exceções ou defesas que possuir em face do cedente (art. 294, CC).
·      Antes de receber a notificação se o devedor fizer o pagamento ao credor originário, estará desobrigado.
·      Havendo devedores solidários, bastará a notificação de apenas um deles.
UNIDADE X – CESSÃO DE CRÉDITO
O cessionário pode exercer atos conservatórios do direito cedido, independente da notificação do cedido (art. 293, CC/02).
Nas cessões decorrentes da lei o credor originário não responde pela realidade da dívida, nem pela solvência do devedor.
Nas cessões gratuitas o cedente não se responsabiliza pela existência do crédito, exceto se houver agido de má-fé (art. 295, CC/02).
 
Nas cessões onerosas:
·      Em regra serão pro soluto, ou seja, em regra o cedente se responsabiliza pela existência do crédito (garantia de direito) no momento da cessão (arts. 295 e 296, CC/02). Nesta hipótese, o cedente não responde pela insolvência do devedor.
·      Nas cessões pro solvendo o cedente garante a existência do crédito no momento da cessão e a solvência do devedor (garantia de fato), limitada a sua responsabilidade àquilo que recebeu, com os respectivos juros (art. 297, CC/02).
o   Afirma-se que a responsabilidade pela solvência do devedor tem mais natureza indenizatória do que propriamente satisfativa.
UNIDADE
X – CESSÃO DE DÉBITO
Base Legal:
Conceito:
“Negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a outrem sua posição na relação jurídica. É um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a um terceiro, que o substitui, os encargos obrigacionais, de modo que este assuma sua posição na relação obrigacional, responsabilizando-se pela dívida, que subsiste com os seus acessórios”
 Silvio Rodrigues 
UNIDADE X – CESSÃO DE DÉBITO
IMPORTANTE
A cessão de débito não se confunde com:
I. Assunção de cumprimento (promessa de liberação do devedor): esta ocorre quando o promitente se obriga perante o devedor a desonerá-lo de uma obrigação, efetuando a prestação em seu lugar, mas não o substituindo.
II. Fiança: a fiança é obrigação subsidiária em que o fiador responde por dívida alheia. O assuntor responde por dívida própria.
III. Estipulação em favor de terceiro: nestas o estipulante cria a favor de um terceiro beneficiário o direito a uma nova prestação, mediante a obrigação contraída pelo promitente. Trata-se de nova atribuição patrimonial. Na cessão, o benefício do cedente resulta diretamente da sua liberação ou exoneração.
UNIDADE X – CESSÃO DE DÉBITO
Espécies de cessão de débito:
Privativa ou liberatória: o cedente é completamente substituído. Apenas esta é prevista no Código Civil (arts. 299 a 303, CC/02).
Cumulativa: insere mais um devedor no polo passivo (ampliação do polo passivo da obrigação, reforçando o débito). Não é prevista pelo Código Civil, mas admitida em virtude do exercício da autonomia da vontade.
Por expromissão (assunção externa): ocorre quando a cessão decorre de negócio realizado entre o terceiro e o credor sem a participação ou anuência do devedor. É a forma mais comum, embora não tenha sido prevista pelo legislador do Código de 2002.
Por delegação (assunção interna): ocorre quando a cessão decorre de negócio realizado entre o terceiro (delegado) e o devedor (delegante) com a concordância do credor (delegatário). Afirma-se que apenas esta foi prevista pelo Código Civil brasileiro pela redação dada ao art. 299, CC/02.
UNIDADE X – CESSÃO DE DÉBITO
Requisitos da cessão de débito
a. Por se tratar de negócio jurídico exige os elementos de validade do art. 104, CC/02.
·   Podem ser objeto de cessão dívidas presentes e futuras.
·   Não podem ser objeto de cessão as obrigações personalíssimas.
b. Anuência expressa do credor, uma vez que a transmissão ao novo devedor dependente da idoneidade patrimonial deste (art. 299, CC/02).
·      Não se admite (em regra) anuência tácita, mas o art. 303, CC/02, admite-a no caso de adquirente de imóvel hipotecado.
·      O silêncio do credor deve ser considerado como recusa.
·      O consentimento pode ser prévio, simultâneo ou posterior, mas é elemento de validade e deve ser expresso.
	-   Não há forma específica para o consentimento que, inclusive, pode ser verbal (lembrar a limitação do art. 229, CC/02).
	- Há decisões que reconhecem a validade do consentimento tácito como o caso do credor que recebe o pagamento de quem assumiu a dívida.
c. Solvência do novo devedor ao tempo da assunção da dívida.
UNIDADE X – CESSÃO DE DÉBITO
Características da Cessão de Débito:
O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo (art. 302, CC/02). Pode apenas opor as exceções pessoais que lhe dizem respeito diretamente.
A cessão extingue as garantias especiais (cauções reais e fidejussórias) originariamente dadas pelo devedor primitivo, salvo consentimento expresso do cedente ou dos garantidores (art. 300, CC/02).
Sendo a cessão anulada, restaura-se o débito com todas as suas garantias (art. 301, CC/02), salvo as prestadas por terceiros (exceto se tinham conhecimento do vício).
A lei não admite a exoneração do devedor se o terceiro (assuntor) era insolvente e o credor ignorava esta condição.
O adquirente de imóvel hipotecado pode assumir o débito garantido pelo imóvel. Admite-se, neste caso, o silêncio do credor como aceitação se, notificado, não impugnar em trinta dias (art. 303, CC/02).
UNIDADE X – CESSÃO DE DÉBITO
UNIDADE X – CESSÃO DE DÉBITO

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