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1 DIREITO PENAL Teoria Geral do Crime: Art. 20, CP. - Erro de Tipo – Espécies de tipos penais: - Incriminadores: aqueles que descrevem fatos típicos e sua respectiva sanção; Ex: homicídio, lesão corporal, estupro, roubo, falsificação de documento. - Permissivos: aqueles que permitem de determinadas condutas inicialmente previstas como típicas sejam praticadas; Ex: excludentes de ilicitude - Explicativos ou enunciativos: aqueles que explicam as regras de aplicação e interpretação do direito penal. Ex: art. 1º - princípio da legalidade; regras de territorialidade, contagem da pena, normas excepcionais ou temporárias etc. Elementos do tipo penal: Elementares – são os componentes fundamentais do tipo penal. A sua exclusão acarreta a atipicidade total ou relativa. Entre as elementares está o núcleo do tipo, o chamado “verbo nuclear” da conduta típica. Ex: crime de furto, art. 155, CP: subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. O “alheio” e “móvel” são elementares do tipo, pois se a coisa não for alheia ou não for móvel não haverá furto. Neste caso, o verbo nuclear (elementar) é subtrair = tomar algo com o objetivo de se fazer dono. Circunstâncias – são dados acessórios que não interferem na tipificação do fato, podendo interferir na pena. Ex: agravantes, atenuantes, causas de aumento ou diminuição de pena. Ex: art. 157, §2º, CP. 2 Atenção: em relação às chamadas qualificadoras a questão é polêmica. Há autores que as denominam “circunstâncias elementares” outros apenas como elementares, pois interferem na tipificação do fato. Ex: Art. 157,§3º, CP. As elementares e circunstâncias podem ser de ordem objetiva (descritivas), subjetiva (ligadas ao agente pela sua condição ou intenção) ou normativa (quando dependem de um juízo de valor). Apresentadas estas questões passemos ao instituto do “erro”: Do Erro; O Código Penal estipula duas espécies de erro. O erro de tipo, art. 20, e o erro de proibição, art. 21. Cada um deles possui efeito distinto. Neste primeiro momento vamos analisar o erro de tipo. A análise do erro de proibição será feita em conjunto com o estudo da culpabilidade. Do Erro de Tipo; De acordo com o disposto no artigo 20, e seguintes do CP: “O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.” Nota-se que o referido dispositivo trata do erro sobre elemento constitutivo do tipo incriminador, ou seja, erro sobre elementar do tipo incriminador. E qual a sua consequência? A exclusão do dolo e da culpa quando escusável e somente a exclusão do dolo quando inescusável. Assim, o agente será punido pelo fato na forma culposa, desde que previsto em lei. Mas o que é o erro? Erro é o desconhecimento ou falso conhecimento sobre algo. 3 Dessa forma, o erro de tipo é o desconhecimento ou falso conhecimento acerca dos elementos que integram o tipo penal. Trata-se de uma falsa percepção da realidade. Na famosa lição do mestre Nélson Hungria: no erro de tipo o homem não sabe o que faz! Veja que o “homem” não é louco! Ele não sabe o que faz, pois interpreta mal a realidade. Se a houvesse bem compreendido, não agiria daquela forma. Ex: o caçador que acredita ter visto o animal objeto de sua caça, uma anta. Animado, atira “para matar”. Ao atingir o alvo, surpreso, descobre que na realidade aquilo que ele pensou ser um animal, a anta, era na realidade o seu melhor amigo que estava “ocupado” atrás da moita, na verdade acertou outro tipo de anta! O caçador do nosso exemplo queria matar o animal. Achou que estava atirando em um animal. Ele sabe o que é um animal e o que é uma pessoa. Mas por ter interpretado mal a realidade, matou seu amigo. Ao invés de matar um animal (uma coisa), matou alguém (uma pessoa) e, portanto cometeu um fato típico descrito no artigo 121, CP. Da mesma forma ocorre com aquele que num dia de chuva, ao sair apressado da sala de aula, leva sem querer o guarda-chuva do colega pensando ser o seu. Afinal, ambos eram bastante parecidos e estavam lado a lado. Nosso amigo interpretou mal a realidade e acabou cometendo a conduta descrita no artigo 155, CP: subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. Aquilo que ele pensou ser próprio, na verdade era alheio... E qual a consequência legal desse erro? a) Se o erro for invencível, justificável ou escusável haverá exclusão do dolo e culpa. b) Entretanto, sendo o erro vencível, inescusável ou injustificável haverá exclusão do dolo podendo o agente responder na forma culposa, desde que haja previsão dessa modalidade. 4 Assim, no exemplo do caçador, ele será responsabilizado por homicídio culposo. Pois apesar de ter atirado com intenção de matar, não desejava “matar alguém”, mas sim “alguma coisa”. Excluído o dolo, resta a responsabilidade a título de culpa. Responderá por homicídio culposo. Já no caso do aluno afoito, não há crime a ser imputado a ele, pois excluído o dolo, não existe previsão legal de furto culposo. Dessa forma, o fato se tornará atípico. Dessa forma, sempre que estivermos diante do erro de tipo incidente sobre as chamadas elementares haverá a exclusão do dolo, sendo o agente responsabilizado a título de culpa, desde que haja previsão legal. Atenção: o erro de tipo que recai sobre as elementares do tipo é chamado de erro essencial. É aquele que exclui o dolo ou o dolo e a culpa Devemos lembrar que todo crime admite a forma dolosa, pois essa é a regra, mas somente alguns crimes possuem previsão na forma culposa (excepcionalidade do tipo culposo). Entretanto, quando o erro de tipo recair sobre as chamadas “circunstâncias” do fato típico, ele será irrelevante e o agente será responsabilizado nos termos da sua conduta pretendida, conforme o Art. 20, §3º, CP. Trata-se do chamado erro sobre a pessoa. Atenção: o erro de tipo que recai sobre as circunstâncias do tipo é chamado de erro acidental. Normalmente não altera o fato, sendo na maioria das vezes irrelevante. Ex: Zé Feinho foi contratado para matar Zé Bonitinho. O criminoso não conhece a futura vítima pessoalmente, apenas por meio de uma fotografia que lhe foi entregue pelo “contratante do serviço”. Colocado de tocaia, Zé Feinho vê a vítima passando e ato contínuo desfere um disparo mortal. Ao se aproximar para conferir o óbito na incauta vítima, percebe que na verdade não se tratava de Zé Bonitinho, mas de seu irmão mais novo, o Zé Simpático. 5 Nesse caso, temos um erro de tipo incidente sobre uma circunstância do fato típico incriminador. Pois, a lei diz “matar alguém” e não matar esta ou aquela pessoa. Assim, se o morto é o indivíduo A ou B pouco importa, pois o fato é que temos um fato típico “matar alguém”. Dessa forma, por força do art. 20,§3º, CP temos o chamado erro sobre a pessoa (para o fato típico a pessoa, esta ou aquela, configura circunstância do tipo). E qual a consequência? A lei diz que o agente responderá pelo crime como se tivesse atingido o alvo pretendido. Ou seja, não haverá exclusão de dolo ou culpa, pois se trata de erro acidental. Temos ainda o erro acidental de execução, também chamado aberratio ictus. Previsto no art. 73, CP. Suas consequências são as mesmas do erro sobre a pessoa. A única diferença é que no erro na execução eu não me confundi em relação à pessoa que eu queria atingir, mas errei a pontaria. Até o momento falamos a respeitodo erro de tipo sobre elementares e circunstâncias do tipo penal incriminador. Descriminante Putativa Putativo significa imaginário. Assim, descriminante putativa = descriminante imaginária. Agora vamos tratar do erro de tipo sobre as elementares do tipo penal permissivo previsto no artigo 20,§ 1º: “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”. Diz a lei que quando o erro for justificável sobre elementar de tipo permissivo o agente será isento de pena, não havendo isenção quando o erro 6 for injustificável (derivado de culpa), respondendo pelo crime na forma culposa, se previsto. Aqui, o erro do agente é sobre uma justificante. Ele interpreta mal a realidade e acredita que está diante de uma justificante, quando na realidade não está. Assim, temos: a) Erro essencial sobre causa excludente de ilicitude justificável / invencível ou escusável = exclui o dolo e a culpa. Não há crime. É a chamada descriminate putativa por erro de tipo. b) Erro essencial sobre causa excludente de ilicitude injustificável / vencível ou inescusável = exclui o dolo, respondendo o agente na forma culposa, se prevista. OBS: A culpa imprópria é bastante controversa nos casos em que o fato não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Há quem diga que é um crime doloso tentado ao qual se aplica a pena do culposo. Já outros dizem que é um crime culposo tentado!!! Assim, para grande parte da doutrina, em se tratando de culpa imprópria admite-se a tentativa. Também existem as descriminantes putativas por erro de proibição que será adiante estudado. Por fim, temos o chamado delito putativo por erro de tipo (ou de proibição). Nesse caso, o agente quer cometer o crime, mas por erro sobre os elementos do tipo incriminador não comete crime algum. Ex: o agente pretende subtrair o guarda-chuva do colega, mas acaba levando o seu próprio guarda-chuva por engano. É o chamado crime imaginário e não se confunde com o crime impossível! Atenção: ainda não estudamos o erro de proibição, que guarda relação com a culpabilidade, mas boa parte daquilo que foi dito em relação ao erro de tipo poderá ser aproveitado em relação ao erro de proibição. 7 De forma esquemática temos por hora: 1) Erro de proibição (será estudado mais adiante) 2) Erro de tipo Erro de tipo: Essencial – recai sobre elementar Acidental - recai sobre circunstância Erro de tipo: sobre tipo penal incriminador sobre tipo penal permissivo Erro de tipo: Invencível / escusável / justificável Vencível / inescusável / injustificável
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