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ANA CRISTINA MENDONÇA GEOVANE MORAES OAB XIII Exame Segunda Fase Penal QUEIXA-CRIME CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA NO CÓDIGO PENAL CRIMES CONTRA A HONRA Calúnia (Art. 138) Difamação (Art. 139) Injúria (Art. 140) Exceções: • injúria real é crime de ação penal pública (havendo discussão acerca da necessidade ou não de representação) (art. 145, caput, do CP) • injúria contra o Presidente da República é crime de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça (art. 145, parágrafo único, do CP) • crime contra a honra de servidor público no exercício das funções é crime de ação penal pública condicionada à representação, devendo ser observada a súmula 714 do STF (art. 145, parágrafo único, do CP) USURPAÇÃO DE PROPRIEDADE PARTICULAR (observar o§3º do art. 161) Alteração de limites (Art. 161 caput) Usurpação de águas (Art. 161 inc. I) Esbulho possessório (Art. 161 inc. II) 82 DO DANO Dano (Art. 163) (na modalidade simples – 163, caput) Dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima (Art. 163, IV) Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (Art. 164) CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Fraude à execução (Art. 179) DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL Violação de direito autoral (Art. 184 caput) Exceções: Os§§1º e 2º do art. 184 são crimes de ação penal pública incondicionada e o §3º de ação penal pública condicionada à representação. DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento (Art. 236) ATENÇÃO: é o único crime de ação penal privada personalíssima (que não admite representante legal ou sucessor processual) DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345) (salvo se há emprego de violência) CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE LEI Nº 9.279, DE 14 DE MAIO DE 1996. (Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial). ATENÇÃO: Os crimes contra a propriedade industrial São de ação penal privada, salvo na hipótese do art. 191 da Lei 9.279/96, em que a ação penal será pública. Art. 191. Reproduzir ou imitar, de modo que possa induzir em erro ou confusão, armas, brasões ou distintivos oficiais nacionais, estrangeiros ou internacionais, sem a necessária autorização, no todo ou em parte, em marca, título de estabelecimento, nome comercial, insígnia ou sinal de propaganda, ou usar essas reproduções ou imitações com fins econômicos. CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA NO CÓDIGO PENAL DOS CRIMES CONTRA A PESSOA Lesão corporal leve (Art. 129, caput, por força do disposto no art. 90 da Lei 9.099/95) Exceção: Lesão corporal em violência doméstica e familiar contra a mulher é crime de ação penal pública incondicionada. Decisão proferida pelo STF no julgamento da ADC 19 e ADI 4424. Perigo de contágio venéreo (Art. 130) CRIMES CONTRA A HONRA Calúnia (Art. 138 – somente quando praticado contra servidor público no exercício de suas funções, por força do parágrafo único do art. 145) Difamação (Art. 139 - somente quando praticado contra servidor público no exercício de suas funções, por força do parágrafo único do art. 145) Injúria (Art. 140 - somente quando praticado contra servidor público no exercício de suas funções, por força do parágrafo único do art. 145) Injúria contra o Presidente da República é crime condicionado a representação do Ministro da Justiça. ATENÇÃO: Em regra esses crimes são de ação penal privada CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Ameaça (Art. 147) DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA Violação de correspondência (Art. 151 – em regra são crimes de ação penal condicionada a representação, com exceção de quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem disposição de disposição legal, bem como se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radielétrico ou telefônico, de acordo com o § 4° do art. 151) Correspondência comercial (Art. 152) DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS Divulgação de segredo (Art. 153 – em regra somente se procede mediante representação, salvo quando resultar prejuízo para a Administração Pública, neste caso a ação penal será incondicionada de acordo com o§ 2o do art. 153). Violação do segredo profissional (Art. 154) DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Furto de coisa comum (Art. 156) ATENÇÃO: Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente, de acordo com o§ 2º do art. 156. DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES Outras fraudes (Art. 176 - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena, de acordo com o parágrafo único). DA RECEPTAÇÃO Receptação (Art. 180) – quando em prejuízo do “CADI”, veja nota a seguir. ATENÇÃO: Nos crimes contra o patrimônio, previstos no Título II, somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; de irmão, legítimo ou ilegítimo; de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita, de acordo com o art. 172, salvo se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa, bem como não se aplica ao estranho que participa do crime e se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, de acordo com o art. 183, I, II e III. DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL Violação de direito autoral quando praticada através de cabo, fibra ótica, satélite, ondas etc, o crime será de ação penal pública condicionada à representação (Art. 184, § 3o., c/c art. 186, IV, do CP) ATENÇÃO: Quando a violação for de fonograma ou videograma (art. 184, §§ 1o. e 2o.), o crime é de ação pública incondicionada (art. 186, II, do CP). DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL Estupro (Art. 213) Violação sexual mediante fraude (Art. 215) Assédio sexual (Art. 216-A) ATENÇÃO: Estupro praticado contra menor de 18 anos ou vulnerável é de ação pública incondicionada (art. 225, parágrafo único, do CP) Estupro praticado mediante violência real é crime de ação pública incondicionada (Súmula 608 do STF) AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA Princ. da OFICIALIDADE -- Princ. da OBRIGATORIEDADE Princ. da OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA Princ. da INDISPONIBILIDADE Princ. da DISPONIBILIDADE Princ. da (IN)DIVISIBILIDADE Princ. da INDIVISIBILIDADE Princ. da INTRANSCENDÊNCIA Princ. da INTRANSCENDÊNCIA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA -- Princ. da OPORTUNIDADE OU CONVENIÊNCIA Princ. da DISPONIBILIDADE Princ. da INDIVISIBILIDADE Princ. da INTRANSCENDÊNCIA AÇÃO PENAL PRIVADA PONTOS RELEVANTES OPORTUNIDADE E CONVENIÊNCIA • RENÚNCIA EXPRESSA E TÁCITA Arts. 49, 50 caput e parágrafo único, e 57 do CPP. Art. 104 do CP. • DECADÊNCIA arts. 103 do CP e 38 do CPP (distinção entre decadência e prescrição) DISPONIBILIDADE • PERDÃO EXPRESSO E TÁCITO Arts. 51, 53, 55, 56, 57, 58 e 59 do CPP. Arts. 105 e 106 do CP. Atenção: Art. 52 e 54 do CPP (revogação tácita) • PEREMPÇÃO hipóteses de perempção (art. 60 CPP) CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL PRAZO PENAL deve-se observar o ART. 10 DO CP: Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. e não o art. 798 do CPP, que se refere ao prazo processual: Art. 798. Todos os prazos correrão em cartórioe serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. § 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. § 2o (...) § 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. QUANDO DO OFERECIMENTO DE UMA QUEIXA- CRIME, DEVEMOS TER ATENÇÃO AOS SEGUINTES ASPECTOS: 1) COMPETÊNCIA!!!!! Dependendo do caso, a competência poderá ser: • dos JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS • da VARA CRIMINAL • do JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E • FAMILIAR CONTRA A MULHER • do TRIBUNAL DO JÚRI 2) PROCURAÇÃO COM PODERES ESPECIAIS!!!!! Dispõe o art. 44 do CPP: Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. 3) LEGITIMIDADE!!!!! Caso seja a própria vítima a oferecer a queixa: NOME DA VÍTIMA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº ____, inscrito no CPF sob o nº ___, residência e domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o art. 44 do Código de Processo Penal, vem a Vossa Excelência oferecer... Em caso de vítima menor ou por outro motivo incapaz: NOME DA VÍTIMA, menor ou incapaz, neste ato representada por NOME DO REPRESENTANTE LEGAL, nacionalidade, estado civil, portador da carteira de identidade nº ___, inscrito no CPF sob o nº ___, residência e domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o art. 44 do Código de Processo Penal, vem a Vossa Excelência, oferecer... Caso seja um dos sucessores (CADI) a oferecer a queixa: NOME DO SUCESSOR, nacionalidade, estado civil, portador da carteira de identidade nº ___, inscrito no CPF sob o nº ___, residência e domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o art. 44 do Código de Processo Penal, vem a Vossa Excelência, na forma do art. 31 do Código de Processo Penal, oferecer.... OU NOME DO SUCESSOR, nacionalidade, estado civil, portador da carteira de identidade nº ___, inscrito no CPF sob o nº ___, residência e domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o art. 44 do Código de Processo Penal, vem a Vossa Excelência, oferecer.... OBS: Antes dos fatos incluir uma preliminar explicando que a vítima morreu e que o querelante oferece a queixa na forma do ar. 31 do Código de Processo Penal. 4) PRAZO Como já exaustivamente indicado, atenção ao prazo decadencial. Deve-se levar em consideração o art. 10 do CP. Assim, lembre-se que se o conhecimento da autoria ocorreu num dia não útil, ainda assim este será o primeiro dia. Mas, caso o último dia do prazo caia, por exemplo, num sábado, e a questão indique pelo oferecimento da queixa no último dia do prazo, a mesma deverá ser oferecida na sexta- feira anterior. QUEIXA CRIME - DICAS - ENDEREÇAMENTO: Verificar se o crime é infração de menor potencial ofensivo. Em caso positivo, endereçar ao EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA _____ Em caso negativo, endereçar ao EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ______ Observação IMPORTANTE: Em caso de concurso material de duas ou mais infrações de menor potencial ofensivo, verificar o somatório das penas máximas dos crimes e, caso o total ultrapasse DOIS anos, a competência será da Vara Criminal. PEDIDO: Se a queixa foi oferecida perante o JECrim, o procedimento será o da Lei 9.099/95. Consequentemente, devemos observar se já ocorreu ou não a audiência preliminar. Caso a audiência preliminar já tenha ocorrido, e não tenha havido conciliação, o pedido a ser formulado é o tradicional, ou seja: DIANTE DO EXPOSTO, requer o querelante seja recebida a presente, citado o querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para condenar o querelado como incurso nas penas do art. …. Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas. Caso a audiência preliminar ainda não tenha ocorrido: DIANTE DO EXPOSTO, requer o querelante seja designada audiência preliminar, na forma do artigo 72 da Lei 9.099/95, e, em caso de impossibilidade de conciliação, requer seja recebida a presente, citado o querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para condenar o querelado como incurso nas penas do art. …. Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas. TRATANDO-SE DE CRIME CONTRA A HONRA, a queixa poderá ser oferecida tanto no JECrim como na Vara Criminal, dependendo da pena da conduta imputada. Contudo, crimes contra a honra dependem sempre de uma audiência de conciliação prévia, prevista no art. 520 do CPP. Como nos Juizados o próprio procedimento contempla um momento para conciliação, esta necessidade já é, de certa forma, suprida. Mas, se a queixa por crime contra a honra está sendo oferecida perante uma Vara Criminal, onde será adotado o rito sumário, deve-se formular o pedido da seguinte forma: DIANTE DO EXPOSTO, requer o querelante seja designada audiência de conciliação, na forma do artigo 520 do Código de Processo Penal, e, em caso de impossibilidade de conciliação, requer seja recebida a presente, citado o querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para condenar o querelado como incurso nas penas do art. …. Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas. Queixa oferecida pela própria vítima perante os Juizados Especiais Criminais, após a audiência preliminar: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA _____ NOME DA VÍTIMA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº ____, inscrito no CPF sob o nº ___, residência e domicílio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o art. 44 do Código de Processo Penal, vem a Vossa Excelência, na forma artigos 30 e 41 do Código de Processo Penal, e art. 100, § 2º do Código Penal, oferecer QUEIXA CRIME em face de ______, brasileiro, casado, jornalista, identidade número ___, inscrito no CPF sob o n°__, residência e domicílio, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. DOS FATOS (Apresentar os fatos indicados no enunciado da questão, motivadores da ação penal privada.) DO DIREITO (Indicar as razões jurídicas que justificam a tipificação da conduta.) DO PEDIDO DIANTE DO EXPOSTO, requer o querelante seja recebida a presente, citado o querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para condenar o querelado como incurso nas penas do art. …. Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas. Nestes termos, Espera deferimento. Comarca, data. Advogado, OAB. Rol de testemunhas: 1) 2) 3) Caso prático proposto Joana, solteira, de 19 anos, estudante, divide-se entre a faculdade de publicidade e o treinamento de patinação, esporte que pratica desde os 04 anos de idade. Comos seus tempos, conseguiu entrar no mundial, comprando todo o material para participar da competição. Como era uma das favoritas do Brasil para ganhar a competição, investiu um valor relativamente alto para o seu padrão de vida, pois só os patins custaram mais de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Além disso, investiu a sua renda e a da sua família, no intuito de realizar um treinamento fora do seu país de origem. Também para a competição, vendeu o seu carro para pagar as despesas com a viagem e os custos do evento. Elizabete, concorrente de Joana e com vontade de retirar a favorita da competição, aproveita-se de um momento em que Joana está treinando na pista para destruir todo o material que Joana usaria durante sua apresentação, impedindo Joana de participar da competição e lhe causando um prejuízo considerável. Diante dos fatos narrados, Joana decide procurar um advogado para responsabilizar Elizabete judicialmente. Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) contratado(a) por Joana, redija a peça processual que atenda aos interesses da sua cliente, considerando recebida a pasta de atendimento da cliente devidamente instruída com procuração com poderes especiais e testemunhas. Caso prático resolvido Em 25/3/2014, Marília de Souza, brasileira, divorciada, com 52 anos de idade, médica, residente e domiciliada no município de Maceió - AL, contratou seus serviços advocatícios para que adotasse as providências judiciais em face de conhecido jornalista local, João Futriqueiro, brasileiro, casado, com 43 anos de idade, que, a pretexto macular a imagem profissional de Marília, publicou, em matérias jornalísticas de sua autoria, ser ela a responsável pela morte de determinada paciente, de nome Luzia D., por negligência e imperícia, durante o parto, no Hospital Municipal de Maceió. De fato, Luzia D. deu entrada no referido nosocômio, em trabalho de parto, já com avançada pressão arterial e caso evidente e irreversível de eclampsia, durante horário em que Marília de Souza era um dos vários médicos em plantão, não tendo sido por ela atendida, uma vez que Marília já se encontrava na sala de parto, realizando cesariana em outra paciente parturiente. Além disso, ficou amplamente comprovado não ter ocorrido, no caso de Luzia D., qualquer negligência ou imperícia médica, tratando-se, por certo, de uma fatalidade, o que foi, inclusive, constatado pelo Conselho Regional de Medicina. Entretanto, ainda assim, insistiu o referido jornalista em atacar Marília de Souza, divulgando além da matéria original, da qual foi extrajudicialmente interpelado por Marília, bem como pelo Hospital Municipal de Maceió, através de sua Direção Geral, mais duas matérias, nas duas semanas subsequentes, insistindo em responsabilizar Marília criminalmente pela morte de Luzia D., com o intuito de ofender objetiva e subjetivamente sua honra, bem como sua imagem profissional perante a população local. Nas referidas matérias, mesmo sabendo não serem verdadeiras as afirmações, afirmou João Futriqueiro que "era claro o verdadeiro assassinato praticado no Hospital de Maceió, pelas mãos da sempre negligente Dr. Marília de Souza". E continuou afirmando "A Dra. Marília, se é que pode ser chamada assim, deveria ser caçada pelo CRM, já que não possui condições de exercer o sagrado ofício da medicina". Como se não bastasse, João Futriqueiro prosseguiu com os ataques e ofensas impressas, ao escrever e publicar que "a suposta médica Marília matou Luzia D. e não se sabe quantos mais", sendo esta última publicação veiculada na edição de 23/03/2014. Entre os documentos coletados pela cliente e pelo escritório encontram-se as edições impressas do jornal, com as matérias em referência, todos os laudos médico- hospitalares a demonstrar que não houve negligência ou imperícia médica, os documentos do Conselho Regional de Medicina no mesmo sentido, e os documentos comprobatórios de que Marília se encontrava em procedimento cirúrgico quando do atendimento de Luzia D. no hospital. Em face dessa situação hipotética, na condição de advogado(a) contratado(a) por Marília de Souza, redija a peça processual que atenda aos interesses de sua cliente, considerando recebida a pasta de atendimento da cliente devidamente instruída, com todos os documentos pertinentes, suficientes e necessários, procuração com poderes especiais e rol de testemunhas. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MACEIÓ – ALAGOAS MARÍLIA DE SOUZA, brasileira, divorciada, portadora da carteira de identidade n°__, inscrita no CPF sob o n°__, residente e domiciliada no endereço __, município de Maceió - Alagoas, por seu advogado abaixo assinado, conforme procuração com poderes especiais em anexo, em conformidade com o artigo 44 do Código de Processo Penal, vem a Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 30 e 41 do Código de Processo Penal, e art. 100,§ 2º do Código Penal, oferecer QUEIXA CRIME em face de JOÃO FUTRIQUEIRO, brasileiro, casado, jornalista, identidade número ___, inscrito no CPF sob o n°__, residência e domicílio, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos. 1. DOS FATOS A querelante, médica, exercendo sua profissão, foi surpreendida nas últimas semanas com três matérias jornalísticas informando ter sido a mesma a responsável pela morte de Luzia D., paciente que deu entrada no hospital Municipal de Maceió, Alagoas, em trabalho de parto, na data ___, tendo a médica, ora querelante, segundo a referida matéria, sido negligente e imperita, sendo matéria veiculada de autoria do jornalista João Futriqueiro. Na divulgação da matéria original, o ora querelado afirmou, mesmo sabendo que eram inverídicas as informações, ter a médica praticado um assassinato no hospital de Maceió, sendo negligente na realização do parto de Luzia D., fato que ofendeu a honra objetiva e subjetiva da querelante, bem como sua imagem profissional perante a população local. Além disso, na última matéria veiculada na edição do dia 23/3/2014, foi divulgado pelo querelado que a Dra. Marília de Souza não poderia ser chamada de médica, dizendo o jornalista que: "era claro o verdadeiro assassinato praticado no Hospital de Maceió, pelas mãos da sempre negligente Dr. Marília de Souza", afirmando ainda "A Dra. Marília, se é que pode ser chamada assim, deveria ser caçada pelo CRM, já que não possui condições de exercer o sagrado ofício da medicina". Por fim, ainda informou que "a suposta médica Marília matou Luzia D. e não se sabe quantos mais" . É importante ressaltar que todos os laudos médico-hospitalares demonstram a inocorrência de negligência ou imperícia por parte da médica, bem como os documentos do Conselho Regional de Medicina, afirmando no mesmo sentido, já que a ora querelante se encontrava em procedimento cirúrgico quando do atendimento de Luzia D. no hospital. 2. DO DIREITO É evidente que a ora querelante foi, através das absurdas alegações do querelado em suas publicações através da imprensa escrita, alvo de ofensas caluniosas e difamatórias, sendo evidente ter o querelado agido com a vontade de caluniar e difamar a querelante, ofendendo sua reputação pessoal e profissional. As matérias publicadas foram, à toda evidência, divulgadas de maneira irresponsável e leviana, sem o necessário cunho informativo como aduzia o seu título. Trata-se, na verdade, de artigo ou matéria não apenas opinativa, mas sim ofensiva, induzindo a sociedade a um julgamentototalmente avesso à realidade. Pior, foi endereçada à população na qual a querelante atua, em um combate diário pela saúde da população. Tal matéria, leviana, falsa e irresponsável, não só atingiu a honra da querelante, como também abalou, de forma considerável, o apreço que goza a mesmo junto ao meio social. Ressalte-se que, ao contrário do que afirma o querelado, a querelante sequer se encontrava responsável pela paciente em questão, e, ainda que estivesse, todos os documentos comprovam que não houve qualquer negligência ou imperícia médica que desse causa a sua morte, conforme demonstram os documentos anexos. Até a vil publicação, gozava a querelante do apreço da sociedade, apreço este conquistado com muito trabalho, dedicação, respeito e acima de tudo com o profissionalismo e a responsabilidade com que sempre exerceu sua profissão. Torna-se, assim, nítida a configuração dos crimes de CALÚNIA e DIFAMAÇÃO por parte do querelado, sem perder de vista que o fato tornou- se efetiva a absurda publicidade da matéria caluniosa e difamatória publicada, uma vez que a mesma foi divulgada através da via jornalística. Assim, encontra-se o querelado incurso nas penas dos artigos 138 e 139 do Código Penal, ambos com o aumento de pena previsto no artigo 141, inciso III, também do Código Penal, já que as infrações foram praticadas por meio que facilitou a divulgação daquelas informações. 3. DO PEDIDO DIANTE DO EXPOSTO, requer a querelante seja designada audiência de conciliação, na forma do artigo 520 do Código de Processo Penal, e, em caso de impossibilidade de conciliação, requer seja recebida a presente, citado o querelado para responder aos termos da ação penal e, ao final, julgado procedente o pedido para condenar o querelado como incurso nas penas dos artigos 138 combinado com 141, III, e 139 combinado com 141, III, todos do Código Penal. Requer ainda sejam intimadas as testemunhas abaixo arroladas. Nestes termos, Espera deferimento. Maceió, data. Advogado OAB
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