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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
1 
 
QUESTÕES PARA BRINCAR – XIX EXAME DE ORDEM 
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL 
 
CASOS PRÁTICOS 
 
01. Diego, delegado de polícia e pai de família, soube, através de sua filha, que 
Luzia, diretora do colégio Santo Antônio, localizado na cidade de Rio de 
Janeiro/RJ, castigava severamente seus alunos, sob o argumento de que estaria 
educando-os. Disseram-lhe ainda que quando algum deles fazia qualquer coisa 
que não a agradava, ela levava para a sala da diretoria e mandava que escrevesse 
por centenas de vezes no quadro “nunca mais vou desobedecer a Luzia”, 
proibindo de beber água, se alimentar ou ir ao banheiro até término do horário 
escolar, quando muitos saíam de lá passando mal. Tal informação lhe deixou 
muito preocupado, pois é a escola em que estudava sua filha Manoela, bem como 
os filhos de vários amigos, não suportando a ideia de que nada de mal lhes 
acontecesse. Como não havia prova alguma de tais alegações, elaborou um plano 
para desmascarar Luzia. Combinou com João, 15 anos de idade, colega de sala 
da sua filha, que provocasse raiva na diretora até que ela o levasse à diretoria para 
castigá-lo, quando então, Manoela o avisaria por mensagem que era na hora de 
agir e ele, que já estaria aguardando na porta do colégio, entraria no local com 
mais policiais e a prenderia em flagrante pelo crime de maus-tratos, antes que 
pudesse concluir o castigo. Tudo ocorreu como o previsto e assim foi feito! Logo 
que Luzia começou a passar suas determinações ao garoto, o delegado adentrou 
a sala e lhe deu voz de prisão. Vários pais de estudantes procuraram para 
agradecer, chamando-o inclusive de “herói”. Chegando à delegacia, após a 
lavratura do auto de prisão em flagrante, Luzia tentou explicar que só levou João 
para a diretoria porque queria lhe dar uma advertência pelo mau comportamento, 
sendo esta uma norma do colégio. Pediu ainda para se comunicar com seu 
advogado, sendo o seu pedido negado por Diego, que disse que não acreditava 
em sua estória e a deixou incomunicável por três dias, sem também comunicar o 
fato a nenhuma outra autoridade. Também não cumpriu com qualquer outra 
formalidade, para que ela pudesse sentir na pele o mal que causava aos alunos. 
Com base na situação hipotética acima, na qualidade de advogado contratado por 
Luzia e considerando que ela ainda se encontra presa em flagrante, redija a peça 
cabível, privativa de advogado, pertinente a defesa da diretora. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
*Peça: RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, com fundamento no art. 5º LXV 
da Constituição Federal, combinado com o art. 310, I, do Código de Processo Penal 
*Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ 
JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE RIO DE JANEIRO CAPITAL DO 
ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
*Teses: Indicar como ilegalidade material a ocorrência de flagrante preparado, sendo 
esta, uma causa de exclusão da tipicidade do crime, quando a participação da polícia 
torna impossível a sua consumação, nos moldes da súmula 145 do STF. No presente 
caso, o delegado Diego e os alunos induziram Luzia a prática do crime de maus tratos, 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
2 
sendo ela surpreendida pela polícia antes mesmo que ministrasse qualquer castigo ao 
ofendido. Além disso, no caso concreto, impossível até mesmo definir se, de fato, 
qualquer crime ocorrera anteriormente, ou mesmo quanto da atuação do delegado, pois 
nenhum ato de execução chegou a ser praticado, não havendo qualquer prova que 
fundamente a acusação. 
Ademais, ainda que houvesse possibilidade de flagrante, a prisão de Luzia continuaria 
sendo ilegal, tendo em vista que o crime do art. 136 do CP é de menor potencial 
ofensivo, nos moldes do art. 61 da Lei 9.099/95, vez que a pena cominada é inferior a 
02 anos, devendo ser observados os procedimentos apontados pelo art. 69 da referida 
lei. De acordo com o referido dispositivo, deveria ter sido lavrado apenas o termo 
circunstanciado de ocorrência, encaminhando-o juntamente com a autora e vítima do 
fato ao juizado, para fossem tomadas as providências necessárias ou ter sido 
oportunizado a autora que assumisse o compromisso de lá comparecer quando lhe 
fosse solicitado. Apenas em caso de recusa a tais medidas é que poderia ser lavrado o 
auto de prisão em flagrante, o que no caso em tela não ocorreu. 
Além disso, devem ser também indicadas as ilegalidades formais da prisão, como a não 
comunicação do flagrante ao juiz, ao MP, à família e/ou pessoa indicada, bem como da 
não expedição da nota de culpa, consoante art. 306, caput e parágrafos, do Código de 
Processo Penal, e a remessa dos autos ao Juiz e à Defensoria em 24 horas. 
Ainda é possível indicar o cometimento, por parte do Delegado de Polícia, de crime de 
abuso de autoridade, nos termos do art. 3º, “a” ou 4º, “a” e “c”, da Lei 4.898/65, por ter 
deixado o agente preso ilegalmente, sem nenhum tipo de benefício, bem como sem 
cumprir qualquer formalidade ou comunicar a prisão ao juiz competente. 
*Pedido: Reconhecimento da ilegalidade da prisão em flagrante, com seu consequente 
relaxamento, bem como a expedição do alvará de soltura. 
 
02. No dia 06 de junho de 2014, na saída da Choperia “Pede Mais Um” em 
Curitiba/PR, Carolina, grávida de 07 meses, foi atacada fisicamente por Jéssica, 
ofendendo esta a sua integridade corporal, após descobrir que o pai do filho 
daquela era o seu namorado em decorrência de uma traição. Após tomar 
satisfações, desferiu-lhe vários socos e puxões de cabelo, momento em que 
Carolina começou a sentir as dores do parto e teve que ir às pressas para o 
hospital, antecipando o nascimento de seu filho, que passa bem. O fato ocorreu 
na presença de Janaina e Gabriela, que foram ouvidas na delegacia e confirmaram 
o ocorrido. Após a conclusão das investigações, com o inquérito devidamente 
instruído, inclusive com os devidos exames periciais, o delegado remeteu os 
autos ao Ministério Público e, embora estivesse provada a materialidade do delito 
e houvesse indícios da autoria de Jéssica, o órgão há mais de 40 dias se mantém 
inerte. Na qualidade de advogado contratado por Carolina, que está inconformada 
com a situação, redija a peça processual cabível, a fim de que sejam tomadas as 
devidas providências judiciais em desfavor da indiciada. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
3 
*Peça: QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA, conforme artigos 29, 41 e 44 do Código de 
Processo Penal, bem como artigo 100, §3º, do Código Penal, além do artigo 5º, LIX, da 
Constituição Federal. 
 
*Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ 
VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA CAPITAL DO ESTADO DO PARANÁ 
*Teses: 
Preliminarmente: Discorrer que, embora o crime de lesão corporal de natureza grave 
seja de ação penal pública, o Ministério Público manteve-se inerte, sem qualquer 
manifestação dentro do prazo previsto no art. 46 do CPP, fazendo surgir a legitimidade 
do ofendido para a propositura da ação penal privada subsidiária da pública, nos termos 
dos artigos 5º, LIX, da Constituição Federal, 100, § 3o., do Código Penal, além do artigo 
29 do Código de Processo Penal. 
Mérito: Fundamentar que no dia 06 de junho de 2014, na saída da choperia “Pede mais 
um” Jéssica praticou o crime de lesão corporal de natureza grave, descrito no art. 129, 
§1º, IV do CP, tendo em vista que atacou fisicamente Carolina, ofendendo sua 
integridade corporal e provocando a antecipação do parto da ofendida. Discorrer 
também sobre a inércia por parte do representante do Ministério Público e o direito a 
fixação de valor mínimo para indenização, nos moldes do art. 387, IV do CPP. 
 
*Pedidos: 
- Recebimento da queixa-crime; 
- Citação da querelada e pedido final dejulgamento de procedência do pedido com a 
consequente condenação da querelada pela prática do crime de lesão corporal de 
natureza grave (art. 129; §1º. IV do Código Penal); 
- Fixação do valor mínimo para indenização pelos prejuízos sofridos em decorrência do 
crime, conforme art. 387, IV do CPP; 
- Produção de provas e intimação das testemunhas arroladas. 
 
*Rol de Testemunhas: 
1. 
2. 
3. 
 
 
03. Em 04/03/2015, Márcia, esteticista, comprou um aparelho redutor de celulites 
de Tiago, vendedor, por R$1.500,00, ficando acordado que o valor seria 
depositado na conta dele em até 60 (sessenta) dias após a venda. Cinco dias após 
a data combinada, haja vista não ter sido efetuado nenhum depósito do valor, 
Tiago compareceu à clínica de Marcia para cobrá-la, porém, ela informou que 
ainda não possuía o dinheiro, pedindo que ele voltasse após 15 dias. Novamente 
no dia do pagamento, o vendedor ao chegar na clínica, foi informado pela 
esteticista que ela ainda não o pagaria naquele dia, pois ela não tinha dinheiro, 
garantindo que depositaria o valor em uma semana. Na data esperada, Tiago 
conferiu sua conta bancária e constatou que por mais uma vez não havia sido 
depositado dinheiro algum, quando, inconformado com o prejuízo, decidiu não 
procurar as vias judiciais e resolver ele mesmo a questão. Voltou então à clínica, 
localizada no bairro do Butantã, em São Paulo, procurou o aparelho não pago e o 
levou consigo, em um horário que apenas Amanda e Camile estavam presentes, 
funcionárias de Márcia, que não tiveram coragem de tentar impedi-lo. Quando 
retornou ao seu local de trabalho, a esteticista soube do ocorrido e, indignada 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
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com a conduta do vendedor de levar o aparelho que havia adquirido e que, 
portanto, era de sua propriedade, procurou você como advogado para que fossem 
tomadas as medidas judiciais cabíveis no intuito de responsabilizar Tiago 
criminalmente pela conduta. Com base somente nas informações de que dispõe 
e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, 
privativa de advogado, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
*Peça: QUEIXA-CRIME, conforme artigos 30 e 41 do Código de Processo Penal, bem 
como artigos 100, §2º do Código Penal. 
 
*Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ 
JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO CAPITAL DO 
ESTADO DE SÃO PAULO 
 
*Qualificação: Qualificar querelante e querelado. 
 
*Procuração: Indicar a existência de procuração com poderes especiais, de acordo com 
o art. 44 do Código de Processo Penal. 
 
*Mérito: Narrar os fatos, demonstrando que, ao entrar na clínica de Márcia levando 
consigo o aparelho que por força da venda agora era dela, no intuito de se recuperar do 
prejuízo sofrido, Tiago praticou o delito previsto no art. 345 do Código Penal, qual seja, 
o de exercício arbitrário das próprias razões. Com efeito, ao invés de procurar resolução 
do conflito pelas vias judiciais, o vendedor, quis sanar seu prejuízo fazendo justiça com 
as próprias mãos, devendo ser condenado nos termos do referido artigo. O fato contou 
ainda com duas testemunhas presenciais, quais sejam, Amanda e Camile, 
comprovando que é legítima a pretensão da querelante. Ademais, haja vista não ter sido 
o crime praticado com violência, somente se procede mediante queixa, cabível, 
portanto, a apresentação desta, conforme o parágrafo único do art. 345, do Código 
Penal. 
 
*Pedidos: 
 
- Designação de audiência preliminar, nos termos do artigo 72 da Lei 9.099/95 para a 
possibilidade da composição dos danos; 
- Caso não seja feito o acordo, recebimento da queixa-crime, com a citação do 
querelado o julgamento da procedência do pedido para condenação; 
- Citação do querelado e, ao final, julgamento da procedência do pedido com a 
condenação do querelado pela prática do crime de exercício arbitrário das próprias 
razões (art. 345 do Código Penal); 
- Fixação do valor mínimo para indenização pelos prejuízos sofridos pela querelante, 
conforme art. 387, IV do CPP; 
- Manifestação do Ministério Público (opcional); 
- Produção de provas e intimação das testemunhas arroladas. 
 
*Rol de Testemunhas: 
1. 
2. 
3. 
 
 
 
 
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04. Gerson da Abadia foi denunciado pelo Ministério Público pelo crime de tráfico 
de drogas, previsto no art. 33 da Lei 11.343/2006, por ter sido capturado 
transportando 5 kg de cocaína de Goiás para Minas Gerais. Na denúncia, o 
Ministério Público limitou-se a descrever genericamente os fatos, informando 
apenas que ele foi capturado transportando drogas. O juiz da 1ª Vara Criminal 
Federal da Seção Judiciária de Goiás, entendendo que a denúncia preenchia 
todos os requisitos, notificou o denunciado para se manifestar. Como advogado 
de Gerson, apresente a peça cabível, excetuando-se a possibilidade de Habeas 
Corpus, adotando todas as teses jurídicas cabíveis para garantir a defesa do seu 
cliente. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
*Peça: DEFESA PRÉVIA, com fulcro no art. 55 da Lei 11.343/2006. 
 
*Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA 
CRIMINAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE GOIÁS 
 
*Teses 
- Da rejeição da denúncia por ser manifestamente inepta: Indicar que a denúncia deve 
ser rejeitada por ser manifestamente inepta, nos termos do art. 395, I do Código de 
Processo Penal, vez que o Ministério Público a elaborou de modo genérico, violando as 
disposições do art. 41 do CPP. Com efeito, uma vez que não preenche os requisitos 
formais mínimos para o seu processamento, a denúncia não deve ser recebida, sob 
pena de nulidade, conforme art. 564, IV do mesmo diploma legal. 
 
- Da rejeição da denúncia pela incompetência do juízo: Indicar que a denúncia deve ser 
rejeitada por faltar pressuposto processual, qual seja, a competência do juízo, nos 
termos do art. 395, II do Código de Processo Penal. Como se infere do caso em tela, o 
tráfico praticado foi interestadual, de modo que a competência é da Justiça Estadual e 
não da Justiça Federal, conforme art. 70 da Lei 11.343/06 e súmula 522 do STF. Sendo 
assim, de rigor a rejeição da denúncia, sob pena de nulidade por incompetência absoluta 
do juízo, conforme art. 564, I do CPP. 
 
*Pedidos: Rejeição da inicial acusatória, seja por ser manifestamente inepta (art. 395, I 
do CPP), seja por faltar pressuposto processual (art. 395, II do CPP). 
Apresentação do rol de testemunhas. 
 
05. Fernando, primário, pai de Igor, de 03 (três) anos, comprou um simulacro de 
arma de fogo para seu filho idêntico a uma arma de verdade. Estavam na praça 
brincando com o referido objeto quando o policial Renato, passou e o prendeu em 
flagrante, levando-o para a delegacia, afirmando que ele estava cometendo o 
delito do art. 16 do Estatuto do Desarmamento, tendo Fernando o acompanhado 
amigavelmente, informado que o artefato era de brinquedo e se colocado à 
disposição para esclarecimentos. Após todos os procedimentos de praxe, ao ser 
comunicado da prisão, o juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia/GO, 
entendeu por bem converter, de ofício, a prisão em flagrante em temporária, por 
considerar imprescindível para as investigações. A defesa impetrou Habeas 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
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Corpus perante o Tribunal de Justiça do estado de Goiás, requerendo o 
trancamento do inquérito policial e o relaxamento da prisão imposta, tendo o 
tribunal denegado a ordem em votação não unanime, sendo que os 
desembargadores vencedores mantiveram os mesmos fundamentos do juiz da 1ª 
Vara Criminal. Com base nas informações acima, como advogado de Fernando, 
adote as providencias judiciais cabíveis. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
*Peça: RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, comfundamento no art. 105, II, 
“a” da Constituição Federal. 
Obs.: Embora o enunciado traga a informação de que a votação não foi unânime, não é 
cabível a interposição embargos infringentes e de nulidade previsto no art. 609, 
parágrafo único do Código de Processo Penal, tendo em vista que o Habeas Corpus é 
ação autônoma de impugnação, de competência originária dos Tribunais e não um 
recurso. 
 
*Competência: 
Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR 
PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS 
Pedido de admissibilidade do recurso e remessa à instância superior. 
 
Razões: 
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
COLENDA TURMA 
EXCELENTÍSSIMOS MINISTROS 
 
*Teses: Indicar que o objeto em questão se tratava de um simulacro, não preenchendo 
o tipo penal do art. 16 do Estatuto do Desarmamento, sendo um fato materialmente 
atípico e que, portanto, não constitui crime e uma vez demonstrada a atipicidade, deve 
ser trancado o inquérito policial. 
 
Indicar que a prisão temporária é ilegal, primeiramente porque ofende o princípio da 
taxatividade, vez que só pode ser decretada para os crimes elencados no art. 1º, III da 
Lei 7.960/89 e o crime do art. 16 do Estatuto do Desarmamento não está nesse rol. 
 
Depois, porque a prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo juiz, conforme 
art. 2º da mesma lei. Ademais, ainda que a prisão fosse legal, não existe nenhum motivo 
suficiente que justifique a prisão, haja vista ter sido o réu identificado, ser primário e ter 
colaborado com a ação da polícia, além de ser a conduta por ele praticada 
flagrantemente atípica, motivos pelos quais a prisão não deve subsistir, devendo ser 
expedido alvará de soltura em favor de Fernando. 
 
*Pedido: Conhecimento e provimento do recurso e reforma da decisão proferida, 
reconhecendo-se a ilegalidade da prisão imposta ao paciente, bem como o trancamento 
do inquérito policial, haja vista ser fato atípico e ainda o relaxamento da prisão 
temporária do paciente, com a consequente expedição do alvará de soltura. 
 
06. Ivan chegou ao estacionamento de seu prédio, quando se deparou com Taísa 
apontando uma arma para sua vizinha Letícia, dizendo que iria matá-la. Sem 
pensar duas vezes, pegou uma barra de ferro que estava jogada no canto do local 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
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em que estava, desferindo um golpe letal na cabeça de Taísa. O Ministério Público 
então o denunciou por homicídio simples, conforme previsão no art. 121, caput 
do Código Penal. O juiz competente recebeu a denúncia e mandou citar o réu para 
que apresentasse defesa, encerrando-se o prazo sem que ele apresentasse. Ainda 
sem resposta à acusação, o magistrado decidiu por bem dar continuidade ao 
processo, entendendo que a peça era desnecessária, visto que não considerava 
ser caso de absolvição sumária. Na audiência de instrução e julgamento, Letícia 
foi ouvida como única testemunha, afirmando que se não fosse a atitude de Ivan, 
ela certamente teria morrido nas mãos de Taísa. O réu em seu depoimento afirmou 
que somente teve essa atitude porque não visualizou nenhuma outra maneira de 
salvar a vida de sua vizinha. As filmagens do estacionamento, que haviam sido 
requeridas pelo Ministério Público como prova, sendo este pedido deferido pelo 
juiz, demonstravam Taísa já a ponto de atirar em Letícia, quando Ivan atingiu-lhe 
em um golpe letal com a barra de ferro, corroborando com os depoimentos. Ao 
final da instrução probatória, as alegações finais foram realizadas de maneira oral, 
tendo o representante do Ministério Público se manifestado pela pronúncia da ré, 
nos mesmos termos da denúncia, tendo a defesa requerido a absolvição sumária 
do agente. O juiz proferiu decisão de pronúncia contra o réu, colocando em seu 
fundamento que as provas existentes não deixavam nenhuma dúvida de que Ivan 
era o culpado pela morte de Taísa e que ele só a matou dessa forma porque ela 
era mulher, aproveitando-se de sua força masculina, de modo que merece ser 
punido. A defesa foi intimada da referida decisão em 22/01/2016, sexta feira. Com 
base apenas nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidas 
do caso concreto, na condição de advogado de Ivan, elabore o recurso cabível, 
datando-o no último dia de prazo para sua interposição. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
*Peça: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no art. 581, IV do Código 
de Processo Penal. 
 
*Competência: 
 
Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA 
DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ___ 
 
Obs.: Requerer o juízo de retratação, conforme art. 589 do Código de Processo Penal. 
 
Razões: 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE _ 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
*Teses: 
Preliminarmente: Alegação da nulidade processual pela falta de apresentação da 
resposta à acusação. Com efeito, o art. 396-A, §2º do Código de Processo Penal dispõe 
que se o acusado após citado, não apresentar resposta à acusação no prazo legal ou 
não constituir advogado, o juiz deverá nomear defensor para oferece-la, haja vista que 
é peça privativa de advogado, dando-lhe vista dos autos por 10 dias. No caso em tela, 
apesar de o réu não ter apresentado defesa após ser citado, o magistrado optou por dar 
prosseguimento ao processo, violando as disposições do artigo supramencionado. 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
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Ademais, tal atitude do magistrado viola ainda os princípios constitucionais do 
contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV da CFRB/88), acarretando a nulidade do 
processo a partir da citação, com a devolução do prazo para a apresentação da resposta 
à acusação, nos moldes do art. 564, IV do CPP. 
 
Alegação da preliminar de nulidade da decisão de pronúncia por eloquência acusatória, 
nos termos do art. 564, IV do Código de Processo Penal, vez que consoante o art. 413, 
§1º do referido código, a decisão de pronúncia deve limitar-se à indicação de 
materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria, não podendo o 
magistrado fazer juízo de valor quanto a culpabilidade do réu como foi feito. 
 
Mérito: No mérito deve ser requerida a absolvição sumária do acusado, nos moldes do 
art. 415, IV do Código Penal, visto que agiu amparado pelo instituto da legítima defesa 
de terceiros, conforme arts. 23, II e 25 do Código Penal, impedindo que Taísa matasse 
Letícia, utilizando-se moderadamente dos meios necessários e possíveis no caso 
concreto. 
 
*Pedido: 
Principal: Conhecimento e Provimento do recurso e reforma da decisão para absolver 
sumariamente o acusado, com fundamento no art. 415, IV do Código de Processo 
Penal. 
 
Subsidiário: Pedido de anulação do feito a partir da citação com a consequente 
devolução do prazo para a apresentação de resposta à acusação, nos termos do art. 
564, IV do Código de Processo Penal. 
 
Pedido de anulação da decisão de pronúncia, nos termos do art. 564, IV do Código de 
Processo Penal. 
 
*Data: 29/01/2016, tendo em vista que o prazo é de 05 dias e a contagem começa na 
segunda-feira 25/01/2016. 
 
 
07. No dia 23/01/2015, Felipe estava bebendo com os amigos e a namorada no bar 
“Só Chego Amanhã”, quando, em um momento em que já estava completamente 
alcoolizado, foi até Lucas, também presente no local, e iniciou uma discussão, 
dizendo que ele estava encarando a sua namorada. Lucas tentou evitar a briga, 
mas Felipe não quis saber de conversa. Pegou uma garrafa de vodka e quebrou-
a com toda a sua força na cabeça de Lucas, levando-o a óbito. O Ministério Público 
denunciou Felipe pela prática do crime descrito no art. 121, § 2º do Código Penal, 
qual seja, homicídio qualificado por motivo fútil, visto que o delito ocorreu 
simplesmente por ter achado que Lucas estava encarando sua namorada, como 
afirmou o denunciado. Citado, o réu apresentou defesa e foi designada a 
audiência de instrução.Durante os debates, o Ministério Público pediu a 
pronúncia do acusado nos termos da denúncia e a defesa pediu a absolvição 
sumária, com base no art. 415, IV do Código de Processo Penal, tendo em vista 
que o agente estava completamente embriagado e fazia jus à isenção de pena do 
art. 28 do Código Penal, sendo inteiramente incapaz de autodeterminar-se de 
acordo com esse entendimento. Ao final, o juiz competente proferiu sentença 
absolutória em favor do réu, acolhendo sua tese de defesa. Tendo sido intimado 
o Ministério Público da decisão, o prazo transcorreu in albis sem a manifestação 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
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do Parquet. Débora, mãe de Lucas, inconformada com a absolvição daquele que 
matou seu filho, desejando habilitar-se como assistente de acusação, procura 
você como advogado para garantir que a justiça seja feita. Com base apenas nos 
fatos expostos e excetuando-se a possibilidade de Habeas Corpus, interponha o 
recurso cabível, alegando todas as teses que entender pertinentes para satisfazer 
os interesses de sua cliente. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
*Peça: APELAÇÃO, com fulcro no art. 593, I (ou art. 416) c/c art. 598, todos do Código 
de Processo Penal. 
 
*Competência: 
Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA 
DO JÚRI DA COMARCA DE ___ 
*O Aluno poderia ou não requerer a habilitação como assistente de acusação, visto não 
ser esta obrigatória. Em caso de requerimento, o fundamento deveria ser os arts. 268 e 
269 c/c art. 598, todos do Código de Processo Penal. 
 
Razões: 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ___ 
COLENDA CÂMARA 
INCLÍCITOS JULGADORES 
 
*Teses 
Indicar que merece reforma a sentença absolutória, visto que contraria os dispositivos 
do Código Penal. Como se infere dos fatos, a embriaguez do agente foi culposa, de 
modo que não é caso de isenção/exclusão da culpabilidade/imputabilidade, conforme 
art. 28, II do Código Penal. Com efeito, de acordo com o §1º do mesmo artigo, apenas 
excluem a imputabilidade penal a embriaguez proveniente de caso fortuito ou força 
maior, o que não ocorreu no caso em tela, sendo de rigor, portanto, a pronúncia do réu, 
nos termos do art. 413 do Código de Processo Penal. 
 
*Pedido: Seja conhecido e provido o presente recurso para reformar a sentença 
absolutória e pronunciar o réu nos exatos termos da denúncia. 
 
08. Miriam, após ser regularmente processada e julgada, foi condenada a pena de 
12 anos em regime inicialmente fechado, pela prática do crime de tráfico de 
entorpecentes, cometido em 05 de agosto de 2006. Havia sido presa em flagrante, 
tendo sido a prisão convertida legalmente em preventiva, mantendo-se até 04 de 
outubro de 2006. A sentença condenatória transitou em julgado e Miriam iniciou 
o cumprimento de pena em 25 de janeiro de 2007. Em 29 de novembro de 2008, 
diante de atestado de boa conduta emitido pelo diretor do estabelecimento, a 
defesa requereu progressão de regime, sendo o pedido indeferido pelo juízo 
competente, fundamentando que ela ainda não havia cumprido o tempo 
necessário para tal benefício, que de acordo com o art. 2°, §2º da Lei 8.072/90, que 
seria 2/5 da pena. Considerando que você, advogado de Miriam, foi intimado 
dessa decisão em 23 de março de 2015 e com base apenas nas informações acima 
expostas, redija a peça cabível, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes 
a atender os interesses de sua cliente. 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
10 
GABARITO COMENTADO 
 
*Peça: AGRAVO EM EXECUÇÃO, com fundamento no art. 197 da Lei de Execução 
Penal. 
 
* Competência: 
Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA 
DE EXECUÇÕES CRIMINAIS DA COMARCA DE _ 
 
Obs.: Requerer o juízo de retratação. 
 
Razões: 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
*Tese: Inicialmente deve-se alegar que Miriam tem direito à detração penal, referente 
aos 2 meses que ficou presa preventivamente, com base no art. 42 do Código Penal. 
Somando-se esse tempo ao período em que cumpriu após o trânsito em julgado da 
sentença condenatória, já se completaram mais de 2 anos cumpridos da pena imposta. 
Ademais, deve-se alegar que embora hoje a previsão seja de 2/5 de cumprimento de 
pena para a progressão de regime para crimes hediondos, o fato ocorreu em data 
anterior ao advento da Lei 11.464/2007, que alterou o art. 2º, § 2º, da Lei 8.072/90. 
Sendo assim, tendo em vista o princípio da anterioridade, deve ser observado o critério 
de 1/6 de cumprimento da pena para o referido benefício, conforme art. 112 da Lei de 
Execução Penal (LEP) e corroborado pela Súmula 471 do STJ. Com efeito, tendo em 
vista que sua pena é de 12 anos e que Miriam já cumpriu mais de dois anos da pena 
em que foi condenada, faz jus à requerida progressão. 
 
*Pedido: Pedido de conhecimento e provimento do recurso e reconhecimento do direito 
à progressão de regime, nos moldes do art. 112 da Lei de Execução Penal. 
 
09. Gilberto foi condenado a 8 anos de pena privativa de liberdade, pela prática do 
delito de tortura, tipificado no art. 1º, §1º da lei 9.455/97, pois supostamente, em 
10/05/2009, constrangeu Kelly com o emprego de violência, causando-lhe 
sofrimento físico e mental em razão de discriminação religiosa. A denúncia foi 
recebida em 12/05/2010. Após todo o tramite regular do processo, feita a devida 
instrução, com a acusação pedindo a condenação nos termos da denúncia e a 
defesa pedindo absolvição por negativa de autoria o magistrado entendeu por 
bem condenar Gilberto. A sentença penal condenatória transitou em julgado em 
10/11/2010, devido a não interposição de recurso pelas partes. O condenado 
iniciou o cumprimento de pena e agora pediu a namorada que te procurasse 
informando que, licitamente, conseguiram provas de que realmente não havia 
sido ele o autor do crime, que são as filmagens que comprovam que ele estava na 
loja da operadora “Vivo” no momento do fato narrado pela denúncia, resolvendo 
um problema em sua linha telefônica, tendo passado o dia todo lá. Com base nas 
informações acima, como advogado de Gilberto, redija a peça processual cabível, 
excetuando-se a possibilidade de Habeas Corpus, apresentando todas as teses 
jurídicas pertinentes. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
 
 
 
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*Peça: REVISÃO CRIMINAL, com fundamento no art. 621, III, do Código de Processo 
Penal. 
 
*Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR 
PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ___ 
 
*Tese: Alegar que devido as provas novas comprovando a negativa de autoria por parte 
de Gilberto, deve ser reformada a sentença para absolver o réu nos termos do art. 386, 
IV do Código de Processo Penal, devendo ser fixado o valor para justa indenização ao 
revisionando pelos prejuízos sofridos pela indevida condenação, nos termos do art. 630 
do referido código. 
 
*Pedido: Deve-se fazer o pedido pleiteando que seja julgado procedente o pedido 
revisional, para que, conforme o art. 626 do Código de Processo Penal, seja reformada 
a decisão em questão decretando-se a absolvição do agente, com base no art. 386, IV, 
do mesmo código. Subsidiariamente, requerer indenização justa ao revisionando, pelos 
prejuízos sofridos pela indevida condenação, nos termos do art. 630 do CPP. 
 
10. Eduardo, jogador de futebol, foi denunciado pelo crime de furto, descrito no 
art. 155, caput do Código Penal, pois segundo a denúncia, durante o intervalo de 
um jogo, subtraiu o smartphone de outro jogador no vestuário. Todavia, após o 
trâmite regular do processo, ficou esclarecido na audiência de instrução e 
julgamento que Eduardo apenas pegou o celular do colega porque pensava que 
era o seu, tendo em vista que os aparelhos são idênticos, incorrendo em erro de 
tipo. Na sentença, o magistradofez a análise dos fatos e acolheu expressamente 
a tese do acusado, qual seja, de erro de tipo, informando que, por consequência, 
o fato típico é excluído, ou seja, não há crime, vez que se trata de erro de tipo 
essencial escusável. Porém, concluiu a sentença dizendo “Por todo o exposto, 
condeno o réu a pena de 2 anos de reclusão, em regime inicial aberto, a ser 
substituída por pena restritiva de direitos, vez que preenchidos os requisitos, nos 
moldes do art. 44 do Código Penal”. A defesa foi intimada da sentença em 18 de 
abril de 2016 (segunda-feira). Como advogado de Eduardo, redija a peça 
processual cabível, excetuando-se a possibilidade de Habeas Corpus, no intuito 
de sanar o possível vício da sentença do juiz. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
*Peça: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com fulcro no art. 382 do Código de Processo 
Penal. 
 
*Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ 
VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___ 
 
*Teses: Demonstrar que ao reconhecer o erro de tipo essencial escusável no caso do 
embargante, hipótese que não há crime, para depois condená-lo a pena 2 anos de 
reclusão em regime aberto, substituindo por pena restritiva de direitos, faz com que a 
sentença seja evidentemente contraditória, caracterizando o que a doutrina chama de 
sentença suicida. Sendo assim, cabíveis os presentes embargos, para que seja sanada 
a contradição demonstrada, vez que aplicável, diante de fundamentação apresentada 
pelo juízo, a absolvição com base no art. 386, III do Código de Processo Penal, uma 
vez que o fato não constitui infração penal. 
 
 
 
 
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12 
*Pedidos: Recebimento e provimento dos embargos, afim de que seja sanada a 
contradição apontada, para se declarar a absolvição do réu, nos moldes do art. 386, III 
do Código de Processo Penal. 
 
*Data: 20/04/2016. 
 
 
QUESTÕES DISSERTATIVAS 
 
01. Considere as duas situações hipotéticas seguintes: 1) Luan, sem animus 
necandi, mas também sem se importar com o que sua conduta ocasionaria, entrou 
em um bar atirando a esmo, de modo que atingiu uma pessoa, que veio a óbito. 2) 
Davi, atirador de facas de um circo há 20 anos, nunca tendo errado uma só mira, 
durante um espetáculo, por uma fatalidade, atinge uma das facas no peito de Ruth, 
sua assistente de palco, vindo a mesma a falecer. Com base nas situações 
apresentadas, responda qual dos agentes agiu com culpa consciente e qual deles 
agiu com dolo eventual, diferenciando os dois institutos. 
 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Luan agiu com dolo eventual, pois embora não tivesse o dolo de matar, sabia que sua 
conduta poderia ocasionar a morte de alguém e aceitou o resultado, não se importando 
com o mesmo. Davi agiu com culpa consciente, pois embora tivesse consciência do 
risco de que as facas poderiam acertar sua assistente, não aceitou o resultado e 
acreditava na sua capacidade técnica, não admitindo que o resultado aconteceria, dada 
sua longa carreira como atirador de facas, nunca tendo errado uma só mira. No dolo 
eventual, o agente prevê o risco e não se importa com a eventualidade do resultado 
criminoso acontecer, ou seja, aceita o risco de produzi-lo. Na culpa consciente, o agente 
prevê o risco, mas não aceita o resultado, confiando em suas habilidades de evitar ou 
impedir o mesmo, ou ainda de que o resultado não ocorrerá. 
 
02. Danilo, analista de sistemas, primário e de bons antecedentes, foi denunciado 
pelo Ministério Público por tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06), pois, 
segundo a denúncia, transportava em seu carro 500g de cocaína. Citado, o réu 
apresentou resposta no prazo legal. Após o trâmite regular do processo e ao fim 
da fase de instrução, o magistrado proferiu sentença condenatória pelo crime em 
questão, reconhecendo, diante das características do réu e do fato, o privilégio do 
§4º do artigo supramencionado, reduzindo a pena em dois terços, condenando-o 
à pena de reclusão de 1 ano e 8 meses. Apesar da pena ser inferior a 4 anos e 
preencher os outros requisitos do art. 44 do Código Penal, que permite a 
substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, o 
magistrado fundamentou que isso não poderia ser adotado no caso do réu, tendo 
justificado sua decisão na expressa vedação que consta do art. 44 da Lei de 
Drogas. Ademais, fixou regime inicialmente fechado, por ser crime equiparado a 
hediondo, com base no art. 2º, §1º da Lei 8.072/90. Com base apenas nas 
informações apresentadas, responda: 
A) qual o recurso cabível para impugnar a sentença em questão? 
B) o que pode ser alegado em favor de Danilo? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
 
 
 
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Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
13 
 
A) Apelação, com fulcro no art. 593, I do Código de Processo Penal. 
 
B) Deve ser alegado que é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos, nos moldes do art. 44 do Código Penal, bem como a fixação do 
regime inicial aberto, conforme art. 33, §2º, do mesmo Código. Tais possibilidades se 
dão tendo vista que os Tribunais Superiores já se posicionaram acerca de que as 
vedações previstas, tanto na Lei de Crimes Hediondos como na Lei de Tóxicos, são 
inconstitucionais e ferem o princípio constitucional da individualização da pena (art. 5º, 
XLVI da CFRB/88). Isso, inclusive, é entendimento do Senado Federal, por meio da 
Resolução 05, suspendendo a parte da vedação constante no §4º do art. 33 da Lei 
11.33/06. 
 
03. Em 10/05/2010, Bartolomeu, então com 68 anos, praticou o crime de vilipêndio 
a cadáver, previsto no art. 212 do Código Penal, sendo prevista para tal conduta 
a pena de detenção de um a três anos, e multa. A instauração do inquérito deu-se 
no mesmo dia, tendo sido a denúncia oferecida em 11/05/2014 e recebida em 
15/05/2014. Citado, Bartolomeu procura você como advogado. 
A) qual a peça processual que deve ser apresentada? 
B) o que deve ser alegado em favor de Bartolomeu? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) Resposta à acusação, com fulcro nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal. 
B) Absolvição sumária pela extinção da punibilidade do agente, com base no art. 397, 
IV do Código de Processo Penal, pela prescrição da pretensão punitiva pela pena em 
abstrato. Com efeito, a pena máxima cominada ao delito praticado é de 3 anos, 
ocorrendo a prescrição em 8 anos, conforme art. 109, IV do Código Penal. Todavia, 
tendo em vista que em 2010 o agente tinha 68 anos, em 2014, quando foi recebida a 
denúncia, já contava com mais de 70 anos, sendo reduzido o prazo prescricional pela 
metade, conforme art. 115 do CP. Sendo assim, o prazo prescricional passa a ser de 04 
anos, tendo decorrido prazo superior entre a data da consumação do delito e a do 
recebimento da denúncia, primeira causa de interrupção da prescrição, conforme art. 
117, I do CPP. Assim, resta extinta a punibilidade de Bartolomeu pela prescrição, com 
base nos arts. 107, IV e 109, IV c/c 115, todos do Código Penal, devendo o mesmo ser 
absolvido sumariamente com fundamento no art. 397, IV, do CPP. 
 
04. Guilherme, 25 anos, juntamente com Tiago, 26 anos, foram denunciados pelo 
crime de associação criminosa em concurso formal com o delito de corrupção de 
menor, por, segundo a denúncia, terem induzido Emerson, 15 anos, a com eles 
praticar o crime de roubo. Em sede de resposta à acusação, no que tange ao delito 
de associação criminosa, alegaram que este não estava configurado, haja vista 
um dos integrantes ser menor de 18 anos não cometer crime, apenas ato 
infracional, não entrando na contagem. Quanto ao delito de corrupção de 
menores, a defesa argumentou que este não pode figurar em concurso formal com 
o crime de associação criminosa, haja vista que ofende o princípio da 
especialidade e da vedação ao bis in idem. Ademais, informaram que os réus não 
haviam efetivamente corrompido o menor, sendo que Emerson já havia praticadowww.cers.com.br 
 
OAB XIX EXAME DE ORDEM 
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Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
14 
vários atos infracionais análogos a crimes, inclusive de roubo, devendo-se 
absolve-los com base no art. 397, III do Código de Processo Penal. Levando em 
consideração as informações prestadas, bem como o entendimento dos tribunais 
superiores sobre o assunto, assiste razão a tese de defesa apresentada pelos 
réus? Justifique. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Quanto ao delito de associação criminosa, não, pois o Superior Tribunal de Justiça já 
decidiu no sentido de que apesar de o menor não responder pelo delito por ser 
inimputável, é incluído na contagem de pessoas, de modo que poderá sim caracterizar 
o delito do art. 288 do Código Penal. Quanto ao delito de corrupção de menores, em 
partes. Realmente, não é mais possível considerar concurso formal entre os dois delitos, 
por ofensa a vedação ao bis in idem e o princípio da especialidade. Porém, quanto ao 
argumento de que não haviam corrompido Rodrigo, de acordo com a Súmula 500 do 
STJ, a configuração do crime do art. 244-B do ECA não depende da prova da efetiva 
corrupção do menor, por se tratar de delito formal. 
 
05. João Lucas, 45 anos, estava cuidando do jardim de sua casa, quando então foi 
abordado por policiais que traziam consigo um mandado de prisão em seu 
desfavor. No intuito de se opor ao cumprimento do mandado, soltou o seu 
cachorro pit bull extremamente feroz da coleira e ameaçou abrir o portão para que 
o animal saísse, caso os agentes não fossem embora de lá. Entretanto, após muita 
dificuldade, o mandado foi cumprido. Diante das informações prestadas, 
responda. 
A) nesta situação apresentada, João Lucas cometeu algum crime? Em caso 
afirmativo, tipifique a conduta praticada pelo agente. 
B) caso os policiais tivessem cumprido sem nenhum problema a ordem de prisão, 
mas ao chegar à delegacia João Lucas tivesse tentado evadir-se do 
estabelecimento prisional usando de violência contra um carcereiro, seria 
possível a tipificação em relação a esta nova conduta praticada? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) Sim. João Lucas cometeu o crime de Resistência, previsto no art. 329 do Código 
Penal, vez que se opôs a execução de ato legal, usando de ameaça ao funcionário 
público compete para executá-lo. 
 
B) Sim, também seria possível a tipificação me relação à conduta praticada, mas o delito 
seria o de evasão mediante violência contra a pessoa, previsto no art. 352 do Código 
penal, tendo em vista que a violência ocorreu após o efetivo cumprimento da prisão, 
tratando-se de crime que pune a tentativa nas mesmas penas da efetiva evasão. 
 
06. Josefa, primária, 67 anos, adquiriu de João, seu vizinho, um aparelho de DVD 
(média de R$200,00 nas lojas) por R$ 30,00. Posteriormente veio a conhecimento 
do Ministério Público que o objeto havia sido subtraído da casa de Pedro por João, 
mediante violência e grave ameaça às pessoas que lá estavam, fato pelo qual João 
já havia sido denunciado por roubo, hoje com a sentença condenatória já 
transitada em julgado, tendo o réu informado o destino do objeto durante a 
 
 
 
 
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OAB XIX EXAME DE ORDEM 
Direito Penal 
Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 
15 
instrução. Sabendo que Josefa havia adquirido o bem, apesar da desproporção 
entre o preço do produto e o valor adquirido, o Ministério Público pretende 
denunciá-la. 
A) qual o crime pode ser imputado a Josefa pela conduta praticada? 
B) caso venha a ser denunciada, o que poderá ser alegado em seu favor? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) O crime imputado a Josefa é o de Receptação culposa, previsto no art. 180 §3º do 
Código Penal, haja vista que pela desproporção entre o valor e o preço do bem 
adquirido, Josefa deveria presumir que foi obtido por meio criminoso. 
 
B) Pode-se requerer o perdão judicial, previsto no §5º do art. 180, CP, tendo em vista 
se tratar de agente primária, idosa, baixa escolaridade e ser o objeto de pequeno valor, 
circunstâncias favoráveis a agente. 
 
07. Tales, ao chegar no fórum da cidade de Itapipoca – CE, indignado, por 
questões ligadas a futebol, com o seu vizinho Mateus, analista judiciário lotado 
naquela repartição, objetivando atingir a honra social do mesmo, comentou com 
a colega de trabalho deste, aproveitando-se do fato de que ele não estava 
presente, que considerava Mateus um imprestável e fofoqueiro. Considerando a 
situação apresentada, responda. 
A) qual o delito praticado por Tales? 
B) se ao invés de chamar Mateus de imprestável para sua colega de trabalho, Tales 
tivesse dito tal coisa pessoalmente ao analista judiciário durante o atendimento, 
o delito seria o mesmo? 
C) qual a natureza da ação penal cabível no caso concreto e de quem seria a 
legitimidade para seu exercício? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) O crime praticado por Tales é o de Difamação, nos termos do art. 139 do Código 
Penal, em virtude do animus do agente em ofender a honra social da vítima. 
 
B) Nesta situação, teríamos o crime de injúria, nos termos do art. 140 do Código Penal, 
já que, nesse caso, a ofensa passa a ser em relação à honra subjetiva, ou seja, honra 
pessoal da vítima. 
 
C) A ação penal cabível no caso concreto é privada, nos termos do caput do art. 14 do 
Código Penal, sendo a legitimidade para o intento da ação penal cabível do sujeito 
passivo do delito, ou seja, do próprio Mateus. 
 
08. Danilo foi denunciado por furto simples, pois, segundo a denúncia, havia 
furtado a carteira de Jeferson enquanto este passeava pela rua 25 de março. A 
denúncia foi recebida e, após a citação, o réu apresentou defesa no prazo legal. 
Durante a audiência de instrução, verificou-se que depois de ter subtraído a 
carteira, a vítima percebeu e tentou reagir, tendo Danilo utilizado de violência e 
grave ameaça para permanecer com a coisa. Diante exclusivamente das 
informações narradas, pergunta-se: 
A) qual foi o crime efetivamente praticado por Danilo? 
 
 
 
 
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B) diante da necessidade de alteração do fato em razão da prova colhida durante 
o processo, poderá o juiz realizá-la de ofício? Em caso positivo, justifique. Em 
caso negativo, que procedimento deve ser adotado pelo magistrado? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) O crime praticado por Danilo foi o de Roubo impróprio, conforme previsão no art. 157, 
§1º, do Código Penal, visto que se utilizou de violência ou grave ameaça somente após 
a subtração do bem, de forma e para garantir a posse da coisa. 
 
B) Não, o juiz não poderá alterar a narrativa fática de ofício, sob pena de violação aos 
princípios da inércia, da ampla defesa, do contraditório, do devido processo legal e da 
congruência ou correlação entre acusação e sentença. A hipótese indicada na questão 
configura ou caracteriza o instituto da Mutatio Libelli, previsto no art. 384 do Código de 
Processo Penal, situação na qual, com o surgimento da prova que demonstra ter sido o 
fato praticado diverso daquele narrado na exordial, deve o Ministério Público aditar a 
denúncia, espontaneamente, dentro do prazo de 05 dias. Caso o Promotor de Justiça 
não promova o aditamento, deverá o juiz aplicar o art. 28 do CPP, remetendo os autos 
ao Procurador-Geral de Justiça. 
 
09. Tião praticou o delito de furto de coisa comum, previsto no art. 156 do Código 
Penal, tendo sido beneficiado pela homologação de transação penal na audiência 
preliminar no Juizado Especial Criminal, ficando acordado que este prestaria 
serviços à comunidade por 5 sábados durante 1 hora por dia. Como consequência 
da medida, a infração não importará em reincidência nem constará na folha de 
antecedentes do agente. Caso descumprido o acordo de transação, mesmo após 
homologado, pode o Ministério Público vir a oferecer denúncia contra Tião pelo 
delito supracitado? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Sim, pois de acordo com a Súmula Vinculante nº 35, a homologação da transação penal 
não faz coisa julgada materiale, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação 
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal, 
mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. 
 
10. Luís foi denunciado pelo crime de moeda falsa perante a Justiça Federal, por 
supostamente ter tentado pagar a caixa do supermercado com notas falsificadas, 
sendo demonstrado durante as investigações que ele mesmo as fabricou. 
Segundo a denúncia, a falsificação era tão grosseira que a funcionária do caixa 
do supermercado começou a rir, dizendo que aquela nota não enganava ninguém, 
avisando imediatamente a polícia. A denúncia foi recebida e Luís foi citado dia 
04/01/2016. 
A) que peça de defesa deve ser apresentada e qual o último dia para sua 
interposição, considerando que o réu foi citado em 04/01/2016 (segunda feira)? 
B) que tese defensiva pode ser suscitada para que o réu seja absolvido 
sumariamente? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
 
 
 
 
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Direito Penal 
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17 
A) Deverá ser apresentada Resposta à Acusação, com fundamento nos arts. 396 e 396-
A do Código de Processo Penal, no prazo de 10 dias. Assim, o último dia do prazo no 
presente caso seria 14/01/2016. 
 
B) A tese defensiva a ser apresentada é a de que a hipótese configura crime impossível 
por ineficácia absoluta do meio, nos moldes do art. 17 do Código Penal, vez que a 
falsificação era tão grosseira que não era capaz de induzir ninguém a erro, sendo 
impossível a consumação do crime. 
 
Obs.: Não caberia a alegação da Súmula 73 do STJ, uma vez que a questão é clara ao 
informar que se a moeda é grosseiramente falsificada, impedindo a própria obtenção ou 
possibilidade de fraude, não há que se falar em crime. 
 
11. A Polícia Federal recebeu denúncias que Jandir estava cometendo o delito de 
descaminho, iludindo o pagamento de imposto devido pela entrada de 
mercadorias no país. Sem autorização judicial, o delegado interceptou os 
telefones do suspeito, descobrindo que as denúncias eram verídicas. Em face das 
informações obtidas, organizaram uma “blitz” na estrada em que o suspeito 
passaria e conseguiram pegá-lo, apreendendo com o mesmo todas as provas da 
prática delituosa. Foi apurado que o valor do tributo suprimido totalizou R$ 
15.000,00 (quinze mil reais). O Juiz, ao receber a denúncia, ordenou que fossem 
desentranhados dos autos todos os documentos referentes às informações 
obtidas através da interceptação, haja vista que são ilegais, nos termos do art. 
157 do Código de Processo Penal. Todavia, aceitou as provas obtidas através da 
blitz, por considerar uma operação legítima. Após, o réu foi citado para oferecer 
defesa. De acordo com as informações acima expostas e o entendimento do 
Supremo Tribunal Federal sobre o assunto, aponte quais teses podem ser 
alegadas por Jandir em sede de resposta a acusação. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Primeiramente, em sede de preliminar, deve-se pugnar pela rejeição tardia da inicial 
acusatória por ausência de justa causa, nos termos do art. 395, III do Código de 
Processo Penal, vez que se fundou unicamente em provas obtidas por meios ilícitos. 
Com efeito, o delegado interceptou os telefones do réu sem autorização judicial violando 
flagrantemente os arts. 5°, XII da CRFB e os arts. 1° e 3° da Lei 9.296/96. Assim, as 
conversas telefônicas obtidas sem autorização judicial configuram prova obtida por meio 
ilícito e todas as provas dela decorrentes, provas ilícitas por derivação, na forma do art. 
157, § 1o, do Código de Processo Penal, que consagra a teoria da prova ilícita por 
derivação ou "teoria dos frutos da árvore envenenada", adotada pelo Supremo Tribunal 
Federal. 
 
Com efeito, a blitz somente foi realizada devido aos dados obtidos pela interceptação 
não autorizada, derivando, portanto, das provas ilícitas, sendo de igual modo, 
inadmissível. 
 
No mérito, deve ser alegada a atipicidade material da conduta pelo princípio da 
insignificância, conforme entendimento do STF, por se tratar de valor inferior a 
R$20.000,00 (vinte mil reais). 
 
 
 
 
 
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12. Tadeu, grande empresário, reincidente específico, foi denunciado pela prática 
do delito de tráfico de influência, previsto no art. 332 do Código Penal. Durante a 
instrução, após a notícia de que o réu planejava deixar o país e ir para uma casa 
que possuía no exterior, entendendo provável que isso realmente ocorresse, o 
juiz decretou de ofício, a prisão temporária de Tadeu. Considerando o caso 
hipotético apresentado, responda. 
A) a decretação de prisão temporária no caso em tela foi correta? Justifique. 
B) seria cabível outra modalidade de prisão? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
 
A) Não. Primeiramente, a prisão temporária é cabível apenas em fase de Inquérito 
policial e, no caso concreto, Tadeu já foi denunciado, não mais sendo possível a 
decretação de sua prisão por ser imprescindível à investigação, já que a mesma se 
encerrou. Além disso, a Lei de Prisão Temporária (Lei 7.960/89) traz um rol taxativo de 
crimes nos quais a prisão pode ser decretada, não se encontrando dentre os crimes ali 
indicados o tráfico de influência, de modo que, não havendo previsão de prisão 
temporária para o crime praticado pelo agente, a segregação cautelar resta ilegal por 
violação do princípio da taxatividade. Ademais, ainda que fosse cabível a prisão 
temporária para o presente delito, esta também não poderia ser decretada de ofício pelo 
juiz, conforme art. 2º, caput, da Lei 7.960/89. 
 
B) Sim, seria cabível a decretação da prisão preventiva, nos moldes dos arts. 311 a 313 
do Código de Processo Penal, uma vez que a infração praticada por Tadeu possui pena 
máxima superior a 4 anos (art. 313, I, do CPP), sendo ainda o agente é reincidente 
específico. Contudo, embora a prisão preventiva possa ser decretada de ofício pelo Juiz 
em fase processual, para a decretação da mesma seria necessária a presença dos 
pressupostos exigidos pelo art. 312 do CPP, ou seja, no caso concreto, seria possível a 
prisão para garantir a aplicação da lei penal, haja vista que há, nos autos, indicações de 
que o agente pode vir a fugir para outro país. 
 
13. Luciano foi denunciado por tentativa de homicídio porque, segundo a 
denúncia, tentou matar Rute, uma ex namorada que lhe traiu. Ao fim da primeira 
fase dos procedimentos do júri, Luciano foi pronunciado nos termos da denúncia. 
Na sessão em plenário, Luciano informou que jamais tiraria a vida da pessoa que 
mais amou, relatando que queria apenas fazer com que Rute lhe explicasse o 
motivo da traição. Tendo em vista que procurou a moça amigavelmente e esta 
recusou-se a falar com ele, pegou-a pelo braço fortemente e a arrastou para uma 
casa abandonada que havia perto do local em que a encontrou, privando-a de sua 
liberdade por cerca de 05 horas. Após aproximadas 04 horas, Rute tentou evadir-
se do lugar, quando Luciano, no intuito de impedi-la, a empurrou, provocando 
lesão corporal de natureza leve na ex namorada, conforme os laudos periciais 
anexos aos autos, afirmando ainda que, em momento algum, agiu com animus 
necandi ou fez ameaça de morte à moça, liberando-a posteriormente. A partir da 
situação apresentada, responda. 
A) qual(is) foi(ram) o(s) delito(s) efetivamente praticado(s) por Luciano? 
B) caso ocorra a desclassificação da tentativa de homicídio para o(s) delito(s) 
apresentado(s) na resposta anterior, a quem competirá julgá-los? 
 
 
 
 
 
 
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GABARITO COMENTADO 
 
A) Luciano cometeu os crimes de cárcere privado, constante no art. 148 do Código 
Penal, pela privação da liberdade da vítima e o delito de lesão corporal de natureza leve, 
conforme previsão no art. 129 do Código Penal, uma vez que restou demonstrado que 
o agente não tinha a intenção de matar avítima, mas que terminou lesionando-a. 
 
B) Em caso de desclassificação por parte dos jurados para os crimes de cárcere privado 
e lesão corporal de natureza leve, caberá ao próprio juiz do Tribunal do júri realizar a 
sentença e aplicar, caso seja cabível, os benefícios da lei 9.099/95, conforme se 
preceitua o art. 492, §1º do Código de Processo Penal. 
 
14. Alexandre, condenado pela prática do delito de contrabando com sentença já 
transitada em julgado, foi denunciado pelo crime de lavagem de dinheiro, por ter 
dissimulado a origem dos valores obtidos com a infração anterior. Diante da 
existência de fortes indícios da efetiva prática do crime ora denunciado, o juiz, de 
ofício, decretou o sequestro de bens e valores do acusado, que se enquadravam 
como proveitos do crime de contrabando. Contudo, o magistrado entendeu que 
era desnecessária a oitiva do representante do Ministério Público. 
A decisão do magistrado está integralmente correta? Justifique. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Não, a decisão do magistrado não está integralmente correta, uma vez que no tocante 
à decretação de ofício do sequestro de bens e valores o magistrado agiu amparado pelo 
art. 4º da Lei 9.613/98. Todavia, o mesmo artigo menciona que para tal medida o 
Ministério Público deverá ser ouvido no prazo de 24 horas, não sendo dispensável como 
alegou o magistrado. 
 
15. Juan, confiante em suas habilidades como motorista, dirigia seu carro em alta 
velocidade rumo a Taguatinga, quando, por uma fatalidade, atropelou Mônica, que 
veio a óbito imediatamente, sendo denunciado pela pratica de homicídio simples, 
nos termos do art. 121, caput do Código Penal. Recebida a denúncia, apresentada 
a defesa e após a instrução, o magistrado entendeu por bem pronunciar o réu pelo 
crime em questão. 
A) qual o recurso cabível contra a decisão? 
B) considerando exclusivamente os dados apresentados na questão, o que 
poderá ser alegado em favor do acusado no referido recurso? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) O recurso cabível contra a decisão que pronunciou o agente é o Recurso em sentido 
estrito, com fundamento no art. 581, IV do Código Penal. 
 
B) Deve ser requerido o provimento do recurso, reformando-se a decisão de pronúncia 
para a de desclassificação (art. 419 do Código de Processo Penal), com a consequente 
desclassificação do delito de homicídio doloso, previsto no art. 121, caput do Código 
Penal, para o de homicídio culposo de trânsito, nos termos do art. 302 do Código de 
Trânsito Brasileiro, tendo em vista que o agente agiu com culpa consciente (art. 19 do 
Código Penal), confiando em suas habilidades e acreditando que não atingiria ninguém, 
ou seja, não restando caracterizado, no caso concreto, o dolo eventual. Com o 
 
 
 
 
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provimento do pedido recursal, desclassificada a infração, deverá o tribunal remeter os 
autos ao juiz competente. 
 
16. Carlos Eduardo, conhecido no bairro em que mora por ser o braço direito de 
Beto, o chefe do tráfico, foi preso em flagrante portando em seu carro 5 kg de 
cocaína, 10 kg de maconha e 50 comprimidos de ecstasy no Rio Grande do Sul 
(RS). Preso em flagrante, afirmou no momento da lavratura do auto, na presença 
de seu advogado, que seu objetivo era transportar a droga até Mato Grosso do 
Sul (MS). Informou ainda que isso fazia parte de uma operação de Beto, dando 
informações verossímeis a respeito da localização de Beto e sobre onde ele 
guardava a droga, colaborando voluntariamente com as investigações. Com base 
nas informações expostas, responda. 
A) de quem é a competência para processamento e julgamento do crime narrado? 
B) qual tese de defesa pode ser alegada em favor de Carlos Eduardo, visando a 
redução de sua pena? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) A competência é da Justiça Estadual, tendo em vista que se trata de tráfico 
interestadual, ou seja, entre dois Estados do Brasil, não se suscitando a competência 
da Justiça Federal, conforme art. 70 da Lei 11.343/2006 e a Súmula 522 do STJ. 
 
B) A defesa deverá requerer o benefício da colaboração premiada do art. 41 da Lei de 
Drogas (Lei 11.343/2006), visto que o agente, voluntariamente, colaborou com a 
investigação policial, identificando seus parceiros e indicando onde estaria o produto, 
devendo sua pena ser reduzida de um a dois terços. 
 
17. Flavia, primária, foi denunciada pela prática do delito descrito no art. 122 do 
Código Penal, tendo em vista que ao se deparar com Armando no último andar do 
shopping ameaçando cometer suicídio, o instigou a se jogar, dizendo que a vida 
dele não valia nada mesmo e que faria um favor ao mundo caso morresse. Por 
fim, Armando realmente decidiu dar cabo à própria vida, se jogando de lá e vindo 
a óbito no mesmo instante. Pronunciada e posteriormente condenada em plenário 
do Tribunal do Júri, o juiz proferiu a sentença condenatória, fixando a pena em 3 
anos e 6 meses de reclusão, a serem cumpridos sob regime inicialmente fechado, 
nos moldes do art. 2º, §1º da Lei 8.072/90, tendo em vista a hediondez do delito 
praticado, por se tratar de crime doloso contra a vida. Com base nas informações 
expostas, pode se dizer que, no tocante ao regime fixado, foi correta a sentença 
do magistrado? 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Não. É cabível o regime inicial aberto para a condenada, nos termos do art. 33, §2º, “c”, 
visto que a pena é inferior a 4 anos, sendo ela primária. Ademais, há que se ressaltar 
que o crime do art. 122 do Código Penal, embora seja doloso contra a vida, não 
configura crime hediondo, por ofensa ao princípio da taxatividade, haja vista que a Lei 
de Crimes Hediondos traz um rol taxativo dos delitos aos quais se aplica, o que não é o 
caso do crime em questão. 
 
18. Heitor, 6 anos de idade, portador da Síndrome de Asperger, acompanhado de 
seu representante legal, dirigiu-se à Escola Infantil Criança Feliz, no intuito de 
 
 
 
 
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matricular-se no quadro de alunos, oportunidade a qual teve sua matrícula 
sumariamente negada por Tereza, diretora da referida instituição de ensino, em 
evidente razão de seu desenvolvimento incompleto ou retardado. À luz da 
legislação vigente, Tereza cometeu algum crime? Justifique a sua resposta. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
Sim. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, em seu artigo 8º, elenca uma série de 
condutas tidas como criminosas, quando cometidas contra pessoa portadora de 
deficiência, dentre elas, recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de 
qualquer curso ou grau, público ou privado, em razão de sua deficiência, constante em 
seu inciso I, o que ocorreu no caso em tela. 
 
19 - Airton, dono de uma empresa renomada de perfumes, negou emprego a 
Marcos, sob o argumento de que não contrata pessoas da religião X. Diante 
exclusivamente da informação citada, pergunta-se: 
A) qual o crime praticado por Airton? 
B) se, em outra ocasião, Airton chamasse Marcos, integrante da religião X de 
safado, no intuito de ofender a sua honra, a conduta caracterizaria o mesmo crime 
da pergunta anterior? Justifique suas respostas de acordo com os dispositivos 
legais pertinentes ao caso. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) O crime praticado por Airton é o constante no art. 4º da Lei 7.716/89, uma vez que 
negou emprego a Marcos soba a alegação deste ser de determinada religião 
configurando-se conduta discriminatória constante na lei do racismo. 
B) Não. Nesse caso, a conduta seria caracterizada como injúria racial, elencada no art. 
140, §3º do Código Penal, haja vista que foi ofendida a honra apenas de determinada 
pessoa, utilizando-se de elementos de sua religião. 
 
20. Benedito, 67 anos, ao sair para fazer sua caminhada de todas as tardes, passou 
por uma calçada em que haviam derramado um líquido escorregadio, o que 
ocasionou a sua queda e lhe fez fraturar a perna direita. Mauro, que passava pela 
ruano momento, foi abordado por Benedito, que lhe pediu ajuda, para que ao 
menos ligasse para pedir socorro à autoridade pública competente. Mauro, 
podendo agir e com seu celular na mão, informou que não o ajudaria, nem faria 
ligação alguma, dizendo que não tinha nada a ver com a queda de Benedito. 
Considerando a situação hipotética apresentada, responda. 
A) qual o crime praticado por Mauro? 
B) qual o tipo de ação penal prevista para o crime praticado? 
Responda às indagações com a respectiva fundamentação legal. 
 
GABARITO COMENTADO 
 
A) O crime praticado por Mauro é o de omissão de socorro em relação à pessoa idosa 
tipificado no art. 97 da Lei 10.741/03, Estatuto do Idoso, face ao princípio da 
especialidade. 
 
 
 
 
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B) O crime em análise motiva a propositura de ação penal pública incondicionada, 
conforme previsão no art. 95 da Lei 10.741/03, sendo a legitimidade do representante 
do Ministério Público para propositura da ação.

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