Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
22/07/2013 1 Avaliação Clínica do Estado Nutricional Introdução Método econômico (não há necessidade de equipamentos e laboratório) - grande utilidade em locais onde as prevalências de deficiências nutricionais são altas. Inclui: história clínica (história médica) exame físico do indivíduo (Semiologia) Limitações: necessidade de pessoal treinado ↓ especificidade. História clinica Na história clínica deve-se abordar o indivíduo quanto: as ocorrências (atual e passada) de doenças agudas, crônicas e cirurgias; ao uso de medicamentos que interferem na absorção e metabolismo de nutrientes; ao uso de álcool e drogas; presença de diarréia ou obstipação intestinal; presença de fatores que interferem na ingestão adequada (anorexia, lesões bucais, vômitos, dificuldades de mastigação/deglutição, etc). perda de peso recente Exame físico/Semiologia Nutricional Ato de avaliar sinais de emagrecimento; alterações no apetite; aspecto fisionômico; estado de humor; formas do abdome, evidência de perdas gordurosas etc. Alguns sinais clínicos podem aparecer tanto na deficiência quanto no tratamento. Ex: hepatomegalia é observada em indivíduos desnutridos e durante o tratamento da desnutrição energética-protéica. Fáceis Informação sobre a repercussão de uma determinada doença na expressão facial do paciente. Fáceis agudo – paciente parece exausto, cansado, não consegue manter os olhos abertos por muito tempo (desconsiderar no caso de coma). Indicador que a terapia nutricional está surtindo efeito. Fáceis agudo 22/07/2013 2 Fáceis Fáceis crônico: paciente parece deprimido, triste, não quer muito diálogo. Muitas vezes confundido com deprimido. Distinção não é fácil – avaliação conjunta com um psiquiatra ou psicólogo. Importante – não administrar antidepressivos em quem precisa se nutrir. Fáceis crônico Evidências de Anemia Verificar as mucosas (conjuntival e labial) e regiões palmoplantares - detecção da palidez. Pardas e negras – melhor detecção nas regiões palmares e plantares. Indicativo de anemia, que pode ter várias causas: Doenças hematológicas (leucemia, linfomas); Deficiência de Fe, B12, ácido fólico; Hemorragias; Hipotireoidismo; Cirrose; Desnutrição, etc. Evidência de Anemia Evidência da Desidratação Pode ser causada por ingestão de água insuficiente, mas tb por perda excessiva (vômitos, diarréias, fístulas, sudorese e poliúria) ou combinação destes. Idosos dependentes nos meses de verão. Sinais e sintomas: sede intensa, astenia (fraqueza), apatia, sonolência, agitação psicomotora (principalmente em idosos e demenciados) até convulsões em casos graves. Como investigar a desidratação Peça ao paciente para produzir saliva; Verifique o brilho nos olhos; Olhos encovados; Verifique a umidade das mucosas e da língua (parte inferior); Examine turgor (pince prega e veja se pele parece suculenta e não murcha); Examine elasticidade (pince prega e veja se ela volta rapidamente depois de solta). 22/07/2013 3 Turgor e elasticidade da pele Evidências da desidratação Evidência da Icterícia É a impregnação da pele e mucosas de pigmentos biliares – coloração amarelada. Não confundir com coloração amarelada por alto consumo de cenoura ou mamão (nesses casos a esclerótica é normal) ou por drogas antimaláricas. Raça negra – podem apresentar a parte visível de suas escleróticas amareladas pelo maior depósito de gordura. Evidência da Icterícia Exame deve ser feito com luz natural. Icterícias são de 2 tipos principais: Hemolíticas (bilirrubina não conjugada) Colestáticas (bilirrubina conjugada) • Apresentam prurido devido ao depósito de sais biliares na pele e irritação nervosa; • Implica em alterações na absorção de vitaminas lipossolúveis; • Maior perda de sódio pela urina (bilirrubina conjugada aumenta a perda de sódio pela urina). Evidências da Icterícia Evidências da Febre Temperatura corporal acima da faixa de normalidade (35,5 a 37°C). Temperatura sofre pequenas variações ao longo do dia, manhã mais baixa do que a tarde. Variação máxima: 0,6°C Local de verificação: oco axilar ou boca ou reto (temperatura basal). Secar o local, colocar o termômetro e deixá-lo por 3 a 5`. 22/07/2013 4 Febre Paciente febril : Taxa metabólica aumentada Possibilidade de desidratação Possibilidade de ingestão de menos alimentos - desnutrição Análise da musculatura temporal Análise da musculatura temporal Atrofia temporal Tem que ser bilateral, pois unilateral pode ter causa neuromuscular. Mostra que o paciente parou de mastigar ou deixou de usar a mastigação como foco principal da ingestão alimentar. Normalmente – trocar mastigação por outra forma de ingestão alimentar = dieta hipocalórica. Análise da musculatura temporal Inicialmente - atrofia da musculatura temporal; Mais tardiamente – consumo da bola gordurosa de Bichat. Atrofia da musculatura temporal Bola gordurosa de Bichat 22/07/2013 5 Análise da musculatura temporal Quando se tem a atrofia da musculatura temporal junto com a perda da bola adiposa de Bichat – alguns autores chamam de sinal da “asa quebrada”. Significado – Perda protéico-calórica. IMPORTANTE Toda vez que há perda da musculatura estrutural, massa muscular = perda de capacidade de formação adequada de anticorpos. Quanto maior for a atrofia > será incapacidade de formação de anticorpos. Verificação da Massa Muscular Atrofia da musculatura das regiões supra e infraclavicular Verificação da Massa Muscular Atrofia da musculatura da região paravertebral Paciente perde a capacidade de sustentar seu peso, sua coluna e começa a fazer cifose. Cifose leva a diminuição na capacidade pulmonar. Verificação da Massa Muscular Atrofia da musculatura bi e tricipital Verificação da Massa Muscular Atrofia da musculatura de pinçamento do polegar 22/07/2013 6 Verificação do Abdome O abdome poderá estar distendido, plano ou escavado – dependendo da doença e do tempo de instalação da desnutrição protéico-calórica. Verificação do Abdome Abdome distendido – paciente desnutrido, porém a insuficiência hepática causa ascite. Verificação do Abdome Abdome plano – paciente normal. Verificação do Abdome Abdome escavado – paciente privado de alimentos há muito tempo. Já perdeu toda sua reserva calórica (massa adiposa) e tem menor imunidade. Abdome Escavado Verificação do Abdome Obesos que referem menor apetite e perda de peso, porém não se consegue perceber na balança (perda ainda não significativa). Como aferir se isso é verdade? Início da perda de peso – parte superior do abdome (supra-umbilical). Flacidez por perda do tônus do ângulo superior do umbigo – umbigo em chapéu. 22/07/2013 7 Umbigo em Chapéu Além de pessoas que perderam peso pode tb ser encontrado em pessoas que se submeteram a cirurgia plástica ou que nasceram dessa maneira. Membros inferiores Atrofia da musculatura da coxa Porção interna – impressão de vale quando a pessoa fecha as pernas= perda de m. muscular. < força para agachar e > fraqueza nas pernas. Pessoa prefere ficar deitada – favorece surgimento de infecções respiratórias, regurgitação e broncoaspiração. Membros inferiores Atrofia da musculatura das panturrilhas É a mais precoce atrofia a aparecer quando se instala a desnutrição protéico- calórica (DPC). Somada a atrofia das coxas – favorece > enfraquecimento dos membros inferiores. Atrofia da musculatura das coxas e panturrilhas Atrofia da musculatura das coxas e panturrilhas Pesquisa de edemas Verificar a presença de edemas - importante para o diagnóstico de DPC (componente protéico). Está relacionada a hipoproteinemia, principalmente hipoalbuminemia. Proteína total < 5g/dL ou de albumina < 2,5g/dL – capazes de gerar edema. 22/07/2013 8 Pesquisa de edemas Considerar decúbio preferencial do paciente: Pé ou sentado – olhar membros inferiores; Deitado – região lombossacral Fazer uma suave e contínua pressão contra o osso até formar depressão tecidual – se tiver edema a depressão demorará algum tempo para voltar ao normal. Evidência de edema Aparência normal Sinais associados à desnutrição Possível deficiência ou distúrbio nutricional Possível causa NÃO nutricional Face Cor uniforme, macia, não inchada Descamação da pele (seborréia nasolabial) Riboflavina Acne vulgar Inchaço (face de lua) Palidez Kwashiorkor --- Bochechas inchadas (hipertrofia das gls. parótidas) Kwashiorkor Inanição Bulimia Inflamação Caxumba Olhos Brilhantes, sem feridas nos cantos das pálpebras, membranas rosadas e úmidas, ausência de vasos sanguíneos proeminentes Conjuntiva pálida Anemia (ferro) --- Manchas de Bitot Xeroftalmia Ceratomalácia (córnea seca e opaca) Vitamina A --- Vermelhidão e fissura no canto das pálpebras Riboflavina, piridoxina Conjuntivite, Exposição a drogas, poluentes, ao frio. Falta de sono. Arco córneo Xantelasmas (bolsas salientes nas pálpebras) Dislipidemia --- Lábios Macios, sem inchaço e sem fendas Estomatite angular (lesões brancas ou rosas nos cantos da boca) Queilose Riboflavina Salivação excessiva (dentaduras não adaptadas, aparelhos ortodônticos) Exposição ao frio e ao vento Língua Vermelha escura, sem inchaços e não-lisa Língua púrpura (magenta) Riboflavina Vitamina B 12 --- Atrofia ou hipertrofia das papilas Riboflavina Ácido fólico Niacina Aftas. Leucoplasia (lesão cancerígena na cavidade bucal) Dentes Sem cáries, sem dor, brilhantes Esmalte manchado Cáries Fluorose Excesso de açúcar Doença periodontal Gengiva Vermelhas, sem sangramentos e sem inchaços Esponjosas, sangramento, gengivas retraídas Vitamina C Piorréia (inflamação da gengiva) Pescoço Não inchado Inchado (hipertrofia da tireóide) Iodo Hipertrofia alérgica ou inflamatória da gl. Cabelos Brilhantes, firmes, sem queda Sem brilho, secos Kwashiorkor Infecção por fungos, fatores ambientais Finos e escassos Kwashiorkor Fator genético Despigmentados DEP descoloramento artif. Franjeado (sinal da bandeira) DEP + tratamento --- Caem facilmente DEP Alopecia Pele Cor uniforme, macia Xeroderma Hiperqueratose folicular Vitamina A Falta de higiene Dermatite pelagrosa Niacina Queimadura solar, alergias Despigmentação difusa Kwashiorkor Micoses Petéquias Vitamina C Rubéola Músculos Tônus adequado Atrofia muscular DEP --- Tronco Sem deformações Ginecomastia DEP Distúrbios endócrinos Hepatomegalia Doenças hepáticas Membros inferiores Sem deformações Pernas em X ou O Vitamina D --- Sistema nervoso Estabilidade psicológica; reflexos normais Mudanças psicomotoras; Kwashiorkor Drogas Confusão mental Perda sensorial Parestesia Tiamina --- Demência Niacina, Vit. B12 Drogas Seborréia nasolabial 22/07/2013 9 Face de lua/Bochechas inchadas Manchas de Bitot Arco córneo Xantelasmas Estomatite angular Queilose 22/07/2013 10 Língua púrpura Atrofia/hipertrofia das papilas gustativas Esmalte manchado/Cáries Gengivas Escorbuto Hipertrofia da tireóide Cabelo desnutrição 22/07/2013 11 Xeroderma Hiperqueratose folicular Dermatite pelagrosa Despigmentação difusa Petéquias Atrofia muscular 22/07/2013 12 Ginecosmatia Hepatomegalia Pernas em X ou O Referências Bibliográficas Duarte, A.C.G. Avaliação Nutricional – Aspectos Clínicos e Laboratoriais. São Paulo: Atheneu, 2007.
Compartilhar