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A Prática Interdisciplinar na Educação

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Oficina de projetos interdisciplinar 
Profª. Drª. Ana Maria Ribeiro de Jesus 
 
1 
 
AULA 5 
A interdisciplinaridade na prática – Parte I 
Não é raro encontrar, nas escolas e universidades, professores desincentivados e 
desanimados com o contexto educacional em que estão inseridos: a instituição, a sala 
de aula, os alunos e o seu próprio método de ensino. Esse sentimento geralmente 
ocorre porque, no ensino tradicional, a atividade docente acaba priorizando apenas o 
domínio e a transmissão de um conteúdo geralmente proveniente de um currículo 
fechado, em que constam as ações a serem seguidas pelo professor. Os estudantes, 
muitas vezes, esperam respostas prontas e não são desafiados e incentivados a 
desenvolver habilidades de pensamento. Por isso, a docência interdisciplinar não vê o 
professor apenas como transmissor de conteúdos, e sim como mediador que orienta 
as atividades dos alunos, a fim de que eles desenvolvam uma relação ativa com os 
conteúdos, com a pesquisa e com a prática no processo de aprendizagem. 
Você já aprendeu que a proposta da interdisciplinaridade surgiu para relembrar que o 
conhecimento é uma rede complexa, e que essa complexidade deve ser concebida 
como uma unidade, e não segmentada. Essa proposta pode parecer um tanto idealista 
ou abstrata mas, ao contrário, ela pode e deve ser aplicada na prática. Como fazer isso, 
então? 
Primeiro, vamos refletir sobre o que é uma “prática”. Você já deve ter ouvido falar em 
prática docente, prática de leitura, prática de esportes etc. Nesse sentido, “prática” 
reflete a concretização de um saber, de uma técnica. Por exemplo, adquirimos o 
conhecimento sobre uma modalidade esportiva e, ao praticá-la, estabelecemos um 
contato com ela, em uma relação de construção, de colaboração; possibilitamos que 
ela aconteça de fato. O mesmo ocorre na prática da docência, que é concretizada, 
principalmente, pela ação (colaboração) e pela linguagem (comunicação). 
Haas (2007) afirma que é na comunicação que a interdisciplinaridade encontra seu 
ponto em comum com a prática: “Compreendemos então que a prática interdisciplinar 
é aquela que passa da ação exercida à elaboração teórica, sempre realizada, praticada 
e proferida”. Com isso, a interdisciplinaridade na educação tem a intenção de “propiciar 
os exercícios investigativo, reflexivo e comunicativo do ato pedagógico, do ato de ser 
Oficina de projetos interdisciplinar 
Profª. Drª. Ana Maria Ribeiro de Jesus 
 
2 
professor” (idem). Para a autora, as possibilidades do projeto interdisciplinar, na 
prática, são inúmeras, já que as possibilidades criativas do homem são infinitas. 
Para que essa prática se efetive, é necessária uma nova postura pedagógica não apenas 
da parte do docente, mas da instituição de ensino como um todo: coordenadores, 
diretores pedagógicos, supervisores de ensino. Toda a equipe educacional deve estar 
integrada e comprometida a trabalhar em cooperação. O docente, em especial, 
participa desse processo com ações diretas: de intervenção, ao apresentar o 
conhecimento a partir de ponto de vista e sua bagagem cultural, direcionando os 
tópicos abordados, dando sugestões aos alunos e fazendo correções; e de avaliação, 
ao aprovar ou desaprovar, sob determinada perspectiva, os resultados dos alunos. 
Assim, como explicam Pierson et al. (2008), o professor precisa não apenas reconhecer 
o sistema educacional nos seus vários aspectos – sociais, políticos, culturais, 
econômicos – mas também reconhecer-se enquanto parte dele e, portanto, enquanto 
produtor da sua história. Ou seja, ele se torna co-responsável tanto pela permanência 
como pelas mudanças desejáveis. 
Nesse contexto, o professor enfrenta alguns desafios. Um dos maiores obstáculos é o 
desinteresse e a “comodidade” dos alunos. Mesmo durante a universidade, período 
em que o estudante deveria sair ainda mais de sua zona de conforto e assumir uma 
postura totalmente participativa, já que está, na maioria das vezes, cursando a área que 
escolheu, ainda é forte a expectativa de que o professor apresente um conteúdo 
pronto e acabado, com respostas fechadas, com problemas resolvidos. 
Além de enfrentarem as expectativas de alunos pouco preparados para o ensino 
superior, os educadores são desafiados a lidar com grupos de alunos altamente 
dissonantes, e passam por uma “contínua pressão de ‘sucesso’ a que as instituições 
universitárias os submetem” (HAAS, 2007). 
O caminho a ser percorrido para que os alunos abram mão dessa postura cômoda é 
longo e implica, segundo Peleias et al. (2011), “um trabalho de reconcepção do fazer 
pedagógico que só é conseguido no decorrer do processo, nunca de forma 
espontânea, exigindo uma atuação direcionada para este fim”. Os autores comentam 
que a perspectiva da prática interdisciplinar “exige a colaboração obrigatoriamente e 
a produção de um conhecimento não dado” e, por isso, é necessária uma “reconcepção 
deste fazer docente”.

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