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INTRODUÇÃO À METODOLOGIA CIENTÍFICA Aluna: Maria Carolina Ribeiro Professor: Ana Carolina Mascarenhas carolina@faculdadebaianadedireito.com.br Aulas 2016.1 1. O QUE É O CONHECIMENTO? É AQUILO TRANSMITIDO PELA LINGUAGEM? Muitas pessoas dizem que o conhecimento é tudo aquilo que pode ser transmitido pela linguagem (linguagem em sentido amplo – exemplo: pintura nas cavernas). O conhecimento nasce da relação do homem com o mundo (impressão). O homem se relaciona com os órgãos dos sentidos e percebe o mundo. A ideia de verdade é uma ideia sempre a trelada a um conhecimento momentâneo. A verdade é algo que surge a partir de uma impressão. Os seres humanos criam uma linguagem para sua comunicação. Ao criarem a linguagem, os homens criam o conhecimento e inventam-se a si mesmos como seres humanos. O conhecimento portanto, é a relação do homem com o mundo (qualquer tipo de conhecimento). 1.1. Importância do conhecimento no século XXI: Ascensão do indivíduo na sociedade. A concentração do poder nas mãos de quem detém o conhecimento. O conhecimento facilita a vida a vida das pessoas (ex: o analfabetismo e muito sério para a sociedade, em vários aspectos). A sociedade do século XXI é considerada a sociedade do conhecimento. A concentração do poder está nas mãos de quem possui o conhecimento. Informação é diferente de conhecimento. Informação é uma notícia que chega muito rápido mas não é valorada. O conhecimento é uma informação valorada. O modelo de gestão participativa é um modelo de compartilhamento de gestão. Existem três modelos de educação: a formal, a informal e a não formal: A educação formal é aquela em que é necessária a autorização do poder público – é necessário seguir a regulamentação e as diretrizes determinadas. A educação informal é a educação da vida, incluindo o aprendizado em casa. A educação não-formal é aquela onde se tem as diretrizes pedagógicas mas não há regulamentação específica (exemplo: curso de inglês, curso de natação). 2. SISTEMA DE EDUCAÇÃO BRASILEIRO: 2.1. Educação básica (ensino infantil, fundamental e médio): O Estado Brasileiro nunca se atentou plenamente à oferta de educação básica. A Constituição de 1988, no art.203, coloca que a educação é um dever do Estado e das famílias, e que a educação básica deveria ser universalizada, principalmente o ensino fundamental. Na época da ditadura militar, havia a necessidade de justificar à população – necessidade de um “bom governo” – assim, passou-se a mercantilizar a educação básica, ou seja, existia a criação de vagas, mas não havia preocupação com a qualidade de ensino. A partir da década de 80, passou-se a viver um período de recessão, e não se tinha o que fazer com a educação superior. Pensou-se portanto, na divisão de responsabilidades: a educação infantil, e parte da fundamental passou a ser de competência municipal. O ensino médio e parte do fundamental passou a ser de competência estadual, e por fim, o ensino superior passou a ser de competência da União. 2.2. Educação superior (graduação, pós-graduação): É de competência da União. O investimento em educação pública é muito baixo por falta de recursos. O FMI e outras entidades internacionais passaram a conceder dinheiro com a condição de que houvesse investimento na educação – um país onde as pessoas não são educadas não se desenvolve. Não se discute qualidade em instituição superior pública, somente na privada. O “boom” das universidades privadas ocorre em 2000. A educação superior é o campo fértil para a realização de pesquisas. A primeira escola universitária brasileira foi na Bahia, mas, a primeira universidade brasileira foi a UNB (associação entre ensino, pesquisa e extensão). A Constituição diz que as universidades precisam de autonomia pedagógica e autonomia de gestão (subordinada ao poder público). Quando Fernando Henrique Cardoso entra no governo, buscou-se encontrar solução para diversas questões e, ocorre a assinatura do Consenso de Washington – passa-se a privatizar instituições de ensino superior (e de outras áreas passiveis de privatização). Até a década de 70, as instituições de ensino não poderiam possuir fins lucrativos, mas com as medidas privatizantes, as instituições de ensino passaram a ser privadas (decreto 1970). Atualmente, quase 80% do corpo estudantil, encontra-se em instituições privadas. Nas faculdades não há a necessidade de pesquisa e extensão, somente ensino (LDB/96). A CAPS é uma instituição que autoriza os cursos de mestrados e doutorados, pois, o objetivo principal é a formação de docentes e pesquisadores. Os cursos de direito precisam de três eixos: propedêutico, profissionalizante, prática profissional. 3. CONHECIMENTO CIENTÍFICO X SENSO COMUM: 3.1. Diferença: O que diferencia basicamente o conhecimento popular e o cientifico não é a veracidade e a natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o método e os instrumentos de conhecer (a diferença portanto, é a aplicação de um método, uma procedimentalização). O conhecimento cientifico é resultado de pesquisas cientificas. O senso comum é aquele conhecimento passado de geração em geração – muitas vezes esse conhecimento traz reflexos históricos. No momento em que se está numa investigação, deve-se buscar todos os momentos possíveis – havendo um caminho válido, caso ele seja reproduzido, o resultado reproduzido deverá ser igual todas as vezes. Existem determinadas condutas na vida que são resolvidas tranquilamente pelo senso comum. O conhecimento cientifico vem quando o senso comum não é capaz de responder aos anseios diários. Segundo Boaventura de Souza Santos, o conhecimento científico deverá ser revertido para a sociedade. Não ocorrendo isto, não há a verdade científica – todo conhecimento visa constituir-se em senso comum, pois a sociedade deve ser comunicada da verdade cientifica, para que ela possa usufruir da mesma (caso contrário o conhecimento não se transforma). Há uma relação cíclica entre o conhecimento comum e o conhecimento científico. 3.2. Características do senso comum: O senso comum é superficial, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode provar simplesmente estando junto das coisas: expressa=se por frases como “porque vi”, “porque senti”, “porque disseram”. É falível e inexato, pois se conforma com a aparência do que se vê. É sensitivo ou valorativo, refere-se à vivência, estado de ânimo e emoções da vida diária. Subjetivo pois o próprio sujeito que organiza as experiências e conhecimentos, tanto os adquire por vivência própria quanto por ouvir dizer. Também é assistemático, pois a organização da experiência não visa uma sistematização das ideias, nem da forma de adquiri-las nem validá-las. Por fim, é acrítico pois, estes conhecimentos, verdadeiros ou não, não se apreendem de forma crítica – simplesmente são absorvidos pelo ser humano. Segundo a professora o ser humano é essencialmente crítico, e, se uma pessoa não acredita naquele conhecimento, ela não irá absorvê-lo como verdade absoluta. O senso comum é o conhecimento da práxis utilitária, não é especializado, nutre-se de todas as formas de conhecimento e não possui mecanismos de autocontrole. 3.3. Conhecimento científico: A palavra ciência vem do latim, e significa “aprender, conhecer”. Na lição de Mariana de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos, deve-se entender por ciência “a sistematização de conhecimentos, um conjunto de preposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. A ciência, pois, é todo um conjunto de atividades e atitudes racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido àverificação. OBS: A preconcepção precisa ser vista de duas formas: através da ótica negativa (valores de vida, morais – pode dificultar o andamento da pesquisa) e positiva (é a pré-noção que permite o avanço da pesquisa). Requisitos: a) Sistematização do conjunto de proposições: o conhecimento popular é assistemático; no conhecimento científico é preciso conhecer cada conceito relacionada àquele que se deseja alcançar; é uma organização do conhecimento que já se possui. b) Racionalidade: afastamento dos valores morais e religiosos (preconcepção negativa) para que não se contamine a pesquisa, faltando distanciamento e imparcialidade. c) Delimitação de objeto: conceitos de escassez: Limitação tempo (preocupação com o momento social em que se vive para o alcance de respostas precisas e rápidas); Limitação dos recursos materiais envolvidos: a depender da pesquisa desenvolvida, ela pode ser muito cara. Por isso a importância do projeto de pesquisa (projeção daquela pesquisa); a escassez dos recursos materiais podem levar à pausa da pesquisa e a um posterior retorno quando não há mais as mesmas condições do objeto. A delimitação do objeto serve para a não escassez do tempo e dos recursos (quanto mais delimitado o objeto, maior a verticalização da pesquisa: pesquisa túnel: aprofundamento num objeto mais delimitado). d) Verificação: validação daquilo que se defende como verdade científica; se não houver validação, não se fala em ciência. Como acontece a validação do conhecimento nas ciências sociais e, mais especificamente, no direito? A validação no direito se dá pela aceitação de respostas anteriores. Princípio da refutabilidade: no direito há respostas possíveis, e não uma resposta única; daí se afasta aquelas respostas contrárias ao próprio ordenamento. Serve para diferenciar o conhecimento científico dos demais conhecimentos. Características: a) Racional, pois é constituído por conceitos, juízos e raciocínios, e não por sensações, modelos de conduta. b) Objetivo, porque busca alcançar a verdade por meio de observação, investigação e experimentação existentes. c) Analítico, porque ao abordar um fato, processo, situação ou fenômeno busca descobrir os elementos constitutivos da totalidade. d) Claro e preciso, o cientista deve ao máximo ser exato e claro, procurando estabelecer os reais e efetivos problemas objeto da pesquisa. e) Comunicável: sua linguagem deve ser clara, de modo a informar todos os seres humanos que tenham sido instruídos para entende-las. f) Verificável, pois somente é aceito como válido após passar pela experimentação ou demonstração. g) Depende de investigação metódica, ou seja, para atingir o conhecimento científico deve haver planejamento. h) Sistemático: constituído por sistema de ideias logicamente correlacionados. i) Acumulativo: o desenvolvimento do conhecimento científico é a consequência de um contínuo selecionar de conhecimentos significativos. j) Falível: não é absoluto, pois o progresso da ciência descortina novos horizontes, induz novas indagações. k) Geral: procura na variedade e unicidade, a uniformidade e generalidade. l) Aberto: não conhece barreiras que, a priori, limitem o conhecimento. m) Não é assumido de imediato pela práxis utilitária, é especializado, busca não se envolver com outras formas de conhecimento e busca incluir em si mecanismos de autocontrole. 4. TEMA DE PESQUISA: O problema de pesquisa deve ser uma questão não resolvida, mas resolvível. 4.1. Problema de pesquisa x hipótese: a hipótese é uma afirmação prévia, que ao longo da pesquisa será afirmada ou refutada. A diferença aqui é a forma de apresentação. 4.2. Tema de pesquisa: assunto – tema geral – tema específico. 4.3. Recortes: Material. Espacial. Temporal. Periódicos especializados: PENAL.
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