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Instrumentalização Científica: Reflexões sobre a Ciência e a Universidade

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Instrumentalização 
Científica
Instrumentalização 
Científica
Organizado por Universidade Luterana do Brasil
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Canoas, RS
2017
Prof. Dr. Laíno Alberto Schneider
Prof. Ms. Cosme Luiz Chinazzo
Juliana Vargas
Patrícia Noll de Mattos
Alexandre Cruz Berg
Prof. Ms. Alexandre Moroni
Márcia Castiglio da Silveira
Conselho Editorial EAD
Andréa de Azevedo Eick
Ângela da Rocha Rolla
Astomiro Romais
Claudiane Ramos Furtado
Dóris Gedrat
Honor de Almeida Neto
Maria Cleidia Klein Oliveira
Maria Lizete Schneider
Luiz Carlos Specht Filho
Vinicius Martins Flores
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. 
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores 
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da 
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei 
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
Dados técnicos do livro
Diagramação: Jonatan Souza
Revisão: Geórgia Píppi
É com muita satisfação que estamos apresentando a você um livro com-posto por dez capítulos. Fazemos um convite para refletirmos sobre o 
papel da ciência e da Universidade na vida pessoal e profissional.
Primeiramente, é fundamental que se tenha claro o que se entende 
por Instrumentalização Científica. Nesse sentido surgem as questões: O 
que significa instrumentalizar? O que é e caracteriza a postura científica? 
No decorrer dos capítulos aprofundaremos essas questões. Para início de 
compreensão: é característico da instrumentalização o aparelhamento que 
confere ao sujeito a base de melhorar a sua relação com o entorno. As-
sim, como a instrumentalização providencia o que se faz necessário para 
a compreensão do processo. Dessa forma, se quero escrever um artigo, 
preciso reunir as condições que tornem tal situação possível.
Se por um lado a instrumentalização confere o domínio das técnicas e 
habilidades, o aspecto científico é identificado a partir do momento em que 
se apresenta, segue um protocolo de fundamentações e comprovações. 
Portanto, é da especificidade da Instrumentalização Científica, auxiliar no 
aprimoramento e na equiparação do pesquisador conferindo potencialida-
de na feitura de apresentação de um estudo com qualidade.
Para a construção do livro de Instrumentalização Científica, uma equi-
pe de professores organizou o livro em dez capítulos. O primeiro contem-
plará o papel da Universidade no fazer ciência. Será que a ciência faz 
ou procura fazer o que a sociedade de hoje precisa? No capítulo dois, a 
parada obrigatória é no debate sobre o conhecimento científico. O que é 
conhecimento, o que é ciência e como o conhecimento científico auxilia na 
elaboração dos seus postulados?
Apresentação
Apresentação v
A partir do debate sobre o conhecimento científico entra na conversa 
o próximo capítulo sobre os fundamentos da pesquisa científica. O que é 
um fundamento e como ele se relaciona com a pesquisa científica? Será 
que a pesquisa científica é definitiva? Essas são questões que serão objeto 
do capítulo três.
No capítulo seguinte, iremos notar que existem vários tipos de pesquisa 
e para cada uma delas se faz necessário um olhar e postura diferentes no 
processo de aprendizagem e estudos. Com a compreensão do que sejam 
os tipos de pesquisa, abrimos a possibilidade para no capítulo cinco nos 
depararmos com a temática da metodologia da pesquisa, ou seja, que 
caminhos estamos seguindo ou precisamos adotar para se chegar ao ob-
jetivo. Com o entendimento de se alcançar um denominador comum, es-
tamos diante de um capítulo que vai nos dar os pontos básicos para trilhar 
o caminho que é o projeto de pesquisa. Como organizar e planejar o que 
se quer fazer. Esse será o objeto básico nesse capítulo, pois o projeto visa 
exatamente isso.
Já no sétimo capítulo, o objeto de discussão será a temática da pesqui-
sa online. Vive-se hoje um espaço de grande influência das mídias sociais 
e saber valer-se delas será o ponto básico do capítulo. As fontes são confi-
áveis, a questão da credibilidade será o ponto central do capítulo.
O que significa e representa ser ético? Como é ser ético na pesquisa? 
são algumas das questões de estudo nesse capítulo. Usar fonte de outra 
autoria sem citá-la é ser ético?
No fechamento do livro a atenção estará voltada ao capítulo sobre a 
comunicação na pesquisa, ou seja, a partir do momento em que se pes-
quisa, se constrói o conhecimento e a aprendizagem de como comunicar 
o resultado desse momento para os outros. Eis a discussão do capítulo.
Com a provocação de Rubem Alves, na obra “Entre a ciência e a sapi-
ência”, concluo a apresentação da presente obra
Pensa-se, comumente, que a tarefa de um político é administrar 
o país: pôr a casa em ordem, construir coisas novas, conser-
vi Apresentação
tar coisas velhas, cuidar das finanças, da saúde, da seguran-
ça, da justiça, dos meios de comunicação, incluída, inclusive, a 
administração dos meios de escolarização existentes, coisa sob 
a responsabilidade do ministério da educação. Discordo. Existe 
uma diferença qualitativa entre aquilo que fazem os ministérios 
administrativos e aquilo que o ministério da educação deve fazer. 
A diferença entre eles é simples. Os ministérios administrativos 
cuidam do hardware do país. Eles lidam com a ‘musculatura’ 
nacional. O ministério da educação tem a seu cuidado o sof-
tware do país. Ele cuida da ‘inteligência’ nacional. Seu objetivo 
é fazer o povo pensar. Porque um país – ao contrário do que me 
ensinaram na escola – não se faz com as coisas físicas que se 
encontram em seu território, mas com os pensamentos de seu 
povo (ALVES, 2001, p. 24)1. 
Como estamos fazendo e produzindo ciência na Universidade? Será 
que os processos adotados contemplam uma formação de qualidade e 
ética?
Vamos conversar sobre essa relação no decorrer dos capítulos do livro 
e do desenvolvimento da disciplina. Você está sendo convidado e convoca-
do para esse diálogo. Espero e desejo que seja proveitoso e auxilie no seu 
desenvolvimento de competências e habilidade.
Prof. Dr. Laíno Alberto Schneider
ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência.: o dilema da educação. 6. ed. São 
Paulo: Loyola, 2001.
 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência ............................1
 2 Conhecimento Científico .....................................................23
 3 Fundamentos da Pesquisa Científica....................................45
 4 Tipos de Pesquisa ...............................................................64
 5 Metodologia da Pesquisa ....................................................83
 6 Projeto de Pesquisa ...........................................................104
 7 Pesquisa Online ................................................................123
 8 Credibilidade das Fontes...................................................138
 9 Ética na Pesquisa ..............................................................154
 10 Comunicação na Pesquisa ................................................173
Sumário
Prof. Dr. Laíno Alberto Schneider1
Capítulo 1
O Papel da Universidade 
no Fazer Ciência1
1 Formação acadêmica em filosofia e antropologia. Formado em filosofia pela FAFIMC, 
em 1987. Pós-graduado em 1991, como mestre em Antropologia Filosófica pela 
PUCRS. Doutor em Filosofia pela UPS (Salamanca - Espanha), 2000, e o reconhecimen-
to pela UFRGS, em 2006, como Doutor em Antropologia Social. Educador e pesqui-
sador da ULBRA desde 1991. Coordenador geral da Educação a Distância da Ulbra 
nos anos de 2009 e 2010. Coordenador no ano de 2011 no Programa Permanente 
de Acessibilidade da ULBRA. Membro do CEP da ULBRA. Membro titular do CONSUN. 
Coordenador Institucional do PPA da Instituição. Membro da Comissão da ABED. 
2 Instrumentalização Científica
Introdução
A universidade é o espaço e a instituição onde a sociedade, 
como um todo, pode e deveria ter o seu laboratório de apren-
dizagem, poisé nela que as fronteiras do pensar precisam es-
tar abertas e que se aprenda a discutir ideias e não pessoas. 
Como são as ideias que movem as pessoas, é fundamental 
que as universidades tenham claro que nela não pode existir 
espaço para doutrinamentos e, sim, que tenhamos espaços 
para revisar e refletir o tipo de sociedade e ciência que que-
remos.
Você está sendo convidado e provocado para pensarmos e 
refletirmos sobre o papel da universidade no fazer ciência que 
queremos e precisamos. Para trilharmos esse caminho, come-
çaremos o percurso discutindo a produção e a gestão de co-
nhecimento. Será que o conhecimento que se produz e o que 
se precisa e mais, na produção desse conhecimento: como 
e quem fará gestão? Queremos uma gestão participativa e, 
se sim, como será feita. Logo em seguida vamos parar para 
analisarmos o sentido da construção crítica do conhecimento. 
Para que serve o conhecimento e como ele será utilizado no 
espaço profissional, pessoal e social? Será que o que estamos 
aprendendo ou discutindo é o que deveria ser trabalhado?
A partir da análise crítica sobre o conhecimento, vamos 
refletir sobre a ciência diante da perspectiva da universidade. 
Afinal, qual é e qual deveria ser o papel da universidade diante 
a ciência? Buscando pensar sobre essa realidade passaremos 
a verificar como, em função do que pode e deveria ser de-
senvolvido na universidade, ela pode ser o grande agente de 
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 3
transformação da sociedade. Nesse sentido, que papel a uni-
versidade deve ocupar?
São essas questões que irão nos orientar no decorrer do 
desenvolvimento do capítulo. Vamos refletir e pensar como a 
universidade pode e deve participar do processo da discussão 
sobre a ciência. Que tenhamos bons motivos para avançar 
nas ideias. Que a jornada seja produtiva!
1.1 A produção e gestão do Conhecimento
Uma das tarefas que a universidade se impõe é a de produzir 
conhecimento a partir das informações existentes.
Para sobreviver, as universidades têm de estar ao serviço 
destas duas idéias mestras - sociedade de informação e 
economia baseada no conhecimento - e para isso têm 
de ser elas próprias transformadas por dentro, por via 
das tecnologias da informação e da comunicação e dos 
novos tipos de gestão e de relação entre trabalhadores 
de conhecimento e entre estes e os utilizadores ou consu-
midores. (SANTOS, 2005, p. 28-9)
É no espaço universitário que nos deparamos com uma 
diversidade de experiências que cada um apresenta e traz. Tra-
balhar nesse gerenciamento é algo complexo e que exige das 
instituições habilidades e competências para administrar tais 
situações.
4 Instrumentalização Científica
As informações são os pontos de partida para que seja 
possível administrar essas experiências e transformá-las em 
algo capaz de ser sustentado. Como existe uma variedade 
de dados nas informações, saber trabalhar com elas exige da 
Universidade uma habilidade toda especial, pois é fundamen-
tal que se aprenda a discutir ideias e não pessoas. O momen-
to pode parecer para alguns fácil, mas é a primeira questão 
que precisa ser assumida e construída como central, pois é na 
universidade que o espaço da diversidade de ideias precisa 
ser buscado, pois é o espaço de aprendizagens e testes das 
experiências defendidas.
É a partir dessas informações que cada pessoa vai cons-
truindo a sua memória que é capaz de documentar o que no 
cenário vivo se está testemunhando. Graças a isso é que cada 
pessoa é uma memória da história que aí está sendo escrita. 
Talvez nem todos sejam ouvidos e escutados para contar a sua 
versão, mas são essas informações que a universidade precisa 
aprender a ouvir para contar e analisar.
1.2 A construção crítica do conhecimento
É no mergulho e no aprofundamento dos detalhes que o co-
nhecimento requer e apresenta os seus critérios. Com muita 
frequência as informações são vistas como um segundo plano 
na construção do conhecimento, mas em essência é somente 
em função das informações que se podem elaborar as críticas.
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 5
Então, o que significa ser crítico? Na perspectiva grega: 
é a arte de discernir, separar e julgar. Ora, se somos conta-
minados com a vestimenta de um juiz, não podemos tomar 
decisões circunstanciais e oportunas. É por isso que o conheci-
mento exige rigor e reflexão, pois a verdade é um processo de 
eterno desvelamento. Descobrir algo que até então não tinha 
sido revelado é o espírito que a construção crítica do conheci-
mento universitário exige.
As informações diversas requerem um exame cuidadoso, 
pois:
Professor é aquele que aprende ensinando e nesse senti-
do, a grande lição do processo científico é a de acabar 
com o autoritarismo dos mestres e transformar todos, 
mestres e discípulos, em alunos. Ambos precisam apren-
der a reformular problemas, pois estes não se apresen-
tam por si mesmos. (PAVIANI, 2005, p. 102)
Conhecimento é o ato ou efeito de conhecer, é ter ideia ou 
noção de alguma coisa. É o saber, a instrução e a informação. 
Compreender e entender que esses momentos são complexos 
e que exigem rigor, auxiliam demonstrando que pode ser con-
tada de várias formas, pois, a partir das informações de cada 
ator do cenário, o olhar de cada um é descoberto segundo a 
sua condição. O mesmo, reunindo melhores condições que o 
outro, será capaz de examinar as situações. É por isso que a 
construção do conhecimento precisa passar pelo crivo da críti-
ca. Visto que para julgar ou analisar algo, algumas condições, 
assim como para ser crítico, exige estrutura e base.
6 Instrumentalização Científica
Estou ouvindo “Eu não existo sem você”, de Tom Jobim. 
Só posso ouvi-la por causa da ciência. Foi a ciência que, 
com teorias e medições, construiu meu computador. Foi 
ela que, com teorias e medições, produziu o cd, tradu-
zindo a música em entidades eletrônicas definidas. Mas 
um engenheiro surdo poderia ter feito isso. Porque as 
redes da ciência não pegam música. Pegam entidades 
eletrônicas quantificáveis. Assim, um cientista que fosse 
também um filósofo, ao declarar “Isso não é científico”, 
estaria simplesmente confessando: “Isso, as redes da ci-
ência não conseguem pegar. Elas deixam passar. Seria 
necessário outra rede...”. (ALVES, 2001, p. 103)
Ser crítico, essencialmente, é isso, ou seja, por mais orga-
nizado ou científico, sempre existe espaço para novas desco-
bertas e releituras. Dessa forma, a Universidade precisa ser 
um ambiente capaz de provocar novas reflexões. Assim como 
para Sócrates que afirmava: “Só sei que nada sei”, a verdade 
jamais está dada ou é definitiva. Alimentar esse espírito é pri-
mordial e central no espaço acadêmico.
Para a construção científica do conhecimento se faz ne-
cessário entender que a verdade não é exclusiva e nem úni-
ca, pois existem momentos em que é necessário saber remar, 
assim como em outros é fundamental acreditar e ter fé. Nem 
sempre é possível a prova, mas aprender a buscar as respostas 
é o constante desafio que precisamos aprender na Universida-
de. Precisamos do rigor, mas também precisamos do tempo, 
amadurecimento e maturidade. Aprender que todas as etapas 
compõem o cenário do conhecimento, é ser capaz de com-
preender e de aceitar outras versões. A construção científica 
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 7
do conhecimento exige a sabedoria de quem mais aprendeu 
no processo, não na chegada, mas na partida e durante a 
jornada.
Será que é possível afirmar: “As ideias ou as minhas convic-
ções são iguais as suas?”
É diante de tais indagações que se faz necessário a crítica, 
pois são elas que nos possibilitam a revisão de paradigmas. 
Revisar as convicções é uma tarefa que precisa estar presente 
sempre, pois não pode existir espaço para a arrogância de se 
pensar que a verdade é absoluta e definitiva.
A ciência é muito boa – dentro de seus precisos limites. 
Quando transformada na única linguagem para se co-
nhecero mundo, entretanto, ela pode produzir dogmatis-
mo, cegueira e, eventualmente, emburrecimento. (ALVES, 
2001, p. 115)
Compreender que o conhecimento se constrói de múltiplas 
formas e perspectivas, como as religiosas, filosóficas, senso 
comum, mítico e científico, é ser capaz de entender que uma 
música é muito mais capaz do que a harmonia. Uma coisa é 
saber tocar piano e outra é ser capaz de se emocionar diante 
da harmonia que é tocada. A construção do espírito crítico do 
conhecimento precisa nos apresentar a essa lição. O mesmo 
motivo que emociona a uma pessoa, para outra pode ser de-
monstração de imaturidade. Como explicar isso?
8 Instrumentalização Científica
1.3 Uma reflexão sobre a ciência
Olhando a perspectiva da ciência, o senso comum quer nos 
ensinar que a ciência é exata e precisa! Mas será que ela real-
mente é? Será que o olhar da ciência social é igual aos outros 
modelos da ciência? Talvez seja parecido no seu processo, 
mas é diverso no seu olhar.
A ciência é uma forma particular de conhecer o mun-
do. É o saber produzido através do raciocínio lógico 
associado à experimentação prática. Caracteriza-se por 
um conjunto de modelos de observação, identificação, 
descrição, investigação experimental e explanação teóri-
ca de fenômenos. O método científico envolve técnicas 
exatas, objetivas e sistemáticas. Regras fixas para a for-
mação de conceitos, para a condução de observações, 
para a realização de experimentos e para a validação 
de hipóteses explicativas. O objetivo básico da ciência 
não é o de descobrir verdades ou de se constituir como 
uma compreensão plena da realidade. Deseja fornecer 
um conhecimento provisório, que facilite a interação 
com o mundo, possibilitando previsões confiáveis sobre 
acontecimentos futuros e indicar mecanismos de controle 
que possibilitem uma intervenção sobre eles. (FONSECA, 
2002, p. 11-2)
A partir da definição de Fonseca podemos nos questionar: 
Por que se é ciência o conhecimento é provisório? Assim como 
os nossos conhecimentos são, sobretudo, uma constante mu-
dança, visto que sempre estamos agregando algo novo no já 
existente, o entendimento sobre a verdade e da ciência está 
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 9
em eterno processo. Por vezes, tem-se a ideia de que a ciência 
é precisa e definitiva, mas isso não passa de uma visão errô-
nea da própria ciência, pois a partir das novas descobertas, 
novos processos são desencadeados.
O conhecimento é provisório pelo fato de que as leituras 
que são feitas sobre os cenários serem constantemente desve-
ladas.
A tarefa que a essência se impõe é a tarefa da atenção 
e da busca à verdade como meta. Claro que a ciência parte 
da realidade, isto é, de uma construção para, a partir desse 
momento, ir em busca do que aparece. Na medida em que os 
conhecimentos forem sendo ampliados, a identificação sobre 
as situações vão abraçando novas perspectivas. Ampliando-se 
o conhecimento sobre determinada realidade, pessoa, objeto 
de despertar da curiosidade, apresenta novos mecanismos de 
encontro.
A ideia central da ciência precisa ser esta constante vigi-
lância com o que aparece, pois a verdade nunca se mostra no 
seu todo. Essa descoberta requer a atenção e o cuidado com 
os processos, visto que a ciência requer processos sistêmicos 
e estruturados.
Outra questão que se poderia fazer é: Como a ciência 
pode facilitar a interação com o mundo? Ora, na medida em 
que se vai entendendo o que está acontecendo no entorno, as 
ações que o entorno requer também podem ser assimiladas e 
adotadas.
10 Instrumentalização Científica
Outro aspecto central que a ciência possibilita é a com-
preensão e a consciência dos limites dos nossos olhares sobre 
a realidade. A velocidade das informações desencadeia nas 
pessoas um olhar de não mais certeza, mas de necessidades 
de constantes revisões e ajustes.
Confiar na ciência é possível, mas com convicção de que 
a explicação apresentada não mais conta a história do que 
precisa ser contado. A ciência, como tal, é confiável até o 
momento em que a ciência que se tem sobre a realidade for 
aquela, a partir do momento, em que ela não mais explica o 
que está acontecendo, existe a necessidade de atualização.
O registro dessa memória é a tarefa que se impõe na Uni-
versidade, ou seja, documentar as informações que os atores 
desse cenário podem contar é essencial para que a produção 
do conhecimento seja possível.
Mas a questão que nasce neste momento é: como isso 
pode ser feito?
Esse processo pode e deve ser feito a partir da pesquisa e 
da extensão. É a partir do conhecimento do cenário e de seu 
registro que o legado, que vai sendo apresentado, demonstra 
a história do grande papel que a universidade pode dar. Por 
isso, é no aproveitamento das informações dos mais diversos 
atores que podemos recontar o que se passou e como a histó-
ria precisa ser contada.
A mais rica biblioteca, quando desorganizada, não é tão 
proveitosa quanto uma bastante modesta, mas bem or-
denada. Da mesma maneira, uma grande quantidade de 
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 11
conhecimento, quando não foi elaborada por um pen-
samento próprio, tem muito menos valor do que uma 
quantidade bem mais limitada, que, no entanto, foi de-
vidamente assimilada. Pois é apenas por meio da com-
binação ampla do que se sabe, por meio da compa-
ração de cada verdade com todas as outras, que uma 
pessoa se apropria de seu próprio saber e o domina. 
Só é possível pensar com profundidade sobre o que se 
sabe, por isso se deve aprender algo; mas também só se 
sabe aquilo sobre o que se pensou com profundidade. 
(SCHOPENHAUER, 2005, p. 39)
Construir conhecimento requer exatamente esse rigor, pois 
gerenciar e organizar a diversidade exige a compreensão do 
que aí se apresenta. Organizar uma biblioteca requer critérios 
e diretrizes, assim como a produção e a gestão do conheci-
mento. Aprender a ouvir, escutar para ter as várias versões 
sobre o fato é uma tarefa que a universidade deve contar. Só 
que para tal condição precisa ar ao cenário dos atores, através 
da extensão para organizar através da pesquisa as informa-
ções que se transformam ou podem se transformar no produto 
chamado conhecimento.
No entanto, podemos nos dedicar de modo arbitrário 
à leitura e ao aprendizado; ao pensamento, por outro 
lado, não é possível se dedicar arbitrariamente. Ele pre-
cisa ser atiçado, como é o fogo por uma corrente de ar, 
precisa ser ocupado por algum interesse nos assuntos 
para os quais se volta; mas esse interesse pode ser pura-
mente subjetivo. (SCHOPENHAUER, 2005, p. 39)
12 Instrumentalização Científica
Essa subjetividade e objetividade é aprender a produzir e a 
gerenciar o conhecimento. Aprender a contar essas memórias 
é aprender a compartilhar as versões dos atores dos cenários 
para, a partir disso, filtrarmos o que é pertinente. Por isso, o 
conhecimento precisa de gestão, ou seja, existe uma lógica 
que precisa ser contada para ser descoberta.
A pesquisa científica dentro da universidade desempe-
nha papel importante não só na produção de novos co-
nhecimentos, mas também na sua capacidade de tornar 
acessíveis aos seus estudantes os avanços contínuos do 
saber. Assim, o cientista moderno deve ser também um 
decodificador, e a importância da universidade cresce à 
medida que aumenta a sua capacidade de decodificar e 
abranger um número crescente de especialistas nas di-
versas áreas do saber. (MEIS, 1996, p. 33)
Os constantes ajustes que são processados na interação 
das informações com o conhecimento evidenciam-se a partir 
do momento em que novos produtos são apresentados como 
resposta. A descoberta desses novos caminhos que, aliás, 
apontam novos horizontes, vão possibilitando novos saberes e 
novas leituras das realidades.
Se o ponto de partida do conhecimento é a informação, o 
da sabedoria é a capacitação de análise e avaliação. Dessa 
forma, se afirma: Essa atitude foi sábia ou não, pois ela de-
monstra, como passar do tempo, que não foi só uma atitude 
revestida de aprendizagem e significados. No momento em 
que se constata essa identidade, é que nos deparamos com a 
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 13
sabedoria nas ações, ou seja, aprendemos a decodificar o que 
se aprende.
Agora no momento em que se passa que a verdade ou 
aquele momento é único e absoluto, precisamos nos dar conta 
de que na relação de aprendizagem o que precisa acontecer 
não está dado e que, de forma mágica, não se passa para o 
outro o que se sabe. Podemos até por falta de reflexão ou de 
avaliação pensar de outra forma, mas nesse sentido a ênfase 
deixa de ser construção e descobertas e passa a ser de estag-
nação e dogmatismos.
A ênfase principal desta forma de ensinar continua sen-
do a de transmitir ao aluno o maior número possível de 
informações e, dentro desta perspectiva, espera-se que, 
ao completarem seus cursos universitários, os estudantes 
estejam a par dos conceitos atuais das suas respectivas 
áreas profissionais. Entretanto, a explosão do saber dos 
últimos anos tornou esta tarefa impossível e, na reali-
dade, não sabemos ainda como preparar os estudantes 
de forma a torná-los capazes de lidar de forma eficiente 
com a grande quantidade de novas informações gerada 
a cada ano, condição essencial para uma atuação de 
ponta. (MEIS, 1996, p. 33-34)
Por mais incrível que possa parecer essa afirmativa é fun-
damental se dar conta que no texto, palestra, pesquisa passam 
informações e para essas se transformarem em conhecimento, 
se faz necessário uma construção. O ponto de partida são as 
informações, mas elas não podem ser o ponto de chegada, 
visto que os filtros que precisam ser feitos mudam conforme 
14 Instrumentalização Científica
a interação, espaços e tempos. Desta forma, o que a ciência 
precisa é da compreensão de que o conhecimento não está 
dado e, se aparentemente para estar, requer a reflexão e uma 
nova avaliação e exame.
Aprender esse ofício é o que a universidade precisa desper-
tar e construir no seu espaço educacional.
1.4 A transformação da sociedade
É a partir dos novos conhecimentos que precisam ser aprendi-
dos e compartilhados que o espírito de transformação precisa 
estar presente, pois a produção do conhecimento não é algo 
para ficar escondido, mas precisa ser divulgado e comparti-
lhado.
O aprender a trabalhar em equipe a partir das demandas 
e necessidades sociais deve ser a base dentro do espaço Uni-
versitário.
A universidade continua formando uma sociedade indus-
trial ou, na melhor das hipóteses, pós-industrial, já foi ou 
pelo menos vem sendo substituída pela sociedade infor-
macional, na qual o trabalho e a estrutura ocupacional 
não podem ser considerados como sendo o resultado 
de uma evolução linear, a sucessão histórica dos seto-
res primários e secundários às atividades terciárias. Pelo 
contrário, há uma mudança fundamental a partir da divi-
são tecno-organizacional do trabalho a uma matriz mais 
complexa de unidades de produção e atividades diretivas 
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 15
que ordenam a lógica do sistema ocupacional inteiro. 
(CASTELLS, 1996, p. 12)
Todas as conquistas são importantes e fundamentais para 
a sociedade e as pessoas. A partir do momento em que pode-
mos notar que a Universidade é um espaço de debate, cres-
cimento, formação e que o espírito de mudança se instaura, 
começa aí o espírito necessário de empreendedor das trans-
formações sociais. Se, como afirmava Einstein, a “idiotice é 
querer resultados diferentes com as mesmas práticas”, então é 
hora de pensarmos que as ações precisam ser outras para po-
dermos colher novos resultados. Assim como a própria palavra 
“transformação” nos apresenta uma perspectiva de ação e de 
modificação. Essa mudança só é possível se forem buscados 
novos modelos e a Universidade é o espaço para começar 
esse processo.
A universidade deve retomar seriamente a questão de 
sua função social na tensão da cultura e da profissiona-
lização. É preciso encontrar um novo equilíbrio entre a 
formação técnico/profissional e a formação humanista/
cultural. Para isso, é necessário que a universidade leve 
a sério, em todas as áreas de atuação, sua função cultu-
ral. Não se trata apenas de abrir pequenos espaços no 
currículo para a abordagem de temas humanísticos ou 
de artes, mas de ampliar com todo o rigor o conceito de 
formação acadêmica. Isto implica uma revisão profunda 
da prática acadêmica à qual estamos acostumados atu-
almente. (GOERGEN, 1998)
Na esfera social, como podemos constatar na afirmativa 
da citação, é que se apresenta o compromisso das Universida-
16 Instrumentalização Científica
des no contexto atual, pois estão aí os espaços que precisam 
ser ocupados. São inúmeras as possibilidades. Um exemplo 
concreto está no próprio tripé da razão da Universidade que é 
ensino, pesquisa e extensão. Essa ordem está sendo alterada 
hoje por extensão, pesquisa e ensino, ou seja, as questões 
sociais precisam ser discutidas, pesquisadas e amadurecidas 
dentro dos espaços dos cursos. Se existir uma desconexão en-
tre a sociedade e a Universidade, no contexto atual, não po-
demos mais aceitar esse abismo, pois a Universidade precisa 
ser o grande agente provocador e fomentador de uma outra 
sociedade, onde as pessoas e a sociedade possam usufruir do 
resultado buscado na extensão, pesquisa e ensino.
É dentro dessa perspectiva que os papeis centrais da Uni-
versidade precisam ser:
a. Formação profissional. Formar o profissional não é 
só o conteúdo da matriz curricular, mas, sobretudo, 
a formação humana e ética, pois assim como se quer 
um profissional competente no que ele faz, também se 
exige que esse profissional seja um ser humano corre-
to, ético e compromissado com o respeito e dignidade 
humana.
b. Formação política. Eis outro papel importante dentro 
da universidade que precisa ser desenvolvido e traba-
lhado, ou seja, que na formação alimenta-se o espírito 
de aceitar outros pontos de vista e se seja capaz de se 
aprender a discutir ideias sem discutir pessoas. Essa 
articulação política é aprender a administrar pontos de 
vista.
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 17
c. Formação cidadã e social. Na formação cidadã o que 
precisa ser trabalhado é o respeito e a observância 
dos direitos e deveres de todas e todos, pois cidadão 
não é quem vive só na cidade, mas, sobretudo, quem 
aprende a conviver com as diferenças e diversidades.
d. Gestora de informações e construção de conhecimen-
tos. Ser gestora é ser capaz de administrar e implan-
tar as informações que se fundamentam ou não. É no 
espaço da Universidade que as informações precisam 
ser produzidas e examinadas, pois são elas o grande 
combustível de conhecimento.
e. Desenvolvimento do espírito cooperativo e participa-
tivo. Eis um dos grandes desejos dentro do espaço 
educacional, ou seja, como trabalhar em equipe, fa-
zendo com que todos participem e sejam agentes? A 
UNESCO, em um dos seus pilares, exige que as pes-
soas precisam aprender a CONVIVER e não só viver 
em grupo. Nesse sentido, as atividades de extensão, 
pesquisa e ensino, precisam buscar não um momento 
para “inglês ver”, mas um espírito de responsabilidade 
e compromisso. Não posso assinar algo que não com-
preendo.
Certamente poderíamos enumerar outros papeis da Uni-
versidade, mas eis um desafio que pode ser completado a par-
tir dessas provocações iniciais.
A transformação da sociedade acontece a partir do mo-
mento em que os mais diversos atores sociais participam dos 
processos e, em função dessa participação, empoderam no 
18 Instrumentalização Científica
sujeito a conquista emancipatória, isso significa que a Uni-
versidade cumpre a sua tarefa inicial de construir um cidadão 
voltado não ao individualismo, mas com a noção de respon-
sabilidade do que é ser profissional e, como tal, fazer ciência.
Recapitulando
A partir desse capítulo, a ideia básica e central que seprecisa 
buscar na Universidade é a de competência, ou seja, de estar 
preparado para os desafios que a sociedade e a profissão exi-
gem. Para isso, são necessárias as competências, ou seja, ser 
ético, humanista e respeitador dos direitos das pessoas.
Administrar o conhecimento examinando-o é uma cons-
tante e aprender isso na Universidade é alcançar as sandálias 
da humildade, pois como já nos ensinou Sócrates: “Uma vida 
não examinada não merece ser vivida” e “só sei que nada sei”. 
Se essas lições forem aprendidas, o papel da Universidade se 
realizará.
Um grande abraço e até a próxima jornada temática!
Referências
ALVES, Rubem. Entre a sapiência e a ciência. O dilema da 
educação. 6. ed. São Paulo: Editora Loyola, 2001.
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 19
CASTELLS, M. Fluxos, redes e identidades: Uma teoria crítica 
da sociedade informacional. In: Novas Perspectivas Crí-
ticas em Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. For-
taleza: UEC, 2002. Apostila.
GOERGEN, Pedro. Ciência, sociedade e universidade. Educ. 
Soc., Campinas, v. 19, n. 63, p. 53-79, Aug. 1998 . Dis-
ponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0101-73301998000200005&lng=en&nrm
=iso>. Acesso em: 28 ago. 16.
MEIS, L. de e LETA, J. O perfil da ciência brasileira. Rio de 
Janeiro: Ed. UFRJ, 1996.
PAVIANI, Jayme. Problemas de filosofia da educação: o cul-
tural, o político, o ético na escola, o epistemológico no 
ensino. 7. ed. Caxias do Sul: Edues, 2005.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A Universidade no século 
XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da 
Universidade. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre: 
L&PM, 2005
Atividades
 1) Na perspectiva grega: é a arte de discernir, separar e jul-
gar. O conceito se referre a qualidade de ser:
20 Instrumentalização Científica
a) Crítico.
b) Honesto.
c) Pontual
d) Acrítico.
e) Justo.
 2) Qual é o filósofo que afirma “só sei que nada sei”?
a) Aristóteles.
b) Descartes.
c) Sócrates.
d) Platão.
e) Santo Agostinho.
 3) Por que o conhecimento é provisório?
a) Pelo fato de as leituras que são feitas sobre os cená-
rios serem constantemente desveladas.
b) Pelo fato de as leituras que são feitas sobre os livros 
serem constantemente descobertas.
c) Pelo fato de as cópias que são feitas sobre os cenários 
serem raramente desveladas.
d) Pelo fato de as leituras que são feitas sobre os cenários 
serem rígidas.
e) Pelo fato de as leituras não serem feitas de forma cons-
tante.
Capítulo 1 O Papel da Universidade no Fazer Ciência 21
 4) Qual é o principal requisito para se construir conhecimen-
to?
a) Estudo.
b) Conversa.
c) Rigor
d) Persistência.
e) Conexão.
 5) Assinale a 2ª coluna de acordo com a 1ª.
a) Formação política. ( ) Respeitar a observância dos 
direitos e deveres de todas e todos, 
pois cidadão não é quem vive só 
na cidade, mas, sobretudo, quem 
aprende a conviver com as diferenças 
e diversidades.
b) Formação cidadã e social. ( ) Um profissional como um 
ser humano correto, ético e 
compromissado com o respeito e 
dignidade humana.
c) Formação profissional. ( ) Segundo a UNESCO, em um dos 
seus pilares, exige-se que as pessoas 
precisem aprender a CONVIVER e 
não só a viver em grupo.
d) Gestora de informações e 
construção de conhecimentos.
( ) Aprender a administrar pontos de 
vista. 
e) Desenvolvimento do espírito 
cooperativo e participativo.
( ) Ser capaz de administrar e 
implantar as informações que se 
fundamentam ou não.
22 Instrumentalização Científica
A sequência correta é:
a) B- D- E- A- C
b) B- C- E- D - A
c) A - C- E- B- D
d) A- C- B- A- D
e) B- C- E- A- D
Conhecimento Científico1
1 Possui graduação de Licenciatura Plena em Filosofia pela Faculdade de Filosofia 
Nossa Senhora da Imaculada Conceição – Viamão/RS; Especialização Sensu Lato 
em Administração Educacional; Mestrado em Educação pela UFRGS. Atualmente é 
professor na Universidade Luterana do Brasil - ULBRA - Canoas/RS, na modalidade 
EAD, atuando em vários cursos e na modalidade presencial ministrando a disciplina 
de Instrumentalização Científica.
Prof. Ms. Cosme Luiz Chinazzo1
Capítulo 2
24 Instrumentalização Científica
Introdução
Neste capítulo iremos abordar sobre o conhecimento científi-
co, partindo da concepção de que o homem é o único animal 
que faz a pergunta do “por quê?” que questiona sobre a sua 
existência, sobre o cosmo. Essa inquietação perante o univer-
so o torna um ser singular, complexo e inquieto por natureza. 
Como já afirmava Aristóteles apud Zilles: “Todos os homens 
têm, por natureza, o desejo de conhecer” (1994, p. 15).
Existem múltiplas formas de conhecer, por isso um objeto 
poderá ser analisado por diferentes olhares, e sobre determi-
nado objeto poderão ser construídas diferentes compreensões, 
desse modo, na segunda parte desse capítulo vamos identifi-
car e estudar cinto tipos diferentes de conhecimento.
2.1 O que é conhecimento?
O conhecimento está presente no nosso cotidiano de forma 
muito natural, desde cedo somos instigados e alertados pelos 
nossos pais, parentes, professores ... a conhecer. Desse modo, 
vamos recebendo as informações e adquirindo uma compre-
ensão sobre as coisas do mundo, sobre as relações humanas 
sobre as questões sociais, culturais, políticas que estão aconte-
cendo e acontecem no nosso entorno. Mas as questões perti-
nentes são: O que é conhecer? É possível o conhecimento? O 
que é verdade? Como é produzido o conhecimento?
Capítulo 2 Conhecimento Científico 25
É importante mencionar que desde a Antiguidade muitos 
pensadores pré-socráticos já se preocupavam com o proble-
ma do conhecimento humano e com a verdade. Esse conhe-
cimento era chamado de filosofia da natureza, que tinha a 
preocupação em compreender de forma racional a natureza 
das coisas e do homem e dos deuses.
A epistemologia1 ou teoria do conhecimento é um ramo 
da filosofia “que indaga pela possibilidade, origem, essência, 
limites, pelos elementos e pelas condições do conhecimento”. 
Composta de dois termos gregos – episteme “ciência” e logia 
“conhecimento” – a palavra epistemologia significa conheci-
mento filosófico sobre a ciência.
Como seu próprio nome indica, a teoria do conhecimen-
to tem como objetivo explicar ou interpretar filosoficamente o 
conhecimento humano. Busca um critério de certeza sobre o 
conhecimento, ou seja, a adequação entre o objeto do conhe-
cimento e seu conteúdo, a coerência entre o pensamento e a 
realidade por ele intencionada.
Etimologicamente, da língua francesa temos connaissance 
que quer dizer conhecimento: con quer dizer com e nais-
sance significa nascer. Logo, conhecimento = nascer com. 
Assim, no ato de conhecer, o sujeito conhecedor nasce como 
ser pensante e, concomitantemente com ele, nasce o objeto 
que ele pensa e conhece. O processo de produção do conhe-
cimento mostra aos homens que eles jamais são alguma coisa 
pronta, na medida em que estão sempre nascendo de novo, 
1 O termo epistemologia é usado pelos anglo-saxões. Entre os povos de língua 
neolatina, a teoria do conhecimento é também chamada de gnosiologia.
26 Instrumentalização Científica
quando têm coragem de se mostrarem abertos diante da rea-
lidade. Em outras palavras, o homem é um ser aberto para o 
conhecimento.
Para que exista o ato de conhecer, é indispensável o rela-
cionamento de dois elementos básicos: sujeito e objeto. Con-
forme a corrente filosófica, será dada maior ênfase ao SUJEI-
TO ou ao OBJETO, assim, sabemos que os racionalistas2 dão 
maior importância ao sujeito, enquanto que os empiristas3 
dão maior importância ao objeto.
O ato de conhecer envolve o dualismo sujeito e objeto, 
onde encontram-se frente a frente. Nesse dualismo encontra-
mos a essência do conhecimento. Esse é o resultado da re-
lação entre os dois elementos. É relação e ao mesmo tempo 
correlação, porque o sujeito só ésujeito para um objeto e o 
objeto só é objeto para um sujeito. Mas tal correlação não é 
reversível, pois ser sujeito é algo completamente distinto de ser 
objeto. E a função do sujeito é a de apreender o objeto, e a 
função do objeto é de ser apreendido pelo sujeito.
O sujeito, no caso que nos interessa aqui, é o ser huma-
no que construiu a faculdade da inteligibilidade, construiu 
um interior capaz de apropriar-se simbólica e representa-
tivamente do exterior, conseguindo, inclusive, operar de 
2 Racionalismo é uma corrente filosófica que dá a prioridade à razão, como instru-
mento na construção do conhecimento, onde a razão é mais importante do que os 
sentidos no ato conhecer. 
3 Empirismo é uma corrente filosófica que dá prioridade aos sentidos como via 
para a obtenção do conhecimento. A palavra empirismo significa experiência. 
Como dizia John Locke, nada existe na mente do ser humano que não tenha sua 
origem nos sentidos.
Capítulo 2 Conhecimento Científico 27
forma abstrata com seus símbolos e representações. O 
objeto é o mundo exterior ao sujeito, que é representado 
em seu pensamento a partir da manipulação que executa 
com eles. (LUCKESI, 1995, p. 16)
Nesse tocante se impõe um questionamento filosófico e 
científico, ou seja, é possível o homem apreender o objeto? 
Historicamente formaram-se três versões filosóficas sobre essa 
questão: ceticismo, dogmatismo e criticismo.
O CETICISMO é uma corrente filosófica que iniciou no 
século IV a.C com o filósofo Górgias que dizia: “o ser não 
existe; se existisse, não poderíamos conhecê-lo; e se pudés-
semos conhecê-lo, não poderíamos comunicá-lo aos outros” 
(GÓRGIAS apud COTRIM, 2010, p. 161). Em outras palavras, 
o homem não tem a possibilidade de conhecer a verdade.
O DOGMATISMO é um termo usado pela filosofia, que 
vem do grego e significa opinião, na qual acredita que o ho-
mem pode atingir a verdade absoluta e indiscutível. Filosofica-
mente são pensamentos contrários ao ceticismo, acredita na 
possibilidade de o homem conhecer a verdade.
O CRITICISMO surgiu com a proposta de superar as diver-
gências entre ceticismo e dogmatismo. A proposta de refletir a 
questão do conhecimento com critérios que conduzem a uma 
análise com fundamentação teórica para fins de se obter um 
conhecimento.
O conhecimento é a compreensão inteligível da realidade 
exterior que no interior do homem forma um pensamento abs-
trato, que lhe permite expressar como é, por que é, a realida-
28 Instrumentalização Científica
de. Permitindo assim, uma ação e uma adequação do homem 
sobre essa mesma realidade. Sem dúvida, conhecer é sempre 
um ato desafiador em busca de sentidos e significados das coi-
sas, é esclarecer o que estava duvidoso, é clarear o que estava 
obscuro, é iluminar o que estava na escuridão.
2.2 Tipos de conhecimento
Existem várias formas de descrever a realidade, ou seja, so-
bre um mesmo objeto ou sobre uma determinada situação as 
análises e as interpretações poderão tomar rumos diferentes e 
específicos. Há uma multiplicidade de tipos de conhecimen-
tos possíveis, por questões didáticas, passamos a caracterizar 
apenas cinco, quais sejam: mito, senso comum, teológico, fi-
losófico e científico. 
2.2.1 O conhecimento mítico
O ser humano, desde os tempos mais remotos, sempre bus-
cou explicações para compreender os fenômenos do mundo 
e a sua própria existência. Mesmo antes de inventar a escri-
ta, os seres humanos já buscavam explicações dos fenômenos 
da natureza com o intuito de aquietar suas angústias e suas 
dúvidas perante o desconhecido. O mito é considerado, his-
toricamente, a primeira forma narrativa de explicação e com-
preensão sobre a origem do mundo, do homem e dos deuses.
O mito constitui uma compreensão espontânea e intuitiva 
de o homem situar-se no mundo. São expressões que estão 
Capítulo 2 Conhecimento Científico 29
vinculadas às questões emocionais, sentimentais e afetivas vi-
venciadas no cotidiano, portanto, não constituem compreen-
sões racionais e nem científicas. Não são oriundas de reflexões 
conduzidas com rigor de um método científico. No entanto, 
não são desprezíveis, pois constituem verdades intuídas que 
representam o mundo real de uma determinada situação.
Uma leitura apressada nos faria entender o mito como 
uma maneira de explicar a realidade ainda não justifica-
da pela razão. Sob esse enfoque, os mitos seriam lendas, 
fábulas, crendices e, portanto, uma forma menor de co-
nhecimento, prestes a ser superado por explicações mais 
racionais. No entanto, o mito é mais complexo e mais 
rico do que supõe essa visão redutora. Mesmo porque 
não são só os povos “primitivos” que elaboram mitos, a 
consciência mítica persiste em todos os tempos e culturas 
como componente indissociável da maneira humana de 
compreender a realidade. (ARANHA, 2003, p. 72)
As explicações míticas fundamentam-se nas tradições e nas 
questões culturais que regulam a vida dos seres humanos de 
uma determinada comunidade. O mito não é uma expressão 
delirante de um narrador, nem é uma simples mentira, mas 
traduz um modo de vida humana que está inundada de sen-
timentos, de intuições, de angústias, de medos etc., são os 
sentimentos mais genuínos do ser humano perante o mundo 
desconhecido.
30 Instrumentalização Científica
2.2.1.1 Método do mito
As explicações míticas, dos povos primitivos, eram realizadas 
através de narrações que passavam de geração para gera-
ção de forma oral. “A voz desempenha um papel primordial 
nas sociedades orais, nas quais as palavras são dotadas de 
um poder mágico. [...] as sociedades primitivas creem basi-
camente no que se fala e no que se ouve” (MATTAR, 2015, 
p. 35). Tais narrativas sempre constituíam representações da 
realidade vivenciada, ou seja, narravam os acontecimentos 
mais significativos e que traduziam traços de identificação cul-
tural. As narrativas míticas forneciam suporte para conduzir a 
continuidade da vida em comunidade, vinculando os mem-
bros dessa comunidade a um passado histórico no qual todos 
se identificavam e acomodavam suas inquietudes. Portanto, a 
comunicação oral tinha a função de aquietar as angústias psí-
quicas do homem e, também, de memorizar os aprendizados 
e os registros da cultura.
As sociedades orais em geral são nômades. Nelas, a lin-
guagem sonora e a audição são essenciais, e a memória 
é a única maneira de registrar o conhecimento. A infor-
mação transmitida pela voz de uma forma poética, por 
meio de repetições, fórmulas rítmicas, métricas, rimas 
etc. Os poemas homéricos, por exemplo, eram recitados 
e decorados de geração para geração. Nesse sentido, 
as sociedades orais implicam um envolvimento mais pro-
fundo das pessoas e uma consciência mais intensa do 
contexto em que ocorre a comunicação. (MATTAR, 2015, 
p. 35-6)
Capítulo 2 Conhecimento Científico 31
A verdade do mito é uma verdade autêntica, isto é, sua 
origem está intimamente ligada às tradições constituídas e pra-
ticadas por sucessivas gerações que orientavam suas vidas a 
partir de valores, regras, narrativas que cultivavam e idealiza-
vam como modelo para as diferentes atividades humanas.
2.2.2 O conhecimento do senso comum
O conhecimento do senso comum também é denominado 
como conhecimento “popular” ou “vulgar”. “A forma ordiná-
ria de o homem criar suas representações é através do senso 
comum, que surge da necessidade de resolver problemas ime-
diatos da vida cotidiana. É, portanto, uma forma espontânea 
e assistemática de representar a realidade, sem aprofundar 
os fundamentos da mesma através de um método adequado” 
(DVORANOVSKI, 1997, p. 20). Esse conhecimento está pre-
sente no dia a dia de todas as pessoas sem necessidade de 
realizar maiores investigações ou reflexões.
2.2.2.1 Principais características do senso comum
 Â Superficialidade e imediaticidade – limita-se nas evidên-
cias concretas com o que aparece num primeiro mo-
mento, não se preocupa em levantar hipóteses e ultra-
passar as aparências;
 Â Emotividade e subjetividade– restrito aos aspectos das 
percepções sensoriais, afetivas e emoções vivenciadas 
no cotidiano, depende das elaborações individuais de 
cada pessoa, não opera uma sistematização que pos-
sa aplicar o conhecimento de forma geral ou universal. 
32 Instrumentalização Científica
Não chega a sintetizar uma compreensão mais aprofun-
dada;
 Â Acriticidade - não se preocupa em investigar as causas 
utilizando métodos e técnicas adequadas com critérios 
para conhecer, averiguar a ‘verdade’, ou seja, aceita a 
primeira explicação, não procede com questionamentos 
que exijam aprofundamento, nem investigação das cau-
sas e consequências;
 Â Valorativo – fundamenta-se a partir de parâmetros de 
valores ligados à subjetividade de quem avalia e deter-
mina sua validação, muito particularizada;
 Â Fatalidade – com frequência atribui ou projeta os acon-
tecimentos no destino ou em Deus;
 Â Dogmaticidade – “a Dogmaticidade se apresenta como 
uma espécie de ‘porto seguro’, no qual o indivíduo se 
ancora e permanece com medo de se aventurar. No 
‘porto seguro’, o indivíduo se abriga em suas próprias 
ideias, noções e valores. Sua concepção de mundo re-
siste a modificações.” (DVORANOVSKI, 1997, p. 22);
 Â Falibilidade – em função das características descritas 
acima, dependendo de sua aceitação e aplicação, o 
senso comum poderá induzir ao erro;
 Â Fragmentação - o senso comum produz conhecimentos 
fragmentados, soltos, ou seja, sua validade e aplicação 
é particularizada, não pode ser aplicado de forma uni-
versal.
Capítulo 2 Conhecimento Científico 33
2.2.2.2 Método do senso comum
Os procedimentos de produção do conhecimento do senso 
comum são muito semelhantes ao método de construção do 
conhecimento mítico, ou seja, origina-se de forma espontânea 
baseado nas experiências vivenciadas no cotidiano.
Um procedimento muito usual no senso comum é a com-
paração ou a dedução casual, é comum expressar-se das se-
guintes formas: “sempre foi assim, então, assim continuará”; 
“deu certo para fulano, então, vai dar certo para mim”.
Outro procedimento muito corrente no senso comum é da 
veracidade da palavra falada e/ou escrita, normalmente se 
expressa das seguintes formas: “porque fulano falou assim ...”; 
“porque todos estão dizendo assim ...”; “está escrito no jor-
nal”.
Também é frequente no senso comum atribuir créditos aos 
sentidos, por isso são frequentes justificativas como: “eu vi com 
meus próprios olhos”; “eu estava lá”; “eu percebi que”.
Devemos salientar que o senso comum é um conhecimen-
to que apresenta determinadas fragilidades, no entanto, não 
pode, nem deve ser desconsiderado. Na verdade, muitas das 
suas compreensões tornam-se o ponto de partida para investi-
gações científicas, filosóficas ou teológicas.
2.2.3 Conhecimento teológico
Manifestações de caráter religioso são encontradas em todas 
as culturas, desde os primórdios da humanidade. Evidentemen-
te, tais manifestações são expressas de formas diversificadas, 
34 Instrumentalização Científica
no entanto, em todas elas encontramos a mesma essência, a 
relação do ser humano com o sagrado.
2.2.3.1 Método do conhecimento teológico
A teologia trabalha a partir das diretrizes da fé, fundamenta 
seus argumentos a partir do dom sobrenatural da fé. O dom 
da fé confere luz especial à mente humana.
O pressuposto fundamental do conhecimento religioso é 
que “DEUS EXISTE” e tem ciência infinita, tem poder infinito, 
portanto, tem poder de se comunicar com os homens, fazen-
do-os participantes de seus próprios conhecimentos (RUIZ, 
2002, p. 105).
Uma das maneiras de Deus se comunicar com os homens 
foi a revelação, isto é, falou aos profetas que transmitiram aos 
outros humanos. E o que Deus revelou está escrito nos livros 
sagrados que compõem a Bíblia.
Os seguidores do conhecimento religioso acreditam que 
tudo que está escrito na Bíblia constitui a ciência divina reve-
lada aos homens e que os conhecimentos contidos na Bíblia 
são autênticos e verdadeiros, pois foram escritos através da 
inspiração divina.
O conhecimento teológico, através do ato de fé, supõe e 
fundamenta-se na existência de Deus e em sua magistral au-
toridade e poder, a esse tipo de aceitação e ato de fé deno-
minamos de dogma. Dogma é uma verdade aceita como in-
contestável, ou seja, aceita-se sem impor questionamentos e/
ou levantar hipóteses. Portanto, o conhecimento religioso não 
Capítulo 2 Conhecimento Científico 35
se define por uma atitude analítica, racional ou científica, mas 
atende e responde as questões importantes da vida humana, 
principalmente, na esfera da afetividade e da ética, pois a reli-
gião estabelece princípios éticos e critérios de justiça.
2.2.4 O conhecimento filosófico
O conhecimento filosófico surgiu na Antiga Grécia quando os 
pensadores gregos começaram a pensar o mundo, o homem e 
os deuses com base na capacidade racional do ser humano. 
Na Grécia antiga a razão tornou-se o instrumento primordial 
para analisar e interpretar a realidade, assim a filosofia foi se 
constituindo como ciência que procura encontrar a verdade 
através da razão. Filosofia é uma palavra grega que significa 
“amor à sabedoria” e consiste no estudo de problemas funda-
mentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verda-
de, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.
2.2.4.1 Método do conhecimento filosófico
Conforme descrito acima, o instrumento primordial da filosofia 
é a razão. O termo RAZÃO deriva da palavra LOGOS, que 
significa contar, reunir, juntar, calcular. Esses verbos sempre 
reivindicam a capacidade de refletir e estabelecer relações. 
Estamos falando da reflexão realizada com método sistemati-
zado que resulta em argumentos claros e com lógica racional 
fundamentada.
A razão é o instrumento que possibilita desvendar o verda-
deiro ser das coisas, é ela que possibilita estabelecer, analisar 
e refletir sobre as múltiplas relações existentes entre as coisas 
36 Instrumentalização Científica
que são objetos de investigação, assim, pela capacidade ra-
cional, o pesquisador poderá reunir, separar, calcular para es-
tabelecer relações e análises exaustivas e aprofundadas para 
descrever as coisas como elas são na sua essência.
A principal exigência do método racional é que as argu-
mentações sejam lógicas e convincentes no plano racional, 
ou seja, sem a necessidade de apelar para graças divinas, 
recorrem unicamente para as capacidades da razão humana. 
Em outras palavras, é um conhecimento que sustenta sua ar-
gumentação na coerência e na lógica do raciocínio.
2.2.4.2 Características da filosofia
A principal característica da filosofia é a atividade da reflexão. 
Reflexão no sentido de retomar, reconsiderar os dados dispo-
níveis, voltar para trás visando retornar com nova concepção.
Saviani (1975) conceitua a filosofia como uma reflexão e 
nos convence que uma reflexão, para ser considerada como 
filosófica, deve observar três requisitos: deve ser radical, rigo-
rosa e de conjunto.
- RADICAL: no sentido de que o filósofo deve se aprofun-
dar, ir às raízes das questões, isto é, não pode aceitar 
explicações ou respostas superficiais.
- RIGOROSA: o filósofo deve proceder com rigor, isto é, 
ter método de investigação para justificar suas argumen-
tações com uma coerência lógica e convincente.
Capítulo 2 Conhecimento Científico 37
- DE CONJUNTO: a filosofia procura manter uma análise 
para investigar as questões dentro de uma visão universal, 
busca produzir conceitos e teorias que sejam aplicáveis 
dentro de uma abrangência globalizante, mantém uma 
perspectiva de totalidade. Enquanto que outras ciências 
se fixam em particularidades, a filosofia busca o todo.
É importante mencionar que o conhecimento filosófico se 
caracteriza por ver o todo da questão e não somente uma par-
te desse todo, como também não é um conhecimento fecha-
do e absoluto. Uma das principais características do método 
filosófico são os questionamentos, as perguntas, para muitos 
filósofos as perguntassão mais importantes do que as respos-
tas. “E talvez uma das características da questão filosófica seja 
o fato de suas respostas, ou tentativas de respostas, jamais 
esgotarem a questão, que permanece assim com sua força 
de questão, a convidar outras respostas e outras abordagens 
possíveis” (IGLÉSIAS, 1991, p. 12).
Para Chauí (2003), uma das características da atitude filo-
sófica é negativa, isto é, saber dizer um não ao senso comum, 
aos pré-conceitos, aos pré-juízos, às experiências simplórias 
do dia a dia, ao estabelecido. É colocar entre parênteses nos-
sas crenças para poder interrogar quais são as causas e qual 
é o seu sentido.
Outra característica da atitude filosófica é positiva, isto é, 
uma interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fa-
tos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. 
É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de 
nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não 
38 Instrumentalização Científica
de outra maneira. O que é? Como é? Por que é? Essas são as 
indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica cons-
tituem o que chamamos de atitude crítica (CHAUÍ, 2003, p. 
18).
2.2.5 Conhecimento científico
O conhecimento científico se apresenta com a pretensão de 
desvendar a dinâmica interna dos fenômenos, identificar e 
conhecer os elementos específicos que compõem cada fenô-
meno, busca a real constituição do objeto investigado, preten-
de atingir o fenômeno nas suas causas, “na sua constituição 
íntima, caracterizando-se, desta forma, pela capacidade de 
analisar, de explicar, de desdobrar, de justificar, de induzir ou 
aplicar leis” (RUIZ, 2002, p. 96).
2.2.5.1 Método do conhecimento científico
Na base do conhecimento científico encontramos o método 
experimental. A experimentação se desenvolve através de pro-
cedimentos rigorosos que permitem ao pesquisador manipular 
e controlar as variáveis do fenômeno investigado. Os resul-
tados de uma experimentação sempre são demonstrados de 
forma concreta, o pesquisador tem condições reais de provar 
e comprovar seus argumentos.
Salientamos para o detalhe que o método experimental 
pode ser aplicado nas mais diversas áreas do conhecimento 
Capítulo 2 Conhecimento Científico 39
humano, ou seja, sua aplicação não fica restrita apenas para 
ambientes de laboratórios.
2.2.5.2 Características do conhecimento 
científico
 Â É programado, sistemático, metódico e orgânico, orde-
na os enunciados de forma lógica estabelecendo as in-
terligações e subordinações existentes entre os mesmos. 
(RUIZ, 2002, p. 97);
 Â É crítico, rigoroso, objetivo e exige demonstração e com-
provação dos resultados apresentados. (RUIZ, 2002, p. 
97);
 Â Nasce da dúvida e se consolida na certeza das leis de-
monstradas, justifica e demonstra os motivos e funda-
mentos de sua certeza. (RUIZ, 2002, p. 97);
 Â Procura as relações entre os componentes do fenômeno 
para enunciar as leis gerais constantes que regem estas 
relações. (RUIZ, 2002, p. 97);
 Â Estabelece leis válidas para todos os casos da mesma 
espécie que venham a ocorrer nas mesmas condições. 
(RUIZ, 2002, p. 97);
 Â Fundamenta-se na objetividade e na evidência dos fa-
tos; e porque essa objetividade e evidência são demons-
tradas experimentalmente ou logicamente, adquire um 
caráter objetivo de validade geral. (RUIZ, 2002, p. 101).
40 Instrumentalização Científica
2.2.5.3 Ciência e método
Muito frequentemente o método científico é apresentado como 
uma “receita” para se fazer ciência, inclusive com etapas deli-
mitadas. Sabemos que muitos já escreveram textos mais pro-
fundos sobre o assunto, mas aqui estão algumas explicações e 
informações sobre o método científico. Os cientistas aprende-
ram a destacar e determinar certas regras por meio da tentati-
va e do erro ao longo de toda a história da ciência.
Existem métodos e existem técnicas, todos nós sabemos. 
Porém, quando tomamos de um modo muito amplo, os dois 
termos podem proporcionar pequenas confusões entre si. No 
entanto, raciocinando com maior rigor sobre o significado de 
cada um deles, pode-se notar a existência de uma diferença 
fundamental entre ambos.
Método = significa caminho para chegar a um fim ou pelo 
qual se atinge um objetivo.
Técnica = é a maneira de fazer da forma mais hábil, segu-
ra, perfeita algum tipo de atividade, arte ou ofício.
Fazendo uma simples comparação pode-se dizer que o 
método é a estratégia da ação. O método indica o que fazer, 
é o orientador geral da atividade. A técnica é a tática da ação. 
Ela resolve o como fazer a atividade, soluciona a maneira es-
pecífica e mais adequada pelo qual a ação se desenvolve em 
cada etapa. Assegura a instrumentalização específica da ação 
em cada etapa do método. Esse, por seu turno, estabelece o 
caminho correto para chegar ao fim, por isso é mais amplo, 
mais geral.
Capítulo 2 Conhecimento Científico 41
Embora os procedimentos variem de uma área da ciência 
para outra, consegue-se determinar certos elementos que dife-
renciam o método científico de outros métodos. Primeiramente, 
os pesquisadores propõem hipóteses para explicar certos fenô-
menos, e então desenvolvem experimentos que testam essas 
previsões. Então, teorias são formadas juntando-se hipóteses 
de uma certa área em uma estrutura coerente de conhecimen-
to. Isso ajuda na formulação de novas hipóteses, bem como 
coloca as hipóteses em um conjunto de conhecimento maior.
No dizer de Cervo (2007, p. 30-31), “existe, pois, um mé-
todo fundamental idêntico para todas as ciências, que com-
preende um certo número de procedimentos ou operações 
científicas levadas a efeito em qualquer tipo de pesquisa. Estes 
procedimentos (...) podem ser resumidos da seguinte maneira:
a) formular questões ou propor problemas e levantar hipó-
teses;
b) efetuar observações e medidas;
c) registrar tão cuidadosamente quanto possível os dados 
observados com o intuito de responder às perguntas for-
muladas ou comprovar a hipótese levantada;
d) elaborar explicações ou rever conclusões, ideias ou opi-
niões que estejam em desacordo com as observações ou 
com as respostas resultantes;
e) generalizar, isto é, estabelecer conclusões obtidas a to-
dos os casos que envolvem condições similares; a gene-
ralização é tarefa do processo chamado indução;
42 Instrumentalização Científica
f) prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas 
condições, é de se esperar que surjam certas relações.
Mesmo assim, o método pode e deve ser adaptado às di-
versas ciências, à medida que a investigação de seu objeto 
impõe ao pesquisador lançar mão de técnicas especializadas”.
Portanto, podemos dizer que a importância do método é 
evidente. O método tem como fim disciplinar o espírito, ex-
cluir de suas investigações o capricho e o acaso, adaptar o 
esforço a empregar segundo as exigências do objeto, deter-
minar os meios de investigação e a ordem da pesquisa. Ele é, 
pois, fator de segurança e economia. Mas não é o suficiente 
a si mesmo, e Descartes exagera a respeito da importância do 
método, quando diz que as inteligências diferem apenas pelos 
métodos que utilizam. O método, ao contrário, exige, para 
ser fecundo, inteligência e talento. Ele lhes dá a potência, mas 
não os substitui jamais.
Em suma, a ciência, através de seu método científico, busca 
a verdade. Os resultados científicos não são verdades abso-
lutas, os cientistas estão permanentemente questionando sua 
própria verdade. E toda a pesquisa é sempre um convite para 
que outros pesquisadores questionem a precisão.
Recapitulando
Ao produzir conhecimento o ser humano apropria-se do ob-
jeto que conhece, concomitantemente, essa posse torna-o um 
ser consciente e com possibilidades de avançar para além das 
Capítulo 2 Conhecimento Científico 43
realidades concretas, consequentemente, pode produzir sua 
existência com liberdade, visando atingir sempre novos status 
de realização pessoal e humana.
Qualquer tipode conhecimento, se for bem usado, pode-
rá ser muito útil para a humanidade, também é verdade que 
qualquer um deles, se for usado de forma inadequada, poderá 
provocar incalculáveis consequências desastrosas para os se-
res humanos e para o planeta terra.
Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pi-
res. Filosofando: Introdução à Filosofia. 3. ed. revisada. 
São Paulo: Moderna, 2003.
CERVO, Amado Luiz; BREVIAN, Pedro Alcino; SILVA, Roberto 
da. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Pearson 
Prentice Hall, 2007.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: 
Ática, 2003.
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Fi-
losofia. São Paulo: Saraiva, 2010.
DVORANOVSKI, Clovis. As relações homem-mundo e a pro-
dução de conhecimento. In: JOHANN, Jorge Renato. In-
trodução ao Método Científico: conteúdo e forma do 
conhecimento. Canoas: ULBRA, 1997.
44 Instrumentalização Científica
IGLÉSIAS, Maura. In: REZENDE, Antonio (Org.). Curso de Fi-
losofia. 4. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.
LUCKESI, Cipriano Carlos; PASSOS, Elizete Silva. Introdução 
à Filosofia. São Paulo: Cortez, 1995.
MATTAR, João. Introdução à Filosofia. São Paulo: Pearson, 
2015.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: Guia para 
eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
SAVIANI, Dermeval. Educação Brasileira. 2. ed. São Paulo: 
Saraiva, 1975.
ZILLES, Urbano. Teoria do Conhecimento. Porto Alegre: EDI-
PUCRS, 1994.
Atividades
1) Por que o homem é o único animal que faz a pergunta 
do porquê?
2) O que é o conhecimento?
3) Qual é a função do mito?
4) Qual seria a consequência se um indivíduo baseasse sua 
existência no senso comum?
5) Qual é a diferença entre método e técnica?
Prof. Dr. Laíno Alberto Schneider1
Capítulo ?
Fundamentos da 
Pesquisa Científica1
1 Formação acadêmica em filosofia e antropologia. Formado em filosofia pela FAFIMC, 
em 1987. Pós-graduado em 1991, como mestre em Antropologia Filosófica pela 
PUCRS. Doutor em Filosofia pela UPS (Salamanca - Espanha), 2000, e o reconhecimen-
to pela UFRGS, em 2006, como Doutor em Antropologia Social. Educador e pesqui-
sador da ULBRA desde 1991. Coordenador geral da Educação a Distância da Ulbra 
nos anos de 2009 e 2010. Coordenador no ano de 2011 no Programa Permanente 
de Acessibilidade da ULBRA. Membro do CEP da ULBRA. Membro titular do CONSUN. 
Coordenador Institucional do PPA da Instituição. Membro da Comissão da ABED. 
Prof. Dr. Laíno Alberto Schneider1
Capítulo 3
46 Instrumentalização Científica
Introdução
Estamos diante de um capítulo e de uma situação em que, pri-
meiramente, nos questionamos sobre o que são Fundamentos, 
pois é diante dessa compreensão que podemos nos lançar no 
estudo sobre a pesquisa científica.
Vamos lá!
Fundamento é tudo aquilo que dá base e solidez ao que 
está em análise. É o princípio sobre o qual se apoia ou se sus-
tenta. É a ação que explica a atitude. Se por um lado a funda-
mentação é a base de tudo, é essencial que se verifique os pe-
rigos que podem ser identificados naqueles fundamentos, pois 
uma posição dogmática pode fazer com que os fundamentos 
dificultem as transformações ou mudanças. Se por um lado o 
fundamento é a base, o alicerce - é importante revisá-los, pois 
é nesse sentido que o presente capítulo vai enfocar a temática.
Logo no início do capítulo vamos refletir sobre o que é a 
pesquisa científica. Será que estamos atentos com aquilo que 
se faz e como se faz? Essa vai ser a questão que vai mergulhar 
nesse tópico. Em seguida será demonstrado como a relação 
entre teoria e prática se completam. Diante do seu olhar da ci-
ência, você é mais prático ou teórico? É mais empírico ou dog-
mático? Eis as questões que serão trabalhados nesse tópico.
No tópico seguinte será demonstrado como a investigação 
científica precisa alinhar-se com a interdisciplinaridade. O que 
é investigação? Como definir interdisciplinaridade? Será que 
investigar é complexo? Qual é a função da interdisciplinarida-
de? Depois de compreender esses dois aspectos, voltaremos a 
Capítulo 3 Fundamentos da Pesquisa Científica 47
nossa atenção para o papel e a importância do método e da 
técnica na pesquisa.
Será uma satisfação caminharmos ao longo do capítulo e 
nos depararmos sobre a temática dos fundamentos da pesqui-
sa científica. Será que somos mais conservadores ou flexíveis 
na busca das respostas? Vamos juntos descobrir.
3.1 O que é a pesquisa científica
Afinal, o que é pesquisa científica? O primeiro aspecto que 
surge a partir da questão é que pesquisa é ir em busca. Fazer 
os filtros e tentar encontrar alguma explicação para o que se 
investiga. Nesse sentido a pesquisa nos dá a ideia de busca, 
de não se conformar com aquilo que está dado e, em vista 
disso, vai levantar informações que possibilitem a justificativa 
do que passa a ser objeto de investigação.
No momento em que a questão se refere à pesquisa cien-
tífica, se faz necessário a observação de todo um rigor, visto 
que:
O conhecimento científico é produzido pela investigação 
científica, através de seus métodos. Resultante do apri-
moramento do senso comum, o conhecimento científico 
tem sua origem nos seus procedimentos de verificação 
baseados na metodologia científica. É um conhecimento 
objetivo, metódico, passível de demonstração e compro-
vação. O método científico permite a elaboração concei-
tual da realidade que se deseja verdadeira e impessoal, 
48 Instrumentalização Científica
passível de ser submetida a testes de falseabilidade. Con-
tudo, o conhecimento científico apresenta um caráter 
provisório, uma vez que pode ser continuamente testado, 
enriquecido e reformulado. Para que tal possa acontecer, 
deve ser de domínio público. (FONSECA, 2002, p. 11)
O que é esse aprimoramento do senso comum?
No cotidiano estamos acostumados a certos procedimen-
tos, mas que na sua maioria das vezes estão limitados de en-
tendimento e justificativas. A partir do momento em que se 
começa a investigar os motivos, o porquê daquilo, dá-se início 
a investigação e, como tal, a partir do momento em que se 
consegue provar o que se está afirmando, as ações começam 
a ser aprimoradas e, com elas, não se aceita mais qualquer 
procedimento.
Assim como o senso comum, passa a se apresentar um 
processo de repetição, precisa-se ter cuidado para que os pro-
cessos investigativos também não se transformem em dogmas 
eternos. É diante dessa perspectiva, que a pesquisa científica 
busca constantemente elementos, releituras dos cenários.
Como toda atividade racional e sistemática, a pesqui-
sa exige que as ações desenvolvidas ao longo de seu 
processo sejam efetivamente planejadas. De modo ge-
ral, concebe-se o planejamento como a primeira fase da 
pesquisa, que envolve a formulação do problema, a es-
pecificação de seus objetivos, a construção de hipóteses, 
a operacionalização dos conceitos etc. Em virtude das 
implicações extracientíficas da pesquisa, consideradas 
na seção anterior, o planejamento deve envolver tam-
Capítulo 3 Fundamentos da Pesquisa Científica 49
bém os aspectos referentes ao tempo a ser despendido 
na pesquisa, bem como aos recursos humanos, materiais 
e financeiros necessários à sua efetivação. (GIL, 2007, 
p. 19)
Na pesquisa científica existe um processo de planejamento 
e organização, o que por outra instância oferece a ideia de 
que a pesquisa exige toda uma elaboração e base.
Realizar um estudo deve levar em conta o tempo, pois para 
ser possível fazer determinada pesquisa, se faz necessário que 
o período que se dispõe seja analisado. Além de se avaliar o 
tempo que se dispõe, é fundamental que na pesquisa científica 
se tenha presente o local em que a pesquisa é feita, pois cada 
local segue um ritual próprio e, também, requer recursos e 
condições para poder ser executado. Da mesma forma que a 
pesquisa de campo, pois essa pesquisa necessita avaliar todo 
o contexto e possibilidades para fazer a pesquisa.
Em função dessa ritualização,uma pesquisa científica de-
verá ser composta de três fases, que conforme PITTA e CAS-
TRO (2016) são o planejamento, execução e divulgação. Na 
primeira fase, temos:
A pesquisa científica deverá ser composta de três fases: 
planejamento, execução e divulgação. A primeira fase, o 
planejamento, é composta por cinco itens: a) ideia bri-
lhante (a pergunta da pesquisa); b) plano de intenção (o 
resumo do projeto de pesquisa); c) revisão da literatura; 
d) teste de instrumentos e de procedimentos; e) projeto 
de pesquisa. (PITTA e CASTRO, 2016)
50 Instrumentalização Científica
O resultado alcançado na pesquisa científica passa, neces-
sariamente, por essas fases, pois no planejamento entra em 
todo o processo de organização, viabilidade, possibilidade, 
tempo, referencial teórico, recursos e tudo o mais que envolve 
essa fase. É no momento de execução que muitas vezes surgem 
as necessidades de revisões e dos ajustes, pois sempre alguns 
aspectos que não estavam previstos se apresentam e exigem 
adequações e adaptações. Há momentos em que, inclusive, se 
faz necessário retornar ao ponto de partida, pois o que tinha 
sido planejado não estava contemplando essas situações. É 
na execução que os procedimentos éticos, as metodologias e 
técnicas precisam ser observados para que se alcançar o que 
foi proposto. É a execução o momento da prática da pesquisa. 
Sendo ela desenvolvida no laboratório, cenário social ou, ain-
da, o momento da fundamentação teórica - é o momento em 
que as perícias são procuradas. Toda a atenção e rigor nesse 
momento fortalecem a possibilidade do sucesso dos resultados 
da execução.
É após a leitura e pesquisa que é chegado o momento de 
pensar na divulgação dos resultados e a publicação também 
não pode ser de qualquer modo, pois se faz necessário que os 
resultados sejam divulgados, observando todo o rigor das re-
vistas, livros, sites e ABNT. Além da necessidade do texto e da 
estruturada pesquisa, precisa-se observar o caráter científico e 
acadêmico na divulgação.
Capítulo 3 Fundamentos da Pesquisa Científica 51
3.2 A relação entre prática e teoria
A pesquisa como um todo é um longo processo de aprendi-
zagem, pois em cada etapa e momento, aspectos novos são 
apresentados e possivelmente aprendidos.
Pesquisa significa diálogo crítico e criativo com a realida-
de, culminando na elaboração própria e na capacidade 
de intervenção. Em tese, pesquisa é a atitude do “apre-
ender a apreender” e, como tal, faz parte de todo pro-
cesso educativo e emancipatório. (DEMO, 1993, p. 80)
A relação que o pesquisador precisa apresentar no desen-
volvimento da sua pesquisa requer observar uma constante in-
teração com o objeto de estudo. É no diálogo que se abre a 
possibilidade de se aprender ou ainda de se responder, pois na 
medida em que se vai dialogando, o que está acontecendo é 
um momento de interação.
A realidade que se quer captar é a mesma para todos, 
mas para captar é preciso concepção teórica dela, que 
pode ser diferente em todos, dependendo do que se de-
fine por ciência, por método, ou do ponto de partida e 
do ponto de vista, ou da ideologia subjacente, ou de cir-
cunstâncias so ciais condicionantes ou condicionadas por 
interesses históri cos dominantes. Se numa teoria nunca 
está inclusa a realidade toda, mas tão-somente a manei-
ra de a conceber, muito menos seria pensável encerrar 
em manifestações empíricas. A importância da herme-
nêutica está precisamente no reconhecimento de que a 
interpretação é inevitável. A realidade como tal não de-
52 Instrumentalização Científica
pende da interpretação para existir: existe com ou sem 
intérprete. Mas a realidade conhecida é inevitavelmente 
aquela interpretada. Caso contrário, seria ininteligível a 
disputa teórica entre quadros interpretativos diferentes e 
mesmo contraditórios. (DEMO, 2006, p. 21)
Ou seja, o ponto de observação, a realidade é a mes-
ma, mas as analogias e interpretação demonstram a estrutura 
teórica, as informações e o conhecimento que um apresenta 
nessa jornada. Em cada pesquisa, no amadurecimento que se 
vai colhendo, que se demonstra a robustez da relação entre a 
teoria e a prática, ou não, pois há momentos que pelo repertó-
rio teórico, tais experiências nem precisam ser feitas, testadas, 
pois a aprendizagem acumulada já apresenta o veredito. As-
sim que por outros momentos o processo pode ser inverso. O 
importante na teoria é o elemento conceitual, abstrato que po-
dem conduzir em uma direção ou outra. Nesse sentido, poder 
conciliar a teoria com a prática é aproximar o que se pensa 
com a exemplificação.
A pesquisa prática — que nunca pode ser bem-feita sem 
teoria, método e empiria — é modo salutar de pro dução 
de conhecimento, que possui ainda a vantagem de puxar 
para o cotidiano a ciência. Pode resvalar facilmente para 
o senso comum, mas pode adquirir tonalidades muito 
criativas da sabedoria e do bom senso. Pesquisa prática 
não significa apenas a noção de aplicabilidade concre-
ta, porque seria irônica uma teoria não-aplicável, mas 
sobretudo a prática como parte integrante do processo 
científico como tal. Conseqüência disso será que prática 
deve ser estritamente cur ricular, não fazendo sentido a 
Capítulo 3 Fundamentos da Pesquisa Científica 53
noção truncada de estágio. Pesquisa prática quer dizer 
“olhos abertos” para a reali dade, tomando-a como mes-
tra de nossas concepções. (DEMO, 2006, p. 28)
Se por um lado a teoria questiona, por outro a prática de-
monstra o olhar e a compreensão do que se tinha. É compli-
cado afirmar o que vem antes, se é a teoria ou a prática, mas 
o fundamental é que elas precisam dialogar para evidenciar o 
processo de aprendizagem.
Por um lado as coisas estão dadas de uma forma, agora a 
partir do momento em que questiona essa realidade, começa-
-se a observar de outra forma o processo.
As diversificações na busca do saber e do conhecimento, 
segundo caracteres e potenciais humanos, originaram 
contingentes teóricos e práticos diferentes a serem des-
tacados em níveis e espécies. O homem, em seu ato de 
conhecer, conhece a realidade vivencial, porque se os fe-
nômenos agem sobre os seus sentidos, ele também pode 
agir sobre os fatos, adquirindo uma experiência pluridi-
mensional do universo. De acordo com o movimento que 
orienta e organiza a atividade humana, conhecer, agir, 
aprender e outros conhecimentos, se dão em níveis di-
ferenciados de apreensão da realidade, embora estejam 
inter-relacionados. (TARTUCE, 2006, p. 5)
Assim como existe um único caminho para se chegar a 
determinado lugar, a ciência e cada pesquisador vai apresen-
tando, na pesquisa, o seu caráter pessoal, a sua aprendizagem 
do que deu certo ou não.
54 Instrumentalização Científica
Cada pessoa tem alguma vivência diferenciada em relação 
a outra, e isso precisa ter espaço na pesquisa.
São essas aprendizagens e vivências que enriquecem o 
processo da pesquisa. Nesse sentido, o diálogo entre os pes-
quisadores, assim como entre a ciência e a prática, é funda-
mental para se entender e compreender a complexidade dos 
fundamentos da pesquisa científica.
A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades 
racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com 
objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação 
[...] A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, 
certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematiza-
dos e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma 
mesma natureza. (LAKATOS & MARCONI, 1991, p. 80)
Logo, na ciência não existe dono da verdade. Aliás, a ver-
dade nunca está só com uma pessoa, ciência ou sociedade. 
Cada sociedade, pessoa e ciência pode se aproximar e contar 
um pouco de sua leitura momentânea da verdade e da apren-
dizagem.
Para se chegar a alguma verdade, provisória, sempre se faz 
necessário a recusa de muitas outras possibilidades. A ciência, 
portanto, é um processo sem fim, pois em cada momento no-
vas descobertas precisam ser superadas.
Capítulo 3 Fundamentos da Pesquisa

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