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Estômago Localização: Quadrante superior esquerdo do abdome entre o fígado e o baço, imediatamente abaixo do diafragma. Anteriormente ao pâncreas, superiormente ao duodeno e a esquerda do fígado. É parcialmente coberto pelas costelas. O estômago tem quatro partes: Cárdia: a parte que circunda o óstio cárdico, a abertura superior ou entrada do estômago. Em decúbito dorsal, o óstio cárdico geralmente está situado posteriormente à 6ª cartilagem costal esquerda, a 2-4cm do plano mediano, no nível da vértebra T11. Fundo gástrico: A parte superior dilatada que está relacionada à cúpula esquerda do diafragma e é limitada inferiormente pelo plano horizontal do óstio cárdico. A incisura cárdica está situada entre o esôfago e o fundo gástrico. O fundo gástrico pode ser dilatado por gás, líquido, alimento ou pela combinação destes. Em decúbito dorsal, o fundo gástrico geralmente está situado posteriormente à 6ª costela esquerda, no plano da LMC. Corpo gástrico: a parte principal do estômago, entre o fundo gástrico e o antro pilórico. Parte pilórica: A região afunilada de saída do estômago; sua parte mais larga, o antropilórico, leva ao canal pilórico, sua parte mais estreita. O piloro (G. guarda das portas) é a região esfincteriana distal da parte pilórica. É um espessamento acentuado da camada circular de músculo liso que controla a saída do conteúdo gástrico através do óstio pilórico (abertura inferior ou saída do estômago) para o duodeno. Há esvaziamento intermitente do estômago quando a pressão intragástrica supera a resistência do piloro. Normalmente, o piloro encontra-se em estado de contração tônica, de forma que o óstio pilórico é reduzido, exceto quando há passagem ao quimo (massa semilíquida). Ha intervalos Anatomia Problema 2 Sapo Guloso irregulares, a peristalse gástrica faz o quimo atravessar o canal e o óstio pilórico até o intestino delgado, onde continua a mistura, digestão e absorção. O estômago tem duas curvaturas: Curvatura maior: Forma a margem direita côncava mais curta do estômago. A incisura angular, parte inferior da curvatura, indica a junção do corpo gástrico com a parte pilórica do estômago. A incisura angular situa-se logo à esquerda da linha mediana. Curvatura maior: forma a margem convexa mais longa do estômago. Segue inferiormente à esquerda da junção do 5º espaço intercostal e LMC; a seguir, curva-se para a direita, passando profundamente à 9ª ou à 10ª cartilagem esquerda enquanto continua medialmente para alcançar o antro pilórico. Interior do estômago Quando contraída, a mucosa gástrica forma estrias ou rugas longitudinais denominadas pregas gástricas (rugas gástricas); estas são mais acentuadas em direção à parte pilórica e ao longo da curvatura maior. Durante a deglutição, forma-se um sulco ou um canal gástrico temporário entre as pregas ao longo da curvatura menor. O canal gástrico se deve à firme fixação da túnica mucosa gástrica à túnica muscular, que não tem uma lâmina oblíqua nesse local. As pregas pilóricas diminuem e desaparecem quando o estômago está distendido (cheio). Suprimento arterial do estômago Tem origem no tronco celíaco e em seus ramos. A maior parte do sangue provém das anastomoses formadas ao longo da curvatura menor pelas artérias gástricas, direita e esquerda, e ao longo da curvatura maior pelas artérias gastromentais (gastroepiploicas) direita e esquerda. O fundo gástrico e a parte superior do corpo gástrico recebem sangue das artérias gástricas curtas e posteriores. Drenagem venosa do estômago As veias gástricas acompanham as artérias em relação à posição e ao trajeto. As veias gástricas, direita e esquerda, drenam para veia porta. As veias gástricas curtas e as veias gastromentais esquerdas drenam para a veia esplênica, que se une à veia mesentérica superior para formar a veia porta. A veia gastromental direita drena para a veia mesentérica superior. Uma veia pré-pilórica ascendente sobre o piloro até a veia gástrica direita. Vasos linfáticos do estômago Os vasos linfáticos gástricos acompanham as artérias ao longo das curvaturas maior e menor do estômago. Eles drenam linfa de suas superfícies anterior e posterior em direção às suas curvaturas, onde estão localizados os linfonodos gástricos e gastromentais. Os vasos eferentes desses linfonodos acompanham as grandes artérias até os linfonodos celíacos. A linfa dos 2/3 superiores do estômago drena ao longo dos vasos gástricos direito e esquerdo para os linfonodos gástricos; A linfa do fundo gástrico e da parte superior do corpo gástrico também drena ao longo das artérias gástricas curtas e dos vasos gastromentais esquerdos para os linfonodos pancreáticos-esplênicos. A linfa dos dois terços direitos do terço inferior do estômago drena ao longo dos vasos gastromentais direitos até os linfonodos pilóricos. A linfa do terço esquerdo da curvatura maior drena para os linfonodos pancreático-duodenais, que estão situados ao longo dos vasos gástricos curtos e esplênicos. Inervação do estômago 1. Inervação parassimpática do estômago provém dos troncos vagais anterior e posterior e de seus ramos, que entram no abdome através do hiato esofágico. 2. Inervação simpática do estômago proveniente dos segmentos T6 a T9 da medula espinal segue para o plexo celíaco através do nervo esplâncnico maior e é distribuída através dos plexos ao redor das artérias gástricas e gastromentais. Duodeno Latim: largura de 12 dedos. A mais curta (25 cm), a mais larga, a mais fixa e a primeira parte do intestino delgado Segue um trajeto em formato de C ao redor da cabeça do pâncreas; Começa no piloro no lado direito e termina na flexura (junção) duodenojejunal no lado esquerdo. A maior parte está fixada pelo peritônio a estruturas na parede abdominal posterior e é considerada parcialmente retroperitoneal. Suprimento arterial do duodeno As artérias do duodeno originam-se do tronco celíaco e da artéria mesentérica superior. O tronco celíaco, através da artéria gastroduodenal (ramo da a. hepática comum) e seu ramo, a artéria pancreático-duodenal superior, supre a parte do duodeno proximal à entrada do ducto colédoco até a parte descendente do duodeno. A artéria mesentérica superior, através de seu ramo, a artéria pancreático-duodenal inferior, supre o duodeno distal à entrada do ducto colédoco. As artérias pancreático-duodenais situam-se na curvatura entre o duodeno e a cabeça do pâncreas irrigam as duas estruturas. A.pancreático-duodenal inferior faz anastomose com a a.pancreático-duodenal superior. Drenagem venosa do duodeno As veias do duodeno acompanham as artérias e drenam para a veia porta, algumas diretamente e outras indiretamente, através das veias mesentérica superior e esplênica. Vasos linfáticos do duodeno Os vasos linfáticos anteriores drenam para os linfonodos pancreáticos-duodenais, localizados ao longo das artérias pancreático-duodenais superior e inferior, e para os linfonodos pilóricos, situados ao longo da artéria gastroduodenal. Os vasos linfáticos posteriores seguem posteriormente à cabeça do pâncreas e drenam para os linfonodos mesentéricos superiores. Os vasos linfáticos eferentes dos linfonodos duodenais drenam para os linfonodos celíacos. Inervação do duodeno Os nervos do duodeno derivam do nervo vago e dos nervos esplâncnicos (abdominopélvicos) maior e menor através dos plexos celíaco e mesentérico superior. Os nervos seguem para o duodeno através dos plexos periarteriais que se estendematé as artérias pancreático-duodenais. Funções motoras do estômago Função de armazenagem do estômago Normalmente, quando o alimento distende o estômago, um “reflexo vagovagal”, do estômago para o tronco encefálico e de volta para o estômago, reduz o tônus da parede muscular do corpo do estômago, de modo que a parede se distende, acumulando mais e mais alimentos até o limite de 0,8 a 1,5 litro. A pressão no estômago permanece baixa até esse limite. Mistura e propulsão do alimento no estômago – o ritmo elétrico básico da parede gástrica: Os sucos digestivos do estômago são secretados por glândulas gástricas presentes na parede do corpo do estômago, exceto ao longo de faixa estreita na pequena curvatura do órgão. Essas secreções entram em contato com a porção do alimento armazenado para formação do quimo. Enquanto o alimento estiver no estômago, ondas constritivas peristálticas fracas, denominadas ondas de mistura, se iniciam nas porções média a superior da parede gástrica e se deslocam na direção do antro, uma a cada 15 a 20 segundos. Essas ondas são desencadeadas pelo ritmo elétrico básico da parede consistindo em “ondas elétricas lentas” que ocorrem, espontaneamente, na parede gástrica. À medida que as ondas constritivas progridem do corpo para o antro, ganham intensidade, algumas ficando extremamente intensas, gerando potente potencial de ação peristáltica, formando anéis constritivos que forçam o conteúdo antral, sob pressão cada vez maior, na direção do piloro. Todavia, a abertura do piloro é pequena, de modo que pouco conteúdo alimentar passa para o duodeno e o restante sofre “retropulsão” em direção ao corpo do estômago. Assim esse movimento de retropulsão mais o movimento do anel constritivo peristáltico formam um importante mecanismo de mistura no estômago. Quimo: é o alimento misturado com as secreções estomacais que passa para intestino. O grau de fluidez do quimo depende das quantidades do alimento, de água e de secreções estomacais e do grau de digestão que ocorreu. A consistência do quimo é de semilíquida a pastosa. Contrações de fome: São contrações peristálticas rítmicas no corpo do estômago, ocorrem quando o estômago fica vazio por horas. Quando as contrações se tornam sucessivas ficam extremamente fortes nas condições normais, elas se fundem em uma contração tetânica que às vezes dura por dois a três minutos. São mais intensas em indivíduos jovens, sadios, com tônus gastrointestinal elevado, sendo também aumentadas nos casos de hipoglicemia. Quando ocorrem contrações de fome no estômago, a pessoa, por vezes, sente branda dor epigástrica, denominada pontadas de fome. As pontadas de fome não são observadas até 12 a 24 horas após a ingestão do último alimento e no jejum, elas atingem sua maior intensidade em 3 a 4 dias e, então, gradativamente declinam nos dias subsequentes. Esvaziamento do estômago O esvaziamento do estômago é promovido por intensas contrações peristálticas no antro gástrico. Ao mesmo tempo, o esvaziamento é reduzido por graus variados de resistência à passagem do quimo pelo piloro. Contrações peristálticas antrais intensas durante o esvaziamento estomacal – “Bomba Pilórica” Na maior parte do tempo, as contrações rítmicas do estômago são fracas e servem para misturar o Fisiologia alimento com as secreções gástricas. Entretanto, por cerca de 20% do tempo em que o alimento está no estômago, as contrações ficam mais intensas, começando na porção média do órgão e progredindo no sentido caudal não mais como fracas contrações de mistura, mas como contrações peristálticas fortes, formando anéis de constrição que causam o esvaziamento do estômago; essas contrações são peristálticas intensas, constrições anelar muito fortes que promovem o esvaziamento do estômago. À medida que o estômago se esvazia, essas contrações começam cada vez mais proximalmente ao corpo do estômago, misturando-o com o quimo no antro. Quando o tônus pilórico é normal, cada onda peristáltica intensa força vários milímetros de quimo para o duodeno. Assim, além de causarem a mistura no estômago, também proporcionam uma ação de bombeamento denominada “bomba pilórica”. O papel do piloro no controle do esvaziamento gástrico A abertura distal do estômago é o piloro. Aí, a espessura da musculatura circular da parede é 50% a 100% maior do que nas porções anteriores do antro gástrico, e permanece em leve contração tônica quase o tempo todo. Por isso, o músculo circular pilórico é denominado esfíncter pilórico. A despeito da contração tônica normal, o esfíncter pilórico se abre o suficiente para a passagem de água e de outros líquidos do estômago para o duodeno. Por outro lado, a constrição usualmente evita a passagem de partículas de alimentos até terem sido misturadas no quimo para consistência quase líquida. O grau de constrição do piloro aumenta ou diminui, sob a influência de sinais de reflexos nervosos e humorais, tanto no estômago como no duodeno. Regulação do esvaziamento estomacal A velocidade/intensidade com que o estômago se esvazia é regulada por sinais tanto do estômago como do duodeno. Entretanto, os sinais do duodeno são bem mais potentes, controlando o esvaziamento do quimo para o duodeno com intensidade não superior à que o quimo pode ser digerido e absorvido no intestino delgado. Fatores que promovem o esvaziamento Efeito do volume alimentar gástrico no esvaziamento Volume de alimentos maior promove maior esvaziamento gástrico Dilatação da parede gástrica desencadeia reflexos mioentéricos locais que acentuam, bastante, a atividade da bomba pilórica e, ao mesmo tempo, inibem o piloro. Efeito do hormônio gastrina sobre o esvaziamento gástrico A gastrina intensifica a atividade da bomba pilórica, assim, é muito provável que, também, promova o esvaziamento gástrico. Fatores duodenais poderosos na inibição do esvaziamento gástrico Efeito inibitório dos reflexos nervosos enterogástricos de origem duodenal Quando o quimo entra no duodeno, são desencadeados múltiplos reflexos nervosos, com origem na parede duodenal. Eles voltam para o estômago e retardam ou, mesmo, interrompem o esvaziamento gástrico, se o volume de quimo, no duodeno, for excessivo. Esses reflexos são mediados por três vias: 1. Diretamente do duodeno para o estômago, pelo sistema entérico da parede intestinal 2. Pelos nervos extrínsecos que vão aos gânglios simpáticos pré-vertebrais e retornam pelas fibras nervosas simpáticas inibidoras que inervam o estômago 3. Através dos nervos vagos que vão até o tronco encefálico, onde inibem os sinais excitatórios normais transmitidos ao estômago pelos ramos eferentes dos vagos; Esses reflexos: inibem fortemente as contrações propulsivas da “bomba pilórica” e aumentam o tônus do esfíncter pilórico. Os fatores continuamente monitorados no duodeno e que podem desencadear reflexos inibidores enterogástricos, incluem os seguintes: 1. O Grau de distensão do duodeno 2. Irritação da mucosa duodenal em graus variáveis 3. O grau de acidez do quimo duodenal 4. O Grau de osmolalidade do quimo 5. A presença de determinados produtos de degradação química no quimo, especialmente de degradação química das proteínas e, talvez, em menor escala, das gorduras. Os reflexos inibidoresenterogástricos são especialmente sensíveis à presença de irritantes e ácidos no quimo duodenal e, em geral, são intensamente ativados e tempos inferiores a 30 segundos. Por exemplo, sempre que o pH do quimo duodenal cai para menos de 3,5 a 4, os reflexos com frequência bloqueiam a transferência adicional de conteúdos ácidos para o duodeno, até que o quimo duodenal possa ser neutralizado por secreções pancreáticas e por outras secreções. Os produtos de digestão das proteínas também provocam reflexos enterogástricos inibitórios; ao diminuir-se a taxa de esvaziamento gástrico, assegura-se tempo suficiente para digestão adequada de proteínas no duodeno e intestino delgado. Por fim, os líquidos hipotônicos e principalmente os hipertônicos produzem reflexos inibitórios. Dessa forma, evita-se o fluxo muito rápido de líquidos não isotônicos no intestino delgado, prevenindo-se mudanças rápidas nas concentrações de eletrólitos, no líquido extracelular do corpo, durante a absorção do conteúdo intestinal. O feedback hormonal do duodeno inibe o esvaziamento gástrico – o papel das gorduras e do hormônio colecistocinina: O estímulo para a liberação desses hormônios inibidores é, basicamente, a entrada de gorduras no duodeno, muito embora outros tipos de alimentos possam, em menor grau, aumentar a liberação dos hormônios. Ao entrar no duodeno, as gorduras provocam a liberação de diversos hormônios, pelo epitélio duodenal e jejunal, por ligação a “receptores” nas células epiteliais ou por alguma outra maneira. Os hormônios são transportados pelo sangue para o estômago, onde inibem a bomba pilórica, ao mesmo tempo em que aumentam a força da contração do esfíncter pilórico. Esses efeitos são importantes porque a digestão de gorduras é mais lenta quando comparada à da maioria dos outros alimentos. O mais potente hormônio que causa o feedback inibitório do estômago parece ser a colecistocinina (CCK), liberada pela mucosa do jejuno em resposta a substâncias gordurosas no quimo. Esse hormônio age como inibidor, bloqueando o aumento da motilidade gástrica causado pela gastrina. Outros possíveis inibidores do esvaziamento gástrico são os hormônios secretina e peptídeo inibidor gástrico (GIP), também chamado peptídeo insulinotrópico dependente de glicose. A secretina é liberada principalmente pela mucosa duodenal, em resposta ao ácido gástrico que sai do estômago pelo piloro. O GIP tem efeito geral e fraco de diminuição da motilidade gastrointestinal. O peptídeo inibidor gástrico (GIP) é liberado no intestino delgado superior em resposta à gordura presente no quimo e, em menor escala, aos carboidratos. Seu efeito mais provável é o de estimular a secreção de insulina pelo pâncreas, além de inibir a motilidade gástrica. Secreção gástrica Características das secreções gástricas Além de células secretoras de muco que revestem toda a superfície do estômago, a mucosa gástrica tem dois tipos importantes de glândulas tubulares: Glândulas oxínticas (também denominadas glândulas gástricas – formadoras de ácidos) localizadas nas superfíceis internas do corpo e do fundo do estômago, constituindo 80% do estômago proximal secretam ácido clorídrico, pepsinogênio, fator intrínseco e muco. Glândulas pilóricas, localizadas na porção antral do estômago, que corresponde aos 20% distais do estômago, secretam, principalmente, muco para proteger a mucosa pilórica do ácido gástrico. Também secretam o hormônio gastrina. Secreções das glândulas oxínticas Glândula oxíntica típica é composta por três tipos de células: 1. Células mucosas do cólon, que secretam,basicamente, muco 2. Células pépticas (ou principais), que secretam grandes quantidades de pepsinogênio 3. Células parietais (ou oxínticas), que secretam ácido clorídrico e o fator intrínseco (essencial para absorção de vitamina B12 no íleo; a ausência de vitamina B12 causa anemia perniciosa, uma vez que não há estimulação óssea de maturação das hemácias). Mecanismo básico da secreção de Ácido clorídrico Quando estimuladas, as células parietais secretam soluções ácidas contendo cerca de 160 mmol/L de ácido clorídrico por litro que é, quase exatamente, isotônica aos líquidos corporais. O pH dessa solução é da ordem de 0,8 extremamente ácido. Nesse pH, a concentração de íons hidrogênio é cerca de 3 milhões de vezes maior do que a do sangue arterial. Para atingir tamanha concentração de íons hidrogênio, são necessárias mais de 1.500 calorias de energia por litro de suco gástrico. Ao mesmo tempo em que esses íons de hidrogênio são secretados, os íons bicarbonato se difundem para o sangue, para que o sistema venoso gástrico tenha um pH mais alto do que o sangue arterial, quando o estômago está secretando ácido. A figura mostra, esquematicamente, a estrutura funcional de célula parietal (célula oxíntica), demonstrando que tem grandes canalículos intracelulares ramificados. O ácido clorídrico é formado nas projeções em forma de vilos, nesses canalículos, e é, então, conduzido por esses canalículos até a proximidade secretora da célula. A principal força motriz, para a secreção de ácido clorídrico, pelas células parietais é a bomba de hidrogênio-potássio (H+-K+- ATPase). O mecanismo químico para a formação de ácido clorídrico é mostrado na figura abaixo e consiste nos seguintes passos: 1. A água (dentro das células parietais) H+ + OH- (no citoplasma, por processo ativo, catalizado pela (H+-K+-ATPase). Os íons potássio, transportados para a célula, pela bomba Na+-K+-ATPase, na porção basolateral da membrana, tendem a vazar para o lúmem, mas são reciclados, de volta para a célula, pela H+-K+-ATPase. A Na+- K+-ATPase basolateral produz baixa do Na+ intracelular, o que contribui para a reabsorção de Na+ do lúmem dos canalículos. Assim, a maior parte do K+ e do Na+, nos canalículos é reabsorvida para o citoplasma celular, e os íons hidrogênio tomam seus lugares nos canalículos. 2. O bombeamento de H+ para fora da célula, pela H+-K+-ATPase permite que o OH- se acumule e forme HCO3 -, a partir do CO2, formado tanto durante o metabolismo da célula quanto o que entra na célula, vindo do sangue. O HCO3 - é, então, transportado através da membrana basolateral, para o fluido extracelular, em troca de íons cloreto que entram na célula e são secretados por canais de cloreto para os canalículos, resultando em solução concentrada de ácido hidroclorídrico, nos canalículos. O ácido clorídrico é, então, secretado para fora pela extremidade aberta do canalículo no lúmen da glândula. 3. A água passa para os canalículos por osmose devido aos íons extras secretados nos canalículos. Assim, a secreção final do canalículo contém água, ácido clorídrico em concentração de, aproximadamente, 150 a 160 mEq/L, cloreto de potássio na concentração de 15 mEq/L, e pequena quantidade de cloreto de sódio. Para produzir a [H+] tão alta quanto a encontrada no suco gástrico, é necessário o mínimo vazamento, de volta para a mucosa do ácido secretado. A maior parte da capacidade do estômago de prevenir o vazamento do ácido de volta pode ser atribuída à barreira gástrica, devido à formação de muco alcalino e junções estreitas, entre as células epiteliais. Fatores básicos que estimulam a secreção gástrica são: Acetilcolina, Gastrina e Histamina. A acetilcolina, liberada pela estimulação parassimpática, excita a secreção de pepsinogênio pelas células pépticas, de ácido clorídrico pelas células parietais, e de muco pelascélulas da mucosa. A gastrina e a histamina estimulam, fortemente, a secreção de ácido pelas células parietais embora que tenha pouco efeito sobre outras células. Secreção e ativação do Pepsinogênio Quando secretado, o pepsinogênio não tem atividade digestiva. Entretanto, assim que entra em contato com o ácido clorídrico, o pepsinogênio é clivado para formar pepsina ativa. A pepsina atua como enzima proteolítica, ativa em meio muito ácido (pH ideal entre 1,8 e 3,5) , mas, no pH acima de 5, não tem quase nenhuma propriedade proteolítica e é completamente inativada em pouco tempo. Secreção do fator intrínseco pelas células parietais A substância fator intrínseco, essencial para absorção de vitamina B12 no íleo, é secretada pelas células parietais, juntamente com a secreção de ácido clorídrico. Quando as células parietais, produtoras de ácido no estômago, são destruídas, o que ocorre, frequentemente, na gastrite crônica, a pessoa desenvolve não só acloridria (ausência de secreção de ácido gástrico), mas, muitas vezes, também anemia perniciosa porque a maturação das hemácias não ocorre na ausência de estimulação da medula óssea pela vitamina B12. Glândulas pilóricas – Secreção de muco e gastrina Contém essencialmente células mucosas idênticas às células mucosas do colo das glândulas do colo das glândulas oxínticas. Essas células secretam pequena quantidade de pepsinogênio e grande quantidade de muco que auxilia na lubrificação e na proteção da parede gástrica da digestão pelas enzimas gástricas. As glândulas pilóricas também liberam o hormônio gastrina, que tem papel crucial no controle da secreção gástrica. Células mucosas superficiais Toda superfície da mucosa gástrica, entre as glândulas, apresenta camada contínua de tipo especial de células mucosas, denominadas, simplesmente, “células mucosas superficiais”. Elas secretam grande quantidade de muco muito viscoso que recobre a mucosa gástrica com camada gelatinosa de muco, muitas vezes, com mais de 1 milímetro de espessura, proporcionando, assim, barreira de proteção para a parede gástrica, bem como contribuindo para a lubrificação do transporte de alimento. Outra característica desse muco é sua alcalinidade. Assim, a parede gástrica subjacente normal não é exposta à secreção proteolítica muito ácida do estômago. O menor contato com alimentos ou qualquer irritação da mucosa estimula, diretamente, as células mucosas superficiais a secretar quantidades adicionais desse muco espesso, alcalino e viscoso. Estimulação da secreção de ácido pelo estômago: As células semelhantes à enterocromafins (ECL) localizam-se na submucosa, próximo às glândulas oxínticas e liberam histamina no espaço adjacente às células parietais das glândulas, o que determinará a taxa de secreção de ácido clorídrico pelas células parietais. As ECL podem ser estimuladas por: gastrina; acetilcolina liberada pelas terminações nervosas vagais do plexo entérico do estômago; outras substâncias hormonais. Estimulação da secreção de ácido pela gastrina A gastrina é liberada pelas células da gastrina (G), que estão localizadas nas glândulas pilóricas no estômago distal. Quando carnes atingem a região antral do estômago, algumas das proteínas desses alimentos têm efeito estimulador das células G nas glândulas pilóricas, causando a liberação de gastrina no sangue para ser transportada para as células ECL do estômago. A mistura viscosa dos sucos gástricos trasporta gastrina, rapidamente, para as células ECL no corpo do estômago, causando liberação de histamina que age diretamente nas glândulas oxínticas profundas. A ação da histamina é rápida, estimulando a secreção de ácido clorídrico gástrico. Regulação da secreção do pepsinogênio pelas células pépticas nas glândulas oxínticas: 1. Estimulação das células pépticas por acetilcolina, liberada pelo plexo mioentérico 2. Estimulação da secreção de células pépticas, pelo ácido no estômago. Fases da secreção gástrica: 1. Fase cefálica: resulta da visão, do odor, da lembrança do sabor do alimento e quanto maior o apetite maior a estimulação. Sinais neurogênicos se originam no córtex cerebral nos centros do apetite da amígdala e do hipotálamo. São transmitidos aos núcleos motores dorsais dos vagos, pelo nervo vago até pó estômago. Essa fase de secreção, normalmente, contribui com cerca de 30% da secreção gástrica, associada à ingestão da refeição. 2. Fase gástrica: o alimento que entra no estômago excita (1) os reflexos longos vasovagais do estômago para o cérebro e volta ao estômago, (2) os reflexos entéricos locais e (3) o mecanismo da gastrina, todos os quais levando à secreção de suco gástrico durante várias horas, enquanto o alimento permanece no estômago. Contribui com cerca de 60% da secreção gástrica (1500 ml diários). 3. Fase intestinal: a presença de alimento na porção superior do intestino delgado (duodeno) continuará a causar secreção gástrica de pequena quantidade de suco gástrico. Representa apenas 10% da resposta de ácido à refeição. Inibição da secreção gástrica por outros fatores intestinais pós-estomacais: Embora o quimo no intestino estimule ligeiramente a secreção gástrica, no início da fase intestinal da secreção gástrica, ele, paradoxalmente, inibe a secreção gástrica em outros momentos. Essa inibição resulta de, pelo menos, duas influências: Presença de alimento no intestino delgado inicia um reflexo enterogástrico reverso, transmitido através do SN mioentéricoe pelos nervos extrínsecos vagos e simpáticos, inibindo a secreção gástrica. Esse reflexo pode ser iniciado pela distensão da parede do intestino delgado, pela presença de ácido no intestino superior, pela presença de produtos da hidrólise de proteínas, ou pela irritação da mucosa. A presença de ácidos, gorduras, produtos da degradação de proteínas, líquidos hiper ou hipotônicos ou qualquer fator irritante no intestino delgado superior causa à liberação de hormônios (peptídeo inibidor gástrico, polipeptídeo intestinal vasoativo e somatostaina) intestinais, dos quais a secretina. Esta inibe a secreção estomacal e controla a secreção pancreática. O propósito funcional dos fatores intestinais que inibem a secreção gástrica é, provavelmente, retardar a passagem do quimo do estômago quando o intestino delgado já estiver cheio ou hiperativo. ESTÔMAGO MUCOSA A mucosa gástrica é revestida por um epitélio que sofre invaginações em direção à lâmina própria, formando as fossetas gástricas. Nessas fossetas desemboca a secreção de glândulas tubulares ramificadas características de cada região do estômago. A lâmina própria do estômago é composta por tecido conjuntivo frouxo contendo células musculares lisas e células linfoides. Separando a mucosa da submucosa adjacente existe uma camada de músculo liso, a muscular da mucosa. O epitélio que recobre a superfície do estômago e reveste as fossetas é colunar simples, e todas as células secretam um muco alcalino. Quando secretado pelas células, o muco forma uma espessa camada de gel que protege as células da acidez do estômago. A parte do muco que está firmemente aderida à superfície epitelial é muito efetiva na proteção, enquanto a parte superficial do muco (luminal) é mais solúvel, sendo parcialmente digerida pela pepsina e misturada com o conteúdo luminal. Histologia Junções de oclusão entre as células superficiais e da fosseta também participam da barreira de proteção contra o ácido. CÁRDIA A cárdia é uma banda circular estreita, com cerca de 1,5-3,0 cm de largura, na transição entre o esôfago e o estômago. Sua mucosa contém glândulas tubulares simples ou ramificadas, denominadas glândulasda cárdia. As porções terminais destas glândulas são frequentemente enoveladas, com lúmen amplo. Muitas das células secretoras produzem muco e lisozima (uma enzima que destrói a parede de bactérias), mas algumas poucas células produtoras de H+ e Cl- (que formarão HCl no lúmen) também podem ser encontradas. FUNDO E CORPO A lâmina própria nas regiões do fundo e corpo está preenchida por glândulas tubulares ramificadas (glândulas fúndicas), das quais três a sete abrem-se no fundo de cada fosseta gástrica. As glândulas possuem três regiões distintas: istmo, colo e base. A distribuição dos diferentes tipos celulares epiteliais nas glândulas gástricas não é uniforme. O istmo possui células mucosas em diferenciação que substituirão as células da fosseta e as superficiais, células-tronco indiferenciadas e células oxínticas (parietais). O colo contém células-tronco, mucosas do colo (diferentes das mucosas do istmo) e oxínticas (parietais); a base das glândulas contém principalmente células parietais e zimogênicas (os grânulos em seu citoplasma contém a enzima inativa pepsinogênio). Células enteroendócrinas (no fundo do estômago a serotonia é um dos principais produtos de secreção) estão distribuídas pelo colo e base das glândulas. PILORO O piloro possui fossetas gástricas profundas, nas quais as glândulas pilóricas tubulosas simples ou ramificadas se abrem. Comparada à região da cárdia, a região pilórica possui fossetas mais longas e glândulas mais curtas. Estas glândulas secretam muco, assim como quantidades apreciáveis da enzima lisozima. A região pilórica possui muitas células enteroendócrinas de gastrina, intercaladas com células mucosas. O sistema de defesa gástrico pode ser visto como uma barreira de 3 níveis: Patologias 1) Elementos pré-epiteliais que funciona como primeira linha de defesa, que é uma camada de mucobicarbonato, que funciona como uma barreira físico-química para inúmeras moléculas, incluindo íons hidrogênio. Funciona como uma barreira hídrica (95% água e uma mistura de lipídeos e glicoproteínas – mucina) imóvel que dificulta a difusão de íons e moléculas, tais como a pepsina. 2) As células superficiais proporcionam a linha de defesa seguinte graças a vários fatores, incluindo produção de muco, transporte iônicos que mantém p pH intracelular e produção de bicarbonato bem como as junções impermeáveis intracelulares. Restituição celular (limitar o local da lesão), regeneração (regulada por prostaglandinas), juntamente com a renovação celular. 3) O sistema microvascular altamente elaborado dentro da camada submucosa gástrica constitui o componente-chave do sistema de defesa/reparo subepitelial, proporcionando HCO3-, que neutraliza o ácido secretado pela célula parietal. Além disso, proporciona o suprimento sanguíneo adequado de oxigênio e micronutrientes ao mesmo tempo que remove os coprodutos metabólicos tóxicos. A DUP ocorre comumente no bulbo duodenal (úlcera duodenal, UD) e no estômago (úlcera gástrica, UG), mas pode ocorrer também no esôfago, no canal pilórico, numa alça duodenal, no jejuno e no divertículo de meckel. Verifica-se a DUP quando os fatores "agressivos" (ácido gástrico, pepsina) sobrepujam os fatores "defensivos" envolvidos na resistência mucosa (muco gástrico, bicarbonato, microcirculação e as prostaglandinas, "barreira" mucosa) assim como em virtude dos efeitos do Helicobacter pylori. CAUSAS E FATORES DE RISCO Gerais: O H. pylori é um organismo espiralado, produtor de urease, que coloniza a mucosa do antro gástrico em até 100% das pessoas com UD e em 80% das com UG, sendo encontrado também em pessoas saudáveis (tornando-se maior prevalência com o aumento da idade) e nas de baixa condição socioeconômica. O H. pylori está invariavelmente associado à gastrite atrófica e câncer gástrico. Outra causa da úlcera (a que não é devida ao H. pylori) são os medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINE). Menos de 1% das úlceras é devido a um gastrinoma (síndrome de Zollinger-Ellison). Outros fatores de risco e associações consistem em condições hereditárias (maior número de células parietais), fumo, hipercalcemia, mastocitose, grupo sanguíneo O (o antígeno pode fixar-se ao H. pylori). Não são comprovados como fatores de risco estresse, café e álcool. Úlcera duodenal: Hipersecreção gástrica leve resultante de (1) maior liberação de gastrina devido provavelmente à (a) estimulação das células G antrais por citocinas liberadas pelas células inflamatórias e (b) menor produção de somatostatina pelas células D, ambas resultado de infecção pelo H. pylori; e (2) resposta ácida exagerada à gastrina em virtude de maior massa de células parietais que resulta da estimulação feita pela gastrina. Essas anormalidades resultam em moderada hipersecreção gástrica revertidas rapidamente com a erradicação do H. pylori. No entanto, a produção máxima ligeiramente elevada de ácido gástrico em resposta à gastrina exógena persiste em alguns pacientes por períodos mais longos após a erradicação do H. pylori, sugerindo que a hipersecreção de ácido gástrico pode ser determinada, em parte, geneticamente. O H. pylori pode resultar também em níveis séricos elevados de pepsinogênio. A defesa mucosa duodenal é comprometida pelos efeitos tóxicos da infecção pelo H. pylori nas placas de metaplasia gástrica que resulta da hipersecreção ácida gástrica ou do rápido esvaziamento gástrico. São outros fatores de risco glicocorticoides, AINE, insuficiência renal crônica, transplante renal, cirrose e doença pulmonar crônica. DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP) Úlcera gástrica: O H. pylori também é a principal causa. As taxas de secreção do ácido gástrico geralmente se mantêm normais ou se mostram reduzidas, refletindo possivelmente uma idade mais precoce do início da infecção pelo H. pylori do que nos pacientes com UD. A gastrite devida ao refluxo de conteúdo duodenal (incluindo a bile) pode desempenhar algum papel. O uso crônico de salicilatos ou de AINE pode ser responsável por 15 a 30% das UG e por um maior risco de sangramento ou perfuração associados. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Úlcera duodenal: Dor epigástrica em queimação 90 min a 3h após as refeições, ma maioria das vezes noturna, que melhora após a alimentação. Úlcera gástrica: Manifesta-se com dor epigástrica em queimação que piora com ou sem relaciona com o alimento; anorexia, aversão aos alimentos, perda de peso (em 40% dos casos). Há grande variação individual. Sintomas semelhantes podem ocorrer em pessoas sem úlcera péptica diagnosticada (dispepsia sem úlcera); é menos responsiva à terapia padronizada. COMPLICAÇÕES Sangramento, obstrução, penetração que causa pancreatite aguda, perfuração, refratária ao tratamento. DIAGNÓSTICO: Úlcera duodenal: Endoscopia alta ou radiografia baritada GI alta. Úlcera gástrica: A endoscopia alta é preferível para excluir a possibilidade de a pulcera ser maligna (citologia por escova, maior ou igual a 6 biopsias por punção da margem da úlcera). Características radiográficas sugestivas de malignidade úlcera dentro de uma massa, pregas que não se irradiam a partir da margem da pulcera, uma úlcera volumosa (>2,5 a 3 cm). IDENTIFICAÇÃO DO H. PYLORI A identificação de anticorpos séricos (exame barato, preferível quando a endoscopia não é necessária); o teste rápido de urease de biopsia antral (quando a endoscopia é necessária). O teste respiratório de ureia em geral é usado paraconfirmar a erradicação de H. pylori, se necessário. O teste de antígeno fecal é sensível, específico e barato. CLÍNICO Objeticos: alívio da dor, cicatrização, prevenção das complicações e da recidiva. Para a UG, excluir a presença de malignidade (acompanhar endoscopicamente até ocorrer a cicatrização). A restrição dietética é desnecessária com os medicamentos mais recentes. Os AINE e o fumo devem ser suspensos porque podem impedir a cicatrização. A erradicação do H. pylori reduz acentuadamente a taxa de recidiva da úlcera e está indicada para todas as UD e UG associadas ao H. pylori. A terapia sequencial é estremamente eficaz no paciente em primeiro tratamento. A supressão ácida em geral é incluída no esquema. Os medicamentos padronizados (bloqueadores do receptor H2,sucralfato, antiácidos) induzem à cicatrização em 80 a 90% das UD e em 60% das UG em 6 semanas; a cicatrização é mais rápida com omeprazol (20 mg/dia). CIRÚRGICO Utilizado para as complicações (sangramento persistente ou recorrente, obstrução, perfuração) ou, raramente, para os casos refratários ao tratamento (em primeiro lugar, rastrear o uso sub-reptício de AINE e um possível gastrinoma). Em relação a UG, realizar gastrectomia subtotal. Para a UD: COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA: 1. Alça aferente obstruída (Billroth II) 2. Gastrite por refluxo de bile 3. Síndrome de dumping (do rápido esvaziamento gástrico com sofrimento abdominal mais sintomas vasomotores pós-prandiais) 4. Diarreia pós-vagotomia 5. Bezoar 6. Anemia (má absorção de ferro, B12, foslato) 7. Má absorção (mistura precária do conteúdo gástrico, dos sucos pancreáticos e da bile). 8. Osteomalacia e osteoporose (má absorção de vitamina D e de cálcio) 9. Carcinoma no resíduo gástrico Observações finais: MELENA: Eliminação de fezes de cor negra que indica presença de sangue digerido no conteúdo fecal. Nesta condição as fezes adquirem consistência pastosa e odor bastante fétido. É uma manifestação de hemorragia digestiva alta e a necessidade de realizar endoscopia digestiva alta que permite diagnosticar a etiologia do sangramento HEMATÊMESE: consiste em vômito de cor escurecida, com partículas semelhantes a grãos de café ou vômitos com eliminação de sangue vivo. Com perdas superiores a 500 mL, os sinais clínicos de hipotensão, taquicardia, taquipnéia, e síncope aparecem. As causas mais comuns de hematêmese são a úlcera gástrica ou duodenal, as varizes de esôfago e a gastrite erosiva. HEMOPTISE: deve sempre ser diferenciada da hematêmese pelas seguintes características: vômito com sangue vermelho vivo, ausência de náuseas, presença de bolhas de ar, precedido de tosse, com ou sem expectoração. DEFINIÇÃO Gastrite é definida como inflamação da mucosa gástrica, independentemente de sua etiologia. O termo gastropatia fica reservado para alterações da mucosa resultantes de lesões químicas ou distúrbios vasculares. A classificação moderna de gastrite incorpora etiologia e atributos morfológicos e topográficos. GASTRITE INDUZIDA POR HELICOBACTER PYLORI Helicobacter pylori é um organismo microaerófilo gram-negativo com muitos atributos que o permitem ocupar um nicho ecológico singular no estômago humano. Comumente, a inflamação induzida por H. pylori é superficial, de preferência localizada na região foveolar ou na depressão gástrica e na parte superior da lâmina própria, constituindo em células mononucleares e leucócitos polimorfonucleares. Comumente esse infiltrado misto é chamado de inflamação ativa crônica. A infecção por H. pylori está causalmente associada com gastrite, úlcera duodenal e gástrica, adenocarcinoma gástrico e linfomas gástricos primários de linfócitos B do tecido linfóide associado à mucosa (MALT). Durante toda a vida, os indivíduos infectados têm risco de aproximadamente um em seis de sofrer úlcera péptica. FATORES DE VIRULÊNCIA DA HELICOBACTER PYLORI Flagelos: a motilidade flagelar tem sido demonstrado como sendo essencial na habilidade que a bactéria possui de mover-se no suco e muco gástrico, permitindo assim penetração na mucosa e sobrevivência do organismo no estômago humano. Urease: a bactéria expressa altos níveis desta enzima que hidrolisa a ureia (CO(NH2)2), fisiologicamente presente no suco gástrico, em bicarbonato (HCO3 -) e amônia iônica (NH4 +), elevando o pH da mucosa gástrica de 6,0 para 7,0 tornando-se básico, protegendo o GASTRITE microorganismo dos efeitos deletérios do pH ácido do estômago podendo ter acesso à camada protetora de muco. Proteínas de choque térmico: são homólogas as de humanos; acredita-se que a expressão de proteínas de choque térmico, como a HspA e HspB aumentem a atividade da urease e influenciem na habilidade da H. pylori tolerar as condições extremas do estômago. Catalase e a Superóxido Dismutase: atuam na neutralização da ação oxidativa tóxica de radicais livres, conferindo proteção à bactéria contra a atividade lítica de macrófagos e neutrófilos polimorfonucleares, impedindo uma resposta inflamatória eficaz do hospedeiro. Enzimas degradativas: a produção de proteases A e fosfolipases leva à degradação das membranas das células epiteliais e do complexo lipídico-glicoprotéico da camada de muco, aumentando a solubilidade do mesmo, acarretando danos à mucosa gástrica. Adesinas: destacam-se a hemaglutinina fibrilar e a fímbria, que representam o passo final da associação do microorganismo com a mucosa gástrica. Muitos estudos têm indicado como receptores para estas adesinas, antígenos de grupos sanguíneos, destacando-se o antígeno H e Lewis b. Mecanismos de escape: o lipopolissacarídeo (LPS) presente na parede celular bacteriana possui baixa imunogenicidade, importante no processo de escape da bactéria ao sistema imune do hospedeiro. Ilha de patogenicidade cag: lócus com 31 genes, responsáveis pela codificação de potentes fatores de virulência; seu principal marcador é o gene Cag A que codifica uma citotoxina que atua como antígeno de superfície imunodominante da Helicobacter pylori. Gene da Citotoxina Vacuolizante (Vac A): a combinação em mosaico das duas regiões do gene Vac A é o que determina a produção da citotoxina e seu potencial patogênico. TRANSMISSÃO Via oral-oral: a cavidade oral tem sido proposta como reservatório da infecção e reinfecção pela H. pylori, pois a regurgitação do suco gástrico pode contaminar a boca, predispondo a colonização por essa bactéria por tempo não determinado. Via fecal-oral: apesar da constatação de que a H. pylori pode ser eliminada nas fezes, não se conhece o mecanismo exato de transmissão do agente por essa via, embora se saiba que a nível populacional, a disseminação de doenças infecciosas pela água baseiase em sua contaminação por fezes. Transmissão iatrogênica: este tipo de infecção pela H. pylori tem sido documentada; a alta prevalência da infecção entre os endoscopistas, particularmente, aqueles sem o hábito de usar luvas, sugere que a infecção pela bactéria pode ser transmitida por instrumentos contaminados com secreções gástricas, sobretudo quando a lavagem do equipamento é manual. ETIOPATOGENIA E FISIOPATOLOGIA A gastrite é um processo benigno, decorrente da quebra da barreira mucosa, que culmina com alterações macro e microscópicas da mucosa gástrica, associadas a uma reposta inflamatória aguda, crônica ou mista. O equilíbrio entre as forças agressivas e defensivas da barreira mucosa mantém quase sempre sua integridade; o rompimento desse equilíbrio inevitavelmente acarretaráformação de lesões. Entre os principais fatores agressivos têm-se: H. pylori e AINE. Entre os fatores defensivos há: mecanismos de defesa pré-epiteliais, epiteliais e pós epiteliais. Os mecanismos de defesa pré-epiteliais envolvem os seguintes elementos: elevadas concentrações de glicoproteína da mucosa (muco) e bicarbonato, formando uma camada surfactante (hidrófoba). Esses elementos constituem a barreira mucosa, que serve de proteção contra os fatores agressivos na cavidade gástrica. O muco, que é secretado pelas células mucosas superficiais, é uma glicoproteína que recobre a superfície epitelial como um gel grosso, servindo como uma camada de água imóvel e lentificando a difusão retrógrada dos íons de H+ em torno de 4x. O bicarbonato (íons), secretado também pelas células mucosas superficiais, neutraliza os ácidos, mantendo normalmente um gradiente de pH de 1 para 2 no lúmen e um pH de 6 para 7, na superfície epitelial. A importância desse gradiente relaciona-se à dependência de pH da atividade péptica, pois a pepsina é ativada em pH5 e irreversivelmente inativada em pH 7. Os mecanismos de defesa epitelial envolvem junções firmes entre as células, trocas iônicas intracelulares e capacidade de regeneração epitelial. A regeneração da mucosa ocorre com a recuperação de áreas descobertas, pela migração de células mucosas da superfície ao longo da membrana basal de regiões mais profundas para substituir as células danificadas, logo após a lesão A divisão e a regeneração celulares ocorrem depois de alguns dias, para produzir novas células epiteliais de células tronco que se encontram na região do colo das glândulas. Mecanismos de defesa pós-epitelial envolvem fluxo sanguíneo e síntese das prostaglandinas. O fluxo sanguíneo mucoso distribui o O2, nutrientes e bicarbonato e remove o ácido retrodifundido. Se o fluxo sanguíneo for reduzido em mais de 50%, a mucosa se torna mais vulnerável à lesão. As prostaglandinas sintetizadas localmente têm papel importante na defesa, pois inibem a secreção ácida, estimulam a secreção de muco e bicarbonato e aumentam o fluxo sanguíneo e a renovação celular. TIPOS DE GASTRITE GASTRITE AGUDA Surge na presença de agentes infecciosos, sendo possível classificá-la como: aguda bacteriana, aguda virótica (citomegalovírus, herpes simples), aguda parasitária, aguda fúngica (cândida) e aguda associada a H. pylori. GASTRITE CRÔNICA A gastrite crônica envolve basicamente dois padrões: (1) gastrite auto-imune e (2) gastrite crônica associada a H. pylori Gastrite Auto-imune Compromete principalmente o corpo gástrico e se caracteriza, nas formas mais avançadas, pela atrofia da mucosa. Os pacientes apresentam acentuada redução da acidez gástrica, níveis elevados de gastrinemia, baixa absorção da vitamina B12 e produção quase nula de fator intrínseco, acarretando anemia perniciosa. Dois tipos de anticorpos foram detectados: anticorpo anticélula parietal e anticorpo antifator intrínseco. Alguns estudos tentam relacionar H. pylori com a gastrite auto-imune. Acredita-se que o H. pylori induz à formação de auto-anticorpos contra os canalículos das células parietais, e isso estaria associado à atrofia. Atualmente, ainda não se conhecem as características que determinam a extensão da atrofia do corpo que se desenvolverá durante a infecção por H. pylori. O diagnóstico é realizado por meio da endoscopia digestiva com biópsia para estudo histopatológico e da pesquisa do anticorpo anticélula parietal. O tratamento é realizado com o emprego de vitamina B12 e ferro. Gastrite Crônica Associada a Helicobacter Pylori H. pylori é o principal agente etiológico da gastrite crônica antral, ocorrendo em torno de 95 a 100% dos casos. De início, a infecção resulta em reação inflamatória aguda; esse processo evolui para gastrite crônica ativa. A gastrite crônica envolvendo a mucosa antral associada a H. pylori acompanha cerca de 70% dos casos de úlcera gástrica e mais de 90% dos casos de úlcera duodenal. Grande parte dos indivíduos infectados pela bactéria permanece assintomática. Predisposição genética, respostas imunes ao hospedeiro, fatores bacterianos de virulência e diferenças genéticas de linhagem estão sendo investigados e associados. Entre os fatores bacterianos de virulência e patogenicidade, podem-se citar, dentre outros: motilidade, capacidade de adesão às células gástricas, secreção de uréase, proteases, fosfolipases, citotoxinas, etc. Fatores de colonização: motilidade para atravessar a barreira mucosa, a secreção de uréase, principal elemento para sua sobrevivência; e a secreção de adesina, que favorece sua adesão e fixação na célula gástrica. Fatores de persistência: secreção de adesinas, que contribui para uma imunoadesão; capacidade de imunossupressão; e também capacidade de chegar às formas colóides como defesa. Além disso, a secreção de lipopolissacarídeo (LPS), que é capaz de contribuir para uma imunoevasão. Fatores indutores da doença (com a presença da uréase e LPS): capacidade de diminuir a secreção de muco, estimular o pepsinogênio I, criar um meio hidrófobo, diminuição da capacidade de defesa da barreira mucosa e liberação de citotoxinas (cagA e vacA). A expansão de H. pylori é facilitada por condições de vida precárias, envolvendo aglomerados familiares, compartilhamento de cama e condições sanitárias e de higiene inadequadas. A transmissão é fecal/oral, oral/oral e pessoa a pessoa. A infecção por H. pylori é normalmente assintomática, mas pode estar associada à gastrite aguda e sintomas, em especial em crianças, podendo provocar aclorídria transitória. H. pylori presente na camada de muco gástrico, libera enzimas bacterianas e citotoxinas que rompem à barreira mucosa gástrica protetora, danificando a camada de células epiteliais superficiais, tornando a mucosa mais suscetível a uma agressão por ácido e pepsina. A bactéria também estimula resposta imune, local e sistêmica por meio de mediadores celulares e humorais, aumentando a reação inflamatória iniciada pelo dano epitelial; esse fato acarreta a ocorrência de gastrite antral ativa crônica. No duodeno há o mesmo processo quando se tem metaplasia gástrica, ocasionando duodenite e úlcera duodenal. A gastrite por H. pylori pode evoluir para gastrite atrófica que se estende para o corpo gástrico, reduzindo a secreção ácida. A associação de H. pylori com a doença gastroduodenal é evidenciada pelo seu envolvimento em torno de 100% nas gastrites antrais. HEMATÊMESE: consiste em vômito de cor escurecida, com partículas semelhantes a grãos de café ou vômitos com eliminação de sangue vivo. Com perdas superiores a 500 mL, os sinais clínicos de hipotensão, taquicardia, taquipnéia, e síncope aparecem. As ca... HEMOPTISE: deve sempre ser diferenciada da hematêmese pelas seguintes características: vômito com sangue vermelho vivo, ausência de náuseas, presença de bolhas de ar, precedido de tosse, com ou sem expectoração.
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