Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FEBRE REUMÁTICA E CARDIOPATIA REUMÁTICA F R A N K L I N A C E L E S T I A L N H A N C A L E UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE Faculdade de Medicina Sumário Definição da febre reumática em termos anatomopatologicos; Epidemiologia da febre reumática e da cardiopatia reumática; Patogenia da febre reumática com evolução para cardiopatia reumática; Morfologia da febre reumática com especial destaque: evolução crónica para a endocardite reumática; Características clínicas da febre reumática e da endocardite reumática; Diagnóstico da febre reumática e da endocardite reumática; Definição Febre Reumática (FR) Doença inflamatória aguda multissistêmica e mediada pelo sistema imunológico que ocorre algumas semanas após um episódio de faringite por estreptococos do grupo A. O foco originário é sempre da orofaringe, sendo que as outras portas de infecção por estreptococos do grupo A, como a pele por exemplo, raramente levam a febre reumática. Cardite reumática aguda durante a fase activa da FR pode progredir para cardiopatia reumática crónica. Epidemiologia A incidência da febre reumática diminuiu acentuadamente nos países industrializados, onde a doença tornou-se rara; Em muitos países em desenvolvimento, (2/3 da população mundial), as infecções estreptococicas, a febre reumática e a cardiopatia reumática ainda são importantes problemas de saúde pública; A diminuição da incidência da febre reumática aguda e a baixa prevalência da cardiopatia reumática nos países desenvolvidos, não constitui mais um problema de saúde pública; A febre reumática aguda é mais frequente em crianças com idade entre 5 e 15 anos; Episódios iniciais em adultos ocorrem no final da 2ª década e início da 3ª década de vida; Aproximadamente 3% dos indivíduos com faringite por estreptococos do grupo A sem tratamento, irão desenvolver febre reumática, podendo evoluir para cronicidade-cardiopatia reumática. Patogenia As abordagens ao estudo da patogenia da febre reumática foram agrupadas em 3 categorias principais: Infecção directa por estreptococos do grupo A; Efeito tóxico de produtos extracelulares de estreptococos nos tecidos do hospedeiro; (estreptolisina O); Resposta imunológica anormal ou disfuncional para um ou mais antígenos, somáticos ou extarcelulares, não-identificados, produzidos por todos (ou alguns) estreptococos do grupo A. “Mimetismo Antigénico”, concentra-se em duas inteirações: 1ª: carboidratos específicos de estreptococos do grupo A e glicoproteínas das valvas cardíacas, articulações e outros tecidos-(reacção cruzada); 2ª: semelhança molecular entre a membrana celular dos estreptococos, a proteína M esteptocócica do sarcolema e outras metades de células miocárdicas humanas. infecção estreptocócica desencadeia uma resposta auto-imune contra auto-antígenos. Morfologia: Febre Reumática Nódulos de Aschoff; Patognomónicas da Febre Reumática Células de Anitschkow; Citoplasma abundante; Células “em forma de lagarta”; Pericárdio- pericardite “em pão com manteiga”; Miocárdio- miocardite; Pancardite Endocárdio e valvas do lado esquerdo- necrose fibrinóide: Placas de MacCallum, AE Lesão subendocárdica; Verrugas ao longo das linhas de fechamento das valvas. Morfologia Febre Reumática Morfologia: Endocardite Reumática Macroscopia: Pequenas verrugas ao longo da linha de fechamento das valvas; Espessamento dos folhetos; Fusão e encurtamento das comissuras ; Espessamento e fusão das cordas tendinosas; Estenoses “em boca de peixe”. Microscopia: Valvulite verrucosa edema, deformidade e retracção valvular Lesão Cardíaca permanente; Fibrose difusa; Neovascularização; Substituição dos nódulos de Aschoff por cicatrizes fibrosas. Morfologia: Endocardite Reumática Morfologia: endocardite Reumática Para que exista endocardite, em primeiro lugar há necessidade da presença de uma lesão endotelial, onde haverá depósito de plaquetas, que se agregam naquele local. Forma-se assim o trombo plaquetário, que pode se soltar ou, então, com o auxílio da fibrina se tornar uma vegetação maior. Características clínicas A febre reumática é caracterizada por: Poliartrite migratória; Cardite; Nódulos subcutâneos; Eritema marginado da pele; Coréia de Sydenham; Endocardite Reumática: Geralmente não produz manifestações clínicas durante anos após episodio inicial de FR, sendo assim, estas dependem da(s) valva(s) acometida(s): Dilatação cardíaca; Insuficiência cardíaca; Arritmias; Complicações tromboembólicas; Endocardite infecciosa. Características clínicas Febre Reumática Diagnóstico Clínico, porém, requer evidencias de dados laboratoriais microbiológicos e imunológicos; Anamnese; Critérios de Jones: Critérios maiores Critérios menores Cardite (60-80%) febre Poliartrite migratória (75%) artralgia Coreia de Sydenham (10%) Laboratoriais: •Elevação dos reagentes da fase aguda; •PR prolongado; •Cultura positiva da faringe; •Teste rápido de detenção de antígenos. Nódulos subcutâneos (10%) Eritema marginado da pele (10%) Em resumo: Estreptococos Beta-hemolítico Distúrbios Imunológicos? outros coração Miocárdio Pericárdio SN Pele Articulações Artrite Endocárdio Nódulos e eritema Coréia Miocardite Pericardite com ou sem derrame Lesão orovalvular: mitral (75%), mitral + aortica (25%), tricúspide (pouco frequente), pulmonar (muito rara). Diminuição da força contráctil Insuficiência cardíaca Insuficiência ou estenose, ou lesão dupla ..... Sequelas crónicas resultam da fibrose progressiva decorrente tanto da cicatrização das lesões inflamatórias agudas, quanto da turbulência induzida pelas deformidades valvulares. Referências bibliográficas: 1. Fauce, Jameson, et all; “Medicina Interna”; Vol.1; 15ª ed.; McGraw Hill; Rio de Janeiro; 2002; (pp 1418-1421); 2. Robbins, Cotran; “Patologia-Bases Patológicas das Doenças”; 7ª ed.; Elseiver; Rio de Janeiro; 2005; 3. Jansen, Bensoussan et all; “Fisiopatologia Clínica”; 5ª ed.; Atheneu; s/d; 4. http://library.med.utah.edu/WebPat h/CVHTML/CVIDX.html.
Compartilhar