Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Febre Reumática Gabriel Ladeia 3° Período de Medicina Epidemiologia da Febre Reumática- A incidência da FR declinou muito no mundo ocidental nas últimas décadas, isso se deve ao fato de uma combinação entre a melhoria das condições socioeconômicas e rapidez no diagnóstico e tratamento da faringite estreptocócica e a diminuição fortuita da virulência de muitas cepas de estreptococos do grupo A. Contudo, muitos países em desenvolvimento e áreas economicamente carentes nos EUA, a FR e a cardiopatia reumática são ainda problemas de saúde pública. Fisiopatologia da Febre Reumática- A febre reumática é uma doença inflamatória aguda multissistêmica, mediada pelo sistema imunológico que ocorre após infecção por estreptococos B-hemolíticos do grupo A (geralmente após uma faringite, mas, em raros casos, a infecção acomete outra parte do corpo, como a pele). A cardiopatia reumática é a manifestação cardíaca da febre reumática, a febre reumática está associada a inflamações de todas partes do coração, mas a inflamação e cicatrização das valvas produzem as características clínicas mais importantes. A doença valvar manifesta-se na forma de estenose fibrótica deformante da valva mitral, e a cardiopatia reumática é a única causa de estenose adquirida da valva mitral. A FR aguda é uma reação de hipersensibilidade classicamente atribuída a anticorpos contra moléculas dos estreptococos do grupo A que também reagem de modo cruzado com antígenos do hospedeiro. Os anticorpos contra proteínas M de algumas cepas de estreptococos ligam-se a proteínas do miocárdio e valvas cardíacas e causam lesão por meio da ativação do sistema complemento e de células portadoras receptor para FC. O atraso característico de 2-3 semanas até o início do sintomas após a infecção é explicado como sendo o tempo necessário para produção da resposta imune. As lesões fibróticas crônicas são a consequência previsível da cura e cicatrização associadas à inflamação aguda. A febre reumática aguda é caracterizada por focos inflamatórios isolados em diferentes tecidos, no miocárdio chamado de nódulos de aschoff, são nódulos que consistem em acúmulos de linfocitos (células T), plasmocitos dispersos e macrófagos volumosos ativados denominados de células de anitschkow, que às vezes pontilham as zonas de necrose fibrinóide. As células de anitschkow tem citoplasma abundante e núcleos centrais com cromatina condensada que forma uma fita ondulada e delgada. Durante a febre reumática aguda, os nódulos de aschoff podem ser encontrados em qualquer uma camada do coração e também nas valvas. A cardiopatia reumática crônica é caracterizada pela organização da inflamação aguda e pela subsequente cicatrização. Os nódulos são substituídos por cicatrizes fibrosas, em que as valvas ficam espessas e retardadas de modo permanente. Classicamente a valva mitral exibe espessamento, fusão e encurtamento das comissuras e fusão das cordas tendíneas, e dão origem às estenoses “em boca de peixe”. A consequência funcional mais importante é a estenose e regurgitação valvares. A valva mitral sozinha é afetada em 70% dos casos, a mitral e aórtica é comprometida em 25% dos casos, a valva tricúspide é afetada em menor frequência e menor gravidade e a valva tronco pulmonar sempre escapa da lesão. Na estenose mitral intensa, o átrio esquerdo dilata-se por conta da sobrecarga de pressão, o que precipita a fibrilação atrial. A combinação da dilatação e fibrilação é um substrato fertil para uma trombose e formação de trombos murais grandes. A congestão venosa passiva de longa duração provoca alterações no parênquima dos vasos pulmonares que são típicas da ICE. Com o tempo essas alterações levam a hipertrofia e falência do ventrículo direito. Características Clínicas- Na FR aguda a principal manifestação clínica é a cardite e a artrite. Em todos grupos etários, os sintomas normalmente começam 2-3 semanas após a infecção estreptocócica e são anunciados por febre e poliartrite migratória (grande dor nas articulações que durante alguns dias migram para outra articulação). O diagnóstico da FR aguda é feito com base nas evidências sorológicas da infecção estreptocócica prévia em combinação com dois ou mais dos chamados critérios de jones: 1- cardite, 2- poliartrite migratória nas grandes articulações, 3- nódulos subcutâneos, 4- eritema marginado na pele e 5- coreia de Sydenham, distúrbio neurológico caracterizado por movimentos rápidos despropositados e involuntários. Critérios menores como, febre, artralgias, alterações no ECG ou elevação dos reagentes da fase aguda também podem auxiliar no diagnóstico. Após crise inicial e elaboração de uma memória imunológica, as novas infecções estreptocócicas tornam os pacientes mais vulneráveis à reativação da doença.
Compartilhar