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1 Khilver Doanne Sousa Soares Febre Reumática Febre Reumática A febre reumática (FR) é uma doença inflamatória aguda, imunomediada e multissistêmica, que classicamente ocorre algumas semanas após um episódio de faringite por estreptococos do grupo A; A FEBRE REUMÁTICA PRECISA TER PRÉ- DISPOSIÇÃO GENÉTICA NO INDIVÍDUO PARA SE DESENVOLVER. Obs.: a cardite reumática aguda é uma manifestação comum da FR ativa que com o tempo pode progredir para cardiopatia reumática crônica manifestando-se principalmente como anormalidades valvares. A CR é caracterizada pela doença valvar fibrótica deformante que envolve, a valva mitral. A CR é praticamente a única causa de estenose mitral. A FR aguda é resultado das respostas imunes do paciente aos antígenos dos estreptococos do grupo A, que tem reação cruzada com as proteínas do hospedeiro. Anticorpos e as células T CD4+ contra as proteínas M dos estreptococos podem reconhecer os autoantígenos cardíacos. Anticorpos se ligam e ativam complementos e recrutam células com receptores FC (neutrófilos e macrófagos); As células T estimuladas produzem citocinas que ativam macrófagos. Assim o dano ao tecido cardíaco ocorre por reações de células e anticorpos. Fonte: ROBBINS & COTRAN, Bases patológicas das doenças, 9ed. Cardiopatia reumática aguda e crônica. A, Valvulite mitral reumática aguda superposta à cardiopatia reumática crônica. Pequenas vegetações (verrugas) são visíveis ao longo da linha de fechamento do folheto da valva mitral (setas). Episódios anteriores de valvulite reumática causaram espessamento fibroso e fusão das cordas tendíneas. B, Aparência microscópica de um nódulo de Aschoff em um paciente com cardite reumática aguda. O miocárdio exibe um nódulo circunscrito de células inflamatórias mononucleares mistas, com necrose associada; dentro da inflamação, grandes macrófagos ativados mostram nucléolos proeminentes, assim como cromatina condensada em fitas onduladas longas (células em forma de lagarta; setas). C e D, Estenose mitral com espessamento fibroso difuso e distorção dos folhetos das valvas, fusão das comissuras (setas, C,) e espessamento das cordas tendíneas (D). Observe a neovascularização no folheto mitral anterior (seta, D). E, Peça de estenose aórtica reumática ressecada cirurgicamente, demonstrando espessamento e distorção das cúspides com fusão das comissuras. Na FR aguda há lesões inflamatórias em muitos tecidos. No coração ocorrem lesões denominadas nódulos de Aschoff (focos de linfócitos T, plasmócitos e grandes macrófagos ativados – células de Anitschkow). Na FR aguda, a inflamação difusa e os nódulos de Aschoff podem ser encontrados em qualquer uma das três camadas do coração, resultando em pericardite, miocardite ou endocardite (pancardite). A inflamação do endocárdio e das valvas esquerdas resultam em necrose fibrinoide. Vegetações chamadas verrugas surgem sobre focos necrosados no interior de cúspides ou 2 Khilver Doanne Sousa Soares cordas tendíneas. Portanto, a CR é uma doença valvar vegetativa. Obs.: geralmente no átrio esquerdo espessamentos irregulares ocorrem (lesões subendocárdicas por causa de jatos de regurgitação) chamadas placas de MacCallum. Na doença crônica a valva mitral está quase sempre envolvida, e as alterações anatômicas na CR crônica são: Espessamento dos folhetos; Fusão e encurtamento das comissuras; Espessamento e fusão das cordas tendíneas. Em 2/3 dos casos a valva mitral é afetada isoladamente, e nos outros 1/3 a valva aórtica é afetada conjuntamente. Obs.: o envolvimento da valva tricúspide e pulmonar são raros. Achados característicos da FR: Poliartrite migratória das grandes articulações; Pancardite; Nódulos subcutâneos; Eritema marginado da pele; Coreia de Sydenham (distúrbio neurológico caracterizado por movimentos rápidos, descontrolados e involuntários). A FR aguda aparece com cerca de 10 dias a 6 semanas após a infecção por estreptococos do grupo A em 3% dos pacientes. Costuma ocorrer em crianças entre 5 e 15 anos de idade. No início da doença as culturas para estreptococos da faringe dão negativas, os anticorpos para uma ou mais enzimas estreptocócicas (estreptolisina O e DNAse B por exemplo) estão presentes e podem ser detectados no soro da maioria dos pacientes com FR. Após ataque inicial, os pacientes tornam-se mais vulneráveis à reativação da doença após novas infecções faríngeas e é provável que apareçam as mesmas manifestações em cada ataque recorrente. O dano às valvas é cumulativo e as suas deformidades levam a turbulência e posterior fibrose adicional. As manifestações clínicas podem aparecer até décadas depois do episódio inicial de FR. Ademais, podem haver sopros, hipertrofia, dilatação e insuficiência cardíaca, arritmias, complicações tromboembolíticas e endocardite infecciosa. O reparo cirúrgico valvar melhora muito o prognóstico do paciente. Diagnóstico É estabelecido com a utilização dos critérios de Jones: evidencia de infecção previa por estreptococos do grupo A, com a presença de duas manifestações maiores listadas anteriormente, ou de uma manifestação maior e duas menores. Alguns sinais e sintomas inespecíficos incluem febre, artralgia ou níveis sanguíneos de reagentes da fase aguda elevados). 3 Khilver Doanne Sousa Soares A penicilina é prescrita para o surto inicial e para profilaxia de novos surtos de FR. A penicilina benzatina de ação prolongada é o tratamento indicado e a primeira dose deve ser prescrita por ocasião do diagnóstico, seguindo-se novas doses a cada três semanas, com dosagem apropriada à idade, de acordo com as diretrizes da OMS e do comitê multidisciplinar brasileiro de especialistas. Em casos de pacientes alérgicos a penicilina, a eritromicina é a alternativa e o medicamento mais utilizado para o tratamento da artrite é o ácido acetilsalicílico (AAS). Referências KUMAR, V.; ABBAS, A.K.; FAUSTO, N.; ASTER, J.C. Robbins & Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. VIEIRA, Poliane Soares da Silva; PEREIRA, Alexsandra Lúcia; COSTA, Daniele Camargos. Caracterização e Discussão de um Relato de Caso de Febre Reumática. Revista Científica de Saúde do Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, v.10, n.1, p.13-23, 2017. NEPOMUCENO, R. M. et. al. Complicações Cardíacas da Febre Reumática: Relato de caso. Revista Interdisciplinar do Pensamento Científico, v.5, n.5, p.896-902, 2019. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________
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