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ENDOCARDITE Iara Portela 2 INTRODUÇÃO → Desafio para o Clínico. → Incidência e Mortalidade não se modificaram nos últimos 30 anos. → Pode se apresentar como Doença Infecciosa Aguda, Subaguda ou Nem Manifestar Características Clássicas de Doença Infecciosa. CONCEITUAÇÃO: → Infecção do Endotélio Cardíaco. → Lesão Fundamental: Formação de Vegetações → Estruturas compostas de Plaquetas, Fibrina e Microrganismos Infecciosos. → Usualmente se desenvolve nas Valvas Cardíacas e eventualmente no Endotélio Não-Valvar ou em uma Grande Artéria. EPIDEMIOLOGIA: → Proporção entre Homens e Mulheres: 2:1. → Idade de maior acometimento: 57,9 anos. → Incidência: 3 a 10 casos por cada 100.000 pessoas por ano. → Cerca de 60 a 80% dos pacientes tem uma Lesão Cardíaca Predisponente (Subaguda - Streptococcus). CLASSIFICAÇÃO: AGUDA: - Normalmente causada pelo Staphylococcus Aureus e afeta uma Válvula Cardíaca Normal. - Decorrente de Patógenos com grande capacidade de Lesar Tecidos Cardíacos e Extracardíacos. - O Período de Latência entre a Bacteremia e o Início dos Sintomas é de aproximadamente 2 semanas. - Manifesta-se com Quadro Clínico Exuberante e Complicações Precoces, exigindo Diagnóstico Imediato. SUBAGUDA: - É causada pelo Streptococcus Viridans e afeta as Válvulas Lesadas. - Evolui em semanas ou meses em virtude da Baixa Virulência do Agente Infectante. FISIOPATOLOGIA: SÓ HÁ ENDOCARDITE, QUANDO A VEGETAÇÃO TROMBÓTICA NÃO BACTERIANA COMEÇA A SER COLONIZADA POR MICRORGANISMOS NÃO INFECCIOSOS. FATORES DE RISCO: → Diabetes Mellitus. → Próteses Valvares. → Morbidade: 50 a 60 %. → Mortalidade: 12 a 30%. → Dispositivos Intracardíacos. → Doença Renal Crônica em Hemodiálise. → Febre reumática (Ainda o principal Fator de Risco). → Streptococcus Viridans como principal Agente Causador. → Ascensão dos casos de Estafilococus como Principal Agente Causador → Drogas Injetáveis. → Causas mais comuns em Países Desenvolvidos: Alterações Valvulares Degenerativas e Próteses. → Em pacientes com Doença Cardíaca Reumática, a Endocardite ocorre mais frequentemente na Valva Aórtica. → Causas mais comuns em países em desenvolvimentos: Febre Reumática e Cardiopatias Congênitas (válvula Aórtica Bicúspide e Defeito do Septo Interventricular). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: → Sinais de ICC. → Esplenomegalia. → Sinais Periféricos: - Petéquias. - Nódulos de Osler. - Manchas de Roth. - Lesões de Janeway. - Hemorragias Subungueais. → Sintomas Inespecíficos: - Mialgia. - Cefaléia. - Anorexia. - Mal-Estar. - Perda de Peso. → Sopros Cardíacos Novos. → Alterações Neurológicas. → Bloqueio Atrioventricular. → A Febre, é o sintoma mais comum. → Embolias Periféricas Sem Etiologia Definida. QUADRO CLÍNICO: SINAIS: - Sopro à 80–85%. - Petéquias à 10–40%. - Sopro novo à 10–40%. - Embolizações à 20–40%. - Esplenomegalia à 15–50%. - Nódulos de Osler à 7–10%. - Manchas de Roth à 4–10%. - Lesões de Janeway à 6-10%. - Alterações neurológicas à 30–40%. - Hemorragias Subungueais à 5-15%. SINTOMAS: - Dispnéia à 25%. - Sudorese à 25%. - Febre à 80-85%. - Anorexia à 25-55%. - Calafrios à 42-75%. - Confusão à 10-20%. - Mal-Estar à 25-40%. - Emagrecimento à 30%. QUANDO PENSAR EM ENDOCARDITE: DIAGNÓSTICO: → Sempre investigar Focos de Infecção: - Cavidade Oral. - Se nada encontrado, solicitar Panorâmica da Mandíbula para pesquisar Focos Dentários Ocultos. → O Padrão-Ouro para o Diagnóstico: Avaliação Patológica da Valva Acometida. NA SUSPEITA DE ENDOCARDITE, DEVE-SE SOLICITAR 2 EXAMES FUNDAMENTAIS: Ecocardiograma transtorácico: - Nos casos de evidência clara de Vegetação deve-se avaliar a disponibilidade de realização de Ecocardiograma Transesofágico. - Casos com Ecocardiograma Transtorácico Normal e Probabilidade Baixa de Endocardite podemos optar pela não realização de Ecocardiograma Transesofágico. Hemoculturas: - Colher 3 pares de Hemoculturas. - Aguardar 30 min entre cada coleta. - Não há necessidade de aguardar Período Febril. - Colher cada par de Hemoculturas de Veias diferentes. - Deve-se desconfiar de Contaminação se apenas uma amostra vier Positiva. EXAMES LABORATORIAIS: - Fator Reumatóide Positivo. - EAS: Hematúria Microscópica, Proteinúria Discreta. - Hemograma: Anemia Normocítica e Normocrômica. - Marcadores Inflamatórios Elevados: VHS, Proteína C-Reativa. - Leucograma: Leucocitose com Neutrofilia e Aumento dos Bastonetes (Formas Agudas). CRITÉRIOS DE DUKE MODIFICADOS: - 2 Critérios Maiores, ou. - 5 Critérios Menores, ou. - 1 Critério Maior e 3 Menores. NÓDULOS DE OSLER: - Presença de Rubor, Calor, Dor, Edema. - Fenômeno Imunológico desenvolvido pela Doença. - A situação mais comum é a presença destas Manchas próximo à Ponta dos Dedos, que podem estar ligeiramente Edemaciados. - São Manchas Efêmeras (Bem Delimitadas, Endurecidas, Acastanhadas ou Vermelhas, Dolorosas) de Eritema Nodular Doloroso, especialmente na Pele das Mãos e dos Pés. LESÕES DE JANEWAY: - Fenômeno Embólico. - Não são Patognomónicas de Endocardite Infecciosa, mas são muito sugestivas desse quadro. - Podem permanecer por vários dias e são mais frequentes nas Endocardites Estafilocócicas. - Placas ou Máculas pouco Dolorosas, Hemorrágicas, com predileção pelas Palmas das Mãos e Plantas dos Pés. MANCHAS DE ROTH: - É um sinal característico da Endocardite Infecciosa, porém não é exclusiva desta. - São Manchas Retinianas Hemorrágicas, de aspecto Esbranquiçado ou Algodoado, constituídas por Coleções Perivasculares de Linfócitos na Camada Nervosa da Retina, Circundadas por Hemorragias. COMPLICAÇÕES: → Glomerulonefrite. → Abscesso Perivalvar. → Aneurisma Micótico. → Disfunção de Prótese. → Insuficiência Cardíaca. → Insuficiência Renal Aguda. → Infarto Agudo do Miocárdio. → Bloqueios Atrioventriculares. → Persistência de Bacteremia e Fungemia. → Eventos Embólicos (Embolia Pulmonar/Cerebral – AVCI). TRATAMENTO: ANTIBIÓTICOS: - Associação é melhor que Monoterapia. - Antibiótico nunca deve ser postergado. - Manter esquema mesmo após Troca Valvar. - Duração de 2 a 6 semanas em Valva Nativa e 6 semanas em Prótese. - Aminoglicosídeos possuem Ação Sinérgica aos Betalactâmicos e Glicopeptídeos. - Nos casos de Troca Valvar, o primeiro dia do Antibiótico é o dia em que a medicação foi iniciada. Se Cultura da Valva Positiva ou Padrão Histológico de Endocardite Aguda reiniciar a contagem. INDICAÇÕES CIRÚRGICAS: → Motivos: - Extensão Perivalvar da Infecção. - Prevenção de Tromboembolismo. - Insuficiência Cardíaca Refratária. - Infecção Não Controlada apenas por Antibióticos. → Metade dos pacientes com Endocardite necessita de Abordagem Cirúrgica. PARTICULARIDADES: ENDOCARDITE DE PRÓTESE VALVAR: - O ETE ocupa lugar de destaque no Diagnóstico. - Afeta igualmente Prótese Biológica e Mecânica. - Tratamento Clínico e Indicações Cirúrgicas semelhantes ao da Valva Nativa. - Os Critérios de Duke perdem sensibilidade no diagnóstico de Endocardite de Prótese. - Infecções Mais Precoces (< 1 ano após a Cirurgia) frequentemente se localizam na Região de Implante do Anel da Prótese. ENDOCARDITE DE CâMARAS DIREITAS: - Valva Tricúspide. - Melhor Prognóstico. - Tratamento Cirúrgico: · Bacteremia Persistente. · Grandes Vegetações (> 20 mm). · Insuficiência Cardíaca Direita Refratária. - Staphylococcus Aureus. - Embolia Séptica para os Pulmões. - Tratamento com Antibiótico pensando no S. aureus. - Principal Fator de Risco: Uso de Drogas Endovenosas. PROFILAXIA: PACIENTE DE ALTO RISCO: - Prótese Valvar Cardíaca. - Passado de Endocardite Infecciosa. - Cardiopatia corrigida com Material Protético. - Valvopatia Adquirida em Transplantado Cardíaco. - Cardiopatia Congênita Cianogênica Não Corrigida. - Cardiopatia Congênita Cianogênica Corrigida com Lesão Residual. PROCEDIMENTO DE RISCO: - Envolvimento de mucosa: · Dentários. · Esofagianos. · Respiratório. · Geniturinários. · Gastrointestinais. NÃO FAZER SE: - Sopros Inocentes. - Marcapasso ou CDI. - Doença de Kawasaki. - Comunicação Interatrial. - Prolapso de Valva Mitral. - Comunicação interventricular. - Angioplastia com Implante de Stent. - Febre Reumática Sem SequelaValvar. - Cirurgia de Revascularização do Miocárdio. - Procedimentos Dentários Sem Envolvimento de Gengiva. ANTIBIÓTICOS: Antes de procedimentos dentários, esofagianos ou trato respiratório: - Amoxicilina 2g, VO, 30 a 60 minutos antes do procedimento. - Clindamicina 600 mg ou Azitromicina 500 mg ou Claritromicina 500 mg. Antes de procedimentos gastrointestinais ou geniturinários: - Após 6 horas do procedimento reforço com Ampicilina 1g, EV. - Ampicilina 2g, EV, + Gentamicina 1,5 mg/kg, EV, 30 min antes do procedimento. - Vancomicina 1g, EV, + Gentamicina 1,5 mg/kg, EV, 30 min antes do procedimento.
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