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Direio Administrativo Aula 1 07 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Administrativo 
 Professor: Celso Spitzcovsky 
Aula: 07 | Data: 17/06/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
SEVIDORES 
1. Estágio Probatório 
2. Estabilidade 
3. Remuneração 
4. Acumulação 
5. Direito de Greve 
6. Regime Disciplinar 
 
PROPRIEDADE 
1. Importância 
2. Limite ao direito de propriedade 
3. Meios de Intervenção na Propriedade 
 
SEVIDORES 
 
1. Estágio Probatório 
 
a) definição: é o período de experiência pelo qual passa o servidor para a apuração de sua eficiência, em relação às 
atribuições do cargo. 
 
Deve ser cumprido no estágio probatório: 
- assiduidade; 
- produtividade; 
- disciplina; 
- respeito à hierarquia/subordinação 
 
O servidor poderá ser demitido (se cometer ilícito) ou exoneração (cometendo ilícito ou não, exemplo: não produziu 
o que deveria) se não cumprir o estágio probatório. Pela súmula 21 do STF para ser demitido ou exonerado tem 
direito a abertura de inquérito administrativo, assegurada a ampla defesa, sem isso a demisso ou exoneração serão 
ilegais. 
 
O estágio probatório não protege o servidor contra a extinção do cargo – súmula 22 do STF. 
 
2. Estabilidade 
 
É a garantia atribuída ao servidor que lhe assegura a permanência no serviço e não no cargo ( a vitaliciedade 
assegura a permanência no cargo). 
 
Para adquirir a estabilidade deve haver os seguintes requisitos (artigo 41, CF): 
a) aprovação em concurso; 
b) estar titularizando um cargo em caráter permanente; 
c) aprovação em estágio probatório de 3 anos. 
 
 
 
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Súmula 390 do TST: o TST estende a estabilidade para quem titulariza emprego na Administração direta, nas 
autarquias e fundações. Empresas públicas e sociedades de economia estão fora desse rol. 
 
Quem titulariza cargo em comissão ou contratado em caráter temporário não possui estabilidade, afinal não 
ingressa através de concurso nem em caráter permanente. 
 
- Perda do cargo, artigo 41, §1º, CF, são hipóteses de perda do cargo: 
a) por sentença judicial com trânsito em julgado; 
b) por processo administrativo, assegurada a ampla defesa; 
c) insuficiência de desempenho com base em previsão estabelecida em lei complementar (que ainda não foi 
editada). 
 
Artigo 169, CF – as quatro esferas de governo não poderão pagar folha de pessoal acima dos limites fixados em LC. 
Faz referencia a LC 101/2000 (lei de responsabilidade fiscal), essa lei estabelece limites de gastos: a União não pode 
gastar com folha de pessoal, mais de 50% do que ela arrecada com impostos; o limite é de 60% para as demais 
esferas. Se gastarem além desses limites, podem exonerar os servidores, até mesmo os estáveis (desde que sejam 
exonerados por último) (artigo 169, §4º, CF). 
 
3. Remuneração 
 
a) teto: artigo 37, XI, CF – ninguém pode receber além do que recebem os Ministros do STF (R$ 33.733,00). 
 
Exceção: artigo 37, §9º, CF – empresas públicas e sociedades de economia mista que sejam alto-suficientes 
(lucrativas) e que não dependam de verbas do orçamento para honrar seus compromissos, em especial para 
pagamento de folha de pessoal. 
Exemplo: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobras, BNDES podem pagar acima do teto para seus 
servidores. 
 
b) possibilidade de redução do teto: artigo 37, XV, CF proíbe a redução da remuneração do servidor, 
excepcionalmente é possível se estiver sendo percebida de forma inconstitucional (acima do teto, por exemplo). 
 
4. Acumulação 
 
a) Regra geral: artigo 37, XVI, CF – proíbe a acumulação remunerada de cargos dentro da Administração Pública. 
 
b) Exceções: artigo 37, CVI, CF – é possível desde que preenchidas as seguintes exigências: 
- comprovação compatibilidade de horários; 
- o resultado financeiro da acumulação não ultrapasse o teto de remuneração. 
 
Hipóteses em que excepcionalmente a CF permite a acumulação (após preenchimento das exigências acima): 
- dois cargos de professor; 
- um cargo de professor com outro técnico científico (ligado à área de magistério); 
- dois cargos ou empregos privativos de profissionais da área da saúde com profissões regulamentadas (não é só 
cargo de médico, pode ser para qualquer profissional da área da saúde); 
- cargo de juiz com uma de magistério (artigo 95, parágrafo único, CF); 
- integrantes do MP com uma de magistério (artigo 128, §5º, CF). 
 
 
 
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Pode haver cumulação de cargo de servidor com mandato de vereador se houver compatibilidade de horários 
(artigo 38, III, CF). 
 
5. Direito de Greve 
 
Artigo 37, VII, CF. pela primeira vez esse direito é previsto em uma Constituição, desde que sejam respeitados seus 
limites. Esse direito não terá o mesmo perfil do direito de greve atribuído aos trabalhadores da iniciativa privada. 
 
Greve no serviço público é possível, mas paralisação total de um serviço público é proibida, principalmente para 
serviços públicos essenciais, um percentual do serviço deve permanecer à disposição da população. 
 
A lei 7.783/89, artigo 13, disciplina a regra para a inciativa privada e, no que couber, para o serviço público – dispõe 
que entre a decisão da categoria e o início do movimento deve ser respeitado um prazo mínimo de 72 horas. 
 
6. Regime Disciplinar 
 
Nenhum servidor pode ser sancionado na esfera administrativa sem a abertura de uma sindicância ou se um 
processo disciplinar em que se assegure ampla defesa (caso contrário, será ilegal). Artigo 5º, LV, CF – garante a 
ampla defesa para processo penal e administrativo. 
 
O servidor tem direito à defesa técnica por advogado. Se esse direito não for atribuído a ele, o processo será ilegal, 
afinal o advogado é indispensável para a realização da justiça. 
Se o servidor abre mão da defesa técnica, o processo será legal – súmula vinculante nº 5: a falta de defesa técnica 
por advogado em processo disciplinar não ofende a CF. 
 
Súmula vinculante nº 14 – o representante daquele que está sendo processado tem amplo direito de ter vistas dos 
autos, sem isso, seria impossível a ampla defesa. 
 
Súmula vinculante nº 21 – é inconstitucional a cobrança de qualquer valor como requisito de admissibilidade de 
um recurso administrativo. 
 
PROPRIEDADE 
 
1. Importância 
 
Artigos 5º, caput e 22, CF. a propriedade é um direito fundamental/cláusula pétrea. 
 
2. Limite ao direito de propriedade 
 
Artigo 5º, XXIII, CF – a propriedade deve cumprir sua função social. Se não cumprir haverá inconstitucionalidade. 
 
A propriedade cumpre com sua função social quando: 
 
a) propriedade urbana: cumpre as regras do plano diretor – diploma legal encarregado de estabelecer regras que 
permitem que a cidade cresça de forma ordenada, de modo a evitar caos urbano, o plano diretor é obrigatório 
quando houver mais de 20 mil habitantes (artigo 182, §2º, CF). 
 
 
 
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Sanções: artigo 182, §4º, CF: 
- parcelamento ou edificação compulsórios; 
- incidência de IPTU progressivo no tempo; 
- desapropriação mediante indenização (paga em títulos da dívida pública, resgatáveis em até 10 anos). 
 
b) propriedade rural: artigo 186, CF – atende sua função social quando respeita quatro exigências: 
- exploração racional e adequada; 
- exploração que respeite os recursos hídricos e o meio ambiente; 
- exploração que respeita as relações de emprego (exemplo: trabalho escravo ou menores de 14 anos trabalhando 
desrespeitam essa regra); 
- exploração que atenda o bem-estar do proprietário e dos trabalhadores. 
 
Se uma dessas exigências não for cumprida, a propriedade rural poderá ser sancionada. 
 
Sanção: artigo 184, CF – desapropriação para fins de reforma agrária mediante indenização paga através de títulos 
da dívida agraria, resgatáveis em até 20 anos. 
 
3. Meios deIntervenção na Propriedade 
 
1) Desapropriação: implica em transferência compulsória da propriedade. É um meio de intervenção na 
propriedade em que ela é transferida compulsoriamente para o patrimônio público mediante indenização. 
 
a) Fatos geradores: 
- interesse público: o proprietário terá direito a indenização prévia, justa e em dinheiro (exemplo: para construir 
um hospital); 
 
- razões de inconstitucionalidade: o proprietário não seu à sociedade uma função social, há indenização paga 
através de títulos da dívida pública ou agrária resgatáveis em 10 ou 20 anos (depende da localização do imóvel). 
 
b) Legislação: decreto 3365/41. 
 
c) Destinatários: excepcionalmente pode recair sobre bens públicos (artigo 2º, §2º do decreto); a União pode 
desapropriar Estados e Municípios; os Estados desapropriam Municípios que não desapropriam ninguém. 
 
d) Fases: 
 
- Declaratória: o poder público declara um bem como sendo objeto de uma desapropriação e normalmente essa 
declaração vem através de um decreto de desapropriação. Informações básicas da desapropriação: 1) área a ser 
desapropriada; 2) fundamento da desapropriação; 3) destinação a ser atribuída ao bem. 
 
Pode ser que no decreto a destinação da desapropriação seja de interesse público e essa destinação mude com o 
decorrer do tempo, nesse caso haverá a tresdestinação que nada mais é que a mudança na destinação inicial 
atribuída ao bem. A tresdestinação pode ser: 1) lícita ou 2) ilícita. 
 
Tresdestinação lícita: mudança na destinação inicial atribuída ao bem mantendo-se o interesse público. 
Exemplo: era para construir uma escola, mas construiu uma delegacia. 
 
 
 
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Tresdestinação ilícita: mudança na destinação inicial do bem não se mantendo o interesse público. O proprietário 
pode ingressar com pedido de retrocessão com base no artigo 519 do CC. 
 
A jurisprudência (STJ) entende que se o pedido de retrocessão for julgado procedente, a ação se resolve em 
indenização por perdas e danos (artigo 35 do decreto 3365/41). Bens incorporados ao patrimônio público não 
podem mais ser objeto de reivindicação, ainda que a desapropriação tenha sido ilegal. 
 
- Executiva: objeto único: decide-se o valor a ser pago ao expropriado, na esfera administrativa ou judicial. 
 
Se não for resolvido na esfera administrativa, haverá ação judicial que tramita pelo poder ordinário com emissão 
provisória na posse (transferência da posse de imediato) desde que haja situação de urgência; o poder público 
deverá fazer depósito para ressarcir o expropriado pela perda prematura da posse. Se o juiz autorizar a emissão 
provisória, não impede o expropriado de continuar brigando pelo valor da indenização pela perda da propriedade. 
A única discussão que pode ser alegada é o valor de indenização, qualquer outra ilegalidade deverá ser discutida 
em ação própria. 
 
 
2) Confisco: implica em transferência compulsória da propriedade. Só está autorizado nas hipóteses do artigo 243, 
CF: 1) trabalho escracho ou 2) plantação ilegal de psicotrópicos. O proprietário não terá direito à indenização e se 
sujeita a sanções penais. 
 
 
3) Requisição administrativa: implica em transferência compulsória da posse. Meio de intervenção na propriedade 
m que se transfere compulsória e temporariamente a posse mediante indenização. 
- Fato gerador: razões de iminente perigo público. 
 
 
4) Ocupação: implica em transferência compulsória. Meio de intervenção na propriedade em que transfere 
compulsória e temporariamente a posse, mediante indenização. 
- Fato Gerador: razões de interesse público. 
 
 
5) Limitação: implica em restrições quanto ao uso. Meio de intervenção na propriedade que traz restrições quanto 
ao uso, de forma geral (atinge a todos os bens) e gratuita (não dá direito à indenização). 
Exemplo: minha propriedade não respeita o zoneamento. 
 
 
6) Servidão: implica em restrições quanto ao uso. Meio de intervenção na propriedade que traz restrições quanto 
ao uso específicas (não atinge a todos, atinge apenas uma ou algumas propriedades) e onerosas (dá direito à 
indenização). 
Exemplo: passagem de oleoduto por algumas propriedades, o que gera desvalorização do imóvel. 
 
 
7) Tombamento: implica em restrições quanto ao uso. Meio de intervenção na propriedade que traz restrições 
quanto ao uso específicas e onerosas. 
Exemplo: Damásio de Jesus. 
- Fato gerador: por razões históricas, artísticas, culturais ou ambientais. 
 
 
 
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É possível o tombamento numa região inteira (exemplo: bairro tombado; cidades tombadas). 
 
Proprietário de bem tombado tem direito à indenização, ainda mais se tiver despesas para manutenção das 
características. 
Proprietário de bem tombado pode alienar, desde que as características do bem sejam mantidas. 
 
O tombamento pode incidir sobre bens móveis e imóveis. Os imóveis vizinhos não poderão construir nada que tire 
ou diminua a visibilidade do imóvel tombado.

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