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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Tributário Professor: Caio Bartine Aula: 05 | Data: 03/06/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Princípio da Uniformidade Geográfica 2. Princípio da Não Diferenciação IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 1. Imunidades Genéricas 1. Princípio da Uniformidade Geográfica (art. 151, I, CF) Todo tributo federal terá vigência, de igual modo, em todo território nacional. Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País; Exceção: É a concessão de incentivos fiscais para o desenvolvimento socioeconômico de uma região (ex.: art. 40 do ADCT – Zona Franca de Manaus). 2. Princípio da Não Diferenciação (art. 152, CF) Estados e Municípios não podem estabelecer tratamento diferenciado entre si em razão da procedência ou destino de bens e serviços. Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. Exceção: É a possibilidade do estabelecimento de convênios. Convênios: São acordos firmados entre secretários de Fazenda. Obs.: O STF declarou a inconstitucionalidade de uma Lei estadual que estabelecia um tratamento diferenciado de IPVA em razão da procedência do veículo. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS Página 2 de 4 A imunidade é uma vedação constitucional que impede a incidência tributária. A imunidade impede o aperfeiçoamento do Fato Gerador. Só a Constituição Federal pode conferir regras de imunidade. A Lei confere isenção e a Constituição confere imunidade. A Lei não pode imunizar e a Constituição não pode isentar. Imunidade Tributária / Regras de Incompetência / Competência Tributária Negativa Imunidade é uma expressão doutrinária, a Constituição não traz a expressão “imunidade”, mas traz expressões correlatas, sendo: . Vedação . Não incidência Essas expressões, na CF, se referem a tribunos e estaremos falando em imunidade. . Isenção . Gratuidade Obs.: “Não incidência”, quando fora da CF, trata de fato atípico, ou seja, fato que não se enquadra na hipótese de incidência. “Isenção”, quando fora da CF, é uma dispensa legal do pagamento do tributo, excluindo o crédito tributário dele decorrente. As imunidades se dividem em: Imunidades Genéricas e Imunidades Específicas. 1. Imunidades Genéricas (art. 150, VI, CF) Toda imunidade genérica veda a instituição de impostos. a) Imunidade Recíproca (art. 150, IV, a, CF) Veda a instituição de impostos sobre patrimônio, renda e serviços entre os entes federativos. Um ente federativo não pode instituir imposto sobre outro ente. O vetor teleológico e axiológico dessa disposição é a preservação do pacto federativo, evitando que um ente fique subjugado a outro. Os impostos que incidem sobre operações (ex.: IPI, IOF), e os impostos que incidem sobre transmissão (ex.: ITCMD, ITBI), apesar de não citados pela CF, tem imunidade recíproca. Imunidade nos impostos indiretos: Impostos indiretos são aqueles que admitem repercussão econômica, ou seja, admite o repasse do encargo para outra pessoa. O contribuinte de direito, aquele que realiza o fato gerador, é diferente do contribuinte de fato, aquele que assume um encargo tributário. Ex: O Município contrata energia elétrica de uma concessionária, e a concessionária repassa ao Município 25% de ICMS – O Município tem que pagar. A imunidade recíproca não se estende se o ente federativo que se encontra na situação de contribuinte de fato. Obs.: O MP sempre se manifesta no MS (art. 12, LMS). Imunidade Recíproca X Autarquias e Fundações Públicas: A imunidade recíproca é extensiva as autarquias e fundações públicas, desde que atendidas suas finalidades essenciais (art. 150, §2º, CF). Página 3 de 4 § 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Se ocorrer desvio de finalidade estas entidades serão tributadas pelos impostos. Regra geral da imunidade recíproca: Gozam de imunidade recíproca todas as pessoas jurídicas de direito público. Contudo o STF no julgamento do RE 407.099/RS concluiu: Empresa pública e sociedade de economia mista, quando prestadoras de serviços públicos considerados essenciais ao funcionamento do Estado, ou em regime de monopólio, gozam de imunidade recíproca (Ex.: Correios, Casa da moeda, Infraero). RE 407.099/RS. EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art. 150, VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. I. - As empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que exercem atividade econômica. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade tributária recíproca: C.F., art. 150, VI, a. II. - R.E. conhecido em parte e, nessa parte, provido. Se a empresa pública ou sociedade de economia mista explorara uma atividade econômica não podem gozar da imunidade recíproca (art. 150, §3º e art. 173, §2º da CF). Ex.: Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Petrobras. Obs.: Concessionária não podem prestar serviços de natureza essencial, contudo, caso isso ocorra não será beneficiada pela imunidade recíproca, pois atua com a intenção de obter lucro. Serventias extrajudiciais (cartórios) recebem atribuição do poder público, não sendo vedado a exploração econômica, de forma que não goza de imunidade (art. 236, CF). São tributados como pessoa física, na pessoa do tabelião, pois não tem personalidade jurídica. b) Imunidade Religiosa (art. 150, IV, b, CF) Veda a instituição de impostos sobre templos de qualquer culto. Para o STF o que se preserva aqui não é o templo mas sim a liberdade de culto, a difusão de crenças, a atividade religiosa propriamente dita. – Discussões Jurisprudenciais I. Imóveis locados de propriedade da organização religiosa Se o valor arrecadado pelo aluguel for completamente aplicado na atividade religiosa a imunidade se entende (Súmula 724 do STF). STF, 724. AINDA QUANDO ALUGADO A TERCEIROS, PERMANECE IMUNE AO IPTU O IMÓVEL PERTENCENTE A QUALQUER DAS ENTIDADES REFERIDAS PELO ART. 150, VI, "C", DA CONSTITUIÇÃO, Página 4 de 4 DESDE QUE O VALOR DOS ALUGUÉIS SEJA APLICADO NAS ATIVIDADES ESSENCIAIS DE TAIS ENTIDADES. Obs.: A mesma regra pode ser estendias aos estacionamentos, e cemitérios de propriedade das entidades religiosas. II. Terreiros que funcionam em residências Se comprovada a prática de atividade religiosa regular, é possível se estender a imunidade ao IPTU. III. Casa Paroquial, Episcopal, Pastores São as residências dos sacerdotes e líderes religiosos nos arredores do templo. Quando a casa é uma extensão das atividades religiosas aplica-se a imunidade, ou seja, leva-se em consideração o caso concreto. IV. Satanismos Segundo o preambulo constitucional o Brasil está sobre a proteção de Deus, assim o satanismo não seria religião e, portanto, não goza de imunidade. V. Maçonaria O STF entendeupor maioria de votos que a maçonaria não é uma religião, mas sim uma filosofia. Bem como a maçonaria só permite a frequência de seus membros, não sendo aberta qualquer pessoa. Não tem imunidade de impostos. c) Imunidade subjetiva e condicional (art. 150, VI, c, CF) Essa imunidade veda a instituição de impostos sobre patrimônio, renda e serviços dos partidos políticos e suas fundações, entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos, atendidas as exigências da Lei. A doutrina denomina como expressão de imunidade subjetiva, pois ela recai sobre a pessoa e não sobre a coisa. Essa imunidade é uma norma constitucional de eficácia contida. A Lei que traz tais exigências obrigatoriamente será uma Lei Completar (art. 146, III, CF). Requisitos (art. 14, CTN) – Não distribuir qualquer parcela de duas receitas. – Aplicar toda a receita recebida no país. – Devem manter uma regular escrituração fiscal.
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