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Aula 11
Marcela Jorqueira Fantappie – Turma 3000 
Questões:
1. Que é imunidade tributária? O conceito de imunidade tributária é próprio dos impostos ou pode ser aplicável às taxas, às contribuições e as contribuições de melhoria? 
Imunidade tributária é uma proteção que a Constituição Federal confere aos contribuintes. Ocorre quando a Constituição impede a incidência de tributação, exigindo que o Estado se abstenha de cobrar tributos (não sofrer a tributação). Ou seja, as entidades ou pessoas contempladas com a imunidade têm o direito de realizarem determinada ação que normalmente configuraria fato gerador de um tributo, mas sem sofrerem a respectiva tributação. Logo, o que é imune não pode ser tributado. No entanto, a imunidade só atinge a obrigação tributária principal, permanecendo as obrigações acessórias. Em outras palavras, de acordo com Paulo de Barros Carvalho, o entendimento é de que a imunidade tributária é aplicável unicamente aos impostos.
2. Estabeleça uma crítica as seguintes definições de imunidades tributárias: i) A imunidade como limitação constitucional às competências tributaries ii) imunidade como exclusão ou supressão do poder tributário; iii) Imunidade como providência constitucional que impede a incidência tributária — hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada 
i) A imunidade tributária como limitação constitucional ao poder de tributar: 
A natureza jurídica do instituto das imunidades tributárias é algo dissenso na doutrina. Porém maioria da doutrina assevera que a imunidade constitui-se numa típica limitação à competência tributária que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sofrem por força da Carta Maior. Pode ser entendido como o obstáculo decorrente de regra da Constituição, impedindo que a lei defina como hipótese de incidência tributária aquilo que é imune, é limitação de competência. 
No entanto, Paulo de Barros Carvalho, se posiciona doutrinariamenre de outra forma, recusa a definição de imunidade como limitação constitucional ao poder de tributar, se posicionando no sentido de que afirmar esse limitação seria vago, pois a expressão da limitação abriga outras categorias jurídicas que com ela não se confundem. 
ii) A imunidade como “exclusão” ou “supressão” da competência tributária: 
Vários doutrinadores, têm a imunidade tributária como uma limitação no sentido de exclusão ou supressão da competência de tributar, proveniente da Constituição. Porém, para Paulo de Barros Carvalho, como já mencionado anteriormente, se posiciona diferente e ressalta que: “[…] sustentar que a norma imunizante é uma ‘exclusão’ ou ‘supressão’ da competência tributária significa admitir a preexistência, ou maior velocidade, das normas que outorgam a competência tributária em relação à norma imunizante, como se ambas não atuassem em sincronia, ferindo, desse modo, o princípio da simultaneidade da dinâmica normativa" 
iii) Imunidade como providência constitucional que impede a incidência tributária — hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada:
Paulo Carvalho de Barros recusa a ideia de que a imunidade exibe-se como sendo uma forma qualificada ou especial de não-incidência. Seu principal argumento repousa na impossibilidade, segundo ele, de ligar-se o fenômeno da incidência às normas de imunidade, visto que institutos estes caracterizados por regras jurídicas de diferente natureza, a saber, respectivamente, regras de comportamento e regras de estrutura. A incidência “é a realização do suporte fático da norma jurídica pela conduta pertinente”. É o acontecimento, na vida real, de um fato previsto em lei, tornando- se, então, fato jurídico. Nesse momento ocorre a concreção ou subsunção, portanto é descabido atrelar-se ao fenômeno da incidência as normas imunizantes, que, como regras de estrutura que são, não incidem sobre fatos.
3. Estabeleça um paralelo entre imunidade; isenção e não incidência, diferenciando tais institutos.
Imunidades tributárias (não incidência constitucionalmente qualificada) designam as regras constitucionais que proíbem a tributação de determinadas pessoas, objetos ou certas demonstrações de riqueza, negando, portanto, a competência tributária. Ou seja, imunidade é a regra constitucional negativa de competência. Na isenção, há a incidência e há competência, mas a lei (ou convênio, no caso do ICMS) dispensa o pagamento do tributo. Além disso, a imunidade não se confunde com a não incidência pura e simples. No caso da não incidência pura e simples, o ente não tem competência ou a possui, mas não a exerce.
4. Identifique e explique os tipos de imunidades do art. 150 VI da CF
Imunidade tributária recíproca (alínea “a”). Previsão legal: CF, art. 150, VI, “a”: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;” Ou seja, é vedado, aos entes federativos, instituir impostos uns dos outros sobre o patrimônio, a renda ou os serviços. Os motivos da existência da existência de tal imunidade recíproca são: 1) Salvaguarda do pacto federativo. A ideia é evitar que a tributação funcione como instrumento de coerção de um ente federativo sobre o outro. 2) Ausência de capacidade contributiva.
Imunidade tributária religiosa (alínea “b”). Previsão legal CF, art. 150, VI, “b”: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: b) templos de qualquer culto; (...)”. Essa imunidade visa a proteger a instituição religiosa em sua totalidade e não apenas o prédio físico utilizado para as manifestações religiosas. O art. 150, § 4º, CF, cita a necessidade de relação com as “finalidades essenciais” da entidade. CF, art. 150, § 4º: “As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas”.
Imunidade tributária dos partidos políticos, sindicatos de trabalhadores, entidades educacionais e assistenciais (alínea “c”). Previsão legal: CF, art. 150, VI, “c”: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – instituir impostos sobre: c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (...)”. O dispositivo abrange os partidos políticos, as entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social. Já as entidades sindicais patronais não estão abrangidas pela imunidade do art. 150, VI, “c”, CF. Em relação as instituições educacionais, não há limitação, sendo que ela abrange qualquer nível e modalidade de ensino, independente de cobrar mensalidade ou não. 
Imunidade tributária cultural ou de imprensa possui como objetivos: 1) Evitar embaraços ao exercício da liberdade de expressão; e 2) Facilitar o acesso da população à cultura, à informação e à educação. Previsão legal: CF, art. 150, VI, “d”: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.”
Imunidade musical (da música nacional). Previsão legal: CF, art. 150, VI, “e”: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - Instituir impostos sobre: e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas deleitura a laser.” Trata-se da imunidade mais criticada de todas, pois existia toda uma preocupação em tornar os produtos (CDs e DVDs) mais baratos, tentando diminuir a pirataria. Entretanto, do modo como foi feita a redação do dispositivo, a imunidade foi extremamente limitada e não conseguiu alcançar o objetivo almejado: acabar com a pirataria. Em suma: conforme o art. 150, VI, “e”, CF, tanto os fonogramas quanto os videofonogramas são imunes, desde que produzidos no Brasil. Além da necessidade de o produto (fonogramas e videofonogramas) ter sido produzido no Brasil, eles devem ter o compositor ou o intérprete brasileiro. A imunidade se estende também para os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham. Exceção: O art. 150, VI, “e”, CF, traz uma exceção: “(...)salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser”.
5. Na sua opinião, são imunes: (a) quanto ao ISS os serviços de guarda e estacionamento de veículos automotores prestados por entidades religiosas; (b) quanto ao IPTU, o imóvel destinado à locação, pertencente à mesma entidade e os cemitérios particulares; (c) quanto ao ITR as áreas de reserva indígena.
a) Não, desde que toda a renda auferida pela guarda e estacionamento dos veículos seja revertida aos fiéis e interessados, de acordo com as finalidades da entidade religiosa, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal em 2012, no Agravo nº 673606, de relatoria do Min. Luiz Fux. b) O Supremo Tribunal Federal enunciou a Súmula Vinculante 52, na qual firmou o entendimento de que permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a partidos políticos, suas fundações, entidades sindicais de trabalhadores, instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos (art. 150, VI, alínea “c”, CF), desde que o valor auferido seja aplicado nas atividades para essas entidades foram constituídas. c) O ITR não incide sobre a área rural que comprovadamente encontra-se em terra indígena demarcada. De acordo com o Acórdão nº 2201-003.026, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, é necessário que haja a protocolização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (requisito formal). Caso não haja o ADA devidamente protocolizado, entende-se que a área não se destina à preservação ambiental (requisito material), inexistindo, dessa forma, os requisitos formais e materiais para a não incidência do ITR.

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