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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Eleitoral Professor: Clever Vasconcelos Aula: 04 | Data: 20/05/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO PARTIDOS POLÍTICOS 1. Fidelidade Partidária 2. Submissão a Controle 3. Sistemas Eleitorais ELEIÇÕES 1. Coligações Eleitorais 2. Convenções Partidárias PARTIDOS POLÍTICOS 1. Fidelidade Partidária (art. 17, §1º, 2ª parte, CF) O mandato é do partido e não do candidato, sejam para eleições proporcionais ou para eleições majoritárias. Contudo o estatuto do partido político deve mencionar a obrigatoriedade da fidelidade, caso contrário ela não será obrigatória e o mandato pertencerá ao candidato. Art. 17, § 1º, CF - É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. A fidelidade partidária é regulada pela Resolução n.º 22.610/2007, art. 1º, § 1º, inciso II, e pela consulta n.º 175/35 feita ao TSE. Assim o partido político interessado pode pedir, junto a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária, quando essa ocorrer sem justa causa. Contudo, o candidato que se desligar do partido pelo qual foi eleito poderá manter o seu cargo eletivo quando a desfiliação estiver fundada em justa causa. Justa Causa são as situações que justificam a mudança de partido, sendo hipóteses: I. Incorporação ou fusão do partido político II. Criação de um novo partido III. Mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário IV. Grave discriminação pessoal O partido prejudicado tem prazo de 30 dias para ajuizar ação específica de Detenção do Mandato. Se houver o decurso desse prazo, poderá fazê-lo em mais 30 dias qualquer interessado ou o Ministério Público Eleitoral. Página 2 de 6 2. Submissão a Controle I) Quantitativo: É o caráter nacional, é a fixação dos requisitos para criação do partido político (art. 17, I, CF). II) Qualitativo (art. 17, “cput”, CF): O partido político deve resguardar a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana. III) Financeiro: Partido político não pode receber recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiro. Contudo pode receber recursos de entidades privadas, mas se irregular, poderá configurar abuso do poder econômico. Os partidos políticos tem imunidade tributária, em relação ao patrimônio, renda ou serviços (art. 150, VI, “c”, CF). O partido político ainda tem acesso ao fundo partidário. Fundo Partidário (art. 41-A da Lei 9.096/95 – LPP) O fundo partidário é alimentado por: - Multas e penalidades eleitorais - Recursos Públicos, conferidos por lei (orçamento da União) - Cada eleitor tem representa um valor, e esse valor será multiplicado pelo numero de eleitores e entregue aos partidos políticos (pagos pelo governo federal). - Doações ao partido político: Tanto pessoa física quanto pessoa jurídica pode doar no máximo 2% do valor bruto auferido no exercício financeiro anterior. – Destinação do Fundo Partidário Como é feita a divisão desse fundo partidário entre os partidos políticos. - 5% será distribuído de forma igual, para todos os partidos políticos. - 95% será distribuído anualmente na proporção de votos da última eleição para câmara dos deputados, ainda que o partido político não tenha eleito ninguém, mas tenha recebido voto. Serão desconsideradas as mudanças de partido (art. 41-A, paragrafo único, LPP). 3. Sistemas Eleitorais – Sistema Majoritário I. Eleições para cargos executivos . Eleições para Presidente da República e Vice (art. 77, §2º, CF) . Eleições para Governador e Vice, e Governador e Vice do DF (art. 28, e art. 32, §2º, CF) . Eleições para Prefeito (art. 29, I e II da CF) II. Eleições para Senadores O Senador é eleito com dois suplentes. Página 3 de 6 Em relação aos cargos executivos temos duas possibilidades de eleição: O critério da maioria absoluta, em que aquele que obtiver a maioria absoluta dos votos será eleito para os cargos executivos, com exceção do art. 29, I e II da CF, ou seja, nos município com menos ou igual 200.000 eleitores o Prefeito e Vice poderão ser eleitos por maioria simples. Se antes de realizado o 2º Turno ocorrer a morte, desistência ou impedimento de candidato, convoca-se o terceiro colocado para substitui-lo (art. 77, §4º, CF). No caso de 2º Turno se no segundo lugar houver mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. Obs1: Votos Brancos e Votos Nulos são votos inválidos, não valem para absolutamente nada (art. 77, §2º, CF). A diferença entre brancos e nulos é meramente filosófica: como o comparecimento às urnas é obrigatório o voto em branco representa a escusa ideológica, é o eleitor cumprindo a obrigação de comparecer as urnas. O art. 224 do CE diz que se verificada a nulidade da maioria absoluta dos votos haverá nova eleição, mas essa nulidade é a nulidade decretada pelo judiciário por fraude eleitoral. Obs2: O voto obrigatório é clausula pétrea. – Sistema proporcional (art. 105 e seg. do CE) São eleitos pelo sistema proporcional: Deputado Federal, Deputado Distrital, Deputado Estadual e Vereadores. . Quociente eleitoral – QE É o primeiro cálculo que deve ser feito. É o resultado da divisão dos votos válidos pelo numero de vagas, numero de cadeiras, em disputa. Ex.: Em uma eleição temos 35.000 votos válidos, com 15 cadeiras em disputa, entre os partidos “A”, “B” e “C”. Para achar o quociente eleitoral devemos dividir o numero de votos válidos pelo numero de vagas em disputa. O quociente eleitoral no nosso exemplo será de 2.333,33. Supondo que o partido “A” obteve 15.000 votos válidos, o partido “B” teve 10.000 votos válidos e o partido “C” teve 5.000 votos válidos. Será considerado o voto no candidato, o voto na legenda e o voto na legenda da coligação. Página 4 de 6 . Quociente partidário – QP É a divisão do numero de votos obtidos pelo partido, pelo numero do quociente eleitoral. No nosso exemplo teremos: QP “A” = 15.000 : 2,333 = 6 cadeiras QP “B” = 10.000 : 2,333 = 4 cadeiras QP “C” = 5.000 : 2,333 = 2 cadeiras QP Total = 12 vagas Havendo fração no numero obtido pelo quociente partidário, esse numero deve ser arredondado. Se a fração for igual ou maior que 5 arredondamos para cima, mas se a fração for inferior a 5 arredondamos para baixo. Escolha dos candidatos As cadeiras serão preenchidas pelos candidatos que obtiverem o maior numero de votos, entre os candidatos do partido ou coligação, ocupando as cadeiras obtidas pelo partido. Ex.: O partido “A” obteve 6 cadeiras. 1º. Candidato – com 4.000 votos – Eleito 2º. Candidato – com 3.500 votos – Eleito 3º. Candidato – com 3.000 votos – Eleito 4º. Candidato – com 2.500 votos – Eleito 5º. Candidato – com 1.650 votos – Eleito 6º. Candidato – com 200 votos – Eleito 7º. Candidato – com 100 votos – Não Eleito 8º. Candidato – com 50 votos – Não Eleito Página 5 de 6 Se determinado partido não alcançar o quociente eleitoral, mesmo que algum candidato tenha mais votos que outro candidato de partido que atingiu o quociente, não será eleito. Ex.: Candidato do partido “D” obteve 2.000 votos válidos,mas o partido “D” obteve, somando todos os votos, apenas 2.200 votos. Esse candidato não será eleito, mesmo que 6º candidato do partido “A” tenha obtido apenas 200 votos. . Vagas remanescentes Esse cálculo é feito com base na TEORIA DA MAIOR MÉDIA. Dividimos o numero originário de votos do partido pelo numero de cadeiras que ele obteve, vamos pegar esse resultado e somar 1. A cadeira remanescente fica com o partido que obtiver a maior média. No nosso exemplo pelo total do quociente partidário chegamos ao numero 12, ficando o remanescente de 3 vagas. Atenção Se nenhum partido ou coligação alcançar o quociente eleitoral a eleição deixa de ser proporcional e passa a ser majoritária (art. 111, CE). “Art. 111 - Se nenhum Partido ou coligação alcançar o quociente eleitoral, considerar-se-ão eleitos, até serem preenchidos todos os lugares, os candidatos mais votados.” Essa etapa será repetida tantas vezes quantos forem as vagas restantes. Ex.: Nessa repetição o cálculo do partido “A” vai ser alterado, pois ele tem agora 7 vagas e não mais 6 vagas. Página 6 de 6 ELEIÇÕES 1. Coligações Eleitorais (art. 6º da Lei 9.504/97) Toda coligação terá denominação própria (Ex.: Partido “A” + partido “B” = Coligação Novo Mundo). Existe a livre faculdade de coligação, não há necessidade da verticalização eleitoral, ou seja, a coligação pode ser distinta (Ex.: Partido “A” e partido “B” fazem coligação para eleições presidenciais, mas são adversários nas eleições estaduais). Nas eleições majoritárias pode haver um tipo de coligação e nas proporcionais pode haver outro tipo de coligação. Cada coligação terá seu representante. As coligações devem ser feitas até o dia 30 de junho, data em que os partidos realizam as convenções e definem os candidatos. Quando os partidos estão coligados não podem mais agir sozinhos, devem agir por meio de seus representantes. Eventualmente se questionada a legalidade da convenção, então o partido poderá agir isoladamente, só para questionamento da validade da convenção. 2. Convenções Partidárias Tem duas finalidades: A primeira finalidade é deliberação sobre coligações e a segunda finalidade é a escolha dos candidatos. O período convencional é de 12 a 30 de junho do ano da eleição. O candidato à reeleição tem a vaga garantida ou deve novamente ser indicado pela convenção? Trata-se da Candidatura Nata, discutida na ADI 25309 (não existe no Brasil).
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