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Direio Penal Especial Aula 2 10 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Penal Especial 
 Professor: Victor Gonçalves 
Aula: 10 | Data: 12/06/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Induzimento, instigação ou auxílio ao Suicídio 
2. Infanticídio 
3. Aborto 
 
1. Induzimento, instigação ou auxílio ao Suicídio 
 
Artigo 122, CP. Este crime também é conhecido com a denominação “participação em suicídio” porque o legislador 
pune quem incentiva ou colabora com o suicídio alheio. 
 
O induzimento e a instigação são formas de participação moral porque o sujeito quer convencer a vítima a se matar. 
No induzimento ele dá a ideia do suicídio, ele faz nascer a ideia suicida, ao passo que na instigação ele reforça a 
ideia suicida já existente. Auxílio, por sua vez, constitui participação material (o sujeito colabora com o ato suicida). 
No auxílio o agente colabora com o próprio ato suicida, quer fornecendo meios, quer fornecendo instruções. 
 
Se a vítima pedir para outra pessoa matá-la o crime é o de homicídio, pois sendo a vida um bem indisponível, o 
consentimento não exclui o delito. 
 
Por serem vários verbos separados pela partícula “ou”, este crime tem o tipo misto alternativo, sendo que basta 
uma dessas condutas para o fato seja crime. Se forem realizadas duas ou mais condutas em face da mesma vítima, 
haverá crime único. 
 
Quando A convence B a posteriormente induzir C a se matar, e isso realmente ocorre, temos as seguintes 
consequências: 
 
1) B é autor do crime de participação em suicídio porque ele induziu diretamente C a se matar; 
2) por sua vez A é partícipe do crime de participação em suicídio. 
 
A doutrina costuma salientar que no artigo 122 ocorre uma situação excepcional em que a participação em um ato, 
que em si não é criminoso, constitui infração penal. O suicídio não é crime, mas o envolvimento/participação do 
suicídio sim. 
 
Suicídio é a supressão voluntária e consciente da própria vida. Quem emprega coação para forçar outra pessoa a 
se matar pratica homicídio, porque neste caso, a supressão da própria vida não foi voluntária. Além disso, se o 
agente empregar fraude para que a vítima tire a própria vida, sem perceber que o está fazendo, ou ainda se o 
sujeito convence uma criança ou um grave doente mental a realizar ato que provocará a própria morte, o crime é 
o de homicídio porque neste caso a supressão da própria vida não ocorreu de forma consciente. 
 
1) Elemento Subjetivo: 
 
O elemento subjetivo é o dolo direto ou eventual. Não existe modalidade culposa. 
Exemplo de dolo eventual: estimular alguém a fazer roleta russa contra o próprio corpo. 
 
 
 
 
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Quando alguém, por mera brincadeira, sugere que o outro se mate, ele não agiu de forma dolosa e por isso, não 
responderá pelo delito caso o outro resolva realmente se matar. 
 
Deve haver dolo em relação ao suicídio de pessoa ou pessoas determinadas. Por isso, autores de livros ou músicas 
que tratem genericamente do tema suicídio, não podem ser responsabilizados caso alguém se inspire na obra e 
resolve se matar. 
Exemplo: livro do Romeu e Julieta, alguém lê e se inspira a cometer suicídio. 
 
2) Sujeito Ativo e Sujeito Passivo: 
 
Trata-se de crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, 
desde que possa compreender o ato suicida. 
 
3) Consumação e Tentativa: 
 
O legislador, ao tratar da pena do artigo 122, estabeleceu duas regras. Se a vítima morrer a pena será de 2 a 6 anos. 
Se a vítima sofrer lesão grave a pena será de 1 a 3 anos de reclusão. Neste último caso, o crime considera-se 
consumado porque a pena está prevista na parte especial do código. Em suma, o crime se consuma no momento 
em que a vítima morre ou sofre lesão grave. 
 
Exemplo: se dou um veneno para alguém hoje, 12 de junho, e a pessoa toma o veneno só daqui 4 meses, o fato se 
consuma no momento em que a vítima toma o veneno e nesse momento (da consumação) começa a correr a 
prescrição. 
 
Por não haver previsão legal de pena, o fato é considerado atípico quando a vítima não realiza o fato suicida ou 
quando realiza sofre somente lesões leves. 
 
Em conclusão o crime de participação não admite tentativa porque se a vítima morre ou sofre lesão grave, o crime 
está consumado e em qualquer outra hipótese o fato é atípico. 
 
Quando duas pessoas fazem um pacto suicida e realizam concomitantemente o ato e uma delas sobrevive, incorre 
no artigo 122. Se as duas sobrevivem com lesões graves, ambas incorrerão no artigo 122 em relação à outra, mas 
com a pena de 1 a 3 anos. 
 
4) Majorantes (causas de aumento de pena): 
 
A pena será aplicada em dobro: 
 
I- Se o crime foi praticado por motivo egoístico (exemplo: estimulo meu pai a se matar para ficar a herança dele); 
 
II- (primeira parte) Se a vítima é menor de 18 anos. 
 
Existe divergência doutrinária em relação a esta majorante. A maioria entende que a majorante só é aplicável 
quando a vítima tem mais de 14 e menos de 18 anos porque se parte da premissa de que pessoas com menos de 
14 anos não compreendem o ato suicida, de modo que, em tal caso, o crime é sempre de homicídio. A tese 
minoritária é a de que o crime só será o de homicídio se for feita a prova no caso concreto da falta da capacidade 
de entendimento do menor de idade. 
 
 
 
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II- (segunda parte) Se a vítima está com sua capacidade de resistência diminuída (capacidade diminuída no sentido 
de não ser convencida por aquele que quer que ela se mate. Exemplo: momento de depressão da vítima, ou no 
momento em que a vítima está drogada ou embriagada ou até mesmo fragilizada por problemas financeiros ou 
amorosos etc). 
 
 
2. Infanticídio 
 
 Arrigo 123, CP. Matar o próprio filho sob a influência do estado puerperal, durante o parto ou logo após. 
 
Estado puerperal é o conjunto de alterações que ocorre no organismo da gestante em consequência do fenômeno 
do parto e que, em razão das alterações hormonais e do eventual sofrimento e cansaço, podem levar a um 
sentimento temporário de rejeição em relação ao bebê, visto como responsável por tudo aquilo pelo que ela está 
passando. Caso ela o mate em razão disso, ela pratica infanticídio que tem uma pena, bem menor do que o 
homicídio, que é de detenção de 2 a 6 anos. 
 
Trata-se de crime autônomo porque tem dispositivo próprio e não modalidade privilegiada do homicídio. 
 
O estado puerperal como causa da morte deve ser provado para que se reconheça o infanticídio e a prova mais 
relevante é o exame psiquiátrico feito na mãe. Caso, excepcionalmente, a prova seja inconclusiva, aí então 
presume-se que a morte decorreu do estado puerperal, para que a mulher seja responsabilizada pelo crime menos 
grave (“in dubio pro reo”). 
 
1) Elemento Temporal: 
 
O infanticídio só pode ser cometido durante ou logo após o parto. Considera-se presente a elementar “logo após” 
enquanto durar o estado puerperal de cada mulher em cada caso concreto. 
 
A depressão pós-parto deve ser encarada no crime de homicídio, com redução da pena pela semi-imputabilidade 
ou até mesmo pode ser encaminhada a tratamento. A depressão pós-parto se prolonga por mais tempo (pode, por 
exemplo, a mãe matar seu filho após 1 anos após o parto). 
 
2) Sujeito ativo: 
 
Trata-se de crime próprio porque o sujeito ativo, de forma direta, é a mãe que está no estado puerperal. 
 
O infanticídio admite coautoria e participação, em razão da regra do artigo 30, que diz que as elementares de 
caráter pessoal se comunicam, se estendem aos comparsas que não possuem aquela mesma qualidade. 
 
3) Sujeito Passivo: 
 
É o filho que está nascendo ou o recém-nascido. Se a mãe, por erro, mata outro recém-nascido, pensando que se 
trata de seu próprio filho, responde por infanticídio, por ter incorrido“erro sobre a pessoa” e nestes casos o artigo 
20, §3º diz que o agente responde como se tivesse matado quem pretendia. 
 
 
 
 
 
 
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4) Meio de Execução: 
 
Qualquer um, crime de ação livre. 
 
5) Consumação: 
 
Ocorre no momento da morte. 
 
6) Tentativa: 
 
É possível. 
 
7) Elemento subjetivo: 
 
O dolo. Não existe modalidade culposa de infanticídio. 
 
Se logo após o parto, a mãe, culposamente, mata o recém-nascido, o entendimento da maioria dos autores é que 
ela responde por homicídio culposo. Existe, todavia, entendimento minoritário de que não pode haver punição por 
tal crime, na medida em que o legislador, ao não tipificar forma culposa do crime de infanticídio, estaria indicando 
intenção de não punir a mãe nesses casos. Ademais, enquadrá-la no homicídio seria inócuo porque ela faria jus ao 
perdão judicial. 
 
 
3. Aborto 
 
Existem quatro modalidades de aborto criminoso no CP: 
 
1) Auto-aborto: artigo 124, primeira parte: abortar aborto em si mesma, trata-se de crime próprio porque é 
praticado pela gestante que realiza o ato abortivo em si mesma. A pena é de detenção de 1 a 3 anos. 
Exemplo: ingestão de medicamento abortivo. 
 
Trata-se de crime de mão própria porque não admite coautoria. 
 
Admite, todavia, participação. 
Exemplos: a família ou as amigas que estimulam o uso do medicamento abortivo; o rapaz que engravidou, compra 
o medicamento e entrega para a gestante utilizar; o dono ou funcionário da farmácia que indevidamente vende o 
medicamento abortivo; o médico que à pedido da gestante fornece uma receita do medicamento. 
 
- Sujeito Passivo: o produto da concepção.

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