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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional Disciplina: Processo Civil Professor: Eduardo Francisco Aula: 14 | Data: 22/06/2015 MATERIAL DE APOIO ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO RECURSOS 1. Meios de Impugnação de Decisão Judicial 2. Características dos Recursos 3. Princípios Recursais 4. Pressupostos Recursais 5. Juízo de Admissibilidade 6. Mérito 7. Efeitos dos Recursos RECURSOS ESPÉCIE 1. Apelação Obs.: Uma vez publicada a sentença não poderá ser alterada, salvo para corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou retificar erros de cálculo, ou ainda por meio de embargos de declaração. (art. 463, CPC). No novo CPC será matéria de embargos. RECURSOS (art. 496 e seg. do CPC ; art. 944 e seg. do Novo CPC) Obs.: No Novo CPC foi abolido os embargos infringentes, e foram destacados os agravos, com a exclusão do agravo retido. 1. Meios de Impugnação de Decisão Judicial A) Recursos B) Ações Autônomas C) Sucedâneos Recursais - Rescisória - Anulatória - Reclamação Constitucional - Mandado de Segurança - Reexame Necessário - Correição Parcial - Pedido de Reconsideração - Pedido de Suspenção da Liminar ou Segurança Página 2 de 7 2. Características dos Recursos A) Taxatividade - Só a Lei cria recurso. - O recurso tem que estar previsto em Lei como recurso. B) Voluntariedade C) Desenvolve-se no mesmo processo É uma etapa procedimental. D) Disponível para as Partes Podem recorrer: - Autor e réu. - MP fiscal da Lei. - Terceiro prejudicado. - Advogado, quando recorrer só sobre os honorários de sucumbência. - Juiz tem legitimidade para recorrer nos incidentes em que ele é parte (impedimento ou suspeição). E) Objeto O objeto ou objetivo do recurso será anular, reformar ou aperfeiçoar a decisão. 3. Princípios Recursais A) Princípio do Duplo Grau É um princípio constitucional implícito, que pode ceder em favor de outros princípios. Em regra é afastado em razão de celeridade/efetividade, isso fica claro no Juizado Especial quando falamos da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, e na Teoria da Causa Madura (art. 515, §3º, CPC). Art. 515, § 3o, CPC. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. B) Princípio da Proibição da “reformatio in pejus” O recurso não pode prejudicar o recorrente. Exceção1: Efeito Translativo, que é matéria de ordem pública. Exceção2: Teoria da Causa Madura (art. 515, §3º, CPC). C) Princípio da Unirrecorribilidade ou Singularidade A parte só pode interpor um recurso por vez. Exceção1: Recurso Especial e Recurso Extraordinário, simultâneos. Exceção2: Agravos do art. 544 do CPC – Agravo de decisão denegatória de recurso especial ou extraordinário. Página 3 de 7 D) Princípio da Adequação Típica O CPC diz se cabe recurso e qual o recurso adequado. E) Princípio da Fungibilidade Permite que o recurso errado seja processado como correto. Esse princípio mitiga ou flexibiliza o princípio da adequação típica. F) Princípio da Consumação Interposto o recurso ele não pode ser substituído (Súmula 418 do STJ). STJ, 428. É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação. G) Princípio da Proibição da Complementariedade Não é possível complementar o recurso. O STF e o Novo CPC rejeitam a Súmula 418 do STJ, e permitem complementar o recurso, naquilo que a decisão dos embargos de declaração acrescentou à decisão. 4. Pressupostos Recursais A) Pressupostos Intrínsecos Referem-se à existência do direito de recorrer. I - Legitimidade (art. 499, CPC) Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. § 1º Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial. § 2º O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei. II - Interesse Recursal (que decorre da sucumbência) III - Cabimento É a possibilidade jurídica do recurso, que decorre da Lei. IV - Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer Aqui falamos em: - Desistência (art. 501 do CPC), - Renúncia (art. 502, CPC), - Aceitação (art. 503, CPC) e Página 4 de 7 - Precedentes impeditivos. . Súmula Impeditiva (art. 518, §1º, CPC) . Acordão Paradigma (art. 543-B e 543-C do CPC) B) Pressupostos Extrínsecos Tem relação com o exercício válido do direito de recorrer. I - Tempestividade O prazo é legal e próprio. Excepcionalmente ele será impedido pelos embargos infringentes. Será suspenso pelas férias forenses e embargos de declaração do Juizado Especial; e serão interrompidos no caso da morte da parte ou do advogado e nos embargos de declaração do CPC. Admite-se a interposição por fax no prazo legal, desde que o original seja apresentados em 5 dias, contado do termino do prazo legal. O agravo de instrumento é o único recurso em que a postagem no correio vale como protocolo. II - Preparo É o pagamento de todas as custas do recurso, inclusive porte de remessa e retorno (Súmula 187 do STJ). STJ, 187. É deserto o recurso interposto para o superior tribunal de justiça, quando o recorrente não recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos autos. São regras do preparo: 1ª. Comprovação imediata no ato da interposição O juiz pode relevar a deserção se reconhecer justo impedimento para o pagamento. Para o STJ sempre que o banco fechar antes que o fórum, o pagamento pode ser feito no primeiro dia útil seguinte. 2ª. Possibilidade de complementação em 5 dias É direito subjetivo do recorrente, que pagou valor insuficiente, ser intimado para completar em 5 dias sob pena de deserção. - Essas regras não se aplicam no Juizado Especial, que tem regra especial prevendo a comprovação em 48 horas contadas da interposição. - Recursos isentos . Agravo retido . Embargos de Declaração . Agravo do art. 544 do CPC - Sujeitos isentos . Fazenda pública . MP . Beneficiário da Justiça Gratuita Página 5 de 7 – Regularidade Procedimental São requisitos formais mínimos: a. Em regra o recurso tem que ser escrito, salvo o agravo retido oral e os embargos de declaração do Juizado Especial que podem ser orais. b. Assinado por advogado com procuração no processo (Súmula 115 do STJ). STJ, 115. Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos. c. Todo recurso deve ter razões recursais impugnando os fundamentos da decisão recorrida. d. Pedido Recursal, para delimitar a matéria analisada pelo Tribunal. e. Oportunidade para contrarrazões* * = O recurso precisa de dialeticidade, ou seja, contraditório que é feito pelas contrarrazões. - Não há contrarrazões: . Embargos de declaração, salvo efeito modificativo ou infringente. . Agravo interno ou regimental. . Apelação do art. 296 do CPC (no Novo CPC há). 5. Juízo de Admissibilidade É a analise dos pressupostos que hoje se desenvolve em até 4 etapas: - No juízo “a quo” 1º. Recebimento do recurso 2º. Após as contrarrazões temos o reexame dos pressupostos em 5 dias - No Tribunal 3º. O relator dá ou nega seguimento 4º. Ocolegiado conhece ou não do recurso No novo CPC só quem vai analisar a admissibilidade é o Tribunal “ad quem”. 6. Mérito O mérito do recurso é sempre um erro do juízo “a quo”. Se for um erro de procedimento estará relacionado com a aplicação da Lei processual e gera nulidade. Se for um erro de julgamento será: - Erro na analise dos fatos - Erro jurídico (erro na aplicação da Lei material, e o pedido é de reforma da decisão). Obs.: Independente de pedido o Tribunal pode aplicar o art. 515, §3º e §4º do CPC, conjuntamente. Página 6 de 7 7. Efeitos dos Recursos A) Impedir o trânsito em julgado Pela Súmula 401 do STJ e Nelson Nery, não há coisa julgada parcial. Para o STF, Dinamarco e Barbosa Moreira há coisa julgada parcial. B) Efeito Devolutivo Transfere a analise do recurso, em regra, para o Tribunal. B.1.) Efeito Devolutivo Horizontal ou na Extensão (art. 515, “caput”, CPC) Se sujeita ao princípio dispositivo e se refere aos capítulos ou temas impugnados no recurso. Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. B.2.) Efeito Devolutivo Vertical ou em Profundidade (art. 515, §§1º e 2º combinado com o art. 516, CPC) Se sujeita ao princípio inquisitivo, ou seja, é automático é de ofício. Se refere a teses, fundamentos e questões discutidas, ainda que não decididas. Para Dinamarco, Barbosa Moreira e o Novo CPC, ele é limitado pelo efeito devolutivo horizontal. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. No Recurso Especial e no Recurso Extraordinário o último entendimento do STJ é o de que o efeito devolutivo vertical ocorre normalmente, após admitido o recurso. Mas o efeito translativo só recai sobre matéria de ordem pública pré-questionada. B.3.) Efeito Devolutivo Imperfeito ou Impróprio ou Diferido Quando o recurso não transfere imediatamente a matéria recorrida ao tribunal (ex.: Recursos Retidos, que só sobem ao Tribunal quando houver recursos contra a decisão final). C) Efeito Translativo Permite ao Tribunal a analise de ofício das matérias de ordem pública, ainda que não ventiladas anteriormente, ainda que inéditas (salvo Recurso Especial e Recurso Extraordinário). Esse efeito em regra também é limitado pelo efeito devolutivo horizontal (só matérias de ordem pública, relativas ao capítulo impugnado), salvo quando se refere a um pressuposto de existência ou validade de todo o processo. D) Efeito Expansivo Ocorre quando o julgamento do recurso atinge sujeito ou assunto, que não foi parte do recurso. Ex.: Quando o litisconsórcio é unitário e só um recorre; Quando outros atos ou temas se tornam incompatíveis com a nova decisão. Página 7 de 7 E) Efeito Regressivo É o juízo de retratação. Recursos que tem juízo de retratação: . Agravo Retido e de Instrumento . Apelações do 296 em 48 horas e Apelação do 285-A em 5 dias . Agravo Interno No Novo CPC o juízo de retratação nas apelações será sempre de 5 dias. F) Efeito Substitutivo O acordão do Tribunal substitui a decisão recorrida, nos limites do recurso. Excepcionalmente no lugar do efeito substitutivo podemos ter o efeito anulatório, quando o Tribunal anula a decisão recorrida. Também pode ocorrer o efeito integrativo (ex.: a decisão dos embargos de declaração complementa a decisão recorrida). G) Efeito Desobstrutivo Ocorre quando o Tribunal afasta o óbice reconhecido pelo juízo a quo como impeditivo do julgamento do mérito. G.1.) Se a causa estiver madura o Tribunal julga o mérito (art. 515, §3º, CPC). G.2.) Se não estiver madura o Tribunal devolve ao 1º Grau para prosseguir até sentença de mérito. RECURSOS ESPÉCIE 1. Apelação (art. 513 a 521 do CPC) Art. 517 – Permite alegar fato novo. Art. 515, §4º – Saneamento de nulidade Essa nulidade é uma nulidade absoluta (pois as nulidades relativas já estão preclusas). A nulidade absoluta vai ser sanável somente em duas hipóteses: - Se não houve prejuízo - Quando o prejuízo é reversível Ex.: Não intervenção do MP quando obrigatória; Cerceamento de defesa reversível. Art. 515, §3º – Teoria da Causa Madura Combinado com o art. 330, I do CPC. Causa Madura = contraditório mínimo + desnecessidade de outras provas. Art. 518 – Será esvaziado pelo Novo CPC (não existe mais nada sobre ele no Novo CPC) “caput” - dá poder para o juiz receber ou não a apelação. O juiz também decide sobre os efeitos da apelação. §1º - determinada a súmula impeditiva de apelação. §2º - determina que após as contrarrazões pode o juiz reexaminar os pressupostos recursais.
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