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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Processo Penal Professor: Guilherme Madeira Aula: 05 | Data: 23/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO PROCEDIMENTOS 1. emendatio libelli e mutatio libelli PROCEDIMENTO ESPECIAL 1. Crimes de responsabilidade de funcionário público, afiançáveis 2. Crimes de calúnia e injúria de competência do juiz singular CAUTELARES PESSOAIS 1. Características das Cautelares 2. Modalidades de Cautelares no CPP PROCEDIMENTOS 1. emendatio libelli e mutatio libelli emendatio libelli (art. 383, CPP) mutatio libelli (art. 384, CPP) Fato está descrito Fato não está descrito 1º ou 2º Grau Só 1º Grau – STF, 453 Ação penal pública ou privada Ação penal pública ou privada subsidiária da pública Pode condenar em pena mais grave sem ouvir ninguém MP precisa aditar No processo penal o réu se defende dos fatos e não da qualificação jurídica. Caso o MP se recuse a aditar, o juiz aplica o art. 28 do CPP. Se o procurador geral entender que não é caso de aditamento o juiz julgará a causa nos limites da demanda. STF, 453. Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do código de processo penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa. Página 2 de 5 PROCEDIMENTO ESPECIAL 1. Crimes de responsabilidade de funcionário público, afiançáveis (art. 513 a 518, CPP) Premissa1: Esse procedimento se aplica aos crimes previstos nos art. 312 a 326 do Código Penal, o que estiver fora desse rol não incide esse tipo de procedimento (RHC 43.978/SP, Jorge Mussi, j. 05.08.14). Premissa2: Alguns desses crimes são de competência do JECRIM e no JECRIM segue-se o rito do JECRIM. Fluxograma 1) Defesa preliminar O prazo é de 15 dias. . Obrigatoriedade O STJ na Súmula 330 diz que se houve inquérito policial é dispensável a defesa preliminar. O STF entende que é obrigatória sob pena de nulidade relativa (RHC 12.2131/MT, Rosa Weber, j. 27.05.2014). STJ, 330. É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial. . Concurso de crimes funcionais e não funcionais Para o STJ seguirá o rito comum e não o rito especial (HC 164643/SP, Laurita Vaz, j. 25.09.2012) DECISÃO: Vistos etc. Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em favor de CÉLIO ERNESTO GATTI, contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Narra o Impetrante que o Paciente, denunciado como incurso nos arts.28888parágrafo unicooo31666 e3177, na forma do art.6999, todos do Código Penal, teve decretada contra si prisão temporária em 10/09/2009, prorrogada em 15/09/2009. Em 18/09/2009, foi decretada sua custódia preventiva. Inconformado, formulou pedido de revogação da prisão preventiva, que restou indeferido pelo Juízo processante. Nas razões do presente writ, o Impetrante sustenta, em suma, falta de fundamentação do decreto prisional e ausência dos requisitos autorizadores da custódia preventiva. Afirma, ainda, que o Paciente é réu primário e de bons antecedentes, que possui residência fixa, ocupação lícita e vida econômico-financeira compatível com seus rendimentos salariais. Alega a nulidade do processo, por inobservância ao art. 514 do Código de Processo Penal e às disposições da Lei n.º 9.296/96, contrariedade aos princípios do contraditório e da ampla defesa, bem como o impedimento dos representantes do Ministério Público de Guarulhos que integraram o GAECO de atuarem na ação penal em questão. Aduz, por fim, a existência de excesso de prazo para o início da instrução criminal. Requer, em liminar e no mérito, a revogação da custódia preventiva do Paciente ou a concessão de liberdade provisória, com a Denúncia Notificação para Defesa Preliminar Defesa preliminar (art. 514, CPP) Juiz rece a denúncia Rito Comum Página 3 de 5 expedição de alvará de soltura em seu favor. Caso assim não se entenda, pugna pela extensão da revogação da prisão cautelar dos réus João Gonçalves Rosa, Carlos Alexandre Diniz Monteiro, Wilson do Nascimento Santos e Edson de Souza Peppe. Pede, ainda, no mérito, a anulação da ação penal. É o relatório. Decido. Não estão presentes os pressupostos autorizativos da medida urgente requerida. Com efeito, a concessão de tutela urgente, ainda em sede de cognição sumária e singular, exige a demonstração concomitante, e em grau bastante satisfatório, da plausibilidade do direito arguido e do perigo na demora. Este pode até ser admitido. Aquele, ao revés, não se evidencia, estreme de dúvidas, o que desautoriza esta Relatora, de forma prematura, desconstituir a medida cautelar que não se mostra, primo icto oculi, desarrazoada ou, muito menos, carente de fundamentação. O deslinde da controvérsia, outrossim, de evidente complexidade, demanda o aprofundamento do exame do próprio mérito da impetração, tarefa insuscetível de ser realizada em juízo singular e prelibatório. Reserva-se, portanto, ao Colegiado, órgão competente para o julgamento do mandamus, a apreciação definitiva da matéria, depois de devidamente instruídos os autos. Ante o exposto, INDEFIRO o pedido liminar. Requisitem-se as informações do Tribunal de origem. Após, remetam-se os autos ao Ministério Público Federal para o parecer. Publique-se. . Acusado não é mais funcionário público no momento do oferecimento da denúncia Não segue o rito especial (RHC 31.752, Marco Aurélio Bellizze, j. 27.03.2012) EMENTA RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS . ART. 312, 1º, DO CP. RITO DO ART. 514 DO CPP. INAPLICABILIDADE. FUNCIONÁRIO PÚBLICO QUE DEIXOU DE OCUPAR O CARGO OU FUNÇAO. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. NULIDADE RELATIVA. PREJUÍZO NAO DEMONSTRADO. DENÚNCIA INSTRUÍDA COM INQUÉRITO POLICIAL. SÚMULA 330/STJ. RECURSO IMPROVIDO. 1. O rito especial previsto no art. 514 do Código de Processo Penal não se aplica ao funcionário público que deixou de exercer o cargo ou a função pública que ocupava. Precedentes do STF. 2. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, configura nulidade relativa a ausência de abertura de prazo para o oferecimento de defesa preliminar, nos termos do art. 514 do Código de Processo Penal, devendo ser arguida em momento oportuno e com demonstração de prejuízo, sob pena de preclusão. 3. Ademais, a defesa preliminar é afastada, mesmo tratando-se de crime funcional afiançável, no caso de denúncia instruída com inquérito policial (Enunciado n.º 330 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça). 4. No caso, além de a recorrente não ocupar mais a função pública quando do recebimento da denúncia, a ação penal foi instruída com inquérito policial, não havendo falar, portanto, em nulidade. 5. Recurso ordinário a que se nega provimento. 2. Crimes de calúnia e injúria de competência do juiz singular (art. 519 a 523 do CPP) Premissa1: A difamação não está prevista, pois quando o Código de Processo Penal foi editado ela não existia como crime autônomo, mas obviamente se aplica a ela também. Página 4 de 5 Premissa2: Se forem de competência do JECRIM seguirão o rito do JECRIM. 1) Pedido de explicações (art. 144, CP) Só é cabível quando houver dúvida na fala do interlocutor (Ex.: Mas você em?). Não interrompe nem suspende o prazo decadencial. Tem natureza jurídica de cautelar. O rito que segue é o rito das interpelações e notificações (art. 867 a 873 do CPC). Fluxograma2) Audiência de Conciliação Se o réu não comparece, não há perempção, segundo Nucci, Damásio e o STJ (Resp 605.871/SP, Felix Fischer, j. 15.04.2004). O juiz poderá desde logo rejeitar a queixa crime, sem marcar audiência caso entenda presentes os motivos do art. 395 (Resp 650.355/PE, Gilson Dipp Jr. J. 07.10.2004). Segundo o art. 520 do CPP o juiz ouvirá as partes separadamente sem a presença de seus advogados. O STJ não enfrentou diretamente a questão da recepção deste artigo pela Constituição Federal, mas comenta com naturalidade no acordão indicado, sobre essa possibilidade, dando a entender a sua recepção (Resp 631.596/PE, j. 07.04.2005) – Para Guilherme Madeira viola o art. 93, IX e art. 133 ambos da CF. 3) Exceção da Verdade (art. 523, CPP) Oposta a exceção o querelante tem 2 dias para contestar. Depós haverá julgamento conjunto com a ação. Atenção → Nos casos envolvendo calúnia em que o querelante exerça prerrogativa de função a exceção será processada no 1º Grau e julgada na competência originária (Rcl 7391/MT, Laurita Vaz, j. 19.06.2013). EMENTA RECLAMAÇAO. EXCEÇAO DA VERDADE. AUTORIDADE COM PRERROGATIVA DE FORO NO STJ. COMPETÊNCIA. ADMISSIBILIDADE, PROCESSAMENTO E INSTRUÇAO DA EXCEPTIO VERITATIS : JUÍZO DA AÇAO CRIMINAL DE ORIGEM. JULGAMENTO DO MÉRITO: STJ. POSSIBILIDADE DE O JUÍZO DE PISO INADMITIR A EXCEÇAO. AUSÊNCIA DE USURPAÇAO DE COMPETÊNCIA DO STJ. PRECEDENTES. RECLAMAÇAO IMPROCEDENTE. PEDIDOS SUBSIDIÁRIOS PREJUDICADOS. 1. O juízo de admissibilidade, o processamento e a instrução da exceção da verdade oposta em face de autoridades públicas com prerrogativa de foro devem ser feitos pelo próprio juízo da ação penal originária que, após a instrução dos autos, admitida a exceptio veritatis , deve remetê-los à Instância Superior para julgamento do mérito. 2. Hipótese em que o juízo de piso decidiu pela inadmissibilidade da exceção da verdade, em face da impossibilidade jurídica do pedido, porquanto dissociado do objeto da ação penal em curso. Ausência de usurpação da competência do STJ. Matéria a ser eventualmente impugnada pelas vias recursais ordinárias. Precedentes do STJ e do STF. 3. Reclamação julgada improcedente, com a cassação da liminar anteriormente deferida. Prejudicados, por conseguinte, os pedidos subsidiários. CAUTELARES PESSOAIS (art. 282 a 350 do CPP) Oposta Exceção Querelenate tem 2 dias para contestar Julgamento conjunto com a ação Queixa crme Audiência preliminar (art. 520 do CPP) Juiz recebe a queixa crime Rito Comum Página 5 de 5 1. Características das Cautelares a) Instrumentalidade hipotética: Cautelares são instrumento do processo, fala-se também em instrumentalidade de 2º Grau. b) Acessoriedade: A cautelar não é um fim em si mesma, ela está ligada a sorte do processo principal. c) Cognação sumária: Para concessão da cautelar não há cognição exauriente, basta que haja: . “fumus comissi delicti” – Indícios suficientes de autoria e prova da existência do crime. . “periculum libertatis” – É o risco que a liberdade do agente traz para o processo. d) Provisoriedade: A medida em que houver mudança na situação de fato haverá mudança na cautelar, que pode ser imposta, revogada, ampliada, ou reduzida. e) Homogeneidade: Trata-se de princípio que engloba outros três (HC 244.825/AM, Regina Helena Costa, j. 22.10.13): . Adequação . Necessidade . Proporcionalidade f) Proporcionalidade: A medida cautelar deve observar o grau de violação em tese cometido pelo agente. Não há previsão expressa no Código dessa característica, mas a Corte Interamericana de Direitos Humanos já a reconheceu no caso Palama Iribarne X Chile de 22 de novembro de 2005. g) Jurisdicionalidade: A cautelar só pode ser imposta pelo poder judiciário, salvo a prisão em flagrante. 2. Modalidades de Cautelares no CPP a) Medida substitutiva da prisão preventiva (art. 318 do CPP): É a prisão domiciliar. b) Medidas alternativas à prisão (art. 319 do CPP): É medida diversa à prisão. c) Prisões . Prisão em flagrante . Prisão preventiva . Prisão temporária Obs.: A moderna doutrina rejeita a natureza jurídica de prisão cautelar para a prisão em flagrante, porque ela não tem “periculum libertates”. Para a moderna doutrina trata-se de medida pré cautelar (Mauricio Zanoide de Moraes). Próxima aula Critérios gerais das cautelares (art. 282 e 283 do CPP).
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