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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Processo Penal Professor: Guilherme Madeira Aula: 07 | Data: 06/04/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO CAUTELARES PESSOAIS 1. Prisão Preventiva 2. Liberdade provisória CAUTELARES PESSOAIS – Novidades: Falsa identidade perante autoridade penal (STJ, 522) Súmula 522. A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. 1. Prisão Preventiva (art. 311 a 316 do CPP) Para decretar a prisão preventiva deve haver a presença de: - Dois dos elementos do tópico 1), - Um elemento do tópico 2), - Um elemento do tópico 3) e, - Não pode haver a presença do elemento do tópico 4). 1) Art. 312, CPP . Prova da existência do crime e . Indícios suficientes de autoria. - A existência do crime também significa materialidade. 2) Art. 312, CPP . Garantia da ordem pública, . Garantia da ordem econômica, . Conveniência da instrução criminal, ou, . Para assegurar a aplicação da lei penal. Página 2 de 4 Garantia da ordem pública: Ordem pública não é sinônimo de clamor público. Na visão do STF garantia da ordem pública significa: a) Probabilidade de reiteração de condutas criminosas; b) Gravidade em concreto do crime; c) Periculosidade do agente; d) Gravidade em concreto pelo “modus operandi”. Garantia da ordem econômica: Do ponto de vista estrito são somente os crimes da Lei 8.137/90 e os crimes da Lei 8.176/91. No entanto a jurisprudência amplia este sentido para qualquer crime com conteúdo econômico (HC 56.699/RJ, Og Fernandes, j. 04.04.2013) – Trata-se do conceito da ordem pública aplicado na economia. Conveniência da Instrução criminal: Trata-se da atuação indevida do acusado na produção probatória. Para o STJ o temor das testemunhas dada a forma como acontecidos os crimes e a ligação dos envolvidos com o tráfico de drogas autoriza o decreto de prisão preventiva (HC 266.894/MG, Jorge Mussi, j. 01.10.13). Se for decretada unicamente com base neste fundamento uma vez encerrada a instrução deve ser revogada. Assegurar a aplicação da lei penal: Deve haver indícios concretos de fuga para se decretar a preventiva (HC, 119.715/TO, Teori Zavascki, j. 13.05.2014). 3) Art. 313, CPP . Crimes dolosos com pena máxima maior que 4 anos. . Reincidente em crime doloso. . Violência doméstica e familiar contra mulher, criança e adolescente, idoso, enfermo, ou pessoa com deficiência para garantir a execução de medida protetiva de urgência. Violência doméstica e familiar contra mulher, criança e adolescente, idoso, enfermo, ou pessoa com deficiência para garantir a execução de medida protetiva de urgência: O art. 313, inciso III do CPP em tese não se limita a Lei Maria da Penha, pois há outras pessoas ali mencionadas que podem ser homens. No entanto medida protetiva de urgência só existe na Lei Maria da Penha. 4) Art. 314, CPP Em nenhum caso será decretada se o juiz verificar ter o agente praticado o fato nas condições do art. 23 do Código Penal. - Cuidado, pois o art. 314 não abrange causas excludentes da culpabilidade. Página 3 de 4 São questões polemicas (5 e 6) 5) Art. 312, parágrafo único, CPP → Descumprimento de medida diversa da prisão Pode ser decretara a preventiva em razão de descumprimento de medida diversa da prisão? 1ª Posição (Aury Lopes Jr.): Nunca poderá porque o legislador já delimitou. 2ª Posição (Fernando Capez): Sempre poderá. 3ª Posição (Antônio Scarance Fernandes): É possível o decreto de preventiva como última hipótese. Para o Guilherme Madeira essa decisão tem natureza jurídica de “Contempt of coutr” – Desrespeito ao judiciário. 6) Art. 313, parágrafo único, CPP → Se houver dúvida sobre a identidade civil Quanto ao art. 313, parágrafo único prevalece que não houve revogação da prisão temporária, pois são requisitos distintos os da temporária e os da preventiva. 2. Liberdade provisória (art. 321 a 350, CPP) Premissa: No sistema pré 2011 liberdade provisória só era cabível de prisão em flagrante. Se o juiz decreta-se a prisão preventiva caberia revogação. PF → LP PP → Revogação O sistema pós 2011 por causa do artigo 321 do CPP pode haver pedido de liberdade provisória caso tenha sido decretada a prisão preventiva. Hoje a liberdade provisória pode ser concedida tanto para prisão em flagrante quanto para prisão preventiva. 1) Liberdade provisória obrigatória – Hipóteses em que o réu se livra solto a) art. 69, parágrafo único da Lei 9.099/95 No JECRIM se o autor do fato concorda em comparecer na audiência preliminar não se impõe a prisão em flagrante. b) art. 301 da Lei 9.503/97 Não se impõe a prisão em flagrante se o condutor do veículo parar para prestar auxílio. c) art. 48, §3º da Lei 11.343/06, no caso de crime do art. 28 da mesma Lei 2) Liberdade provisória vedada A lei proíbe qualquer forma de liberdade provisória, seja com fiança ou sem fiança. O art. 5º, XLII da CF estabelece que são insuscetíveis de fiança os crimes hediondos ou assemelhados. Contudo o art. 5º, LXI, diz que ninguém será preso salvo por ordem do juiz ou prisão em flagrante. Página 4 de 4 Temos um problema envolvendo o art. 44 da Lei 11.343/06, pois este artigo proíbe qualquer forma de liberdade provisória. Liberdade Prisão Constituição Federal Regra Exceção Lei 11.343/06 Exceção Regra Para o STF quando a Lei inverte o esquema constitucional das liberdades públicas ela se torna inconstitucional (RHC 117.493/SP, Dias Toffoli, j. 25.06.2013). 3) Liberdade provisória possível a) Liberdade provisória com fiança e cautelar b) Liberdade provisória com fiança sem cautelar c) Liberdade provisória sem fiança com cautelar d) Liberdade provisória sem fiança e sem cautelar 4) Liberdade provisória sem fiança 1ª Hipótese (art. 310, parágrafo único) Se o sujeito pratica o crime abarcado por causas excludentes da ilicitude. 2º Hipótese (art. 321) O juiz verifica que não estão presentes os requisitos da prisão preventiva. Aqui o juiz pode decidir sem fiança e com cautelar, ou, sem fiança e sem cautelar. 3º Hipótese (art. 350) Se o réu não puder pagar pela fiança, ele é solto sem fiança. A opção por alguma das medidas é dada pelo legislador: a) art. 282, I e II b) art. 310, parágrafo único c) art. 321 d) art. 323 e art. 324