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3- Sociedades Contratuais

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Direito Empresarial
Prof. Antonio Ricardo
Anotações sobre SOCIEDADES EMPRESÁRIAS – CONTRATUAIS – SOCIEDADE EM NOME COLETIVO E SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
SOCIEDADES EMPRESÁRIAS CONTRATUAIS:
- Sociedade em nome coletivo;
- Sociedade em comandita simples;
- Sociedades por cota de responsabilidade limitada.
 
As sociedades empresárias podem ser constituídas através de um contrato social ou de um estatuto (estatutárias, institucionais, como as sociedades anônimas e as sociedades por ações). As sociedades contratuais são aquelas constituídas por meio de contrato social, como as sociedades em comandita simples, em nome coletivo e as sociedades por cotas de responsabilidade limitada (hoje denominadas “sociedades limitadas”).
O contrato social vem a ser um instrumento de constituição da sociedade, contendo regras que a disciplinam, traçando a sua estrutura, o tipo societário, o objeto social, etc. Instrumento plurilateral que visa um mesmo objetivo comum dos sócios: a vontade dos contratantes, que é o exercício de uma atividade econômica com o fim de obter lucros e dividi-los, assim como dividir as perdas, prejuízos que a sociedade obtiver. Os sócios unem seus esforços. Como contrato plurilateral, os contratantes assumem obrigações perante os demais e perante um novo sujeito que surge: a sociedade empresária, que é uma pessoa, uma pessoa jurídica, um “empresário”. Os requisitos do contrato social são, para que seja válido e apto a ser registrado, os seguintes: requisitos gerais - agente capaz, objeto lícito e possível, forma prescrita ou não proibida em lei; requisitos específicos - capital social: previsão de capital social, devendo todos os sócios contribuir para a sua formação; participação nos resultados: os contratos deverão prever a participação dos sócios nos resultados da sociedade, positivos ou negativos, sem exclusão de nenhum. Existem cláusulas contratuais essenciais que devem constar do contrato social (legais), como as que fazem menção à espécie de sociedade; à qualificação dos sócios e administradores; ao objeto social (qual a atividade a ser desenvolvida); capital social e cotas dos sócios (subscrito e integralizado). Obs.: poderá conter, o contrato social, cláusulas acidentais que, por exemplo, regulamentarão a vida da sociedade, como a cláusula reguladora dos efeitos da morte do sócio.
Obs.: alteração do contrato social - o contrato social poderá ser alterado, por vontade dos sócios ou por determinação judicial. A alteração contratual não está vinculada à forma do contrato social, a não ser que haja previsão expressa no contrato, e deverá ser registrada na Junta Comercial.
Obs.: dispõe o Código Civil que as alterações dos contratos sociais que digam respeito às cláusulas essenciais dependem do consentimento de todos os sócios; quanto às demais, podem ser decididas por maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação unânime. Essa regra deve ser aplicada para as sociedades em nome coletivo e comandita simples. A maioria societária não é definida em função da quantidade de sócios, mas da participação de cada um no capital social. O peso do voto de cada um é proporcional à quantidade de cotas que cada um deles tiver. Um sócio só poderá ter a maioria. A quantidade de sócios será importante no caso de desempate, quando da discussão, votação e decisão de determinado assunto da sociedade.
DIREITOS E DEVERES DOS SÓCIOS NAS SOCIEDADADES CONTRATUAIS (os sócios das sociedades contratuais submetem-se a um regime jurídico próprio, às regras específicas. A disciplina dos sócios deriva da lei e do contrato social). Deveres: a) integralizar o capital social subscrito: se o sócio não cumpre com a obrigação de integralização do capital social, é denominado sócio remisso. Nesse caso, deverá indenizar a sociedade pelos prejuízos sofridos com o atraso no pagamento e, permanecendo inadimplente, poderá ser excluído da sociedade, com redução do capital social, ou ainda, poderão, os demais sócios, tomar para si ou atribuir a terceiros as cotas pertencentes ao sócio remisso; b) participar dos resultados negativos da sociedade: deverá o sócio suportar as perdas sociais, responsabilizando-se, limitada ou ilimitadamente, de conformidade com a previsão legal ou contratual. c) ser leal e ético: o sócio deverá comprometer-se com a sociedade, auxiliando no seu desenvolvimento.
d) cumprir as determinações do contrato social. Direitos: a) participar dos lucros da sociedade: todos os sócios têm o direito de participação nos lucros da sociedade, sendo vedada a sua exclusão dessa participação; b) administração da sociedade: o sócio terá o direito de fiscalizar e interferir na administração da sociedade; c) direito de retirada: o sócio terá o direito de retirar-se da sociedade, obedecendo às condições estabelecidas no contrato social e recebendo sua cota parte. Se a sociedade foi contratada por prazo indeterminado, deverá o sócio notificar os demais sócios com antecedência mínima de 60 dias, mas, se a sociedade tiver prazo determinado, só poderá o sócio retirar-se, caso haja justa causa para tal. Na sociedade limitada, o sócio dissidente (sócio que não concorda com a alteração do contrato social, fusão ou incorporação da sociedade) poderá retirar-se no prazo de 30 dias da deliberação; d) prestação de contas: poderá exigir o sócio a prestação de contas dos administradores da sociedade.
 
EXCLUSÃO DO SÓCIO: o sócio só poderá ser excluído da sociedade pelos demais sócios, se houver uma justificativa legal. São hipóteses de exclusão:
a) mora na integralização: dá-se a mora na integralização, quando o sócio não efetua o pagamento do valor correspondente às cotas subscritas; b) justa causa: quando o sócio descumpre as obrigações constantes no contrato social e na lei, agindo de má-fé e contra os interesses da sociedade. 
ESPÉCIES DE SOCIEDADES CONTRATUAIS:
As sociedades constituídas mediante contrato são: as sociedades em nome coletivo (N/C), as sociedades em comandita simples (C/S) e as sociedades limitadas (por cotas de responsabilidade limitada) “Ltda”.
Sociedade em nome coletivo: são sociedades de pessoas, constituídas por contrato social, somente podendo integrar seu quadro associativo pessoas físicas (art.1.039 do Código Civil). A responsabilidade dos sócios será sempre subsidiária e ilimitada perante terceiros, podendo o contrato social prever a limitação da responsabilidade dos sócios entre si. A composição de seu nome empresarial deverá ser feita mediante firma, podendo constar o nome civil de um ou mais sócios, acompanhado da expressão “e companhia”. Somente o sócio poderá administrar a sociedade, sendo vedada tal função a terceiros estranhos ao quadro associativo. Dissolver-se-á quando ocorrer: I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; II - o consenso unânime dos sócios; III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado; IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias; V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: I - anulada a sua constituição; II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade; Obs.: o contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem verificadas judicialmente, quando contestadas.
Sociedade em comandita simples:
São sociedades constituídas por contrato social, de pessoas ou mista e com capital dividido em cotas. Possui dois tipos de sócios: os comanditados, que respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais, e os comanditários, que respondem limitadamente, embora ambas as responsabilidades sejam sempre subsidiárias. Os sócios comanditados só poderão ser pessoas físicas, em razão de sua responsabilidade. Já os sócioscomanditários poderão ser pessoas físicas ou jurídicas. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado. Pode o comanditário ser constituído procurador da sociedade, para negócio determinado e com poderes especiais. No caso de morte de sócio comanditário, a sociedade, salvo disposição do contrato, continuará com os seus sucessores, que designarão quem os represente. Se a morte for do sócio comanditado, a sociedade se dissolverá parcialmente, se o contrato social não estipular de maneira diversa. A sociedade dissolve-se pelas mesmas razões expostas acima, para a sociedade em nome coletivo.

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