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UMA HORTA EM CASA Uma horta em casa - FINAL.indd 3Uma horta em casa - FINAL.indd 3 21/01/2015 11:38:4221/01/2015 11:38:42 UMA HORTA EM CASA Como cultivar plantas hortícolas, aromáticas e flores comestíveis, à janela, na varanda ou no terraço, em modo de produção biológico Isabel de Maria Mourão Miguel Maria Brito Uma horta em casa - FINAL.indd 5Uma horta em casa - FINAL.indd 5 21/01/2015 11:38:4421/01/2015 11:38:44 Índice Prefácio ......................................................................................................... 1. Porquê, o quê, onde, quando e como? Porquê? ...................................................................................................... Porquê uma horta em casa ..................................................................... Como funcionam as plantas .............................................................. O quê? ........................................................................................................ Plantas hortícolas ................................................................................ Plantas aromáticas e medicinais ...................................................... Flores comestíveis ............................................................................... Onde? ......................................................................................................... Espaço .................................................................................................... Recipientes ........................................................................................... Quando? ..................................................................................................... Época do ano .......................................................................................... Ciclo de vida das plantas .................................................................... Como? ........................................................................................................ Modo de produção biológico ................................................................... Solo e substratos ................................................................................. Cultivares e sementes ......................................................................... Sementeira e plantação ...................................................................... Propagação vegetativa ........................................................................ Rotação de culturas ............................................................................. Compostagem e fertilização .............................................................. Rega ....................................................................................................... Pragas e doenças ................................................................................. Práticas culturais ................................................................................. Utensílios .............................................................................................. Plano da horta no terraço ................................................................... Uma horta em casa - FINAL.indd 7 17/03/2015 12:37:06 2. Mãos à obra Plantas hortícolas ..................................................................................... Abóbora ................................................................................................. Acelga .................................................................................................... Alface .................................................................................................... Alho ....................................................................................................... Batata .................................................................................................... Brócolos ................................................................................................ Cebola ................................................................................................... Cenoura ................................................................................................ Couve-galega ........................................................................................ Couve-portuguesa ............................................................................... Curgete e outras aboborinhas ............................................................ Ervilha ................................................................................................... Espinafre ............................................................................................... Fava ....................................................................................................... Feijão-verde .......................................................................................... Germinados .......................................................................................... Microverdes e folhas baby .................................................................. Mizuna .................................................................................................. Morango ................................................................................................ Nabo e nabiça ....................................................................................... Pepino ................................................................................................... Pimento ................................................................................................. Rabanete ............................................................................................... Repolho ................................................................................................. Rúcula ................................................................................................... Tomate .................................................................................................. Cogumelos ............................................................................................ Plantas aromática e medicinais ............................................................. Produzir e utilizar plantas aromáticas e medicinais em casa ................ Alecrim ................................................................................................. Alfazema e Rosmaninho .................................................................... Alho oriental ........................................................................................ Uma horta em casa - FINAL.indd 8 17/03/2015 12:37:07 Cebolinho ............................................................................................. Cerefólio................................................................................................ Coentro ................................................................................................. Equinácea ............................................................................................. Erva-cidreira ......................................................................................... Erva-príncipe ........................................................................................ Estragão-francês .................................................................................. Hipericão ..............................................................................................Hortelã .................................................................................................. Limonete ............................................................................................... Manjericão ............................................................................................ Orégão ................................................................................................... Salsa ...................................................................................................... Salva ...................................................................................................... Stevia ..................................................................................................... Tomilho ................................................................................................. Flores comestíveis .................................................................................... Produzir e utilizar flores comestíveis em casa ....................................... Alegria-do-lar ....................................................................................... Amor-perfeito ...................................................................................... Calêndula e Camomila ....................................................................... Capuchinhas ........................................................................................ Centáurea ............................................................................................. Cravo-túnico ......................................................................................... Petúnia .................................................................................................. Prímula.................................................................................................. Verbena ................................................................................................. Recursos ...................................................................................................... Referências bibliográficas ................................................................... Agradecimentos ....................................................................................... Uma horta em casa - FINAL.indd 9 17/03/2015 12:37:08 Prefácio Atualmente, a maioria da população mundial vive em cidades com um acesso muito limitado ao ambiente natural, mas a história da humanidade sempre esteve intimamente ligada à natureza. O ser humano evoluiu como espécie ao se adaptar ao meio envolvente, tendo de- senvolvido vínculos com a natureza que se foram transformando até ao afas- tamento atual. Esta separação resulta ainda na dependência do transporte de alimentos de grandes distâncias, produzidos com produtos químicos de síntese e utilização intensiva de energia fóssil, criando-se ainda um desco- nhecimento generalizado da origem e produção dos nossos alimentos de todos os dias. Em paralelo, esta distância da natureza também dificulta a recuperação do stresse emocional associado à vida urbana. A produção de alimentos, designadamente de culturas hortícolas, no meio urbano, tem aumentado em hortas comunitárias e sociais e deverá alargar-se também a hortas nas habitações. Os benefícios da prática de horticultura em casa passam pelo contributo para minimizar as alterações climáticas, pela melhoria na qualidade da alimentação, pela diminuição da despesa familiar e ainda pela criação de ambientes de ocupação útil e lúdica do tempo. As hortas em casa contribuem assim, enquanto escape do ambiente urbano, para o regresso a uma combinação de lazer e trabalho em contacto com a na- tureza – o desenvolvimento da agricultura urbana foi, inclusivamente, consi- derado pela ONU como o planeamento urbano mais importante do século xxi. Este livro procura dar a conhecer o mundo da horticultura biológica e ensi- nar a produzir alimentos das mais variadas espécies, em recipientes e es- truturas, colocados junto de janelas, ou em varandas, marquises ou terraços das nossas casas. A organização deste livro permite-lhe uma leitura integral ou apenas consulta específica sobre as culturas que deseja produzir, em 11 Uma horta em casa - FINAL.indd 11Uma horta em casa - FINAL.indd 11 21/01/2015 11:38:5121/01/2015 11:38:51 função da época do ano e das condições ambientais específicas. Transmite também conhecimento prático sobre as plantas, as técnicas e práticas cul- turais e os materiais essenciais para instalação da horta biológica em casa, com espécies hortícolas, plantas aromáticas e medicinais e flores comestí- veis. A produção de alimentos saudáveis e saborosos associa-se, neste livro, ao conhecimento dos processos vitais das plantas e a práticas ancestrais, validadas por ciências recentes, que lhe permitirão compreender o proces- so de produção e ter sucesso na sua produção caseira. Os autores, Isabel de Maria Mourão, com formação em Agronomia e especia- lização em Horticultura, e Miguel Maria de Brito, com formação em Arquite- tura Paisagista, aliaram o seu profundo conhecimento de horticultura e a criatividade nas soluções em espaço urbano, com o objetivo de o tornar aces- sível ao público não especializado. Este livro permite ao leitor produzir alimentos saudáveis e criar um am- biente que o aproxima da convivência com a natureza na sua própria casa. E representa, ainda, um valioso contributo para consolidar o desenvolvi- mento da horticultura urbana em modo de produção biológico, de cidades mais verdes, e de cidadãos mais felizes. Luís Miguel Brito (Prof. Coordenador ESA/IPVC) 12 Uma horta em casa - FINAL.indd 12Uma horta em casa - FINAL.indd 12 21/01/2015 11:38:5221/01/2015 11:38:52 PORQUÊ? PPPPPPPooooooorrrrrrrrqqqquuuuuêêêê uuuuummmmmmmmmmmmaaaa hhhhoooorrrrtttttaaaa eeeemmmmmmmmmmm cccccaaaaassssssaaaaaa AA A AAAAAAA popopoopopooopupupupupulalalaçãçãçãçãooo o mumumum ndnndddiaiaialllllll viviviviviviiiv vevevevvevee,,,, nananan ssssuauauaua mmmmaiaiaiioroororo iaiaiaiaaa,,,, emememmmememm ááááááárerererrereereasasasasasasasa uuuuuuurbrbrbrbrbrbananananasasasass ccccomomomomo aaaacecececeees-sss-sss-ss sososososososs llllimimiimii itititittiitadadadado oo aoaoaoao aaambmbmbmbbbieieentntntntntnnntntn eeee nanananann tututurararaal.l.l. EEEEststststa a aa a dededed scscssconononnonnnnexexexexexe ãoãoãoããoãoooãoão pppppppododoododoooooododeeeee rererer susususus ltltltltarararar nnnna a aa rerereeeeeee-- dudududuudududud çãçãçãçãçãção oo o dodododod bbbbemememem-e-e-e-estststarara eeee nnnnnnnaaaaaaaaaaa didididifififificucuculdldldadadadade e e dededede rrrrecececce upupupupuperererererreree açaçaçaçaçaaçãoãoãoãoãoãoãoãããã ddddddddddddo o o o oo stststsststss rererererr ssssssssssse ee ememememococococioioioionananaaanaall llll dadaddadadaddd vvvvididididaaaa momomomodededededdd rnrnrnrrrr aa,a,a,a tttenenenennnndodododdodo ssssididiidooo jájájá iiiidedededentnttn ifififificiciccadadadadadddaddoooooo ooooooo “d“d“d“d“d“ddisisisisistútútútútútttúrbrbrbrbbrrbr ioioioio dddddo oo dédédédéfifififf cecec ddddddeee e nananatutututut rererezazazz ””” (n(n(n(nnnaatatta ururururure e dedededededdededefifififififfiff ciciciccccc t t didididiisososordrddr erererer))),, prprprovovovovvocococo adadadadadada ooooo pepepeppeppeppeelolololoo ddddisisisistatatatancncncn iaiaiaaaamemememem ntntntnto o oo cacacacadadadadaadaaa vevevez z zz mamammmmamm ioioioi r rr dadadadaadaaassss crcrcrcrcriaiaiaiaiaaançnçnnçaasaaasaasaasa cccccccomomommm oooo aaaambmbmbmbm ieieiei ntntntntee e nanaanatutututututututut rararararrararalllll l llll (L(LLL(((L( ououououuv,v,v, 2222000000008)8)8)8 . .. 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AAAAAAAAAAA hhhhhhhhhororororoo tititit cucucucucuuultttlttururuu a a ururuururu bababananana tttemememmmmmemmmmmm sisidododo iiiiimpmppmpm ulullsisisisiionoonadadadada aa a pepepepepepepeeep llolololo ssssssssseeueueeeeee ccononono trtribibbbbbbututututtuutuuu o ooo o papapapapp raraarararaa aaaaaaa ssssssegeegegege urururururrrrrananannnanananaana çaçaça aaalillilill mememem ntntnn arararrrr eeeeeeeeeee nunnunnunnutrtrtrtrt icicicicicioioiooionananan l,l,l,l pppporororr pppodododddodddeeererereeere ccccccccririririririirriararaaa mmmeieiososs dddee eee susususususubsbsbsbssisisisisisississistêtêtêtêtêtêttêncncnncncnn iaiaaa sssssssssususuuusu tetetentntntnttn ávávávávelelele ee ppppororooorrrrrr esesesessestitiititimummumumm lalalalaar rrrr ccocooc mumumum nininnidadadadedededddedddessssss mamamamam isisis ssssauauauaudáddádádádáád vevevvv isisississii ((((((((FFAFAFAFAFAO,O,OO,O,O,O 222220101010100100 2)2)222)... Uma horta em casa - FINAL.indd 15Uma horta em casa - FINAL.indd 15 21/01/2015 11:38:5721/01/2015 11:38:57 Uma horta em casa - FINAL.indd 16Uma horta em casa - FINAL.indd 16 21/01/2015 11:39:0221/01/2015 11:39:02 Quem vive num apartamento na cidade e não tem acesso a uma horta pode produzir ali- mentos frescos e saudáveis em casa, junto de uma janela ou na marquise, na varanda ou no ter- raço. A maioria dos terraços dos prédios das cidades é um espaço ignorado ou subutilizado que, em muitos casos, se pode tornar num local adequado para uma horta ur- bana. É possível propagar e cultivar plantas hortícolas, plantas aromá- ticas e medicinais e flores comestí- veis, em vasos ou canteiros. As prá- ticas incluem semear, plantar, sachar, conduzir, fertilizar, regar e colher as plantas. É essencial empregar o modo de produção biológico, por razões de saúde e segurança para as pessoas e, também, de proteção do ambiente e da biodiversidade. rrrrrrrrrrrrrrrrrrr --------------- ----------- á-á-á-á-á-ááá-á-áá aaaaaaaaaaaaaaarr,r,rrrr,rrrrrrr 17 Uma horta em casa - FINAL.indd 17Uma horta em casa - FINAL.indd 17 21/01/2015 11:39:0421/01/2015 11:39:04 O envolvimento das crianças na horta contribui para aumentar o sentido de responsabilidade e a consciência do valor dos alimentos e dos recursos na- turais que sustentam a vida do homem no planeta, como o solo, a água, o ar e a biodiversidade. Proporciona ainda uma ocupação útil do tempo, agradá- vel, saudável e gratificante. Com a família, dos netos aos avós, com os amigos ou com os vizinhos, cultivar o próprio alimento cria a oportunidade de: - comer produtos biológicos saborosos e saudáveis; - reduzir a despesa familiar em alimentação; - cuidar de plantas e vê-las crescer, contribuindo para o bem-estar físico, mental e emocional;- cultivar cores, aromas e sabores que estimularão a criatividade na confeção dos pratos;- aumentar o conhecimento;- proporcionar bons momentos de lazer;- partilhar materiais, plantas e experiências. 18 Uma horta em casa - FINAL.indd 18Uma horta em casa - FINAL.indd 18 21/01/2015 11:39:1021/01/2015 11:39:10 Como funcionam as plantas As plantas são dos seres vivos mais importantes do nosso planeta, pois pro- duzem o seu próprio alimento através da fotossíntese e, na verdade, são elas que alimentam direta ou indiretamente todos os restantes seres vivos, in- cluindo o homem (à exceção de um pequeno grupo de bactérias fotossinté- ticas). Nos oceanos, rios e lagos, as algas e microalgas (fitoplâncton) desem- penham as mesmas funções. As raízes das plantas absorvem água e nutrientes minerais (solução do solo), que são depois transportados para as folhas e restantes partes da planta. As folhas possuem cloroplastos nas células, onde ocorre a fotos- síntese. Neste processo, a molécula de dióxido de carbono (CO2) entra pelos estomas das folhas, e o carbono inorgânico é transformado em carbono orgânico na forma de açúcares (glucose), utilizando a energia solar fixada pela clorofila, e libertando oxigénio (O2). A clorofila é um pigmento de cor verde que se encontra nos cloroplastos das células vegetais e que absorve radiação solar (no comprimento de onda de 0,4 a 0,7 μm – radiação visível), ativando as reações bioquímicas da fotossíntese. Para além da clorofila, também o pigmento caroteno participa neste processo. 19 Uma horta em casa - FINAL.indd 19Uma horta em casa - FINAL.indd 19 21/01/2015 11:39:1621/01/2015 11:39:16 Os estomas são pequenos orifícios nas folhas das plantas que permitem: a entrada de CO2 e a saída de oxigénio (O2) na fotossíntese; a entrada de O2 e saída de CO2 no processo de respiração das células; e, ainda, a saída de vapor de água resultante do processo de transpiração. As plantas têm a capacidade de abrir e fechar os estomas – por exemplo, em situações de muito calor ou de falta de água, fecham -nos para diminuir a transpiração e, assim, econo- mizar a água disponível. A absorção da solução do solo pelas plantas está associada à transpiração, e a quantidade de água necessária para esta transpiração e para a evaporação natural da água do solo (no conjunto designada por evapotranspiração) cor- responde a valores muito elevados. Por exemplo, para produzir 1 kg de grão de cereal, a evapotranspiração das respetivas plantas é estimada em cerca O2 H2O H2O Nutrientes CO2 O2 CO2 Fotossíntese Transpiração Absorção Respiração Respiração O2 CO2 O 2 O 2 O 2 H 2 O H 2 O CO 2 CO 2 CO 2 Fotossíntese Respiração Respiração Transpiração Absorção Nutrientes 20 Uma horta em casa - FINAL.indd 20Uma horta em casa - FINAL.indd 20 21/01/2015 11:39:2421/01/201511:39:24 de 1000 l de água, assim como, para produzir 1 kg de carne de bovino, o con- sumo de água estimado é de 43 000 l, considerando a produção das plantas que alimentam o bovino e o seu próprio consumo de água (Pimentel et al., 2004). Para produzir o alimento de uma pessoa são gastos mais de 1600 l de água por dia, além de cerca de 1 l de água por dia que cada pessoa necessita de beber (Pimentel et al., 2004). Por estas razões, o consumo de água para a produção de alimentos em todo o mundo ascende a mais de 70% da água doce disponível (UNESCO, 1998). + ++ 43 000 L 1 kg de carne 1000 L 1 kg de grão de cereal 1600 L 1 dia de vida Consumo de água 21 Uma horta em casa - FINAL.indd 21Uma horta em casa - FINAL.indd 21 21/01/2015 11:39:2721/01/2015 11:39:27 O quê? Hort íco las? Aromát icas? F lores comestíve is? À jane la? No terraço? Na varanda? Em vasos? Em cante iros? Onde? Uma horta em casa - FINAL.indd 22Uma horta em casa - FINAL.indd 22 21/01/2015 11:39:2921/01/2015 11:39:29 No verão? No inverno? Em modo de produção b io lóg ico ! Com composto ! Propagar p lantas Tratar das pragas e doenças Quando? Como? Uma horta em casa - FINAL.indd 23Uma horta em casa - FINAL.indd 23 21/01/2015 11:39:3021/01/2015 11:39:30 ONDE? Espaço Viver na cidade e produzir alimentos frescos e saudáveis é fácil. Tem apenas de escolher o espaço que apresente as melhores condições de luz natural e proximidade de água. Uma janela, varanda ou marquise onde tenha algum espaço disponível, ou um terraço onde poderá colocar mais canteiros, podem ser a solução. Uma horta em casa - FINAL.indd 31Uma horta em casa - FINAL.indd 31 21/01/2015 11:40:0421/01/2015 11:40:04 No terraço A utilização do terraço enquanto espaço de horta urbana não só permite produzir alimentos em quantidade, como irá também proporcionar agradá- veis momentos de convívio e criatividade com familiares, amigos e vizinhos. Uma horta em casa - FINAL.indd 32Uma horta em casa - FINAL.indd 32 21/01/2015 11:40:0521/01/2015 11:40:05 Uma horta em casa - FINAL.indd 33Uma horta em casa - FINAL.indd 33 21/01/2015 11:40:2121/01/2015 11:40:21 ... ainda no terraço Uma horta em casa - FINAL.indd 34Uma horta em casa - FINAL.indd 34 21/01/2015 11:40:5421/01/2015 11:40:54 Junto da janela da cozinha ou na marquise Na varanda Uma horta em casa - FINAL.indd 35Uma horta em casa - FINAL.indd 35 21/01/2015 11:41:2321/01/2015 11:41:23 Radiação solar A radiação solar necessária para ativar o processo da fotossíntese não é, normalmente, um fator limitante para o crescimento das plantas em Portu- gal, devido à latitude a que se encontra e às boas condições de insolação. No terraço, ao ar livre, as condições são de plena luz, mas na varanda, de acordo com a sua exposição, haverá algumas horas do dia com sombra. Den- tro de casa, junto a uma janela ou na marquise, a redução da radiação solar poderá ser considerável, quer porque tem de atravessar o vidro quer pelo ensombramento existente no interior dos edifícios. A radiação solar que pas- sa através do vidro normal é reduzida em pelo menos 15%; através de vidro fosco, essa redução poderá ser de 45%. A maior parte das plantas hortícolas desenvolve -se com plena luz, mas algumas podem crescer em condições de ensombramento. A indicação da radiação solar necessária para cada cultura, de acordo com o local de produção e tendo em conta a luz aí disponível, será feita da seguinte forma: 8888 %%%%8 %%85%85%8 %15% 55%45% Radiação solar ao ar livre: varanda ou terraço No interior: marquise ou junto a uma janela 36 Uma horta em casa - FINAL.indd 36Uma horta em casa - FINAL.indd 36 21/01/2015 11:42:3621/01/2015 11:42:36 Recipientes Profundidade das raízes O comprimento máximo das raízes varia de espécie para espécie e a pro- fundidade do solo/substrato deve ser adequada ao seu crescimento. Quanto maior for o volume de solo dis- ponível para as raízes das plantas, maior será a possibilidade de absorção de água e de nutrientes minerais, que são depois transportados para as fo- lhas, onde ocorre a fotossíntese, proces- so através do qual as plantas crescem. A indicação da profundidade mínima do solo/substrato nos vasos ou can- teiros, para cada cultura, será feita de acordo com os seguintes níveis: Profundidade das raízes/ recipiente mín. 10 cm mín. 20 cm mín. 40 cm mín. 60 cm 37 Uma horta em casa - FINAL.indd 37Uma horta em casa - FINAL.indd 37 21/01/2015 11:42:3721/01/2015 11:42:37 Vasos e canteiros De acordo com o espaço disponível para produzir as plantas da sua prefe- rência, terá de escolher o tipo e a dimensão dos vasos ou canteiros que me- lhor se adequam. Pode usar vasos e outros recipientes de barro, porcelana, plástico, madeira ou metal, adquirindo-os ou reutilizando embalagens (de água, lixívia, tetra pak, entre outras), ou outros objetos que já não tenham utilidade (como ga- vetas, caixas ou baldes). Seja qual for a sua escolha, os recipientes devem ter perfurações na base para assegurar a drenagem. O tipo de material do vaso/recipiente influencia a conservação da água e a temperatura do solo/substrato. Por exemplo, os vasos de barro não vidrados secam rapidamente e os de metal aquecem com facilidade, aumentando a temperatura do substrato e a evaporação da água. Para estes, devem evitar -se zonas muito expostas ao sol. Vasos Dimensão Profundidade das raízes (cm) Vasos Canteiros Tipo Volume (l) Altura aprox. (cm) Altura mínima do solo/ substrato (cm) Altura mínima do interior do canteiro (cm) Mín. 10 Pequeno 0,5-1 7-13 – – Mín. 20 Médio 2-10 14-22 20 30 Mín. 40 Médio-grande 11-20 23-26 40 50 Mín. 60 Grande 21-35 27-31 60 70 5 l1 l 15 l 30 l 38 Uma horta em casa - FINAL.indd 38Uma horta em casa - FINAL.indd 38 21/01/2015 11:42:4021/01/2015 11:42:40 Drenagem A drenagem da água é essencial para que esta não se acumule no vaso ou canteiro, encharcando o solo e provocando assim a asfixia radicular devido à redução do teor de oxigénio, necessário à respiração das raízes das plan- tas. O encharcamento contínuo provoca o apodrecimento das raízes e a morte da planta. A drenagem é conseguida pela colocação de material grosseiro na base do vaso ou de qualquer recipiente furado. Podem utilizar-se materiais como pequenas pedras, cacos de loiça ou tijolos partidos que, pelo seu peso, aju- dam ainda a manter os vasos em pé. Quando se utilizam vasos de grandes dimensões ou canteiros, em que tem de se considerar o peso, é recomendá- vel adquirir bolas de argila expandida (com 7 a 8 mm de diâmetro), também conhecidas por “leca” – um material natural e poroso, que não se decompõe nem apodrece, é leve e pode armazenar uma determinada quantidade de humidade, que se vai libertando lentamente. 22 cm 3 cm Solo/Substrato Camada drenante ARGILA EXPANDIDA CACOS Recipiente permeável Prato + 39 Uma horta em casa - FINAL.indd 39Uma horta em casa - FINAL.indd 39 21/01/2015 11:42:4121/01/2015 11:42:41 Tipos de vasos Os vasos podem ser comprados ou feitos a partir de objetos reutilizados. Comprar Reutilizar COMO REUTILIZAR UMA GARRAFA ? 2. Cortar.1. Tirar a tampa. 3. Virar. 4. Plantar. Uma horta em casa - FINAL.indd 40Uma horta em casa - FINAL.indd 40 21/01/2015 11:42:4421/01/2015 11:42:44 Suporte para vasos Os vasos, com os respetivos pratos, podem ser colocados no chão ou em estru- turas próprias (suportes ou bancadas), a uma altura de 0,9 m a 1 m,tornando a posição de trabalho mais confortável. Podem, ainda, ser suspensos ou distribuí- dos por prateleiras isoladas, sobrepostas ou desniveladas, construindo-se, assim, uma horta vertical. Esta possibilidade permite ter hortas quando o espaço é li- mitado, junto a uma janela, ou na marquise, na varanda ou no terraço. Vertical REUTILIZARCOMPRAR CONSTRUIR MÓVEL: Um canteiro com rodas e altura adequada é mais útil para pessoas com mobilidade reduzida ou para fins pedagógicos. A hor ta pode ficar no exterior, sendo a sua manutenção realizada numa zona de conforto. Uma horta em casa - FINAL.indd 41Uma horta em casa - FINAL.indd 41 21/01/2015 11:43:0121/01/2015 11:43:01 Inclinado REUTILIZARCOMPRAR CONSTRUIR Suspenso no estendal com garrafas 1. Recortar. Como? 2. Prender. Uma horta em casa - FINAL.indd 42Uma horta em casa - FINAL.indd 42 21/01/2015 11:43:1621/01/2015 11:43:16 Canteiros Os canteiros são uma boa opção para varandas ou terraços, permitindo ter uma horta com características próximas da horta tradicional em solo. Podem ser construídos com materiais adquiridos ou reutilizados, optando -se por estruturas horizontais, para colocar no chão ou elevado, ou estruturas verti- cais. Os canteiros elevados permitem um fácil acesso às plantas e devem estar a uma altura do solo de cerca de 1 m. Dimensão As medidas recomendadas são: lar- gura máxima de 1 a 1,2 m; compri- mento entre 1 m e o adequado ao espaço disponível; altura mínima de 30 a 70 cm, para permitir 20 a 60 cm de altura de solo/substrato e espaço suficiente para a drenagem e a rega. Drenagem Se o local pretendido para a horta for uma varanda, é conveniente colocar na base do canteiro uma tela de proteção impermeável, seguida da camada de drenagem (com 5 a 8 cm) e do solo/substrato. Já ao ar livre, num terraço ou numa varanda descoberta, dado que é necessário o escoamento da água da chuva, a tela e o fundo deverão ser permeáveis. 1 m 30 -70 cm variável Solo/Substrato PERMEÁVEL - Terraço IMPERMEÁVEL - Varanda coberta Camada drenante Tela Fundo 43 Uma horta em casa - FINAL.indd 43Uma horta em casa - FINAL.indd 43 21/01/2015 11:43:5121/01/2015 11:43:51 TREPAR Tipos ELEVAR PROTEGER Canteiros horizontais REUTILIZARCOMPRAR CONSTRUIR Uma horta em casa - FINAL.indd 44Uma horta em casa - FINAL.indd 44 21/01/2015 11:43:5421/01/2015 11:43:54 Dezembro Janeiro Fevereiro Março Canteiros verticais Uma horta em casa - FINAL.indd 45Uma horta em casa - FINAL.indd 45 21/01/2015 11:43:5521/01/2015 11:43:55 Paletes HORIZONTALVERTICAL 1 VERTICAL 2 Uma horta em casa - FINAL.indd 46Uma horta em casa - FINAL.indd 46 21/01/2015 11:44:0021/01/2015 11:44:00 Nabo e nabiça ao ar livre: varanda ou terraço no interior: marquise ou junto a uma janela mín. 20 cm outono/inverno Sementeira Plantação Compasso (entrelinha x linha, cm) Colheita setembro-outubro (ver texto) 25 x 15 novembro-fevereiro março-abril maio-julho A planta de nabo, além da raiz comestível que lhe dá o nome, fornece outros dois produtos com muita tradição em Portugal: as nabiças (folhas jovens) e os grelos (haste floral com as flores fechadas). As nabiças e o nabo crescem durante a fase vegetativa do ciclo de vida da planta, enquanto os grelos se desenvolvem na fase reprodutiva. Quando as flores de cor amarela abrem, podem também ser consumidas. Folhas de nabiça Nabo branco mini Nabo roxo em crescimento Brassica rapa var. rapa 146 Uma horta em casa - FINAL.indd 146Uma horta em casa - FINAL.indd 146 21/01/2015 11:53:3021/01/2015 11:53:30 Sementeira/plantação Existem cultivares de nabo branco ou roxo e cultivares de nabos mini que são mais tenros. A cultura pode ser semeada diretamente, à profundidade de 1 cm, no vaso ou canteiro onde irá crescer e desenvolver-se; a germinação ocorrerá ao fim de 3 a 5 dias. A quantidade de sementes aplicadas em cada linha deve ser superior à necessária, de modo a permitir retirar as plantas excedentes, dei- xando a distância adequada entre elas (aproximadamente 15 cm). As sementes de nabo também se semeiam em viveiro, em tabuleiros de al- véolos. Neste caso, decorridos cerca de 2 meses, as plantas com três ou qua- tro folhas verdadeiras transplantam -se para o local definitivo, enterrando-se até às primeiras folhas. Cultivo Para o crescimento das plantas de nabo, a temperatura do ar ótima é de 15 °C a 20 °C, embora elas se adaptem às temperaturas mais baixas do inverno. Em relação à cultura, se a produção pretendida for de nabiças e grelos, então a colheita vai sendo escalonada por um período de, pelo menos, 2 meses. Quando o objetivo é a produção de nabo, não se podem ir cortando as folhas, pois estas são necessárias para a realização da fotossíntese que permite a acumulação de nutrientes na raiz (nabo). A rega deve ser adequada às necessidades hídricas da planta, mantendo -se o solo/substrato húmido sem encharcar. Colheita Ao realizar a monda, aproveitam-se as plantas desbastadas para consumo, sendo esta uma primeira colheita de nabiças. Nas plantas de cultivo de na- biças e grelos, vai -se colhendo as folhas e a haste floral consoante o tama- nho pretendido, utilizando -se uma tesoura ou faca. A colheita de nabo na primavera realiza-se ao fim de 40 a 60 dias após a se- menteira, e no inverno ao fim de 90 a 100 dias. O nabo é retirado do solo quando atinge o tamanho pretendido e antes que fique fibroso, podendo consumir-se as folhas se estas se apresentarem ainda tenras. 147 Uma horta em casa - FINAL.indd 147Uma horta em casa - FINAL.indd 147 21/01/2015 11:53:4321/01/2015 11:53:43 Pepino ao ar livre: varanda ou terraço mín. 60 cm primavera/verão Sementeira Plantação Compasso (entrelinha x linha, cm) Colheita fevereiro-março abril-junho 50 x 40 junho-outubro Existem diversos pepinos, mais pequenos e maiores, de cor verde ou esbran- quiçada. As cultivares de pepinos de menores dimensões são as que melhor se adaptam à horta em casa. Plantas de pepino em viveiro, apenas com as duas folhas cotiledonares Pepinos em crescimento Cucumis sativus 148 Uma horta em casa - FINAL.indd 148Uma horta em casa - FINAL.indd 148 21/01/2015 11:53:4521/01/2015 11:53:45 Sementeira/plantação A sementeira faz -se em tabuleiros de alvéolos ou em vasos pequenos, nos meses de fevereiro e março, transplantando -se as plantas para o canteiro a partir de abril, quando tiverem três ou quatro folhas verdadeiras. Para facilitar a germinação, demolham -se as sementes durante 12 a 14 horas antes da sementeira; posteriormente, colocam -se no solo/substrato a uma profundidade de 2 cm. A germinação ocorre em 3 ou 4 dias à temperatura do ar ótima de 25 °C a 30 °C, não se verificando abaixo dos 12 °C. A sementeira no local definitivo realiza -se nos meses de abril e maio, a uma profundidade de 1 a 2 cm, colocando-se duas ou três sementes no mesmo local para depois se deixar apenas uma planta; neste caso, o início da colhei- ta dá -se mais tarde, pois a sementeira só se deve fazer com temperatura do solo/substrato próxima de 20 °C. Num canteiro de 1,5 m de largura, podem ser plantadas duas linhas. Esta cultura requer tutoragem, que se faz com um fio ou uma cana em cada plan- ta ou com uma rede de tutoragem (malha de 20 x 20 cm). Cultivo A temperatura mínima do ar para o crescimento das plantas é de 12 °C a 14 °C. Tal como a aboboreira e a curgete, existem flores masculinas e flores femi- ninas na mesma planta de pepino (planta monoica), sendo a polinização normalmente realizada porinsetos. No entanto, existem algumas cultivares de pepino cujas flores não requerem polinização cruzada. Para esta cultura é recomendável aplicar no solo/substrato um adubo orgâ- nico antes da plantação, uma vez que as plantas poderão permanecer mais de 5 meses em cultivo. A rega deve ser regular durante todo o ciclo, em par- ticular durante a floração e o crescimento dos frutos. Quando as plantas atingirem a altura máxima do tutor, por exemplo 1,2 a 1,5 m, deve cortar-se a extremidade apical da planta (desponta), para impedir que esta cresça mais em altura, desenvolvendo-se os frutos nos caules existentes. Colheita Os pepinos colhem -se à medida que amadurecem, sem que as sementes es- tejam completamente formadas, cortando-se o pedúnculo com uma tesoura. 149 Uma horta em casa - FINAL.indd 149Uma horta em casa - FINAL.indd 149 21/01/2015 11:53:5021/01/2015 11:53:50
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