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Livro IV
DO DIREITO DE FAMÍLIA
Título II
DO DIREITO PATRIMONIAL
Subtítulo I
DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES
Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS
O casamento é a união entre duas pessoas que conjugam esforços no sentido de formar a família, isto é: assistir e amparar um ao outro; criar os filhos comuns e formar um patrimônio para ampará-los na velhice ou manter o que já existe. Assim, a lei diz que os bens presentes no momento do casamento e os futuros, podem pertencer a um deles ou aos dois, conforme a lei ou a vontade de ambos.
Portanto, “regime de bens” é direito patrimonial decorrente do casamento. Representa o estatuto patrimonial do matrimônio, regulando os interesses pecuniários dos esposos entre si, e com terceiros” (Zeno Veloso).
Nossa legislação adotou o “Princípio da variedade do regime de bens”, prevendo quatro tipos de regimes de bens, quais sejam: comunhão parcial (arts. 1.658 a 1.666), comunhão universal (1.667 a 1.671), participação final nos aquestos (arts. 1.672 a 1.686) e separação (arts. 1.687 e 1.688). Mas os cônjuges, mediante combinações entre eles, podem criar um novo regime (convencional), exceto nas hipóteses tratadas no art. 1.641, onde não há espaço para convenção das partes.
Contudo, independentemente do regime de bens, a administração e disponibilidade do patrimônio conjugal pode ser exercida por qualquer dos cônjuges, isto para atender a necessidade de subsistência da família (arts. 1.642 a 1.645). Note-se que, se um terceiro se ver prejudicado com a atitude irregular de apenas um dos cônjuges, poderá pleitear indenização contra aquele que realizou o negócio ilícito, nas hipóteses abarcadas pelo art. 1.646.
No mesmo intuito de assegurar a subsistência da família, o art. 1.647 disciplina a proibição de atos que não podem ser exercidos pelos cônjuges individualmente, salvo se forem casados pelo regime da separação absoluta (= separação convencional, conforme art. 1.687). Acaso celebrado o negócio sem a autorização do outro cônjuge ou sem o suprimento judicial, poderá o nubente prejudicado ou seus herdeiros mover ação judicial para anular o ato praticado (arts. 1.648 a 1.650).
Deste modo, pode um dos cônjuges sem a interferência do outro:
Art. 1.642
I – Praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com as devida exceções legais (art. 1.647). Ex: profissionais liberais, comerciantes, empresários que, frequentemente, tenham que dispor ou alienar bens. Ex: O que pertence ao casal são as cotas sociais da empresa e não o patrimônio desta; por isso, o consentimento de um dos esposos nesse caso é dispensável.
II – Administrar os bens próprios.
III – Desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou suprimento judicial. – Entenda-se que a “reivindicação” é na verdade “anulação” da alienação ou do gravame, através de ação que está sujeita ao prazo decadencial de dois anos, contados do término da sociedade conjugal (art. 1.647 I e II c/c 1.649). A ação pode ser movida tanto pelo cônjuge prejudicado quanto pelos seus herdeiros, conforme o art. 1.645.
IV – Demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incs. III e IV do art. 1.647. Aqui também a “rescisão” deve ser entendida como “anulação”, conforme art. 1.649 e, assim como no inciso anterior, a ação pode ser movida tanto pelo cônjuge prejudicado quanto pelos seus herdeiros, conforme o art. 1.645.
V – Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos. – O dispositivo só será aplicado se houver uma relação paralela de casamento e concubinato, quando a doação poderá ser anulada, através de ação a ser movida tanto pelo cônjuge prejudicado quanto pelos seus herdeiros, conforme o art. 1.645.
VI – Praticar todos os atos que não forem vedados expressamente em lei.
Art. 1.643
I – Comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica.
II – Obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.
Frise-se que as dívidas relacionadas com as economias domésticas são de responsabilidade de ambos os cônjuges (responsabilidade passiva solidária), conforme o art. 1.644.
Se a administração dos bens do casal compete a ambos os cônjuges, deve a lei tratar das hipóteses em que um deles não possa exercer a administração do patrimônio e, nesse sentido, tem-se os arts. 1.570 e 1.651 do CC. As conseqüências da administração dos bens de um dos cônjuges pelo outro estão previstas no art. 1.652, o que obriga ao administrador exclusivo a ter zelo com o patrimônio que está sob seus cuidados.
9.1 – Momento da Escolha do Regime de Bens – “Princípio da autonomia privada” (art. 1.639)
O momento apropriado ocorre antes da celebração do matrimônio, mais precisamente durante o processo de habilitação para o casamento.
O regime adotado começa a vigorar logo quando da celebração do casamento (§ 1º) e somente se extinguirá quando da dissolução do casamento por qualquer das causas mencionadas no art. 1.571.
Além disso, o § 2º do artigo em comento permite a modificação do regime depois de consumado o casamento – “Princípio da mutabilidade justificada”. Havendo modificação, o anterior terá vigorado até a data da sentença de procedência.
9.2 – Regime Induzido ou Supletório ou Legal (art. 1.640)
Se os cônjuges não optarem por um dos regimes de bens ou se a escolha feita por eles for nula ou ineficaz, vigorará o regime da comunhão parcial de bens.
Obs.:	anteriormente à vigência da Lei 6015/77, o regime induzido era o da comunhão universal de bens, de modo que um casamento celebrado antes 27/12/1977, havendo omissão quanto ao regime de bens ou sendo nula a convenção o da comunhão universal de bens.
9.3 – Regime Obrigatório (art. 1.641)
Em alguns casos específicos o Código Civil estabelece o regime de bens como sendo o da separação de bens. A doutrina, muitas vezes costuma chamar este regime de regime legal.
a) DAS PESSOAS QUE CONTRAÍREM CASAMENTO COM INOBSERVÂNCIA DE CAUSA SUSPENSIVA – Art. 1.641, I
O assunto já foi abordado anteriormente, bastando dizer que a separação de bens será imposta para aquelas pessoas mencionadas no art. 1.523.
b) HOMEM E MULHER COM MAIS DE 70 ANOS – Art. 1.641, II
O homem e a mulher maior de 70 anos de idade só podem se casar pelo regime da separação obrigatória de bens. O dispositivo visa proteger tanto o homem quanto a mulher que, numa idade avançada, não tem, às vezes, discernimento suficiente para decidir o que melhor para si.
c) DOS QUE DEPENDEM DE CONSENTIMENTO JUDICIAL – Art. 1.641, III
MENORES ABAIXO DA IDADE NUPCIAL: Os menores de 16 anos não podem casar-se (art. 1.517). Todavia havendo gravidez (art. 1.520), admite-se o casamento de tais pessoas, mas com autorização judicial. Mas, para estes casos a lei prevê o regime obrigatório da separação de bens.
MENORES COM IDADE NÚBIL, MAS HAVENDO DENEGAÇÃO DOS PAIS OU REPRESENTANTES LEGAIS: Os menores acima de 16 anos dependem de autorização dos pais ou representantes legais para se casar, mas a denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz (art. 1.519). Porém, deverão casar-se pelo regime da separação de bens.
MAIORES RELATIVAMENTE INCAPAZES, SOB CURATELA: São aqueles que não conseguem exprimir, de modo inequívoco, a sua vontade e que, portanto, necessitam da autorização de seus representantes legais. Ocorre que, havendo denegação dos representantes legais para o casamento, terão que buscar o suprimento judicial para contraírem núpcias.
Capítulo II
DO PACTO ANTENUPCIAL
É um contrato onde os nubentes escolhem o regime de bens a vigorar durante o casamento.
As disposições do pacto antenupcial variam caso a caso. Há contratos de casamentocom dezenas de laudas e disposições específicas e há pacto lavrado com termo-padrão, muitas vezes constantes de uma só lauda.
O pacto antenupcial é lavrado, necessariamente, por escritura pública (instrumento que é lavrado perante um Tabelião de Notas e escrito em seus livros), não valendo o escrito particular, por mais especial que seja.
Menores Relativamente Incapazes (art. 1.654)
Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos podem celebrar pacto antenupcial, mas para tanto precisam ser assistidos por seus representantes legais na forma do art. 1.690 c/c art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens (item 8.3, acima).
Efeitos Perante Terceiros (art. 1.657)
O registro no Cartório do Registro de Imóveis é imprescindível para o que o pacto valha contra terceiros. A falta do registro, contudo, não invalidará o pacto entre os nubentes.
A finalidade é dar publicidade ao documento.
Negócio Condicional Ao Casamento (art. 1.653)
O pacto antenupcial é um tipo de negócio condicional. Deste modo, o pacto antenupcial perde seu efeito (se torna ineficaz) se não for seguido do casamento entre os contratantes.
Cláusulas Proibidas (art. 1.655)
Apesar da liberdade na fixação de cláusulas, não se pode estipular cláusulas ilegais, abusivas e contrárias à moral, aos bons costumes ou a lei. Ex.: é nula cláusula que exclua o direito de herança; que proíba o casamento do cônjuge após a viuvez; que estabeleça que um dos cônjuges, nos regimes da comunhão universal ou parcial de bens, possa vender imóvel sem outorga conjugal; que renuncie ou limite os alimentos, etc.
Capítulo III
DO REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL
No regime da comunhão parcial de bens, tem-se que apenas comunicam-se os bens futuros, ou seja, adquiridos depois de celebrado o casamento. Assim, estão EXCLUÍDOS, conforme o art. 1.659:
Inciso I – os bens que cada cônjuge possuir ao casar, ou seja, os bens presentes. Os bens anteriores ao casamento pertencem com exclusividade a cada um dos nubentes, não entrando no monte partilha, por ocasião da dissolução do casamento.
Do mesmo modo, os bens adquiridos na constância do casamento, por doação ou sucessão (herança), pertencerão exclusivamente ao cônjuge donatário ou herdeiro.
Havendo substituição (sub-rogação) dos bens que existiam antes do casamento ou dos recebidos por doação ou herança, prevalece a exclusão da comunhão quanto aos adquiridos com os produtos dos primeiros e no lugar destes.
Inciso II – os bens particulares, ou seja, os adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges, a este pertencem, prevalecendo tal regra no caso de substituição.
Entretanto, no caso de sub-rogação, se houver também esforços do outro cônjuge, de qualquer natureza (pecuniário, intelectual, moral), haverá comunicação da parte em que colaborou o outro. Ex.: Andréia, casada com Sérgio, vende um bem particular por R$100.000,00, adquirindo outro, durante o casamento, por R$150.000,00; haverá sub-rogação em R$100.000,00 e comunicação quanto aos R$50.000,00.
Inciso III – os encargos assumidos antes do casamento pertencem, exclusivamente, ao cônjuge que se obrigou.
Inciso IV – a responsabilização por ato ilícito (via de regra o dever de indenizar a vítima), compete exclusivamente ao cônjuge causador do dano, que responderá com seu patrimônio individual, salvo se o ato ilícito beneficiou ambos os cônjuges.
Inciso V – os bens de uso pessoal ou individual (calçados, roupas, etc.) e os necessários ao desempenho da profissão de cada um dos cônjuges também não entram na comunhão.
Incisos VI e VII – as rendas destinadas à manutenção e sobrevivência de cada um dos nubentes, lhes pertence exclusivamente, não havendo que se falar em divisão obrigatória.
Além dos casos do art. 1.659, também não se comunicam os bens adquiridos em função de um título anterior ao casamento (art. 1.661). É o caso de, por exemplo:
“PROMESSA DE COMPRA E VENDA” – (....) “Hipótese em que isso efetivamente se fez. Incomunicabilidade do bem,” (...) “uma vez que a escritura de venda, feita após o casamento, traduziu o cumprimento da promessa a ele anterior e a parcela paga naquele ato o foi por doação de terceiro e os bens assim havidos não se comunicam”. (...) – “STJ – REsp 62605 – MG – 3ª T. – Rel. Min. Eduardo Ribeiro – DJU 03.05.1999 – p. 141”.
Bens que se Comunicam (aquestos)
a) Adquiridos na Constância do Casamento
O disposto no inciso I do artigo 1.660 é uma decorrência natural do artigo 1.659, I, de modo que nem precisaria ser escrito. Portanto, o importante é lembrar que entram para a comunhão, todos os bens adquiridos na constância do casamento, e devem constar da partilha, na dissolução da sociedade conjugal.
b) Ganhos Eventuais
Os bens tratados no inciso II do art. 1.660, são aqueles adquiridos em jogos, rifas, loteria, descobrimento de tesouro, etc., desde que o evento ocorra na constância do casamento. Ainda, é irrelevante se houve ou não despesa por parte do outro cônjuge.
c) Doação, Herança ou Legado, para Ambos os Cônjuges
O inciso III do art. 1.660 é de simples entendimento, mas devemos nos atentar para o fato de que a destinação do(s) bem(ns) para ambos os cônjuges deve ser expressa, para se opor à regra do art. 1.659, I.
d) Benfeitorias em Bens Particulares
O inciso IV do art. 1.660 diz respeito a toda e qualquer benfeitoria (úteis, necessárias ou voluptuárias – ver art. 63), sendo elas acréscimos ou melhoramentos realizados em determinado bem. Presume-se que, embora feitas em bens particulares, houve a participação ou esforço comum, o que justifica sua incorporação ao patrimônio do casal.
e) Frutos Percebidos na Constância do Casamento ou Pendentes ao Tempo de Cessar a Comunhão
Os frutos (acessórios) não seguem a incomunicabilidade dos bens (principal). É que os frutos são bens futuros, ou seja, adquiridos após o casamento e, por isso, veio o inciso V do art. 1.660 dizer que eles pertencem a ambos os cônjuges. São frutos: aluguel de um imóvel, aplicação financeira, dividendos de ações de alguma empresa, etc.
f) Os Móveis e Utensílios Domésticos
No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior (art. 1.662).
Os móveis e utensílios, muitas vezes, são adquiridos com o esforço de ambos, outras vezes são presentes, etc. Mas, na maioria das vezes, não há comprovante de aquisição.
Vale ressaltar que o pacto antenupcial deve descrever minuciosamente os bens móveis pertencentes a cada cônjuge antes do casamento, sob pena de se reputarem comuns.
Administração dos Bens (art. 1.663)
A administração dos bens compete a ambos os cônjuges, em consonância com o § 5º do art. 226 da CF. No caso de má-administração, o juiz poderá atribuir o encargo a apenas um deles (§ 3º do art. 1.663).
A administração dos bens particulares compete ao proprietário, salvo se de outro modo tiver sido convencionado no pacto antenupcial (art. 1.665).
Responsabilização pelas Dívidas
As dívidas atribuídas à família ou em prol desta, obrigam os bens comuns (art. 1.664). Já as dívidas referentes aos bens particulares e que não se reverteram à família, obrigam apenas esta classe de bens (art. 1.666).
Capítulo IV
DO REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL
É o regime que confere mais direitos patrimoniais aos cônjuges. Tal regime importa na comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo 1.658.
“Universal” significa “totalidade”, pelo que podemos nos referir à comunhão total de bens, pouco importando se os bens foram adquiridos antes ou depois do casamento, pelo homem ou pela mulher.
Exclusão da Comunhão (art. 1.668)
Inciso I – Se um dos cônjuges, na constância do casamento receber, em doação ou por herança um bem, e se for estipulada a incomunicabilidade,a este bem não terá direito o outro que não figurou como donatário ou herdeiro. Ex: na constância do casamento Cláudio e Karina – casados pelo regime da comunhão universal de bens – ela recebe de alguém um imóvel com a cláusula de incomunicabilidade. Dissolvida a sociedade conjugal, do monte partilha, não constará o referido imóvel.
Igualmente, os bens que eventualmente substituírem os incomunicáveis (sub-rogação) também o serão. Ex: o imóvel recebido por Karina com a cláusula de incomunicabilidade é vendido e, em seu lugar, com o produto da venda, compra-se outro que atende melhor seus interesses; esse segundo bem também é incomunicável em relação à Cláudio.
Acaso não conste a incomunicabilidade, o bem pertencerá a ambos.
Inciso II – O fideicomisso é o ato em que, por testamento, nomeiam-se dois beneficiários sucessivos para aquele mesmo bem. O bem fica em poder do primeiro beneficiário/legatário/herdeiro, mas uma vez verificada certa condição, este deverá transmitir a ao segundo beneficiário, o legado ou a herança.
Deste modo, o fideicomissário possui um direito eventual, já que a aquisição do domínio do bem está condicionada à morte do fiduciário, ao decurso do tempo fixado pelo testador ou do implemento da condição resolutiva por ele imposta. Se falecer antes do fiduciário, este fica com a propriedade.
Segundo este inciso, enquanto os bens não passarem para o patrimônio do fideicomissário, ou a propriedade não se consolidar nas mãos do fiduciário, não haverá comunicação destes bens. – Ver art. 1.952.
Inciso III – As dívidas contraídas anteriormente ao casamento também não se comunicam, ou seja, cabem somente a quem as contraiu, exceto se:
a) a dívida foi constituída em função do casamento (preparativos); b) o resultado da dívida reverteu em proveito do casal (por exemplo, para sua manutenção ou para aquisição de bens para o casal).
Inciso IV – Embora tal hipótese ocorra comumente apenas nas classes mais favorecidas, pode um dos cônjuges fazer doação ao outro, em contemplação ao casamento a se realizar entre eles. Caso o doador tenha estabelecido a cláusula de incomunicabilidade, os bens serão excluídos da partilha quando da dissolução do casamento.
Inciso V – Também, naturalmente, não se comunicam: os bens e objetos de uso pessoal, além das jóias esponsalícias (anel de casamento), livros e retratos de família; as rendas destinadas à manutenção e sobrevivência de cada um dos nubentes. O objetivo é preservar a individualidade de cada cônjuge, bem como dar-lhes dignidade como pessoa humana.
De suma importância notar que A INCOMUNICABILIDADE DE QUAISQUER DOS BENS ENUMERADOS NO ART. 1.668 NÃO SE ESTENDE AOS FRUTOS PERCEBIDOS OU VENCIDOS DURANTE O CASAMENTO – art. 1.669.
Administração dos Bens (art. 1.670)
A administração dos bens é exercida da mesma forma como descrita no item “8.5.2”. – Art. 1.670.
Fim das Responsabilidades Comuns (art. 1.671)
É lógico que, dissolvendo-se o matrimônio, não há que se falar em responsabilidades por dívidas na medida em que não há mais sociedade. Se não há comunicação de bens, é claro que também não se comunicam as dívidas.
Contudo, as dívidas contraídas anteriormente à dissolução da sociedade conjugal permanecem de responsabilidade de ambos os cônjuges até a força do patrimônio do casal.	Ex: José Hugo e Lucilene casaram-se pelo regime da comunhão universal de bens em 15/01/2010; divorciaram-se em 15/11/2011, dividindo o patrimônio comum no valor de R$200.000,00. Havia uma dívida firmada em 15/03/2011 que não foi paga. Neste caso, a dívida poderá ser cobrada do casal, até o valor de R$100.000,00, de cada um (meação recebida).
Capítulo V
DO REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS
È um regime de difícil compreensão e, em razão disso, de difícil aceitação. É uma variação do regime da separação de bens quando as partes não quiserem estabelecer uma separação pura de bens.
Durante o casamento assemelha-se à separação convencional de bens. Na dissolução, equipara-se ao regime da comunhão parcial de bens.
Diferença com a Comunhão Parcial
A diferença básica entre o regime da participação final de aquestos e o da comunhão parcial de bens está no fato de que, no primeiro (participação final de aquestos), na constância do casamento, o cônjuge permanece na livre administração dos bens que tinha anteriormente ao matrimônio, bem como daqueles que adquiriu na constância da sociedade conjugal; também é responsável por suas dívidas (que não se comunicam). – Art. 1.673. Na dissolução do casamento (art. 1.674), os bens adquiridos na constância do matrimônio serão divididos entre os cônjuges, excluindo-se:
a) os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogam;
b) os bens que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade;
c) as dívidas relativas a esses bens.
Por ser utilizado pouquíssimo, não teceremos maiores comentários sobre esse regime.
Capítulo VI
DO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS
Neste regime, os bens de cada um dos cônjuges continuam sendo de sua propriedade, assim como os bens adquiridos por cada um deles, após o casamento.
Não há comunicação de bens ou dívidas, quer sejam presentes, quer sejam futuros.
Formas do Regime de Separação
O regime de separação de bens comporta duas espécies: a) regime da separação convencional de bens (art. 1.687); e b) regime da separação legal ou obrigatória de bens (art. 1.641). A última espécie já foi analisada anteriormente.
Incomunicabilidade Total de Bens (art. 1.687)
É a regra básica deste regime, não havendo comunicação de qualquer bem, seja adquirido posterior ou anteriormente à celebração do casamento. A administração dos bens cabe, de forma exclusiva, a cada um dos cônjuges.
Contudo, somente na separação convencional há separação absoluta, sendo livre a disposição de bens, sem a necessidade de outorga conjugal, tanto que o artigo em análise diz que cada um dos cônjuges “poderá livremente alienar ou gravar de ônus real” os seus bens, o que demonstra que a exceção do art. 1.647 se aplica apenas a este regime.
Contribuição Mútua para as Despesas do Casal (art. 1.688)
Tanto na separação convencional quanto na separação obrigatória, ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos do seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
Importante anotar que o pacto antenupcial não pode trazer situação de enorme desproporção, no sentido de que o cônjuge em pior condição financeira terá que arcar com todas as despesas da união, sob pena de se considerar nula tal cláusula com fulcro no art. 1.655.
Subtítulo II
DO USUFRUTO E DA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS DE FILHOS MENORES
Subtítulo III
DOS ALIMENTOS
Artigo 1.694 – Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Alimentos são prestações destinadas a satisfazer as necessidades vitais de quem não possui condições de prover o seu próprio sustento. Decorrem do parentesco, do casamento ou da união estável.
§ 1º - Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
O parâmetro são as condições mínimas hábeis a garantir dignidade, levando-se em conta a condição social de cada um. Os alimentos naturais são aqueles vitais à subsistência, já os alimentos cíveis englobam os primeiros, além daqueles necessários para manter as condições sociais do credor (preservação do status).
§ 2º - Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Para quem entende que a EC 66/2010 aboliu a separação judicial, não há mais que se condicionar a culpa para determinar quem será o devedor alimentar.
Artigo 1.695 – São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nempode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Artigo 1.696 – O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Artigo 1.697 – Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.
Artigo 1.698 – Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
A responsabilidade de pagar alimentos não é solidária. Cada um dos devedores arcará de acordo com seus próprios recursos e suas próprias possibilidades. A responsabilidade será solidária somente no caso de credor acima de 60 anos de idade, de acordo com previsão expressa no Estatuto do Idoso. A Lei 5.478/68 regula o rito da ação de alimentos.
Maria Berenice Dias entende que, por força do princípio da isonomia, o mesmo tratamento diferenciado conferido ao idoso, no que se refere à responsabilidade solidária, deverá ser concedido também à criança e ao adolescente.
Se existirem devedores no mesmo grau de parentesco, o credor deverá ajuizar a ação contra todos, não sendo, porém, tal atitude de caráter obrigatório. O juiz, nesse caso, fixará os alimentos conforme as possibilidades de cada devedor.
Quando os devedores situarem-se em graus de parentesco diversos, ajuizar-se-á ação contra o parente mais próximo, e, caso o mesmo não tenha condições de arcar com a integralidade dos alimentos, deverá requerer ao juiz que outro obrigado integre a lide, formando um litisconsórcio facultativo (exemplo: ação ajuizada contra o pai que não tem condições e chama o avô).
Na pensão complementar, o pai não tem condições de arcar totalmente e o avô complementa. 
Artigo 1.699 – Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.
Artigo 1.700 – A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.
Artigo 1.701 – A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor.
Parágrafo único – Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação.
Artigo 1.702 – Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694.
Artigo 1.703 – Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos.
Artigo 1.704 – Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial.
Parágrafo único – Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.
Artigo 1.705 – Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor, sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação se processe em segredo de justiça.
Artigo 1.706 – Os alimentos provisionais serão fixados pelo juiz, nos termos da lei processual.
Existem os alimentos definitivos e os provisórios. Os últimos, para serem concedidos, reclamam prova pré-constituída da relação de parentesco ou casamento e da necessidade do alimentando (natureza de tutela antecipada). No artigo em exame, onde se encontra escrito “provisionais” leia-se “provisórios”.
Artigo 1.707 – Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.
Artigo 1.708 – Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos.
Parágrafo único – Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor.
Artigo 1.709 – O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante da sentença de divórcio.
Artigo 1.710 – As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido.
1. CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR
1.1. Reciprocidade
A obrigação alimentar só não é recíproca entre pais e filhos menores.
1.2. Mutabilidade
Se houver alteração nas condições financeiras do credor (alimentando) ou do devedor (alimentante), é possível a modificação da obrigação alimentar (ação revisional ou ação de exoneração).
1.3. Condicionalidade
A obrigação alimentar é subordinada aos requisitos da necessidade de quem pede e da possibilidade de quem oferece.
1.4. Transmissibilidade
O STJ e a maioria da doutrina entendem que o espólio deve continuar a prestar alimentos ao credor, se falecido o devedor, desde que já tenha sido constituída a obrigação (sentença de divórcio / ação de alimentos). O limite vai até o término da herança, não respondendo o patrimônio particular do herdeiro.
1.5. Divisibilidade
Em regra, a obrigação é divisível e não solidária, sendo repartida entre os obrigados na medida de suas possibilidades.
Este material não exaure o conteúdo da matéria, é apenas um direcionamento para o aluno.
Complemente os estudos com a bibliografia indicada.
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