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Perversão

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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES APRENDIZ
FACULDADE DE DIREITO
Wellington Magalhães
PERVERSÃO
Barbacena
2015
RESUMO
Acompanhando a evolução das sociedades através dos tempos, nota-se também que houve uma mudança nas formas de diagnosticar os sujeitos perversos, que não se adequam às regras sociais e comumente cometem os mais diversos crimes. A Psicanálise, a partir de Freud, veio explicar tais comportamentos tidos como bizarros e bestiais motivados por desvios sociais e sexuais.
Desde a infância, a perversão se manifesta no indivíduo, desenvolvendo-se ao longo de sua vida através de atitudes anômicas e associais, acarretando sofrimento e aborrecimento para familiares e para a comunidade em geral.
Não obstante os perversos, vindo a cometer crimes, não gozam da prerrogativa da inimputabilidade; porém é mister que se encontre uma forma eficaz de cumprir a difícil tarefa de ressocializar tais pessoas, que não têm nenhum temor às penas privativas de liberdade, comumente usadas pela maioria das legislações internacionais.
Palavras-chave: psicanálise, perversão, crimes.
RESUMEN
A raíz de la evolución de las sociedades através de las edades, tenga en cuenta también que hubo un cambio en las formas de diagnosticar los sujetos malvados que no se ajusten a las normas sociales y comúnmente hacen los más diversos delitos. El psicoanálisis de Freud, vino a explicar dichos comportamientos considerados extraños y bestial motivado por las desviaciones sociales y sexuales.
Desde la infancia, la perversión se manifiesta en el individuo, desarrollando a lo largo de su vida através de actitudes anómica y asociales, causando sufrimiento y molestia para la familia y la comunidad en general.
Apesar de los impíos llegado a cometer delitos, no gozan del privilegio de irresponsabilidad; pero es necesario encontrar una forma efectiva de lograr la difícil tarea de re-socializar a estas personas, que no tienen miedo a las penas de prisión, comúnmente utilizados por la mayoría de las leyes internacionales.
Palabras clave: el psicoanálisis, la perversión, el crimen.
1. INTRODUÇÃO
O assunto a ser abordado é a perversão – suas causas, desvios adoecedores e a atitude da justiça perante tal comportamento – haja vista que o tema é de suma importância social.
O escopo desse trabalho científico é demonstrar que a perversão se manifesta na infância do indivíduo, podendo levá-lo a ter atitudes contrárias ao ordenamento jurídico, culminando, em alguns casos, no cometimento de delitos sociais e até mesmo crimes bárbaros motivados por diferentes situações.
A presente pesquisa se presta a analisar as várias formas de desvios sociais e sexuais presentes nos perversos bem como divugar essa patologia que causa grande ferida nas famílias envolvidas, visando inflamar na sociedade o desejo de conhecer melhor e aprender a diagnosticar a perversão em toda a sua complexidade.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Conceito
A palavra perversão deriva do verbo latino pervertere que significa tornar-se perverso, desmoralizar, corromper, depravar. Designa o ato de o sujeito perturbar a ordem ou o estado natural das coisas, sendo exatamente o resultado da falta de recalque. Em consonância com a lição de Elisabeth Roudinesco (2007), “a perversão é um fenômeno sexual, político, social, físico, trans-histórico, estrutural, presente em todas as sociedades humanas”.
Em psicanálise, o termo perversão tornou-se um conceito por volta de 1896, quando Sigmund Freud o colocou ao lado da psicose e da neurose. Desse modo, a perversão encontra-se em um amplo campo de estudos, tendo em vista que engloba comportamentos, práticas e fantasias correlacionados à norma social.
O conceito de perversão esteve imbuído de preconceitos, estigmas e idéias moralistas ao longo do tempo. Com o advento da psicanálise, esse termo ganhou um novo redirecionamento, se caracterizando por um conjunto de comportamentos que buscam o prazer de modo continuado. O perverso sabe o que quer, tem como foco o seu desejo, não obstante nega a raiz de onde ele se originou, considerando a realidade e ao mesmo tempo a negando, substituindo-a pelo seu próprio desejo.
2.2. CAUSAS
É a partir da infância que a estrutura perversa se constrói, se desenvolvendo no mundo adulto com base na fixação do desvio quanto ao objeto do desejo, pois a criança é um sujeito sexual que constantemente se experimenta e então se descobre. Desse constante experimentar e descobrir é que encontramos a distinção da perversão para com a normalidade. Com base nas ideias psicanalíticas o nosso objeto de interesse pode variar ao longo da vida, caracterizando uma perversão ou não. A personalidade perversa se desenvolve e se estrutura no sujeito a partir da maneira como este experimenta o “Complexo de Édipo” e o medo da castração.
Em 1920, no artigo A organização genital infantil, Freud apresentou o mecanismo da recusa da castração:
Sabemos como as crianças reagem às suas primeiras impressões da ausência de um pênis. Rejeitam o fato e acreditam que elas realmente, ainda assim, vêem um pênis. Encobrem a contradição entre a observação e a preconcepção dizendo-se que o pênis ainda é pequeno e ficará maior dentro em pouco, e depois lentamente chegam à conclusão emocionalmente significativa de que, afinal de contas, o pênis pelo menos estivera lá, antes, e fora retirado depois. A falta de um pênis é vista como resultado da castração e, agora, a criança se defronta com a tarefa de chegar a um acordo com a castração em relação a si própria.
Já no artigo A dissolução do Complexo de Édipo (1924), Freud mostra o quanto o menino reluta em aceitar a ameaça da castração, que se faz imperativa no momento da visão do órgão genital feminino. Na saída neurótica o menino cede à evidência da castração e aceita o interdito, optando por preservar seu pênis. A partir de então, o Complexo de Édipo deverá sucumbir ao recalcamento de tal maneira eficaz que resultará em sua dissolução. O perverso, por sua vez, desenvolve um mecanismo de defesa que permite negar a castração. Há aqui uma tentativa de afastamento da realidade que seria própria da psicose, se não fosse uma particularidade: o perverso não alucina o pênis no lugar da vagina, ele não diz que o vê. Ele percebe que o pênis não está ali, mas crê que este irá se desenvolver posteriormente.
Destarte, o perverso reconhece e nega a castração ao mesmo tempo. Essa saída para o perverso só poderá acontecer se houver uma alteração no funcionamento do ego, que para poder seguir com a recusa deverá desligar-se desse “detalhe” da realidade: a castração.
A patologia da recusa pode ser compreendida como a persistência da recusa da ausência do pênis, que dificulta todo o processo de elaboração do Complexo de Édipo e que tem como efeito o surgimento de uma dificuldade de simbolização que, por sua vez, conduz ao predomínio do ato sobre o pensamento. Desaparecem, desta forma, as diferenças, os limites e as normas, visto que a função paterna fica enfraquecida. A consequência de uma função paterna enfraquecida é a de que o ego, sem o terror exercido pela ameaça da castração ficará a serviço apenas do id, lugar dos impulsos e instintos mais primitivos do homem. Com o id unicamente no comando, sem que haja ameaça de castração, não se possibilita o surgimento do superego, lugar dos valores morais e que funciona como censor do ego, punindo quando este ultrapassa os limites éticos e os valores morais no intento de atender aos desejos do id.
Assim, o perverso resolve o problema da castração através da recusa. Sem temer a castração, passa a se guiar por seus instintos com extrema liberdade. Antes de qualquer coisa é um ser livre de censura, de culpa e de ética. A única coisa que lhe move é a sua própria vontade, não havendo limites para o que quer.
2.3. DESVIOS ADOECEDORES
Numa visão superficial do tema, pode-se imaginar que o perverso é um louco perigoso, um ser desprovido de razão e que por isso deve permanecer longe do convívio social.No entanto, uma visão mais aprofundada evidencia comportamentos que não necessariamente serão rotulados pela sociedade como loucura. Alguns tipos de perversos podem estar em qualquer ambiente que frequentamos. Eles têm diferentes maneiras de interagir com os outros, mas o que os torna parecidos é o sofrimento psíquico que infligem às pessoas de seu convívio.
Os portadores de estrutura perversa não se percebem doentes e não acreditam que há algo errado com sua personalidade, mas apenas aceitam o fato de que funcionam de maneira diferenciada. Mais do que isso, tendem a achar que as noções de moralidade e de altruísmo intrínsecas à sociedade são demasiadamente idiotas e sem propósito. São convencidos de que estão à frente na escala evolutiva, pois os outros são fracos e merecem ser subjugados. Os perversos são predadores de sua própria espécie.
Há uma forte associação entre a perversão e a violência, já que muitas das características importantes para a inibição do comportamento violento e antissocial – empatia, capacidade de estabelecer vínculos, medo da punição e culpa – estão severamente diminuídas em perversos. Além disso, o egocentrismo, a megalomania, a impulsividade e a necessidade de poder facilitam a vitimização dos outros através do uso de intimidação e da violência.
Outrossim, podemos dizer que os perversos carecem notoriamente de empatia em suas relações interpessoais, ou seja, manifestam deficiência na habilidade de poder compreender o estado emocional de outras pessoas, falhando na ação de entendimento e de aceitação do outro, qualidades que frequentemente atuam individualmente como amortizadores da crueldade humana.
O que se destaca nos perversos é a ausência de fatores essenciais que permitem aos seres humanos viver em sociedade, pois não conhecem a lealdade, seja com indivíduos, grupos ou instituições, se movendo por seus próprios interesses. Na mesma linha, a necessidade de estímulo os leva a assumir grandes riscos de maneira não planejada e irresponsável, sem importar-se com as consequências danosas de sua conduta a outrem, sendo associais e não necessariamente antissociais. Tudo isso constitui um estilo de vida caracterizado pela impulsividade, nomadismo, instabilidade, oportunismo e irresponsabilidade.
2.4. APLICAÇÕES JURÍDICAS EM CASO DE DELITOS E CRIMES
Os portadores de estruturas perversas não são capazes de aprender por tentativa e erro, sendo a punição para eles um meio ineficaz de modelar seu comportamento, razão pela qual o sistema prisional não é o local adequado para receber pessoas diagnosticadas com esse transtorno. É mister ressaltar que as prisões atuais não estão preparadas para abrigar indivíduos com este tipo de funcionamento psíquico, uma vez que eles costumam manipular o ambiente no qual se encontram, trazendo muita turbulência ao convívio da população carcerária. São extremamente perigosos e manipuladores, podendo convencer e dividir grupos, incentivar o cometimento de assassinatos e passar para a direção do presídio uma imagem de bom comportamento e submissão, sendo comum serem concedidos benefícios aos perversos.
Nota-se que para estes indivíduos as regras sociais não são uma força limitante, e a ideia de um bem comum é meramente uma abstração confusa e inconveniente.
Robert D. Hare, Ph.D., professor de psicologia na University of British Columbia (Vancouver, Canadá) e diretor do Laboratório Hare, na mesma universidade, é considerado um dos maiores especialistas do mundo no estudo da psicopatia, devido ao grande número de evidências empíricas fornecidas por meio de diferentes pesquisas sobre este assunto. Ele desenvolveu o teste PCL-R (Psychopathy Checklist-Revised), usado para diagnosticar casos de psicopatia e útil na predição de comportamentos violentos em potencial. Segundo sua pesquisa, a prevalência da psicopatia estaria em 1% na população mundial em geral e subiria para 15 a 20% na população carcerária. Apesar da baixa incidência na população geral, os psicopatas são responsáveis por 50% em média dos crimes violentos cometidos nos Estados Unidos.
O psicopata costuma usar uma espécie de charme superficial para conseguir o que deseja. Tem grande poder de manipulação, engano, intimidação e violência no intuito de controlar os outros e satisfazer seus próprios desejos. Carece de sentimentos de alteridade e com sua frieza característica consegue o que quer e faz o que bem entende, violando as regras e expectativas sociais sem o menor remorso, culpa ou vergonha.
A partir das características acima descritas, poderíamos concluir que diante de tal transtorno sua imputabilidade seria gravemente afetada, o que dificultaria severamente os mecanismos jurídicos de contenção deste tipo de personalidade. Não obstante, na maioria das legislações internacionais, a psicopatia é um fator agravante e não isenta de responsabilidade penal. Diante disso, Hare defende que os psicopatas são plenamente capazes de enfrentar um processo criminal. Normalmente, a partir do ponto de vista legal ou psiquiátrico não são "loucos", sendo capazes de distinguir claramente entre o bem e o mal.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente trabalho, procedeu-se uma análise das várias formas de estruturas perversas observadas na sociedade. Foi promovida também uma divugação de tais estruturas como sendo uma grave patologia.
Procurou-se atingir o objetivo de demonstrar que a perversão começa na infância do sujeito, percorrendo sua vida e manifestando-se através de desvios sociais e sexuais, se mostrando ineficazes as penas privativas de liberdade aplicadas a indivíduos perversos.
Todas as informações coletadas remetem à inequívoca ideia de que a perversão é uma patologia intrínseca à mente do ser humano, independente do círculo social em que vive.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREUD, Sigmund. Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
HARE, Robert. Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Hare> Acesso em: 23 de março 2015.
ROUDINESCO, Elisabeth. La part obscure de nous-même. Une histoire des pervers. Paris: Editions Albin Michel, 2007.
VALAS, Patrick. Freud e a Perversão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.

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