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Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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INFORMATIVOS CRIMINAIS DO SUPERIOR 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
O presente arquivo trata-se de um estudo sistematizado dos 
informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça, colhidos nos últimos três anos. A 
necessidade da elaboração do material surgiu em razão das dificuldades sempre 
constantes de se acompanhar a evolução do entendimento jurisprudencial de nossas 
cortes superiores. Há inúmeros conflitos entre as turmas dos tribunais, conflito entre os 
próprios tribunais, além de decisões dos respectivos plenários que, não raro, possuem 
duração efêmera. 
 
A velocidade da mutação do pensamento jurisprudencial de nossas 
cortes superiores exige do operador do direito muita cautela. Dessa forma, procurou-se, 
ao longo deste arquivo, transcrever os julgados referentes aos temas objetos de maior 
debate, organizados de forma sistematizada, além de outras decisões que, no entender 
deste organizador, foram de maior importância nos últimos anos. Constam do material 
diversas notas pessoais, com o intuito de esclarecer e contextualizar o leitor com os 
temas em referência. Houve também a preocupação em citar o posicionamento do 
Supremo Tribunal Federal sobre as matérias de maior relevância, permitindo a melhor 
compreensão do assunto, com o intercâmbio entre as posições das Cortes Superiores. 
 
 
 
 
Marlon Carlos Fernandes 
Bacharel em Direito pela UFG 
Assistente de Juiz de Direito da 2ª Vara 
de São Luís de Montes Belos/GO. 
 
 
 
 
 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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ÍNDICE 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 - Substituição da Pena Privativa de Liberdade por restritiva de direitos nos crimes de 
tráfico de drogas e hediondos …………………………………………………………………. 05 
2 - Violência Doméstica ………………………………………………………………………... 07 
 2.1 - Violência doméstica e relação íntima de afeto ……………………………………. 08 
3 - Roubo com emprego de arma. Necessidade de perícia ……………………………….. 09 
4 - Porte de arma de fogo desmuniciada. Necessidade de perícia ……………………….. 10 
5 – Apropriação indébita previdenciária ……………………………………………………… 12 
6 – Liberdade provisória nos crimes hediondos e tráfico de drogas .……………………... 13 
7 – Informativos relacionados ao princípio da insignificância ……………………………… 14 
8 – Estupro e atentado violento ao pudor após a Lei n. 12.015/09 …………. ………….....16 
9 – Provas ilícitas ………………………………………………………………………………. 18 
10 – Investigação criminal pelo Ministério Público ………………………………………….. 19 
11 – Interrogatório judicial por videoconferência ……………………………………………. 20 
12 – Inquirição de testemunhas por videoconferência ……………………………………... 21 
13 – Informativos relacionados a temas variados: 
Condenações pelo mesmo fato. Trânsito em julgado ……………………………………… 22 
Nulidade reconhecimento fotográfico ………………………………………………………… 22 
Competência. Revisão Criminal. Juizados Especiais ………………………………………. 22 
Condenação. Resp. Prisão …………………………………………………………………… 23 
Exame Criminológico e progressão de regime ……………………………………………… 23 
Prisão Preventiva. Fundamentação ………………………………………………………….. 23 
Denúncia Geral ………………………………………………………………………………… 24 
Regressão provisória de regime. Oitiva prévia ……………………………………………… 24 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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Prerrogativa de foro. Homicídio. Coautoria ………………………………………………….. 24 
Júri. Inovação. Tréplica ………………………………………………………………………… 25 
Prisão cautelar. Modus operandi ……………………………………………………………… 25 
Interrogatório. Pergunta de advogado do corréu ……………………………………………. 25 
Oitiva do corréu como testemunha …………………………………………………………… 26 
Competência para transferência em execução penal ………………………………………. 26 
Produção antecipada de provas. Fuga ………………………………………………………. 26 
Ação Policial Controlada ……………………………………………………………………….. 27 
Crime contra a honra. Dados. IP ……………………………………………………………… 27 
Princípio da ne reformatio in pejus indireta …………………………………........................ 27 
Reincidência e confissão espontânea -preponderância ……………………………………. 28 
Confissão. Negativa. Prática de crime ………………………………………………………. 28 
Tentativa de furto. Qualificadora (princípio da proporcionalidade) ………………………... 28 
Audiência. Art. 212 do CPP. Nova redação …………………………………………………. 29 
Nulidade – ordem de inquirição de testemunhas …………………………………………… 29 
Anulação. Sustentações orais corréus. Apelação …………………………………………... 29 
Prescrição da pretensão punitiva …………………………………………………………….. 30 
Embriaguez ao volante. Exame de alcoolemia ……………………………………………… 30 
Oitiva de testemunhas – limite máximo ……………………………………………………… 31 
Imunidade. Jurisdição – renúncia pelo Estado Estrangeiro ………………………………... 31 
Competência. Crime doloso contra a vida. Deputado estadual …………………………… 31 
Confissão – não extensão a corréus …………………………………………………………. 32 
Furto privilegiado e qualificado ………………………………………………………………... 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 – SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE 
DIREITOS NOS CRIMES DE TRÁFICO DE DROGAS E HEDIONDOS. 
 
Nota: o tema era controvertido entre as Turmas do STJ. A primeira decisão abaixo transcrita foi 
emanada da Corte Especial, admitindo a constitucionalidade da vedação da substituição, com 
argumentos bastante sólidos. Contudo, o plenário do STF, por maioria, admitiu a possibilidade de 
substituição da pena por restritiva de direitos nos crimes relacionados ao tráfico de entorpecentes 
(ver informativo n. 598, STF), declarando a inconstitucionalidade incidental dos dispositivos da Lei 
de Drogas que vedavam a referida substituição, o que provocou a mudança de entendimento no 
STJ, conforme se verifica dos julgados posteriores. Tendo em vista que a decisão do Pretório 
Excelso se deu com base no princípio da individualização da pena, o entendimento se irradia para 
todos os crimes hediondos e equiparados. 
 
INCONSTITUCIONALIDADE. TRÁFICO. SUBSTITUIÇÃO. PENA (Nota: entendimento 
anterior) 
A Sexta Turma do STJ suscitou a inconstitucionalidade da vedação à conversão das 
penas privativas de liberdade em restritivas de direito prevista nos arts. 33, § 4º, e 44 da 
Lei n. 11.343/2006, referente aos crimes descritos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 
dessa mesma lei, Para tanto, alegava-se maltrato à dignidade humana (art. 1º, III, da 
CF/1988) e ao princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, do mesmo diploma), 
sem esquecer que o ponto central da pena é corrigir, reabilitar. Porém, a Corte Especial, 
por maioria, rejeitou a declaração de inconstitucionalidade. Quanto à dignidade 
humana, vê-se que os princípios constitucionais podem ser ponderados, e o da 
defesa social, representado pela pena, justifica plenamente a privação temporária 
da liberdade, porque é o instrumento de que se vale o Estado para garantir a 
própria convivência social. É certo que o modo pelo qual a pena é cumprida (presídios 
precários) pode afetar a dignidade humana, mas aí não se está mais no âmbito legislativo,
o único a interessar à arguição. Quanto ao princípio da individualização, o referido art. 44 
veda a conversão das penas, mas também explicita que aqueles crimes são inafiançáveis 
e insusceptíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, tudo a revelar os 
valores que a lei visa preservar. Anote-se que o art. 5º, XLIII, da CF/1988 guarda estreita 
relação com aquela norma e a lógica nisso está na relação entre a inafiançabilidade do 
tráfico e a vedação à conversibilidade da pena, pois não há como justificar a necessidade 
de prisão antes da condenação judicial, para, depois dela, substituí-la pela pena restritiva 
de direitos. Peca pelo excesso o argumento de que, sem a substituição, haveria uma 
padronização da pena. Se a lei permitisse ao juiz o arbítrio para substituir a pena 
nos casos de tráfico de entorpecentes, o próprio art. 44 do CP seria inconstitucional 
ao excluir do regime os crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa. 
Aquele artigo, ao elencar as hipóteses excludentes do regime de substituição, tem 
suporte unicamente no critério do legislador ordinário, porém a não 
conversibilidade das penas lastreia-se na vontade do constituinte, que destacou a 
importância da repressão a esse crime no art. 5º, XLIII e LI (esse último autoriza a 
extradição de brasileiro naturalizado comprovadamente envolvido no tráfico de 
drogas). Assim, conclui-se que a adoção da pena privativa de liberdade para a 
punição do crime de tráfico de entorpecente não implica, ipso facto, o 
descumprimento da individualização da pena, pois só tolhe uma de suas 
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manifestações, visto que o juízo considerará outros fatores para individualizá-la 
(conduta social, personalidade do agente, motivos, consequências do crime etc.). 
Precedente citado do STF: HC 97.820-MG, DJe 1º/7/2009. Arguição de 
Inconstitucionalidade no HC 120.353-SP, Rel. originário Min. Og Fernandes, Rel. 
para acórdão Min. Ari Pargendler, julgada em 4/11/2009. 
 
TRÁFICO. ENTORPECENTE. SUBSTITUIÇÃO. PENA. 
O paciente foi condenado e incurso nas penas do art. 33 da Lei n. 11.343/2006. O 
Tribunal a quo, à vista do § 4º, reduziu-as em seu grau máximo, ficando estabelecido um 
ano e oito meses de reclusão em regime inicialmente fechado para o cumprimento da 
pena. Inicialmente, destacou o Min. Relator que a Sexta Turma deste Superior 
Tribunal vem admitindo a substituição da pena mais gravosa desde o julgamento 
do HC 32.498-RS, DJ 17/4/2004. Destacou, também, que o STF, no julgamento do HC 
82.959-SP, entendeu que conflita com a garantia de individualização da pena (art. 5º, 
XLVI, da CF/1988) a imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em 
regime integralmente fechado, nova inteligência do princípio da individualização da 
pena, em evolução jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do art. 2º, § 
1º, da Lei n. 8.072/1990. Entendeu que, como a progressão tem a ver com a garantia 
da individualização, de igual modo, a substituição da pena mais gravosa. E concluiu 
pela concessão da ordem, substituindo a pena privativa de liberdade por duas restritivas 
de direito: prestação de serviços à comunidade e limitação de fim de semana, deixando a 
cargo do juiz da execução estabelecer o que for necessário para a implementação das 
penas. A Min. Maria Thereza de Assis Moura e o Min. Og Fernandes salientaram que, 
até agora, seu posicionamento era denegar a ordem de habeas corpus, tendo em 
vista a decisão da Corte Especial que concluiu pela constitucionalidade da 
vedação. Mas, diante do posicionamento do STF no HC 102.678-MG, a decisão da 
Corte Especial sofreu outro posicionamento, em que restou assegurada a 
possibilidade da conversão da pena, aplicável nas hipóteses da Lei n. 11.343/2006, 
para o delito de tráfico, respeitadas as circunstâncias fáticas. Então, votaram 
também no sentido da concessão da ordem. Diante disso, a Turma, por maioria, 
também o fez. Precedentes citados: HC 120.353-SP, DJe 8/9/2009; HC 112.947-MG, DJe 
3/8/2009; HC 76.779-MT, DJe 4/4/2008, e REsp 661.365-SC, DJe 7/4/2008. HC 118.776-
RS, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 18/3/2010. (Entendimento atual do STJ e 
STF). 
 
TRÁFICO. DROGAS. SUBSTITUIÇÃO. PENA. 
A Turma concedeu a ordem de habeas corpus a paciente condenado pelo delito de tráfico 
de entorpecentes a fim de garantir-lhe a possibilidade de substituição da pena privativa de 
liberdade em restritiva de direitos, conforme orientação adotada pelo STF no HC 97.256-
RS, julgado em 1º/9/2010, que declarou a inconstitucionalidade dos arts. 33, § 4º, e 44 da 
Lei n. 11.343/2006. Esse posicionamento foi acatado após voto-vista do Min. Gilson Dipp, 
oportunidade em que o Min. Relator retificou o voto no qual denegava a ordem, mas com 
ressalva quanto ao seu ponto de vista. HC 163.233-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia 
Filho, julgado em 28/9/2010. 
 
SUBSTITUIÇÃO. PENA. CRIME HEDIONDO. 
A Turma, ao prosseguir o julgamento, concedeu a ordem para restabelecer a decisão do 
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magistrado de primeiro grau que deferira, de um lado, o regime aberto para o 
cumprimento da pena e, de outro lado, a substituição da pena privativa de liberdade por 
duas restritivas de direitos, ao entendimento de que, sempre que aplicada pena privativa 
de liberdade em patamar não-superior a quatro anos, é admissível a substituição da pena 
privativa de liberdade pela restritiva de direitos, ainda que se trate dos crimes equiparados 
a hediondos, levando-se em consideração as recentes decisões da Sexta Turma. 
Precedentes citados: REsp 702.500-BA, DJ 10/4/2006, e HC 32.498-RS, DJ 17/12/2004. 
HC 90.380-ES, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 17/6/2008. 
 
 
2 – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 
 
Nota: inicialmente, o STJ firmou o entendimento de que, em se tratando de crime de lesão leve ou 
culposa no âmbito da lei n. 11.340/06, a ação seria pública incondicionada, dispensando, pois, 
representação da vítima e a designação da audiência do art. 16 da referida lei. A representação 
seria necessária apenas com relação ao crime de ameaça, o qual, pelo Código Penal, é de ação 
pública condicionada à representação do ofendido. Argumentava-se que a lei Maria da Penha 
excluíra de sua abrangência a aplicação da lei dos Juizados Especias Criminais, que em seu art. 88 
estabelece que os crimes de lesão corporal leve e culposa se procedem mediante representação. 
Dessa feita, excluindo-se a aplicação da Lei 9.099/95, o seu art. 88 não poderia ser invocado, o que 
tornaria ambos os crimes (lesão leve e culposa) de ação pública incondicionada. 
 
Porém, essa orientação foi modificada e atualmente o STJ entende que mesmo nos crimes de 
lesão leve e lesão culposa, há que se aplicar o art. 88 da Lei 9.099/95. Portanto, faz-se necessária a 
representação da vítima e a designação da audiência prevista no art. 16 da Lei 11.340/06, antes do 
recebimento da denúncia. Os julgados abaixo transcritos demonstram a evolução desse 
entendimento. 
 
LEI MARIA DA PENHA. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. AÇÃO PENAL PÚBLICA 
INCONDICIONADA. (Nota: entendimento anterior) 
(…) Com isso, a discussão foi no sentido de definir qual é a espécie de ação penal 
(pública incondicionada ou pública condicionada à representação) deverá ser manejada 
no caso de crime de lesão corporal leve qualificada, relacionada à violência doméstica, 
após o advento da Lei n. 11.340/2006. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, 
denegou a ordem, por entender que se trata de ação penal pública incondicionada, com 
apoio nos seguintes argumentos, dentre outros: 1) o art. 88 da Lei n. 9.099/1995 foi 
derrogado em relação
à Lei Maria da Penha, em razão de o art. 41 deste diploma legal ter 
expressamente afastado a aplicação, por inteiro, daquela lei ao tipo descrito no art. 129, § 
9º, CP; 2) isso se deve ao fato de que as referidas leis possuem escopos diametralmente 
opostos. Enquanto a Lei dos Juizados Especiais busca evitar o início do processo penal, 
que poderá culminar em imposição de sanção ao agente, a Lei Maria da Penha procura 
punir com maior rigor o agressor que age às escondidas nos lares, pondo em risco a 
saúde de sua família; 3) a Lei n. 11.340/2006 procurou criar mecanismos para coibir a 
violência doméstica e familiar contra as mulheres nos termos do § 8º do art. 226 e art. 
227, ambos da CF/1988, daí não se poder falar em representação quando a lesão 
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corporal culposa ou dolosa simples atingir a mulher, em casos de violência doméstica, 
familiar ou íntima; 4) ademais, até a nova redação do § 9º do art. 129 do CP, dada pelo 
art. 44 da Lei n. 11.340/2006, impondo pena máxima de três anos à lesão corporal leve 
qualificada praticada no âmbito familiar, corrobora a proibição da utilização do 
procedimento dos Juizados Especiais, afastando assim a exigência de representação da 
vítima. Ressalte-se que a divergência entendeu que a mesma Lei n. 11.340/2006, nos 
termos do art. 16, admite representação, bem como sua renúncia perante o juiz, em 
audiência especialmente designada para esse fim, antes do recebimento da denúncia, 
ouvido o Ministério Público. HC 96.992-DF, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora 
convocada do TJ-MG), julgado em 12/8/2008. 
 
REPETITIVO. LEI MARIA DA PENHA. 
A Seção, ao julgar recurso sob o regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n. 8/2008-STJ, 
firmou, por maioria, o entendimento de que, para propositura da ação penal pelo 
Ministério Público, é necessária a representação da vítima de violência doméstica 
nos casos de lesões corporais leves (Lei n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha), pois 
se cuida de uma ação pública condicionada. Observou-se, que entender a ação 
como incondicionada resultaria subtrair da mulher ofendida o direito e o anseio de 
livremente se relacionar com quem quer que seja escolhido como parceiro, o que 
significaria negar-lhe o direito à liberdade de se relacionar, direito de que é titular, 
para tratá-la como se fosse submetida à vontade dos agentes do Estado. 
Argumentou-se, citando a doutrina, que não há como prosseguir uma ação penal depois 
de o juiz ter obtido a reconciliação do casal ou ter homologado a separação com a 
definição de alimentos, partilha de bens, guarda e visitas. Assim, a possibilidade de 
trancamento de inquérito policial em muito facilitaria a composição dos conflitos 
envolvendo as questões de Direito de Família, mais relevantes do que a imposição de 
pena criminal ao agressor. Para os votos vencidos, a Lei n. 11.340/2006 afastou 
expressamente, no art. 41, a incidência da Lei n. 9.099/1995 nos casos de crimes de 
violência doméstica e familiares praticados contra a mulher. Com respaldo no art. 100 do 
CP, entendiam ser de ação pública incondicionada o referido crime sujeito à Lei Maria da 
Penha. Entendiam, também, que a citada lei pretendeu punir com maior rigor a violência 
doméstica, criando uma qualificadora ao crime de lesão corporal (art. 129, § 9º, do CP). 
Nesse contexto, defendiam não se poder exigir representação como condição da ação 
penal e deixar ao encargo da vítima a deflagração da persecução penal. REsp 1.097.042-
DF, Rel. originário Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Jorge 
Mussi, julgado em 24/2/2010. 
 
LEI MARIA DA PENHA. REPRESENTAÇÃO. 
A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, concedeu a ordem de habeas corpus, 
mudando o entendimento quanto à representação prevista no art. 16 da Lei n. 
11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Considerou que, se a vítima só pode retratar-se da 
representação perante o juiz, a ação penal é condicionada. Ademais, a dispensa de 
representação significa que a ação penal teria prosseguimento e impediria a reconciliação 
de muitos casais. HC 113.608-MG, Rel. originário Min. Og Fernandes, Rel. para 
acórdão Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 
5/3/2009. 
 
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2.1 – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO. 
 
LEI MARIA DA PENHA. EX-NAMORADA. RELAÇÃO ÍNTIMA. AFETO. 
(…) A Min. Relatora entendeu que a Lei n. 11.340/2006, denominada Lei Maria da Penha, 
em seu art. 5º, III, caracteriza como violência doméstica aquela em que o agressor 
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Contudo 
é necessário salientar que a aplicabilidade da mencionada legislação a relações íntimas 
de afeto, como o namoro, deve ser analisada em face do caso concreto. Não se pode 
ampliar o termo “relação íntima de afeto” para abarcar um relacionamento passageiro, 
fugaz ou esporádico. In casu, verifica-se nexo de causalidade entre a conduta criminosa e 
a relação de intimidade existente entre agressor e vítima, que estaria sendo ameaçada de 
morte após romper o namoro de quase dois anos, situação apta a atrair a incidência da 
referida lei. Assim, a Seção conheceu do conflito para declarar a competência do juízo de 
Direito. Precedente citado: CC 90.767-MG, DJe 19/12/2008. CC 100.654-MG, Rel. Min. 
Laurita Vaz, julgado em 25/3/2009. 
 
 
 
3 – ROUBO COM EMPREGO DE ARMA. NECESSIDADE DE PERÍCIA. 
 
Nota: A 6ª Turma do STJ tinha o entendimento de que era necessária a apreensão da arma e a 
realização da perícia, para que incidisse a majorante do art. 157, §2º, inciso I, do CP. A 5ª Turma, 
por sua vez, mantinha entendimento contrário, entendendo ser prescindível a perícia para se 
aferir a potencialidade lesiva da arma. 
Contudo, atualmente, as Turmas unificaram o entendimento no sentido de que a necessidade da 
apreensão da arma e realização da perícia não é absoluta, podendo a prova da lesividade ser 
extraída de outros elementos probatórios, como o depoimento das testemunhas e do ofendido. 
Nesse ponto, é oportuno ressaltar que o Plenário do STF decidiu no sentido de que não é 
necessária a apreensão e realização de perícia na arma. A uma, porque a prova da eficiência da 
arma poderá ser realizada por outros meios de prova, como, por exemplo, o depoimento de uma 
testemunha que afirme ter presenciado o disparo de uma arma de fogo. A duas, porque a arma de 
fogo poderá ser utilizada como instrumento contundente, podendo causar lesões graves na vítima 
(atente-se para o fato de que o inciso I, do §2º, do CP, fala apenas em arma e não em arma de 
fogo). A três, porque exigir a apreensão e perícia da arma poderia fomentar os agentes a se 
desfazerem da arma, impossibilitando a aplicação da majorante. A propósito, conferir informativo 
536 do STF. 
 
ROUBO. ARMA. PERÍCIA. ÔNUS. 
(…) Diante disso, ao prosseguir o julgamento pelo voto-vista do Min. Felix Fischer, a 
Turma confirmou o acerto da imposição do regime fechado (há circunstâncias subjetivas 
desfavoráveis) e reiterou que a falta de apreensão e perícia da arma pode muito bem ser 
suprida pela firmeza da prova testemunhal (art. 167 do CPP), tal como no caso. Porém 
não chegou a aderir ao entendimento do Min. Relator de que o ônus da prova da falta de 
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potencial lesivo da arma deva ser dos acusados por força do art. 156 do CPP. 
Precedentes citados do STF: HC 84.032-SP, DJ 30/4/2004; do STJ: REsp 838.154-RS, 
DJ 18/12/2006; REsp
822.161-RS, DJ 30/10/2006; REsp 265.026-PB, DJ 1º/7/2002, e HC 
18.818-SP, DJ 15/4/2002. HC 99.597-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 
julgado em 23/9/2008. 
ROUBO. ARMA. DISPARO. MAJORANTE. 
(…) Para o Min. Relator, não há dúvidas quanto à aplicação da majorante, visto que 
houve disparos durante o roubo no interior do estabelecimento da vítima e outros disparos 
durante a prisão do paciente. Destaca, ainda, que, além dos disparos, não houve 
apreensão da arma nem sua perícia para a comprovação de sua lesividade, o que, a teor 
da jurisprudência da Turma, seria causa impeditiva para a incidência da majorante. 
Contudo, hoje o entendimento majoritário da Sexta Turma coincide com o da Quinta 
Turma de que o disparo de arma efetuado durante a prática do delito é suficiente 
para demonstrar a potencialidade lesiva da arma, ainda que somente trazido aos 
autos em prova testemunhal. Precedentes citados: HC 126.108-MS, DJe 16/8/2010; HC 
168.663-SP, DJe 2/8/2010, e HC 123.213-SP, DJe 20/9/2010. HC 177.215-RJ, Rel. Min. 
Haroldo Hodrigues (Desembargador convocado TJ-CE), julgado em 18/11/2010. 
 
ROUBO CIRCUNSTANCIADO. ARMA BRANCA NÃO APREENDIDA. 
A Turma, denegou a ordem de habeas corpus ao entendimento (já consolidado na 
jurisprudência) de que, no crime de roubo, quando existem outros elementos 
comprobatórios que levam a admitir a autoria imputada ao réu, não é necessária a 
apreensão da arma ou sua perícia para o aumento da pena pelo seu uso, conforme 
previsto no art. 157, § 2º, I, do CP. Nas instâncias ordinárias, ficou comprovado que o ora 
paciente ingressou num vagão de trem armado de um estilete e que, sob ameaça, 
subtraiu dinheiro e o celular da vítima, a qual depois o reconheceu. Precedentes citados: 
HC 96.407-SP, DJ 4/8/2008, e HC 91.294-SP, DJ 23/6/2008. HC 127.661-SP, Rel. Min. 
Laurita Vaz, julgado em 14/5/2009. 
 
 
4 – PORTE DE ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. ATIPICIDADE. 
 
Nota: o tema é controvertido no STF. A 1ª Turma entende que o fato da arma estar desmuniciada 
ou do agente não ter a pronta disponibilidade da munição, não descaracteriza o crime de porte 
ilegal de arma de fogo. A 2ª Turma, por sua vez, entende que a ausência de municição torna o fato 
atípico por falta de tipicidade material (ausência de lesividade). Nesse sentido, conferir o 
informativo n. 550 do STF, no qual constam decisões de ambas as turmas sobre a matéria. Vale 
ressaltar que o tema está sendo objeto de novo debate na 2ª Turma do STF (HC 96759). 
 
No âmbito do STJ, a matéria também é objeto de divergência entre suas turmas. A 6ª Turma 
entende que a ausência de munição ou a pronta disponibilidade desta pelo agente torna o fato 
atípico. A 5ª Turma entende que o crime é de perigo abstrato, bastando o simples porte da arma 
para a caracterização do crime, mesmo que sem munição. 
 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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11 
 
Este organizador não encontrou informativos sobre o posicionamento da 5ª Turma do STJ, razão 
pela qual se optou por colacionar ementas de julgados sobre o tema, a fim de melhor elucidar a 
controvérsia acima explicitada. 
 
 
HC. PORTE ILEGAL. ARMA SEM MUNIÇÃO. 
(…) Nesses casos, este Superior Tribunal, na maioria dos julgados, tem se posicionado 
no sentido de que, em se tratando do Estatuto do Desarmamento, basta o porte ilegal de 
arma de fogo para ser punido. Todavia, o STF já considerou atípico o porte de arma de 
fogo sem munição (RHC 81.507-SP, DJ 29/4/2005), apesar de estar ainda suspenso o 
julgamento do HC 90.075-SC sobre a matéria, em razão de pedido de vista. Com essas 
considerações, entre outras, os votos vencedores reconheceram a ausência de tipicidade 
material e determinaram o trancamento da ação penal, nas circunstâncias do caso, em 
que não houve a concreta afetação do bem jurídico, aplicando-se o princípio da 
ofensividade (art. 157 do CP). Houve empate na votação, prevalecendo, assim, a decisão 
mais favorável ao réu, o que levou a Turma a conceder a ordem de habeas corpus. 
Precedente citado: HC 113.050-SP. HC 70.544-RJ, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 
25/11/2008. (6ª Turma) 
 
ATIPICIDADE. CONDUTA. ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. 
A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, concedeu a ordem a fim de extinguir a 
ação penal, ao considerar que a arma sem eficácia não é arma, assim não comete crime 
de porte ilegal de arma de fogo aquele que consigo traz arma desmuniciada. Precedente 
citado: HC 116.742-MG, DJe 16/2/2009. HC 110.448-SP, Rel. Min. Nilson Naves, 
julgado em 18/8/2009. (6ª Turma) 
 
Julgados da 5ª Turma: 
 
RECURSO ESPECIAL. PENAL. PORTE DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO. 
ACÓRDÃO ABSOLUTÓRIO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ARMA DESMUNICIADA. 
IRRELEVÂNCIA. CRIME DE MERA CONDUTA. RECURSO PROVIDO. 
1. O simples fato de portar arma de fogo de uso permitido viola o previsto no artigo 14 da 
Lei 10.826/03, por se tratar de delito de mera conduta ou de perigo abstrato, cujo objeto 
imediato é a segurança coletiva. É, desse modo, irrelevante que o artefato bélico esteja 
desmuniciado. 
2. Na espécie, sendo incontroverso o fato de que o recorrido portava arma de fogo de uso 
permitido sem autorização, mesmo que sem munição, é de rigor a condenação. 
3. Recurso especial a que se dá provimento, restabelecendo os efeitos da sentença 
condenatória em todos os seus termos. 
(REsp 1189254/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 
05/10/2010, DJe 25/10/2010) 
 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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12 
 
HABEAS CORPUS. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO 
INFRACIONAL EQUIPARADO AO DELITO DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO 
DESMUNICIADA. 
CRIME DE MERA CONDUTA. COAÇÃO ILEGAL NÃO EVIDENCIADA. ORDEM 
DENEGADA. 
1. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 103, estabelece que o ato 
infracional é a "conduta descrita como crime ou contravenção penal". 
2. Logo, uma vez reconhecido que determinada conduta se amolda àquela descrita no 
tipo penal, viável é a sua consideração também como ato infracional. 
3. O simples fato de portar arma de fogo de uso permitido viola o previsto no artigo 14 da 
Lei 10.826/03, por se tratar de delito de mera conduta ou de perigo abstrato, cujo objeto 
imediato é a segurança coletiva. É, desse modo, irrelevante que o artefato bélico esteja 
desprovido de munição. 
4. Portanto, bastando o porte de arma de fogo sem autorização para caracterização do 
delito, ainda que o instrumento esteja desmuniciado, não se vislumbra qualquer 
ilegalidade na hipótese, tendo em vista a ausência de controvérsia no que tange à autoria 
e materialidade do ato infracional equiparado. 
5. Ordem denegada. 
(HC 146.910/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 21/09/2010, 
DJe 18/10/2010) 
 
 
5 – APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. ESGOTAMENTO DA INSTÂNCIA 
ADMINISTRATIVA. 
 
Nota: Seguindo posicionamento do STF sobre o tema, o STJ entende que o crime de apropriação 
indébita previdenciária é crime material e, portanto, faz-se necessário o esgotamento da via 
administrativa, com a constituição definitiva do crédito tributário, a exemplo dos crimes previstos 
no art. 1º da Lei dos Crimes Contra a Ordem Tributária (aplicação da súmula vinculante n. 24 do 
STF) 
 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. 
Cinge-se a questão em saber se, em relação ao delito de apropriação indébita 
previdenciária, previsto no art. 168-A do CP, faz-se necessário o exaurimento da via 
administrativa em que se discute a exigibilidade do crédito tributário. Isso posto, a Turma 
negou provimento ao recurso ao entendimento de que, em relação ao delito de 
apropriação indébita
previdenciária, exige-se a constituição definitiva do crédito tributário 
para que se dê início à persecução criminal. Precedentes citados: HC 96.348-BA, DJ 
4/8/2008, e HC 82.397-RJ, DJ 19/5/2008. REsp 1.028.984-MT, Rel. Min. Felix Fischer, 
julgado em 2/10/2008. (súmula vinculante 24 do STF, mutatis mutantis) 
 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA. INSS. CRIME MATERIAL. 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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13 
 
Apesar de o STJ já ter firmado o entendimento de que são os crimes contra a ordem 
tributária que necessitam, para sua caracterização, do exaurimento da via administrativa, 
recentemente, o STF firmou a orientação de que também os crimes de sonegação e 
apropriação indébita de contribuições previdenciárias têm natureza material, a exigir a 
ocorrência de resultado naturalístico para sua consumação: o dano à Previdência. Desse 
modo, nesses casos, faz-se necessário, a fim de se vislumbrar justa causa para 
instauração de inquérito policial, o esgotamento da via administrativa, tido como condição 
de procedibilidade para a ação penal, pois o suposto crédito pendente de lançamento 
definitivo impede a configuração daqueles delitos e a contagem do prazo prescricional. 
Precedente citado do STF: INQ 2.537-GO, DJ 13/6/2008. HC 96.348-BA, Rel. Min. 
Laurita Vaz, julgado em 24/6/2008. (súmula vinculante 24, mutatis mutantis) 
 
 
6 - LIBERDADE PROVISÓRIA NOS CRIMES HEDIONDOS E TRÁFICO DE DROGAS. 
 
Nota: A Lei dos Crimes Hediondos, inicialmente, vedava expressamente a concessão de liberdade 
provisória aos crimes hediondos e equiparados (art. 2º, inciso II, da Lei 8.072/90). Posteriormente, 
a Lei n. 11.464/2007 revogou o inciso II do art. 2º da citada lei. Contudo, os Plenários dos STF e STJ 
decidiram que a vedação à concessão da liberdade provisória aos crimes hediondos e equiparados 
decorreria da própria Constituição Federal. Portanto, a Lei 11.464/07 teria apenas suprimido uma 
redundância, permanecendo, pois, a vedação à liberdade provisória (nesse sentido, conferir 
informativo n. 499 do STF e informativo n. 349 do STJ). 
 
Não obstante, posteriormente o tema voltou a ser debatido e, atualmente, há divergência entre as 
Turmas do STJ e do STF. A matéria está submetida a novo julgamento pelo Plenário do STF, 
devendo-se acompanhar o andamento do HC 100949 e HC 92687 (informativo 611 do STF) 
 
PRISÃO. FLAGRANTE. LIBERDADE PROVISÓRIA. 
Os impetrantes insurgem-se contra decisão do Tribunal a quo que afirma ser impossível a 
concessão de liberdade provisória para os acusados de crimes hediondos, 
independentemente da existência dos requisitos autorizadores da prisão preventiva. Isso 
posto,verificando-se empate na votação, a Turma concedeu a ordem, ao argumento de 
que a prisão em flagrante não impede, por si só, a concessão de liberdade provisória, se 
seus requisitos estiverem preenchidos. A simples referência à lei ou à gravidade do delito 
não basta para seu indeferimento, exigindo-se fundamentação idônea e adequada. 
Precedentes citados: HC 82.489-ES, DJ 25/2/2008; HC 98.090-PE, DJ 28/10/2008, e HC 
109.188-CE, DJ 1º/12/2008. HC 121.920-MG, Rel. Ministro Celso Limongi 
(Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 24/3/2009. (5ª Turma) 
 
CRIMES HEDIONDOS. PROIBIÇÃO. LIBERDADE PROVISÓRIA. 
(…) A Lei n. 8.072/1990, na sua redação original, ao dar cumprimento ao inciso XLIII do 
art. 5º da CF/1988, fez, de seu lado, insuscetíveis de fiança e liberdade provisória os 
crimes hediondos, a prática de tortura, o tráfico de entorpecentes e o terrorismo, 
estabelecendo caso de prisão cautelar de necessidade presumida iuris et de iure, na 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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14 
 
hipótese de prisão decorrente de flagrante delito. Observou o Min. Relator que a Terceira 
Seção deste Superior Tribunal (HC 76.779-MT) culminou por firmar a compreensão de 
que a proibição de liberdade provisória, com ou sem fiança, decorre, primariamente, da 
própria Constituição Federal, fazendo materialmente desinfluente a questão da 
revogação, ou não, do art. 44 da nova Lei de Tóxicos (Lei n. 11.343/2006) pela Lei n. 
11.464/2007, que deu nova redação ao art. 2º da Lei nº 8.072/1990. A proibição da 
liberdade provisória a acusados pela prática de crimes hediondos deriva da 
inafiançabilidade dos delitos dessa natureza preconizada pela Constituição da República 
e da Lei n. 11.343/2006, que é, por si, fundamento suficiente por se tratar de norma 
especial especificamente em relação ao parágrafo único do art. 310 do CPP. Dessarte, é 
incompatível com a lei e com a Constituição Federal a interpretação que conclui pela 
admissibilidade, no caso de qualquer desses crimes, da conversão da prisão cautelar 
decorrente de flagrante delito em liberdade provisória. HC 93.591-MS, Rel. Min. Hamilton 
Carvalhido, julgado em 27/3/2008. (6ª Turma) 
 
 
7 – INFORMATIVOS RELACIONADOS AO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, MAUS ANTECEDENTES E REINCIDÊNCIA - Nota: 
posicionamento da 6ª Turma até o ano de 2009 era de que os maus antecedentes e a reincidência 
impediam a aplicação do princípio da insignificância. Após, a turma modificou seu 
posicionamento, passando a entender que os maus antecedentes, incluindo reincidência, não são 
óbices ao reconhecimento do princípio da insignificância. Veja nos julgados seguintes a mudança 
de posicionamento da Turma. 
 
PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. REINCIDÊNCIA 
Mesmo considerando tratar-se da tentativa de furto de um secador de cabelos (R$ 40,00), 
não há que falar em mínima ofensividade da conduta, enquanto o comportamento do 
agente, reincidente na prática de crimes contra o patrimônio (tal como se vê do acórdão 
recorrido), revela suficiente periculosidade social e significativo grau de reprovabilidade, o 
que inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância. Com esse entendimento, a 
Turma, por maioria, negou provimento ao recurso. Precedentes citados do STF: HC 
84.412-SP, DJ 19/11/2004; HC 84.424-SP, DJ 7/10/2005; do STJ: RHC 17.892-DF, DJ 
19/12/2005, e HC 47.247-MS, DJ 12/6/2006. RHC 24.326-MG, Rel. Min. Paulo Gallotti, 
julgado em 17/3/2009. 
 
PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. FERRAGENS. 
O paciente, auxiliado por dois menores, subtraiu para si ferragens de uma construção civil 
no valor de R$ 100. Esse contexto permite a aplicação do princípio da insignificância, 
quanto mais se já consolidado, na jurisprudência, que condições pessoais desfavoráveis, 
maus antecedentes, reincidência e ações penais em curso não impedem a aplicação 
desse princípio. Precedentes citados do STF: HC 84.412-SP, DJ 19/11/2004; do STJ: HC 
124.185-MG, DJe 16/11/2009; HC 83.143-DF, DJ 1º/10/2007, e HC 126.176-RS, DJe 
8/9/2009. HC 163.004-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 5/8/2010. (6ª Turma) 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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15 
 
 
ROUBO CIRCUNSTANCIADO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. 
(…) Assim, o cerne da questão posta no especial cinge-se à possibilidade da incidência 
do principio da insignificância no delito de roubo. A Turma, ao prosseguir o julgamento, 
entendeu que é inviável a aplicação do princípio da insignificância em crimes perpetrados 
com violência ou grave ameaça à vítima, não obstante o ínfimo valor da coisa subtraída. 
Ademais, o STF já decidiu que o referido princípio não se aplica ao delito de roubo. 
Precedentes citados do: STF: RE-AgR 454.394-MG, DJ 23/3/2007; do STJ: REsp 
468.998-MG, DJ 25/9/2006, e REsp 778.800-RS, DJ 5/6/2006. REsp 1.159.735-MG, Rel. 
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 15/6/2010. 
 
PRINCÍPIO.
INSIGNIFICÂNCIA. DESCAMINHO - NOTA: A 5ª Turma do STJ entendia que 
para aplicar o princípio da insignificância nos crimes de descaminho, devia-se observar o valor de 
R$ 100,00, o qual é utilizado pela Fazenda Pública para a extinção do débito fiscal. Porém, 
posteriormente a 5ª Turma mudou seu posicionamento, aderindo ao entendimento da 6ª Turma 
do STJ e do STF, pacificando-se que o valor a ser considerado para fins de aplicação do princípio da 
insignificância, é o correspondente a R$ 10.000,00, utilizando pela Fazenda Pública para o 
arquivamento provisório dos autos de Execução Fiscal, sem baixa na distribuição. Seguem abaixo 
os julgados a respeito do tema. 
 
PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. DESCAMINHO. (entendimento anterior) Os pacotes de 
cigarro e litros de uísque apreendidos por entrada ilegal no País totalizavam quase sete 
mil reais. Assim, não é possível incidir, nesse crime de descaminho, o princípio da 
insignificância, pois o parâmetro contido no art. 20 da Lei n. 10.522/2002 (dez mil reais) 
diz respeito ao arquivamento, sem baixa na distribuição, da ação de execução fiscal 
(suspensão da execução), o que denota sua inaptidão para caracterizar o que deve ser 
penalmente irrelevante. Melhor padrão para esse fim é o contido no art. 18, § 1º, daquela 
mesma lei, que cuida da extinção do débito fiscal igual ou inferior a cem reais. Anote-se 
que não se desconhecem recentes julgados do STF no sentido de acolher aquele primeiro 
parâmetro (tal qual faz a Sexta Turma do STJ), porém se mostra ainda preferível manter o 
patamar de cem reais, entendimento prevalecente no âmbito da Quinta Turma do STJ, 
quanto mais na hipótese, em que há dúvidas sobre o exato valor do tributo devido, além 
do fato de que a denunciada ostenta outras condenações por crimes de mesma espécie. 
Com esse entendimento, a Seção conheceu dos embargos e, por maioria, acolheu-os 
para negar provimento ao especial. EREsp 966.077-GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgados 
em 27/5/2009. 
 
REPETITIVO. DESCAMINHO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. (entendimento atual) 
A Seção, ao julgar o recurso repetitivo (art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ), 
entendeu que, em atenção à jurisprudência predominante no STF, deve-se aplicar o 
princípio da insignificância ao crime de descaminho quando os delitos tributários 
não ultrapassem o limite de R$ 10 mil, adotando-se o disposto no art. 20 da Lei n. 
10.522/2002. O Min. Relator entendeu ser aplicável o valor de até R$ 100,00 para a 
invocação da insignificância, como excludente de tipicidade penal, pois somente nesta 
hipótese haveria extinção do crédito e, consequentemente, desinteresse definitivo na 
cobrança da dívida pela Administração Fazendária (art. 18, § 1º, da referida lei), mas 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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16 
 
ressaltou seu posicionamento e curvou-se a orientação do Pretório Excelso no intuito de 
conferir efetividade aos fins propostos pela Lei n. 11.672/2008. REsp 1.112.748-TO, Rel. 
Min. Felix Fischer, julgado em 9/9/2009. 
 
PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. ENTORPECENTE. 
Foi encontrado com o paciente apenas 1,75 gramas de maconha, porém isso não autoriza 
aplicar o princípio da insignificância ao delito de porte de entorpecentes, pois seria 
equivalente a liberar o porte de pequenas quantidades de droga contra legem. Precedente 
citado: REsp 880.774-RS, DJ 29/6/2007. HC 130.677-MG, Rel. Min. Celso Limongi 
(Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 4/2/2010. 
 
PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. TRÁFICO. DROGAS. 
Conforme precedentes, não se aplica o princípio da insignificância ao delito de tráfico de 
drogas, visto se tratar de crime de perigo abstrato ou presumido. Dessarte, é irrelevante 
para esse específico fim a quantidade de droga apreendida. Precedentes citados do STF: 
HC 88.820-BA, DJ 19/12/2006; HC 87.319-PE, DJ 15/12/2006; do STJ: HC 113.757-SP, 
DJe 9/2/2009; HC 81.590-BA, DJe 3/11/2008; HC 79.661-RS, DJe 4/8/2008, e HC 55.816-
AM, DJ 11/12/2006. HC 122.682-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 18/11/2010 
 
 
8 – ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR APÓS A LEI 12.015/09. NOTA: 
instalou-se o debate se a prática de estupro e outro ato libidinoso, no mesmo contexto fático, 
trata-se de crime único (tipo misto alternativo) ou se trata de crime de reiteração (tipo misto 
cumulativo). Vejam os julgados seguintes. 
 
ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. LEI N. 12.015/2009. (6ª Turma) 
Trata-se de habeas corpus no qual se pleiteia, em suma, o reconhecimento de crime 
continuado entre as condutas de estupro e atentado violento ao pudor, com o 
consequente redimensionamento das penas. Registrou-se, inicialmente, que, antes das 
inovações trazidas pela Lei n. 12.015/2009, havia fértil discussão acerca da possibilidade 
de reconhecer a existência de crime continuado entre os delitos de estupro e atentado 
violento ao pudor, quando o ato libidinoso constituísse preparação à prática do delito de 
estupro, por caracterizar o chamado prelúdio do coito (praeludia coiti), ou de determinar 
se tal situação configuraria concurso material sob o fundamento de que seriam crimes do 
mesmo gênero, mas não da mesma espécie. A Turma concedeu a ordem ao 
fundamento de que, com a inovação do Código Penal introduzida pela Lei n. 
12.015/2009 no título referente aos hoje denominados “crimes contra a dignidade 
sexual”, especificamente em relação à redação conferida ao art. 213 do referido 
diploma legal, tal discussão perdeu o sentido. Assim, diante dessa constatação, a 
Turma assentou que, caso o agente pratique estupro e atentado violento ao pudor 
no mesmo contexto e contra a mesma vítima, esse fato constitui um crime único, 
em virtude de que a figura do atentado violento ao pudor não mais constitui um tipo 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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penal autônomo, ao revés, a prática de outro ato libidinoso diverso da conjunção 
carnal também constitui estupro. Observou-se que houve ampliação do sujeito passivo 
do mencionado crime, haja vista que a redação anterior do dispositivo legal aludia 
expressamente a mulher e, atualmente, com a redação dada pela referida lei, fala-se em 
alguém. Ressaltou-se ainda que, não obstante o fato de a Lei n. 12.015/2009 ter 
propiciado, em alguns pontos, o recrudescimento de penas e criação de novos tipos 
penais, o fato é que, com relação a ponto específico relativo ao art. 213 do CP, está-se 
diante de norma penal mais benéfica (novatio legis in mellius). Assim, sua aplicação, em 
consonância com o princípio constitucional da retroatividade da lei penal mais favorável, 
há de alcançar os delitos cometidos antes da Lei n. 12.015/2009, e, via de consequência, 
o apenamento referente ao atentado violento ao pudor não há de subsistir. Todavia, 
registrou-se também que a prática de outro ato libidinoso não restará impune, mesmo que 
praticado nas mesmas circunstâncias e contra a mesma pessoa, uma vez que caberá ao 
julgador distinguir, quando da análise das circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do 
CP para fixação da pena-base, uma situação da outra, punindo mais severamente aquele 
que pratique mais de uma ação integrante do tipo, pois haverá maior reprovabilidade da 
conduta (juízo da culpabilidade) quando o agente constranger a vítima à conjugação 
carnal e, também, ao coito anal ou qualquer outro ato reputado libidinoso. Por fim, 
determinou-se que a nova dosimetria da pena há de ser feita pelo juiz da execução penal, 
visto que houve o trânsito em julgado da condenação, a teor do que dispõe o art. 66 da 
Lei n. 7.210/1984. HC 144.870-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 9/2/2010. 
 
CONTINUIDADE DELITIVA. ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO. PUDOR. (5ª Turma)
Trata-se, entre outras questões, de saber se, com o advento da Lei n. 12.015/2009, há 
continuidade delitiva entre os atos previstos antes separadamente nos tipos de estupro 
(art. 213 do CP) e atentado violento ao pudor (art. 214 do mesmo codex), agora reunidos 
em uma única figura típica (arts. 213 e 217-A daquele código). Assim, entendeu o Min. 
Relator que primeiramente se deveria distinguir a natureza do novo tipo legal, se ele seria 
um tipo misto alternativo ou um tipo misto cumulativo. Asseverou que, na espécie, 
estaria caracterizado um tipo misto cumulativo quanto aos atos de penetração, ou 
seja, dois tipos legais estão contidos em uma única descrição típica. Logo, 
constranger alguém à conjunção carnal não será o mesmo que constranger à 
prática de outro ato libidinoso de penetração (sexo oral ou anal, por exemplo). Seria 
inadmissível reconhecer a fungibilidade (característica dos tipos mistos 
alternativos) entre diversas formas de penetração. A fungibilidade poderá ocorrer 
entre os demais atos libidinosos que não a penetração, a depender do caso 
concreto. Afirmou ainda que, conforme a nova redação do tipo, o agente poderá 
praticar a conjunção carnal ou outros atos libidinosos. Dessa forma, se praticar, por 
mais de uma vez, cópula vaginal, a depender do preenchimento dos requisitos do 
art. 71 ou do art. 71, parágrafo único, do CP, poderá, eventualmente, configurar-se 
continuidade. Ou então, se constranger vítima a mais de uma penetração (por 
exemplo, sexo anal duas vezes), de igual modo, poderá ser beneficiado com a pena 
do crime continuado. Contudo, se pratica uma penetração vaginal e outra anal, 
nesse caso, jamais será possível a caracterização de continuidade, assim como 
sucedia com o regramento anterior. É que a execução de uma forma nunca será 
similar à de outra, são condutas distintas. Com esse entendimento, a Turma, ao 
prosseguir o julgamento, por maioria, afastou a possibilidade de continuidade 
delitiva entre o delito de estupro em relação ao atentado violento ao pudor. HC 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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18 
 
104.724-MS, Rel. originário Min. Jorge Mussi, Rel. para acórdão Min. Felix Fischer, 
julgado em 22/6/2010. 
 
 
9 – INFORMATIVOS RELACIONADOS A PROVAS ILÍCITAS 
 
 
FURTO QUALIFICADO. FRAUDE. INVESTIGAÇÃO. PROVA ILÍCITA. 
(…) Inicialmente, ressaltou o Min. Relator que, quanto à proteção dada às informações de 
operações bancárias, o sigilo, segundo disposição legal, corresponde à obrigação imposta 
às instituições financeiras, configurando infração penal sua quebra injustificada. Porém, 
sobre o que dispõe o art. 5º, XII, da CF/1988, entende ser necessário que sua 
interpretação seja feita com temperamentos, afinal, inexiste, no ordenamento pátrio, 
direito absoluto. Assim, diante do caso concreto, cabe ao intérprete fazer uma ponderação 
de valores. A inviolabilidade dos sigilos é, portanto, a regra e a quebra, a exceção; como 
tal se deve observar que a fundamentação para a quebra dos sigilos seja de modo que 
encontre apoio no princípio da proporcionalidade, sob pena de serem consideradas ilícitas 
as provas obtidas dessa violação. Desse modo, a par da regra da liberdade dos meios de 
prova, excetua-se a utilização daquelas obtidas por meios ilegais, conforme dispõe o art. 
5º, LVI, da CF/1988, inserindo-se, nesse contexto, as oriundas da quebra de sigilo sem 
autorização judicial devidamente motivada. Entretanto, no caso em foco, entendeu o Min. 
Relator haver peculiaridade que afasta, por completo, a proteção à violação de sigilo 
bancário que é reivindicada, isto é, tratou-se toda a operação bancária de um golpe 
efetivado por meio de um engodo. Aliás, a própria titularidade solidária que detinha uma 
das pacientes e que agora é reclamada para respaldar eventual autorização legal nasceu 
como início da trama que foi efetivada contra a vítima, conforme se inferiu da sentença 
condenatória. Dessa forma, antes mesmo de verificar eventual tensão entre princípios que 
ensejasse a relativização daquele que prevê o sigilo das informações, observou que a 
pretensão de reconhecimento da nulidade é precedida do desejo de beneficiar os 
pacientes com o fruto do ato ilícito, o que foge à razoabilidade. Lembrou, ainda, o § 2º do 
art. 157 do CPP, o qual entende servir para mitigar a teoria da contaminação da prova, 
restringindo-a para os casos em que a prova ilícita foi absolutamente determinante para a 
descoberta da prova derivada que sem aquela não existiria, o que não aconteceu na 
espécie. Asseverou, por fim, que, in casu, o sobrinho da vítima, na condição de herdeiro, 
teria, inarredavelmente, após a habilitação no inventário, o conhecimento das 
movimentações financeiras e, certamente, saberia do desfalque que a vítima havia 
sofrido; ou seja, a descoberta seria inevitável, não havendo, portanto, razoabilidade 
alguma em anular todo o processo e demais provas colhidas, não só durante a instrução 
criminal, mas também aquelas colhidas na fase pré-processual investigativa. Diante 
desses fundamentos, entre outros, a Turma denegou a ordem. Precedentes citados: HC 
133.347-PE, DJe 30/11/2009, e HC 67.435-RS, DJe 23/3/2009. HC 52.995-AL, Rel. Min. 
Og Fernandes, julgado em 16/9/2010. 
 
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. AUTORIZAÇÕES SUCESSIVAS. 
Trata-se de habeas corpus em que se pugna pela nulidade ab initio do processo penal, 
visto que sua instauração deu-se com base em provas ilícitas, ou seja, decorrentes de 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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19 
 
interceptação telefônica cuja autorização foi sucessivamente renovada e os investigados, 
ora pacientes, foram assim monitorados por um prazo superior a dois anos. A Turma 
entendeu que, no caso, houve sim violação do princípio da razoabilidade, uma vez que a 
Lei n. 9.296/1996, no seu art. 5º, prevê o prazo de 15 dias para a interceptação telefônica, 
renovável por mais 15, caso seja comprovada a indispensabilidade desse meio de prova. 
Assim, mesmo que fosse o caso de não haver explícita ou implícita violação desse 
dispositivo legal, não é razoável que a referida interceptação seja prorrogada por tanto 
tempo, isto é, por mais de dois anos. Ressaltou-se que, no caso da referida lei, embora 
não esteja clara a hipótese de ilimitadas prorrogações, cabe ao juiz interpretar tal 
possibilidade. Contudo, dada a natureza da norma que alude à restrição da liberdade, o 
que está ali previsto é uma exceção à regra. Se o texto legal parece estar indeterminado 
ou dúbio, cabe a esta Corte dar à norma interpretação estrita, face a sua natureza 
limitadora do direito à intimidade, de modo a atender ao verdadeiro espírito da lei. Com 
isso, concedeu-se a ordem de habeas corpus a fim de reputar ilícita a prova resultante de 
tantos dias de interceptações telefônicas e, conseqüentemente, declarar nulos os atos 
processuais pertinentes e retornar os autos ao juiz originário para determinações de 
direito. HC 76.686-PR, Rel Min. Nilson Naves, julgado em 9/9/2008. 
 
10 – INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
Nota: o tema está sendo objeto de discussão pelo Plenário do STF (HC 84548/SP). A 2ª Turma do 
STF já se manifestou, por unanimidade, pela legitimidade de investigação criminal pelo Ministério 
Público (informativo n. 564). A 1ª Turma também se manifestou favorável, por maioria 
(informativo 611). 
 
Ressalte-se que, embora haja discussão quanto à legitimidade do MP em promover a apuração de 
crimes, há consenso de que este órgão não pode presidir inquérito policial, atribuição que é 
exclusiva da autoridade policial. 
 
No STJ, prevalece que o Ministério Público detém legitimidade para promover investigação 
criminal, conforme
informativo da 6ª Turma e ementa de um julgado da 5ª Turma, a seguir 
transcritos. 
 
 
MP. LEGITIMIDADE. INVESTIGAÇÃO. 
Trata-se de habeas corpus impetrado em benefício próprio em que o paciente, condenado 
pelo crime de extorsão (seis anos e oito meses), alega constrangimento ilegal na 
apuração do crime pelo Ministério Público, visto que, sendo policial civil, estaria 
subordinado à corregedoria da Polícia Civil, detentora da atribuição de apurar as infrações 
cometidas pelos integrantes da corporação. O Min. Relator fez considerações sobre as 
funções do MP como titular da ação penal pública de proceder e efetuar diligências de 
investigação, que são consentâneas com a sua finalidade constitucional prevista no art. 
129, VI e VIII, da CF/1988, LC n. 75/1993 e art. 26 da Lei n. 8.625/1993. Ainda com base 
em precedentes do STF e do STJ, afirmou não haver óbice para que o MP requisite 
esclarecimentos ou diligencie diretamente a obtenção da prova para formar seu 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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20 
 
convencimento de determinado fato, inclusive aqueles que envolvem policiais. No caso, o 
Min. Relator esclareceu que a colheita de declarações pelo MP serviu de fundamento 
para instalação de inquérito policial cuja presidência coube à autoridade policial que, 
inclusive, representou pela interceptação telefônica e outras diligências. Diante do 
exposto, a Turma denegou a ordem. Precedentes citados do STF: RE 468.573-SC, DJe 
19/2/2010; do STJ: HC 33.682-PR, DJe 4/5/2009; HC 84.266-RJ, DJ 22/10/2007, e HC 
94.810-MG, DJe 13/10/2008. HC 133.818-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 
21/10/2010. (6ª Turma) 
 
RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIMES DE QUADRILHA E DE FRAUDE À 
LICITAÇÃO (ART. 90 DA LEI N.º 8.666/93). MINISTÉRIO PÚBLICO. PODERES DE 
INVESTIGAÇÃO. LEGITIMIDADE. LC N.º 75/93. ART. 4.º, PARÁGRAFO ÚNICO, DO 
CPP. INCOMPETÊNCIA. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL. 
NÃO OCORRÊNCIA. (…) 1. É consectário lógico da própria função do órgão ministerial - 
titular exclusivo da ação penal pública - proceder à coleta de elementos de convicção, a 
fim de elucidar a materialidade do crime e os indícios de autoria, mormente mormente em 
casos excepcionais, como o presente, onde se investiga o crime de formação de 
quadrilha imputado a deputados estaduais, detentores de foro privilegiado, para o 
cometimento de fraudes à licitação. 
2. Malgrado seja defeso ao Ministério Público presidir o inquérito policial propriamente 
dito: "É perfeitamente possível que o órgão do Ministério Público promova a colheita de 
determinados elementos de prova que demonstrem a existência da autoria e da 
materialidade de determinado delito, ainda que a título excepcional, [...]. Tal conclusão 
não significa retirar da Polícia Judiciária as atribuições previstas constitucionalmente, mas 
apenas harmonizar as normas constitucionais (arts. 129 e 144) de modo a compatibilizá-
las para permitir não apenas a correta e regular apuração dos fatos supostamente 
delituosos, mas também a formação da opinio delicti." (STF - RE 468.523/SC, 2.ª Turma, 
Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJ de 19/02/2010.) 3. A Polícia Judiciária não possui o 
monopólio da investigação criminal, possuindo o Ministério Público e, inclusive, 
autoridades administrativas legitimidade para determinar diligências investigatórias. 
Inteligência da Lei Complementar n.º 75/93 e do art. 4º, parágrafo único, do Código de 
Processo Penal. Precedentes. (…) 
 
(REsp 945.556/MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 
26/10/2010, DJe 29/11/2010) 
 
11 – INTERROGATÓRIO JUDICIAL POR VIDEOCONFERÊNCIA. 
 
 
INTERROGATÓRIO JUDICIAL. VIDEOCONFERÊNCIA. NULIDADE. 
A Turma, alterando sua jurisprudência, concedeu o writ, ao entendimento de que o 
interrogatório realizado por videoconferência, em tempo real, viola o princípio do devido 
processo legal, em que pese o papel da informatização moderna do Judiciário (Lei n. 
11.419/2006). Outrossim, o interrogatório judicial por videoconferência pode gerar 
nulidade devido às carências até então insanáveis, a exemplo da falta de controle 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
_______________________________________________________________________________ 
 
21 
 
nacional dos presidiários, de modo a dispensar a presença do réu perante o julgador. 
Ademais, por ser peça imprescindível no processo penal, o interrogatório é o momento 
em que, de viva voz e pessoalmente, o acusado, confrontado frente ao julgador, relata 
sua versão dos fatos, para que se determine sua culpabilidade ou inocência (art. 185, § 
2º, do CPP). HC 98.422-SP, (6ª TURMA) 
 
INTERROGATÓRIO. VIDEOCONFERÊNCIA. NULIDADE ABSOLUTA. 
O interrogatório judicial realizado por meio de videoconferência constitui causa de 
nulidade absoluta processual, pois afronta o princípio constitucional do devido processo 
legal e seus consectários (art. 5º, LV, da CF/1988). Precedente citado do STF: HC 
88.914-SP, DJ 5/10/2007. HC 108.457-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 
18/9/2008. 
 
NULIDADE. INTERROGATÓRIO. VIDEOCONFERÊNCIA. 
(…) Contudo, entendeu que a ordem há de ser concedida para reconhecer a nulidade do 
interrogatório; pois, à época em que realizado (21/8/2007), não havia previsão legal 
permitindo a sua realização pelo sistema de videoconferência, o que somente passou a 
existir com a Lei n. 11.900/2009, ainda assim, em caráter excepcional e mediante decisão 
devidamente fundamentada. Não deve prevalecer o entendimento do MPF de que a 
superveniência da mencionada lei teria suprido o vício consistente na falta de previsão 
legal para a realização do ato de interrogatório pelo sistema de videoconferência. Para o 
Min. Relator, pretende-se a aplicação retroativa da lei, o que não é permitido; pois, no 
processo penal, aplica-se a lei vigente ao tempo da prática do ato (art. 2º do CPP) (…)HC 
128.600-SP, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado 
em 18/2/2010. (6ª Turma) 
Nota: Veja-se que neste último julgado, que é posterior à Lei n. 11.900/2009, que a 6ª Turma 
parece ter sinalizado pela possibilidade da realização do interrogatório judicial por 
videoconferência, desde que presentes as hipóteses legais que justifiquem a excepcionalidade da 
medida. 
 
 
12 – INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS POR VIDEOCONFERÊNCIA. 
 
 
INTERROGATÓRIO. TESTEMUNHAS. VIDEOCONFERÊNCIA. 
(…)Trata-se de habeas corpus em que se busca a nulidade do feito a partir da audiência 
de inquirição das testemunhas realizada por meio de videoconferência. Explica o Min. 
Relator que o interrogatório judicial como meio de defesa exige a presença física do 
acusado (art. 5º, LV, da CF/1988). Logo, a realização do interrogatório judicial por meio de 
videoconferência constitui causa de nulidade absoluta, entendimento firmado no plenário 
do Supremo Tribunal (HC 90.900-SP, julgado em 30/10/2008), seguido também neste 
Superior Tribunal. Esclarece, contudo, que a hipótese é diferente, questiona-se a 
prescindibilidade da presença física do réu na audiência de inquirição de 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
_______________________________________________________________________________ 
 
22 
 
testemunhas. Quanto a essa questão, a jurisprudência deste Superior Tribunal 
sedimentou-se no sentido de que a ausência do réu na audiência de instrução não 
acarreta, por si só, a nulidade do processo, ou seja, caso o réu tenha a presença 
regular de um defensor e não se evidencie qualquer prejuízo, não há nulidade. No 
caso, ressalta constar dos autos que, durante a audiência, foi-lhe assegurado um 
defensor em tempo integral em sala do Centro de Detenção Provisória e outro defensor 
na sala de audiência própria
para o evento, onde a defesa tem à sua disposição uma linha 
digital reservada conectada diretamente com o presídio, sendo possível o contato com o 
acusado e seus defensores para qualquer pergunta, esclarecimentos etc. Conclui, assim, 
o Min. Relator que não houve demonstração de qualquer prejuízo ao réu pela sua 
ausência física na audiência, conseqüentemente, não há causa de nulidade relativa por 
inobservância do devido processo legal. Com esse entendimento, a Turma denegou a 
ordem. Precedentes citados: HC 94.049-GO, DJe 7/4/2008, e HC 79.080-SP, DJe 
26/5/2008. HC 85.894-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 18/11/2008. 
 
 
13 - INFORMATIVOS RELACIONADOS A TEMAS DIVERSOS. 
 
 
CONDENAÇÕES. MESMO FATO. TRÂNSITO EM JULGADO. 
Diante de duas condenações (ambas com trânsito em julgado) pelo mesmo fato delituoso 
e apuradas em processos distintos, deve prevalecer a que primeiro transitou em julgado. 
Assim, no caso, mesmo que não se tenha suscitado essa violação da coisa julgada no 
curso do segundo processo, sua nulidade é flagrante. Dessarte, declarou-se o 
trancamento definitivo daquele feito. Precedentes citados: HC 37.520-SP, DJ 9/5/2005; 
HC 27.794-SP, DJ 22/11/2004; HC 36.091-RJ, DJ 14/3/2005, e RHC 8.092-RJ, DJ 
1º/2/1999. HC 97.753-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/6/2008. 
 
NULIDADE. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO. 
Frente à autoridade policial, as vítimas do crime reconheceram os pacientes mediante a 
apresentação de fotografias constantes de documentos pessoais e oficiais, novamente 
utilizadas quando perante o juízo. Porém, a inobservância do art. 226 do CPP é uma 
nulidade relativa, a escorar-se na demonstração do prejuízo, não deduzida no caso. 
Outrossim, o reconhecimento fotográfico não é de todo vazio de valor probatório, pois 
pode ser reunido a outras provas, a servir de elemento de convicção do juiz. Anote-se que 
a prisão deu-se enquanto na posse da quase totalidade da res furtiva. Precedentes 
citados: RHC 23.224-RJ, DJ 9/6/2008; REsp 604.325-PR, DJ 21/6/2004, e RHC 10.307-
SP, DJ 23/10/2000. HC 95.687-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 
24/6/2008. 
 
COMPETÊNCIA. REVISÃO CRIMINAL. JUIZADOS ESPECIAIS. 
Compete à Turma Recursal Criminal processar e julgar a revisão criminal em que o réu 
condenado por praticar o crime previsto no art. 147 do CP (crime de menor potencial 
ofensivo) pelo Juizado Especial criminal pugna pela reforma de decisão. Isso se deve ao 
fato de que as decisões proferidas pelos Juizados Especiais não ficam submetidas à 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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23 
 
revisão dos Tribunais de Justiça, pois a vinculação entre eles é apenas administrativa, e 
não jurisdicional. Assim, a Seção, ao prosseguir o julgamento, por maioria, determinou 
que compete à Turma Recursal julgar a revisão criminal, observado o caput do art. 625 do 
CPP. Caso a composição daquele colegiado impossibilite a observância do mencionado 
artigo, deve-se, em tese, convocar magistrados suplentes para fazer parte do julgamento. 
Precedentes citados: REsp 470.673-RS, DJ 4/8/2003, e CC 39.876-PR, DJ 19/12/2003. 
CC 47.718-RS, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado 
em 13/8/2008. 
 
HC. CONDENAÇÃO. PRISÃO. RESP. 
O paciente permaneceu em liberdade durante todo o processo, sua prisão só foi 
determinada pelo fato de o recurso especial não ter efeito suspensivo. Porém a 
jurisprudência da Sexta Turma firmou-se no sentido de que, nesses casos, constitui 
evidente constrangimento ilegal à liberdade a prisão antes do trânsito em julgado. A 
prisão cautelar, aquela que antecede a condenação transitada em julgado, só pode ser 
imposta se evidenciada, com a devida fundamentação, a sua necessidade, o que não 
ocorre na espécie. Pelo exposto, a Turma concedeu a ordem para assegurar ao paciente 
o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julgado da condenação, ressalvada a 
hipótese de surgimento de fatos outros que revelem a necessidade de sua prisão. 
Precedentes citados: HC 48.171-GO, DJ 10/3/2008; HC 52.740-RS, DJ 4/6/2007, e HC 
72.726-SP, DJ 10/12/2007. HC 105.810-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 
28/8/2008. (Nota: entendimento também consolidado no STF) 
 
HC. EXAME CRIMINOLÓGICO. PROGRESSÃO. REGIME. 
Para a concessão do benefício da progressão de regime, deve o acusado preencher os 
requisitos de natureza objetiva (lapso temporal) e subjetiva (bom comportamento 
carcerário) nos termos do art. 112 da LEP, com a redação dada pela Lei n. 10.792/2003. 
Pode o magistrado, excepcionalmente, determinar a realização de exame criminológico 
diante das peculiaridades da causa, desde que o faça em decisão concretamente 
fundamentada. Dessa forma, muito embora a nova redação do art. 112 da LEP não mais 
exija o exame criminológico, ele pode ser realizado se o juízo da execução, diante das 
peculiaridades da causa, assim o entender, servindo de base para o deferimento ou 
indeferimento do pedido.(…) HC 108.240-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 
4/9/2008. 
 
PRISÃO PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. 
Após o voto do Min. Relator denegando a ordem, verificou-se empate na votação, 
prevalecendo a decisão mais favorável ao réu. Dessa forma, a Turma concedeu a ordem 
nos termos do voto da Min. Maria Thereza de Assis Moura, que, nos casos de prisão 
preventiva, embora concorde que o juiz possa reportar-se à manifestação do 
Ministério Público, entende que essa não pode ser a única razão para decidir. O juiz 
pode aceitar a argumentação, trazê-la, mas deve incorporar a ela uma 
fundamentação que seja também sua. Tal raciocínio vale também para a pronúncia. É 
possível adotar-se, como razão de decidir, a pronúncia, mas há que se trazer a um 
contexto de não simplesmente repetir aquela decisão, mas enfrentar os argumentos 
postos no recurso para que, afastando-a ou não, de qualquer forma, possa trazer algo de 
seu. Nesses casos, há a necessidade de uma fundamentação que não seja, pura e 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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24 
 
simplesmente, reportar-se ao que disse o Ministério Público ou o juiz na pronúncia. HC 
90.684-RS, Rel. originário Min. Paulo Gallotti, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de 
Assis Moura, julgado em 16/9/2008. 
 
AÇÃO PENAL. DENÚNCIA GERAL. 
(…)Explica a Min. Relatora que não se pode falar em inépcia da denúncia, embora esta 
não individualize a conduta de cada um dos acusados. Em casos como o dos autos, que 
não é possível individualizar conduta quanto aos fatos narrados, em que foram 
supostamente praticados por todos os envolvidos, associados para a prática dos delitos, o 
acusador é obrigado a atribuir-lhes uma única conduta, ou seja, uma denúncia geral, o 
que não acarreta qualquer nulidade, pois não impede a ampla defesa. Logo, deve ser 
mantida a ação penal ajuizada contra todos os pacientes e os co-réus. Com esse 
entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, denegou a ordem que buscava 
trancar a ação penal. Precedentes citados: HC 49.731-SP, DJ 20/8/2007; HC 45.553-DF, 
DJ 3/9/2007; HC 31.294-PR, DJ 9/10/2006; RHC 18.993-MG, DJ 12/6/2006, e HC 43.002-
SP, DJ 19/9/2005. HC 102.250-ES, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada 
do TJ-MG), julgado em 23/9/2008. 
 
OITIVA PRÉVIA. REGRESSÃO PROVISÓRIA. 
A Turma entendeu inexistir qualquer irregularidade em determinar a regressão 
provisória do apenado foragido, independente da oitiva prévia, pois, estando em regime 
aberto, empreendeu fuga vinte vezes. No caso, a fuga caracteriza-se como falta grave, 
ademais, encontrando-se o réu ainda foragido, é dispensável a oitiva, exigível mormente 
no procedimento da regressão definitiva para
regime mais rigoroso. Precedentes citados: 
Rcl 2.649-SP, DJe 17/10/2008; RHC 19.780-RJ, DJ 30/10/2006; HC 97.674-MS, DJe 
18/8/2008; HC 29.353-RJ, DJ 25/10/2004, e HC 20.578-SP, DJ 28/10/2002. HC 115.373-
RJ, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 
20/11/2008. 
 
PRERROGATIVA. FORO. CO-AUTORIA. HOMICÍDIO. 
A controvérsia consiste em definir se a previsão do foro por prerrogativa de função pública 
de um dos supostos co-autores intelectuais do homicídio acarretaria a unidade do 
processo e julgamento para o outro sem prerrogativa de função. No caso, a reclamante 
alega a usurpação da competência do STJ pelo juízo de primeiro grau que, após a 
denúncia neste Superior Tribunal, recebeu aditamento à denúncia para inseri-la em 
processo, no qual são processados os supostos executores do crime. Segundo a tese 
vencedora, a decisão mais correta é desmembrar os feitos, mantendo no STJ 
apenas o suposto co-autor que efetivamente exerce função privilegiada. 
Considerou-se que tanto a prerrogativa de foro como o Tribunal do Júri têm 
competência estabelecida pela Constituição e, na hipótese de crime contra a vida, 
seria difícil haver critérios válidos em desfavor do Tribunal do Júri em razão de 
extensão do foro privilegiado, sem desvirtuar sua natureza e finalidade. Observou-
se ser esse um dos motivos pelo qual o STF cancelou sua Súm. n. 394, bem como 
considerou inconstitucional a Lei n. 10.628/2002 no julgamento da ADin 2.797-DF 
(DJ 19/12/2006). Quanto à edição da Súm. n. 704-STF, destacou-se que ela não se 
refere ao específico confronto entre o foro por prerrogativa de função e o Tribunal 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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do Júri, mas apenas aos demais delitos que não têm relação com os crimes contra 
a vida, quando ausente a necessidade de conciliar dois dispositivos 
constitucionais. Outrossim, ponderou-se que a prevalência da prerrogativa de foro no 
processo, tal como sustentada por alguns com base nos arts. 76, 77 e 78 do CPP, não 
procede, uma vez que dispositivos da Constituição não poderiam ser interpretados a partir 
das regras infraconstitucionais sobre prevenção do processo penal, quando, ao contrário, 
é a Constituição que deve servir para esclarecer a legislação ordinária. Com essas 
considerações, entre outras, a Corte Especial, por maioria, julgou parcialmente 
procedente a reclamação e declarou nula ab initio a ação penal relativamente à 
reclamante, sem negar a competência do Tribunal do Júri. Cassou, ainda, a decisão de 
recebimento de aditamento da denúncia, que não podia ocorrer antes de destituída a 
prevenção do STJ. Excluiu, também, da investigação a reclamante, assim como julgou 
extintas todas as providências jurisdicionais adotadas no inquérito em relação a ela. 
Declinou, outrossim, de sua competência, para que o juízo de primeiro grau processe e 
julgue a reclamante pelo fato contra si denunciado, julgando prejudicado o agravo do MP 
contra a decisão liminar do Min. Relator. Precedentes citados do STF: HC 73.235-DF, DJ 
18/10/1996; HC 69.325-GO, DJ 4/12/1992; do STJ: REsp 738.338-PR, DJ 21/11/2005; HC 
36.844-MA, DJ 1º/8/2005, e HC 28.738-SP, DJ 24/5/2004. Rcl 2.125-CE, Rel. Min. 
Hamilton Carvalhido, julgada em 3/12/2008. 
 
Nota: Dois foros previstos diretamente na constituição – cisão dos processos. O foro por 
prerrogativa atrai os crimes conexos de quem não detém foro especial, desde que não se trate de 
competência do Tribunal do Júri, quando deverá haver desmembramento do processo. 
 
JÚRI. INOVAÇÃO. TRÉPLICA. 
A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu que, no âmbito do Júri, é 
possível a inovação de tese defensiva (no caso, de inexigibilidade de conduta diversa) 
quando da tréplica, visto que essa instituição vem pautada, sobremaneira, pela plenitude 
de defesa (art. 5º, XXXVIII, a, e LV, da CF/1988). O voto vencido repudiava a inovação ao 
fundamento de violação do princípio do contraditório. Precedente citado: REsp 5.329-GO, 
DJ 26/10/2002; HC 42.914-RS, DJ 19/4/2005, e HC 44.165-RS, DJ 23/4/2007. HC 61.615-
MS, Rel. originário Min. Hamilton Carvalhido, Rel. para acórdão Min. Nilson Naves, 
julgado em 10/2/2009. 
 
LATROCÍNIO. MODUS OPERANDI. GRAVIDADE. 
A Turma denegou o writ devido à necessidade concreta de manter a prisão cautelar do 
agente a bem da ordem pública, mormente pela gravidade concreta do delito, evidenciada 
pelo modus operandi empregado pelo paciente, fato que revela seu desequilíbrio 
emocional e periculosidade, a justificar a manutenção da prisão cautelar. Outrossim, ainda 
que favoráveis as suas condições pessoais, não são suficientes, por si sós, para garantir 
a liberdade provisória do paciente, à vista dos elementos descritos (CPP, art. 312). 
Precedentes citados: HC 100.267-SE, DJe 18/8/2008; HC 42.432-DF, DJ 15/8/2005, e HC 
83.761-DF, DJ 15/10/2007. HC 102.929-PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/2/2009. 
 
INTERROGATÓRIO. PERGUNTA. ADVOGADO. CORRÉU. 
Informativos criminais do Superior Tribunal de Justiça 
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Mesmo diante da alteração do art. 188 do CPP pela Lei n. 10.792/2003, que transformou 
o interrogatório judicial em meio de produção de prova a necessitar do contraditório e da 
presença de advogado, nele, não há como sujeitar o interrogado a perguntas formuladas 
pelo advogado de seu corréu, pois aquele ato ainda mantém seu caráter de instrumento 
de autodefesa.(…) HC 90.331-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/4/2009 
 
OITIVA. CORRÉU. TESTEMUNHA. 
(…) Para o Min. Relator, a decisão atacada não merece reforma, pois o corréu não pode 
ser ouvido como testemunha do acusado no mesmo processo. Observa que não se 
confunde testemunha com corréu. A testemunha presta compromisso legal e está sujeita 
ao crime de falso testemunho; já o corréu pode falsear a verdade, uma vez que não 
presta compromisso legal. Ademais, no caso dos autos, as declarações prestadas pelo 
corréu foram juntadas aos autos. Assim, bastaria que a defesa requeresse a leitura das 
declarações para ser suprido o indeferimento. Também não há violação do princípio do 
promotor natural na designação do promotor adjunto que atuou no caso. (HC 40.394-MG, 
Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 14/4/2009.) 
 
COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO PENAL. TRANSFERÊNCIA. 
Na espécie, os apenados foram transferidos para estabelecimento federal, por razões de 
segurança pública, devido à periculosidade de suas condutas. Nessas circunstâncias, a 
execução das penas é da competência do juízo federal em que se encontram os 
apenados transferidos, ou seja, o juízo do lugar onde a pena está sendo cumprida, de 
acordo com o disposto no art. 1º, § 1º, da Res. n. 557/2007 do Conselho da Justiça 
Federal, que tem redação similar ao art. 4º, § 1º, da Lei n. 11.671/2008, o que está de 
acordo com o art. 66 da LEP. O fato de a execução dos condenados ter origem na vara 
de execuções estadual de origem não altera a regra de competência legislada pela União 
nos arts. 22, I, e 24, I, da CF/1998. Diante do exposto, a Seção declarou competente o 
juízo federal suscitante para apreciar as questões referentes à execução da pena no 
período de permanência dos presos custodiados no estabelecimento federal. Precedentes 
citados: CC 40.326-RJ, DJ 30/3/2005; CC 95.404-MG, DJe 8/9/2208, e CC 38.047-SP, DJ 
23/6/2003. CC 90.702-PR, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 22/4/2009. 
 
PRODUÇÃO ANTECIPADA. PROVA. FUGA. 
O art. 366 do CPP, que permite ao juiz determinar a produção antecipada de provas 
consideradas urgentes, tem uma boa dose de permissividade, porém não está sujeito à 
total discricionariedade do magistrado. Para que se imponha tal antecipação quanto à

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