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VIGIL�NCIA SANIT�RIA NO BRASIL_M�DULO �NICO.pdf AN02FREV001 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001 2 CURSO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL MÓDULO ÚNICO Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001 3 SUMÁRIO MÓDULO ÚNICO 1 INTRODUÇÃO 2 VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL 2.1 HISTÓRICO 2.2 VIGILÂNCIA DA SAÚDE 3 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA 3.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO AN02FREV001 4 MÓDULO ÚNICO 1 INTRODUÇÃO Desde a antiguidade, os diversos povos adotavam regras para as relações com o ambiente. No século XVI a.C. há achados arqueológicos que demonstram a habilidade humana para o preparo de drogas. Em 300 a.C., uma normatização indiana proibia a adulteração de alimentos, medicamentos e perfumes. No mundo ocidental, a partir do século XIV, no início do Renascentismo europeu, ações mais efetivas e sistemáticas foram buscadas no intuito de prevenir e tratar as grandes epidemias. A ascensão da burguesia no século XVI proporcionou o acúmulo de capital e desenvolvimento econômico, onde o trabalho passa a ter um papel importante para a riqueza de uma nação. No século XVII, estas ações foram sendo aperfeiçoadas com base em novos conhecimentos. No século XVIII, pensava-se que o poder econômico estaria relacionado a uma população grande, bem cuidada e controlada, surgindo o conceito de “polícia médica”, regulamentando as profissões, o manejo de água e alimentos, a higiene do ambiente, dentre outros. O advento de noções de salubridade, na França do final do século XVIII, culminou em ações de controle político-científico do meio, como forma de alcançar a higiene pública. As ações deste século revolucionavam a ciência da época e acumulavam os elementos essenciais para formar o que se conhece hoje como ciência moderna. Desde a Idade Média e, principalmente, nas primeiras décadas do século XIX, os sanitaristas e administradores afirmavam a necessidade da criação de leis que regulamentassem assuntos como a higiene da habitação e do ambiente, a higiene dos alimentos e das bebidas, a higiene do vestuário, a saúde e o bem-estar das mães e das crianças, a prevenção e controle de doenças comunicáveis, a organização do pessoal médico e das boticas, etc. AN02FREV001 5 A organização de ações de controle das ameaças à saúde e coletividade perpassou pelo controle sobre o exercício da medicina. As normas estatais foram configuradas nos diversos períodos históricos para avanço do conhecimento e das lutas pela preservação da saúde coletiva. Pode-se afirmar que a implantação das ações em vigilância sanitária caminhou em paralelo com a evolução da saúde pública brasileira. Mencionando a saúde pública, uma maneira interessante de conhecer a sua história no Brasil, com uma linguagem bastante acessível, é através do documentário "Políticas de Saúde no Brasil: um século de luta pelo direito à saúde", que conta a história das políticas de saúde através de sua articulação com a história política. O documentário tem uma narrativa ficcional e foi produzido por iniciativa do Ministério da Saúde e está disponível para download no endereço eletrônico: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=26232. Outro interessante recurso para conhecer a história da saúde pública no Brasil, é acessar a ferramenta “Linha do Tempo da Saúde”, ilustrado na figura abaixo: Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/exposicoes/linhatempo/08.htm>. Acesso em: 19 de setembro de 2009. AN02FREV001 6 Esta ferramenta traz os principais fatos ocorridos desde 1550 a 2008 e está disponível na Biblioteca Virtual em Saúde, através do endereço eletrônico: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/exposicoes/linhatempo/08.htm. A história nos permite observar que passos importantes foram dados no intuito de promover um padrão de saúde para a população brasileira, especialmente quando do entendimento de que a saúde e a doença são processos dependentes de diversos fatores: controle de epidemias, de doenças emergentes, de saneamento, condições adequadas de moradia, transporte, trabalho, etc. Entretanto, a participação da sociedade é o elemento mais importante para que as decisões políticas sejam tomadas na garantia da saúde. 2 VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL 2.1 HISTÓRICO No Brasil, a chegada da família real, no século XIX, intensificou o fluxo de embarcações, comércio e passageiros. Em 1810, o Regimento da Provedoria normatizava o controle sanitário de portos, instituindo a quarentena, bem como controle dos alimentos, inspeção de abatedouros, açougues, medicamentos, dentre outros; mesmo não atingindo grandes áreas do território, o regimento expressava uma nova relação entre a medicina e o Estado, onde a saúde passava a ser um problema social. Entre os séculos XVIII e XIX, as atividades ligadas à vigilância sanitária foram estruturadas objetivando evitar a propagação de doenças nos agrupamentos urbanos que se formavam. A execução desta atividade exclusiva do Estado tinha como finalidade observar o exercício de certas atividades profissionais, coibir o charlatanismo, fiscalizar embarcações, cemitérios e áreas de comércio de alimentos. Com o advento da República foram organizadas as administrações sanitárias estaduais e órgãos de vigilância sanitária. Entretanto, os problemas de ordem infectocontagiosas comprometiam a saúde pública e ameaçavam o AN02FREV001 7 crescimento econômico. Em 1904, a implantação do Regulamento dos Serviços Sanitários da União (Decreto nº 5156/1904), previu a elaboração do Código Sanitário e do Juízo dos Feitos de Saúde Pública, responsável pelo julgamento de crimes contra a higiene e salubridade públicas. Até os anos 20 da República Velha, o controle sanitário foi caracterizado por reorganizações administrativas da estrutura do Estado, atuando contra os problemas sanitários, especialmente as doenças epidêmicas, que emergiram com o processo social evolutivo. Nesta década, o termo Vigilância Sanitária foi utilizado pela primeira vez no Regulamento Sanitário Federal (1923), que estabelecia as competências do Departamento Nacional de Saúde Pública, criado pelo Decreto-Lei nº 3987/1920, conhecido como Reforma Carlos Chagas, no Rio de Janeiro. O Regulamento Sanitário Federal (Decreto nº 16300/1923) incorporou a expressão Vigilância Sanitária como o controle sanitário de pessoas doentes ou suspeitas de doenças transmissíveis, assim como órgão responsável pelo licenciamento e fiscalização de estabelecimentos comerciais e industriais, controle de logradouros públicos, defesa sanitária marítima e fluvial e controle do exercício profissional da área da saúde. As transformações sociais, políticas e econômicas deste período surgiram com o aumento da produção e comercialização do café, fortalecendo as oligarquias e substituindo a mão de obra escrava por aquela imigrante, bem como foi perceptível o aumento da população urbana nas grandes cidades. Os problemas sanitários decorrentes dos crescimentos urbano, comercial (especialmente alimentos e medicamentos) e profissional (este nem sempre exercido na área da saúde por profissionais adequadamente capacitados), foram exemplos de subsídios para a criação de políticas intervencionistas, com aparato jurídico, conferindo poder de polícia às autoridades sanitárias. Nos anos 40 foi criado o Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina (e da Farmácia nos anos 50), mantendo-se a Vigilância de Portos, Aeroportos e Fronteiras em serviço separado. Em 1946, nova Constituição manteve a saúde no status anterior, como direito de indivíduos com carteira assinada e colocou em vigência, por decreto, o Regulamento da Indústria Farmacêutica que vigorou até os anos 70. Este Regulamento manteve as concepções de medicamento como remédio e de controle sanitário mais voltado para organizar a produção. AN02FREV001 8 Em 1961 foi promulgado o Código Nacional de Saúde, destacando a incorporação do controle sanitário de alimentos no âmbito setorial. Nesse momento foi editada a primeira Norma Técnica Especial do Código de Saúde, regulamentando o uso de aditivos químicos de alimentos e de resíduos de pesticidas. Até 1964 vigorou um regime democrático populista voltado ao desenvolvimento industrial com forte incentivo ao capital multinacional, que foi predominando na indústria farmacêutica, cuja produção intensificou-se. Depois, esta ideia expandiu para a indústria de alimentos e de pesticidas. A partir do começo dos anos 60, a agroindústria de alimentos recebeu influência do Codex Alimentarius Internacional, que reúne normas de controle sanitário sobre numerosos riscos à saúde, relacionados ao consumo de alimentos, e visam facilitar o comércio internacional em condições sanitárias adequadas. A legislação brasileira de alimentos data da segunda metade dos anos 60 e até hoje o Decreto-lei n.º 986/69 está em vigência, carente de reformulações. Desde os anos 60 ocorreu intensa produção normativa para acompanhar a extensão da produção e consumo de bens e serviços, surgindo conceitos e concepções de controle. Surgiu a Política Nacional de Sangue, regulamentando-se a atividade. Regulamentou-se alimentos, iodação do sal, águas de consumo humano, saneantes, cosméticos e produtos de higiene, artigos médico-hospitalares e serviços, assim como a vigilância de infecções hospitalares. Nos anos 70 foram promulgadas novas legislações: em 1973, a Lei n.º 5991, para ordenar as atividades comerciais, e em 1976, a Lei n.º 6360 que reconheceu o conceito de medicamento, mudou a concepção de controle e fez novas exigências para o registro e o controle, assim como o Decreto nº77052/76, que dispunha sobre a fiscalização sanitária das condições de exercício de profissões e ocupações técnicas e auxiliares, relacionadas diretamente com a saúde. A reformulação institucional, com a unificação de vários campos de riscos num só espaço institucional, ocorreu nesta mesma época: os Serviços de Fiscalização de Saúde dos Portos foram agrupados numa nova secretaria ministerial (Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária – SNVS). A SNVS enfrentou permanente instabilidade institucional, falta de infraestrutura e recursos humanos capacitados, e sempre esteve povoada dos interesses empresariais. A noção de vigilância sanitária, mais ampla, substituiu sem AN02FREV001 9 deixar de incorporar a noção de fiscalização que já havia superado a de polícia sanitária. Desta forma, este novo modelo pouco avançou. A partir da década de oitenta, a crescente participação popular e de entidades representativas de diversos segmentos da sociedade no processo político, como exigência da democratização na saúde, foi fortalecida no movimento pela Reforma Sanitária, avançando e organizando suas propostas na VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986, que deu as bases para a criação do Sistema Único de Saúde. Esta participação contribuiu para que fosse moldada a concepção atual de vigilância sanitária, integrando, conforme preceito constitucional, o complexo de atividades concebidas para que o Estado cumpra o papel de guardião dos direitos do consumidor e provedor das condições de saúde da população. A Vigilância Sanitária também experimentou seus avanços: reavivou-se no plano federal e em vários Estados de governos progressistas quando se tentava praticar o sistema normativo em meio a fortes pressões do segmento produtivo e até mesmo de setores governamentais A redemocratização do país nos anos 1980, associada à promulgação da Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), através da lei nº8080/1990, que trouxe no art. 6º, inciso I, a inclusão da vigilância sanitária como campo de atuação do Sistema, definiu e consolidou o conceito de vigilância sanitária atualmente conhecido. Assim, a definição atual para vigilância sanitária é: Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: (I) o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e (II) o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde (BRASIL, 1990). Deste modo, a vigilância sanitária pode ser vista e analisada sob o ponto de vista de espaço de intervenção do Estado, com a propriedade – por suas funções e instrumentos – de trabalhar no sentido de adequar o sistema produtivo de bens e serviços de interesse sanitário, bem como os ambientes, às demandas sociais de AN02FREV001 10 saúde – para os indivíduos e para a coletividade – e às necessidades do sistema de saúde. As condições políticas do início do século XX legitimaram o modelo sanitário, com práticas implantadas autoritariamente, porém com legalidade jurídica a todas as medidas de controle e profissionais responsáveis pela sua implantação, incluindo a reação frente interesses distintos de classes sociais, como a Revolta da Vacina, pois a saúde era considerada um dever da população. Ainda em meados desse século, com a crise do modelo econômico agroexportador, a saúde pública enfatiza a assistência médica de caráter individual, originando a política de previdência social e com a separação das áreas de controle: vigilância sanitária para controle de riscos sanitários relacionados a produtos, alimentos e medicamentos, e vigilância epidemiológica, para o controle de doenças causadoras de epidemias e endemias. No final do século XX, os mercados se reorganizam no processo de globalização econômica. O Mercado Regional do Cone Sul (Mercosul) dinamizou a Vigilância Sanitária, cujas ações tornaram-se mais complexas e abrangentes, incorporando-se outros objetos de cuidado, novos conceitos e concepções de controle, decorrentes da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), apoiado nas diretrizes de unificação, universalidade e descentralização. E como resultado das ações populares e do movimento sanitário, a relação vivenciada no início do século foi invertida e a saúde passou a ser um direito do cidadão e um dever do Estado. Esta reorganização pode ser ilustrada através das diversas legislações dispostas, incluindo, como exemplo, a Lei nº 9677, de 02 de julho de 1998, que altera dispositivos do Código Penal e inclui na classificação de delitos considerados hediondos crimes contra a saúde pública: fabricar, vender, expor à venda, importar, armazenar em depósito para vender, distribuir ou entregar qualquer substância alimentícia ou produto falsificado, corrompido ou adulterado para fins de consumo humano. Pode-se afirmar, a partir de então, que a visão da vigilância como ação da cidadania e fundamentação na epidemiologia tornou-se mais consistente, apesar de sua evolução processual não se dar na mesma intensidade em todo o país. Além AN02FREV001 11 disso, a sociedade civil passou a ter maior possibilidade de participação por meio do controle social. 2.2 VIGILÂNCIA DA SAÚDE Em um conceito ampliado, a Vigilância da Saúde pode ser entendida como um recurso de transformação gradual do modelo assistencial tradicional, à luz da Lei Orgânica da Saúde, como espaço para discussão da reorganização de serviços de saúde, permitindo a revisão dos procedimentos e promovendo a articulação intra e intersetorial com órgãos de governo e a sociedade. A vigilância da saúde pode ser sintetizada em algumas vertentes: a) Análise da situação de saúde de grupos populacionais definidos em função de suas condições de vida e que tem significado na prática da Vigilância Epidemiológica; b) Integração institucional entre as Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica, inserida no processo de municipalização; c) Proposta de redefinição das práticas sanitárias, por intermédio das dimensões técnica (práticas sanitárias destinadas a controlar determinantes, riscos e danos) e gerencial (práticas que organizam processos de trabalho em saúde para confrontar problemas de enfrentamento contínuo, considerando o processo saúde/doença). Como ação de saúde, a vigilância sanitária (VISA) tem os mesmos princípios e diretrizes do SUS, sendo a proteção e defesa da saúde, portanto, de responsabilidade da União, de Estados e Municípios. O financiamento e a gestão municipal ocorrem através do Piso de Atenção Básica regulamentado pela NOB/96, sendo que recursos complementares são ainda muito discutidos. Nesta questão da descentralização e municipalização da Vigilância Sanitária deve-se considerar a complexidade, a natureza e a abrangência das ações. Contudo, mesmo que haja racionalidade de definição de certas competências no nível federal, todos os municípios devem estar capacitados para organizar seus serviços e responsabilizar-se por ações pertinentes. AN02FREV001 12 A VISA é um campo de práticas construído por atores pertencentes a diversas áreas do conhecimento, que apesar de parecer um desafio para a sua própria articulação, é, na verdade, um espaço privilegiado para diálogos interdisciplinares. A vigilância da saúde, neste sentido, transcende os espaços institucionalizados e se expande a outros setores e órgãos de ação governamental e não governamental, apoiada na ideia da complexidade que é atender às dimensões de gestão, proteção e promoção da saúde. Como exemplo, pode-se citar o Pacto pela Saúde, que será abordado adiante. 3 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, cuja finalidade é promover a proteção da saúde da população, por meio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos e de fronteiras. Baseado no Art. 7º da Lei nº9782/1999 compete à ANVISA: I) coordenar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; II) fomentar e realizar estudos e pesquisas no âmbito de suas atribuições; III) estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as diretrizes e as ações de vigilância sanitária; IV) estabelecer normas e padrões sobre limites de contaminantes, resíduos tóxicos, desinfetantes, metais pesados e outros que envolvam risco à saúde; V) intervir, temporariamente, na administração de entidades produtoras, que sejam financiadas, subsidiadas ou mantidas com recursos públicos, assim como nos prestadores de serviços e/ou produtores exclusivos ou estratégicos para o abastecimento do mercado nacional; VI) administrar e arrecadar a taxa de fiscalização de vigilância sanitária; AN02FREV001 13 VII) autorizar o funcionamento de empresas de fabricação, distribuição e importação dos produtos; VIII) anuir com a importação e exportação dos produtos; IX) conceder registros de produtos, segundo as normas de sua área de atuação; X) conceder e cancelar o certificado de cumprimento de boas práticas de fabricação; XI) exigir, mediante regulamentação específica, a certificação de conformidade no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação - SBC, de produtos e serviços sob o regime de vigilância sanitária segundo sua classe de risco; XII) exigir o credenciamento dos laboratórios de serviços de apoio diagnósticos e terapêuticos e outros de interesse para o controle de riscos à saúde da população, bem como daqueles que impliquem a incorporação de novas tecnologias; XIII) exigir o credenciamento dos laboratórios públicos de análise fiscal; XIV) interditar, como medida de vigilância sanitária, os locais de fabricação, controle, importação, armazenamento, distribuição e venda de produtos e de prestação de serviços relativos à saúde, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; XV) proibir a fabricação, a importação, o armazenamento, a distribuição e a comercialização de produtos e insumos, em caso de violação da legislação pertinente ou do risco iminente à saúde; XVI) cancelar a autorização de funcionamento e autorização especial de funcionamento de empresas, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; XVII) coordenar as ações de vigilância sanitária realizadas por todos os laboratórios que compõem a rede oficial de laboratórios de controle de qualidade em saúde; XVIII) estabelecer, coordenar e monitorar os sistemas de vigilância toxicológica e farmacológica; XIX) promover a revisão e atualização periódica da farmacopeia; AN02FREV001 14 XX) manter sistema de informação contínuo e permanente para integrar suas atividades com as demais ações de saúde, com prioridade às ações de vigilância epidemiológica e assistência ambulatorial e hospitalar; XXI) monitorar e auditar os órgãos e entidades estaduais, distrital e municipal que integram o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, incluindo-se os laboratórios oficiais de controle de qualidade em saúde; XXII) coordenar e executar o controle da qualidade de bens e produtos, por meio de análises previstas na legislação sanitária, ou de programas especiais de monitoramento da qualidade em saúde; XXIII) fomentar o desenvolvimento de recursos humanos para o sistema e a cooperação técnico-científica nacional e internacional; XXIV) autuar e aplicar as penalidades previstas em lei. E ainda, a Agência poderá delegar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a execução de atribuições que lhe são próprias; assim como assessorar, complementar ou suplementar as ações estaduais, municipais e do Distrito Federal para o exercício do controle sanitário. Cabe à ANVISA, também, regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública, como: medicamentos, alimentos, inclusive bebidas, águas envasadas, contaminantes orgânicos, resíduos de agrotóxicos e de medicamentos veterinários; cosméticos, produtos de higiene pessoal e perfumes; saneantes; conjuntos, reagentes e insumos destinados a diagnóstico; equipamentos e materiais médico-hospitalares, odontológicos e hemoterápicos e de diagnóstico laboratorial e por imagem; imunobiológicos, sangue e hemoderivados; órgãos, tecidos humanos e veterinários para uso em transplantes ou reconstituições; radioisótopos para uso diagnóstico in vivo e radiofármacos e produtos radioativos utilizados em diagnóstico e terapia; cigarros, cigarrilhas, charutos; produtos obtidos por engenharia genética. A ANVISA, responsável, então, pelo controle e fiscalização sanitária de estabelecimentos de atenção ambulatorial, de internação; serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, assim como suas instalações físicas, equipamentos tecnologias, ambientes e procedimentos envolvidos em todas as fases dos processos de produção dos bens e produtos, podendo regular outros produtos e AN02FREV001 15 serviços de interesse para o controle de riscos à saúde da população, alcançados pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. A Agência é constituída e dirigida por uma Diretoria Colegiada, um Procurador, um Corregedor e um Ouvidor, além de unidades especializadas incumbidas de diferentes funções e de um conselho consultivo. A agência possui autonomia caracterizada pela independência administrativa, estabilidade de seus dirigentes e autonomia financeira garantida, especialmente, pela constituição da receita com base no produto resultante da arrecadação da taxa de fiscalização de vigilância sanitária; na retribuição por serviços de quaisquer natureza prestados a terceiros; no produto da arrecadação das receitas das multas resultantes das ações fiscalizadoras; além de outras fontes. A criação da ANVISA lhe atribui a coordenação do “Sistema Nacional de Vigilância Sanitária”, base jurídica que lhe permite atender às exigências constitucionais necessárias à definição e implementação das políticas públicas, especialmente promoção e a proteção da saúde. Assim como as ações de vigilância realizadas pelos laboratórios componentes da Rede Oficial de Laboratórios de Controle de Qualidade em Saúde. 3.1 ÁREAS DE ATUAÇÃO De acordo com o Regimento Interno da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Portaria nº354, de 11 de agosto de 2006), as suas responsabilidades fiscalizadoras e disciplinadoras são: estabelecer normas, intervir na administração de entidades, cancelar a autorização de funcionamento e a autorização especial de funcionamento de empresas, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; coordenar e executar o controle da qualidade de bens e produtos, autuar e aplicar as penalidades previstas em lei. Dentre as áreas de atuação, cita-se: agrotóxicos e toxicologia; alimentos; cosméticos; derivados do tabaco; farmacovigilância; inspeção; medicamentos; monitoração de propaganda; portos, aeroportos e fronteiras; produtos para a saúde; rede brasileira de laboratórios analíticos de saúde; regulação de mercado; relações AN02FREV001 16 internacionais; saneantes; sangue, tecidos e órgãos; serviços de saúde e tecnovigilância. As gerências de VISA têm como atribuições comuns (cap. XXI, art. 36): I) planejar, organizar, coordenar, controlar e avaliar, em nível operacional –, os processos organizacionais da ANVISA sob a sua respectiva responsabilidade; II) encaminhar os assuntos pertinentes para análise e decisão do Diretor da área que, quando couber, os encaminhará ao Diretor-Presidente ou à Diretoria Colegiada; III) promover a integração entre os processos organizacionais e estimular a adoção de instrumentos de mensuração de desempenho; IV) apresentar ao Diretor da área as propostas orçamentárias de forma articulada com as demais Gerências Gerais; V) fiscalizar o fiel cumprimento da regulamentação correspondente a suas áreas de competência; VI) elaborar e atualizar regularmente suas respectivas rotinas e procedimentos; VII) coordenar as atividades de recursos humanos e o uso dos recursos técnicos e materiais disponíveis nas suas áreas de atuação, exercendo um controle permanente da qualidade dos serviços executados; VIII) praticar os respectivos atos de gestão administrativa, em conformidade com as diretrizes aprovadas pela Diretoria; IX) responsabilizar-se pela gestão dos contratos e convênios das suas respectivas áreas de competência; X) responsabilizar-se pela gestão dos dados e informações das suas respectivas áreas de competência; XI) apoiar as atividades das Câmaras Técnicas e Setoriais da ANVISA. O Ministério da Saúde editou a Portaria nº 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006, que divulgou o Pacto pela Saúde 2006 e as diretrizes operacionais do referido pacto, na perspectiva de superar as dificuldades apontadas, com base nos princípios constitucionais do SUS, ênfase nas necessidades de saúde da população e que implica o exercício simultâneo de definição de prioridades articuladas e integradas AN02FREV001 17 nos três componentes: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS. Esta ação originou-se, então, da necessidade de qualificar e implementar o processo de descentralização, organização e gestão do SUS e da necessidade de definição de compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentem impacto sobre a situação de saúde da população brasileira. A vigilância sanitária se insere neste processo adotando um novo modelo de pactuação das suas ações, cujos protocolos detalham, agora, o universo de atuação para subsidiar a programação de ações de controle sanitário, exercido por meio de inspeção sanitária e monitoramento de qualidade de produtos e serviços, da mesma forma, analisar e propor modificações que tornem os protocolos um instrumento de orientação para os serviços de vigilância sanitária do País1. A ANVISA regulamenta, também, as atribuições específicas da gerência- geral de alimentos (GGALI): I) coordenar, supervisionar e controlar as atividades relativas ao registro, informações, inspeção, controle de riscos, estabelecimento de normas e padrões, promovendo a adequada organização dos procedimentos técnicos e administrativos a fim de garantir as ações de vigilância sanitária de alimentos, bebidas, águas envasadas, seus insumos, suas embalagens, aditivos alimentares, limites de contaminantes, resíduos de medicamentos veterinários e de agrotóxicos; II) propor a concessão, indeferimento da petição, alteração, revalidação, retificação, dispensa, cancelamento e a caducidade de registro dos produtos previstos em lei; III) exercer demais atos de coordenação, controle, supervisão e fiscalização necessários ao cumprimento das normas legais e regulamentares pertinentes à vigilância sanitária de alimentos, água, bebidas e seus insumos. 1 Como leitura complementar, a portaria do Pacto pela Saúde encontra-se no endereço: <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2006/GM/GM-399.htm>; já os protocolos da VISA podem ser conhecidos, em detalhes, no endereço: <http://www.anvisa.gov.br/institucional/snvs/descentralizacao/protocolo_acoes.pdf>. AN02FREV001 18 A prática da vigilância sanitária, então, além de coletar e analisar informações, estabelece bases técnicas para a implementação de programas de saúde e segurança alimentar, garantindo constante aprimoramento na identificação de solução de problemas, em uma determinada localidade. Em razão desta complexidade, para que se alcance a segurança alimentar, a questão deve ser analisada ao longo de toda a cadeia produtiva do alimento, ou seja, a fiscalização da qualidade dos alimentos deve ser feita não só no produto final, mas em todas as etapas da produção, desde o abate ou a colheita, passando pelo transporte, armazenamento e processamento, até a distribuição final ao consumidor. Na área de alimentos, então, as ações de vigilância são amplas e devem corroborar com as regulamentações do Codex Alimentarius e Mercosul. A ANVISA regulamenta a comercialização de alimentos no país para que haja padrões de identidade e qualidade, adequado sistema de utilização de embalagens, rotulagem obrigatória, registro de produtos, dentre outros. Alimentos de origem animal também são regulamentados pelo Ministério da Agricultura. A necessidade de controle sanitário na área de alimentos, visando à proteção à saúde da população culminou na elaboração de duas importantes resoluções: RDC nº. 275, de 21 de outubro de 2002, que dispõe sobre o “Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”, determina um instrumento genérico (procedimentos operacionais padronizados – POP´s) de verificação das Boas Práticas de Fabricação aplicável aos estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos, com uma lista de verificação específica às Boas Práticas de Fabricação de Alimentos. Os procedimentos operacionais deverão ser padronizados para: a) Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios; b) Controle da potabilidade da água; c) Higiene e saúde dos manipuladores; d) Manejo dos resíduos; e) Manutenção preventiva e calibração de equipamentos; f) Controle integrado de vetores e pragas urbanas; AN02FREV001 19 g) Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens; h) Programa de recolhimento de alimentos. RDC nº. 216, de 12 de setembro de 2004, que dispõe sobre o “Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação”, estabelece procedimentos de Boas Práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado. Esta legislação é aplicável aos serviços de alimentação que realizam algumas das seguintes atividades: manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo, tais como cantinas, bufês, comissarias, confeitarias, cozinhas industriais, cozinhas institucionais, delicatéssens, lanchonetes, padarias, pastelarias, restaurantes, rotisserias e congêneres. O controle de alimentos no Brasil ocorre, então, através da regulamentação e da política de inspeção, considerando o risco sanitário, em um sentido horizontal: perfil microbiológico, contaminação química (resíduos de pesticidas e drogas veterinárias), rotulagem geral e nutricional, padrão de identidade e qualidade de produtos; e vertical: programas nacionais de inspeção por tipo de produtos. Dentre os programas, pode-se citar o Programa Nacional de Monitoramento da Qualidade Sanitária de Alimentos (PNMQSA), desenvolvido pela área de alimentos da ANVISA, desde 2000. Este programa objetiva controlar e fiscalizar amostras de diversos produtos alimentícios expostos ao consumo humano e avaliar do padrão sanitário, através de análise dos parâmetros físico-químicos, microbiológicos, contaminantes, microscopia, aflatoxina, aditivos, etc. além da análise da rotulagem obrigatória. Este monitoramento permite traçar o perfil dos alimentos comercializados no país e identificar os setores produtivos que necessitam de intervenção institucional. Assim, a vigilância sanitária, como estratégia para delineamento de políticas de saúde em suas áreas de atuação, através da valorização da vida e a ética profissional, possui a meta de garantir o direito humano da saúde, em todos os seus aspectos. ----------- FIM DO MÓDULO ----------- AN02FREV001 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BADARÓ, A.C.L.; AZEREDO, R.M.C.; ALMEIDA, M.E.F. Vigilância sanitária de alimentos: uma revisão. Nutrir Gerais. v. 1, n. 1, Ipatinga, Ago./Dez. 2007. BERTOLLI FILHO, C. História da saúde pública no Brasil. São Paulo: Editora Ática, 2008. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº216, de 15 de setembro de 2004, dispõe sobre o Regulamento técnico de boas práticas para os serviços de alimentação. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. 16 set. 2004. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº354, de 11 de agosto de 2006, aprova e promulga o Regimento interno da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. 21 ago. 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº399/GM, de 22 de fevereiro de 2006, divulga o Pacto pela Saúde 2006. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. 23 fev. 2006. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº275, de 21 de outubro de 2002, dispõe sobre o Regulamento técnico de procedimentos operacionais padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos e a lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. 06 nov. 2002. BRASIL. Lei nº9782, de 26 de janeiro de 1999, define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e dá outras AN02FREV001 21 providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. 27 jan. 1999. BRASIL. Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. 19 set.1990. CAMPOS, F.E.C.; WERNECK, G.A.F.; TONON, L.M. (org). Vigilância Sanitária. Cadernos de Saúde 4, Belo Horizonte: Coopmed. 2001. CAMPOS, G.W.S.; MINAYO, M.C.S.; AKERDAN, M.; DRUMOND JÚNIOR, M.; CARVALHO, Y.M. (org). Tratado de saúde coletiva. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. LUCCHESE, G. Globalização e regulação sanitária - Os rumos da vigilância sanitária no Brasil. Tese de Doutorado em Saúde Pública. ENSP/FIOCRUZ, 2001. ROZENFELD, S. (org). 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