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Direito Tributário Resumo da segunda prova Luciano Amaro O que é tributo? - No Estado de Direito, a dívida de tributo estruturou-se como uma relação jurídica, em que a imposição é estritamente regrada pela lei. - São receitas derivadas (por oposição às receitas originárias, produzidas pelo patrimônio público), arrecadadas pelo Estado para financiar a despesa pública. - CTN, art. 3º – “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. a. caráter pecuniário da prestação tributária (como prestação em moeda); b. compulsoriedade dessa prestação, o dever jurídico de prestar o tributo é imposto pela lei, abstraída a vontade das partes que vão ocupar os pólos ativos e passivo da obrigação tributária; c. natureza não sancionatória de ilicitude, o que afasta da noção de tributo certas prestações também criadas por lei, como multas por infração de disposições legais, que têm a natureza de sanção de ilícitos, e não de tributos; d. a origem legal do tributo como prestação instituída em lei, repetindo o Código a idéia de que o tributo é determinado pela lei e não pela vontade das partes que irão figurar como credor e devedor da obrigação tributária; e. a natureza vinculada (ou não discricionária) da atividade administrativa mediante a qual se cobra o tributo. Novamente, advém de lei posta. - Cujo valor nela se possa exprimir- há quem veja uma abertura para a criação de tributos in specie, in natura ou in labore. Paulo de Barros critica o CTN, que teria ampliado exageradamente o âmbito das prestações tributárias, observando que quase todos os bens são suscetíveis de avaliação pecuniária. Parafiscalidade: entidades não estatais são credoras de tributos. Figuras Tributárias - Discussão antiga: conceito de taxa e sua diferenciação em relação aos impostos, à vista da prática, comum no passado, de se travestirem como taxas verdadeiros impostos, mercê da imprecisão conceitual daquela figura. As taxas eram o atalho usado pelo legislador para passar ao largo das restrições à criação de tributo. Imposto: é algo que se faz realizar forçadamente, expressando, assim, a velha conotação das prestações tributárias, que eram exigidas de modo forçado (impostas) aos súditos, sem buscar a anuência do devedor. Podem ser instituídos pela União, Estados, DF e Municípios (arts. 145, I; 153; 154; 155; 156 e 147). Taxa: traduz a idéia de comutatividade ou contraprestacionalidade, dado que a taxa se caracteriza pela conexão a um serviço ou utilidade que o Estado propicia ao contribuinte. São instituídas por essas mesmas pessoas políticas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição (art. 145, III). Contribuição de melhoria: decorrente de obra pública, também instituível pelas mesmas pessoas políticas (art. 145, III). Empréstimos compulsórios: instituíveis pela União, nas hipóteses arroladas no art. 148. Contribuições sociais: instituíveis pela União (art. 149). - Ao DF cabem tanto os impostos outorgados aos Estados (art. 155) como os atribuídos aos Municípios (art. 147). - A Constituição arrola na competência da União os impostos sobre: Importação de produtos estrangeiros; Exportação de produtos nacionais ou nacionalizados; Renda e os proventos de qualquer natureza; Produtos industrializados; Operações de crédito, câmbio e seguro ou relativas a títulos ou valores mobiliários; A propriedade territorial rural; e As grandes fortunas; (art 153). Além desses impostos nominados em lista exemplificativa, autoriza-se à União instituir outros impostos (art. 154, I), e, ainda, impostos extraordinários de guerra (art. 154, II). - Na competência dos Estados e do DF, são listados pela Constituição os impostos sobre: Transmissão causa mortis e doações de quaisquer bens ou direitos; Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação; Sobre a propriedade de veículos automotores. - Aos Municípios e ao DF (art. 147) são outorgados os impostos sobre: A propriedade territorial e predial urbana (IPTU); A transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis; Serviços de qualquer natureza ISSQN ou ISS (art. 156). Definições com base no CTN Imposto: define o art. 16 – é tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Para exigir imposto de certo indivíduo, não é preciso que o Estado lhe preste algo determinado. A atuação do Estado dirigida a promover o bem comum beneficia o contribuinte, mas este frui das utilidades que o Estado fornece por que é membro da comunidade e não por ser contribuinte. O fato gerador do imposto é um fato do contribuinte (ex.: x adquire renda, ele se vinculou a essa situação e por isso deve pagar o imposto em favor do Estado). Modo de financiamento próprio dos serviços indivisíveis. Não se afetam a determinado aparelhamento estatal ou paraestatal, nem a entidades privadas que persigam fins reputados de interesse público. Taxas: são tributos cujo fato gerador é configurado por uma atuação estatal específica, referível ao contribuinte, que pode consistir: a) no exercício regular do poder de polícia. Ou b) na prestação ao contribuinte, ou colocação à disposição deste, de serviço público específico e disponível (CF, art. 145, II; CTN, art. 77). O fato gerador da taxa é um fato do Estado. O Estado exerce determinada atividade e, por isso, cobra a taxa da pessoa a quem aproveita aquela atividade. Existe um benefício ou vantagem para o contribuinte, dando as taxas um caráter contraprestacional. Modo de financiamento próprio dos serviços divisíveis. Taxas de polícia: art. 78 do CNT – atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Há certos direitos cujo exercício deve ser conciliado com o interesse público, cabendo ao Estado policiar a atuação do indivíduo. Ex: a construção de um prédio, porte de arma, passaporte etc. Esses direitos, porque podem afetar o interesse da coletividade, sofrem limites e restrições de ordem pública. Taxas de serviço: tem por fato gerador uma atuação estatal consistente na execução de um serviço público, específico e divisível, efetivamente prestado ou posto a disposição do contribuinte. Ex: serviço jurisdicional. Utiliza-se a taxa em detrimento do imposto porque ela pode ser cobrada apenas de quem efetivamente utilize o serviço, esse seria um princípio mais justo. Contribuição de melhoria: esse tributo, a exemplo das taxas, conecta-se com determinada atuação estatal, qual seja, a realização de uma obra pública de que decorra, para proprietários de imóveis adjacentes, uma valorização (ou melhoria) de suas propriedades. A idéia é que a coletividade não deve financiar a obra que enriquece um grupo de indivíduos, o que aconteceria se a taxa fosse cobrada como imposto. Empréstimos compulsórios: é um ingresso de recursos temporários nos cofres do Estado, pois a arrecadação acarreta para o Estado a obrigação de restituir a importância que foi emprestada. A doutrina também chama de “empréstimo forçado”, pois o nascimento da obrigação de prestar é determinado (forçado) pela lei, não sendo, pois, fruto da vontade dos sujeitos da relação jurídica. Previsão: a) despesas extraordinárias,decorrentes de calamidade pública e de guerra efetiva ou iminente (148, I); b) investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional (148, II). O instrumento para a instituição dos empréstimos compulsórios é a lei complementar (intuito de evitar abusos que houve no passado). Contribuições sociais: art. 149, caput, da Constituição agrupa três figuras rotuladas como “contribuições” (sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse de categorias profissionais e econômicas) outorgando a competência à União. Nessas contribuições é firmado o primado do trabalho e se põem os objetivos do bem-estar e da justiça social. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DE TRIBUTOS - Sujeito ativo da obrigação tributária: Fiscal: Estado (U, E, M e DF). Parafiscal: entidades não estatais (OAB) - Objetivo (finalidade) visado pela lei: Arrecadatória ou fiscal: prover de recursos a entidade arrecadadora (abastecer os cofres). Regulatória ou extrafiscal: induzir comportamentos, estimular ou desestimular certos comportamentos, por razões econômicas, sociais, de saúde etc. - Características objetivas ou subjetivas na configuração do fato gerador: Pessoal: quando o tributo leva em consideração aspectos pessoais do contribuinte (nível de renda, estado civil, família etc.). Real: é o tributo que ignora esses aspectos. - Quanto ao fundo econômico, mas com reflexos jurídicos: Direto: são aqueles devidos, de direito, pelas mesmas pessoas que, de fato, suportam ônus do tributo, é o caso do imposto de renda. Indireto: são aqueles devidos, de direito, por uma pessoa (contribuinte de direito), mas suportados por outra (contribuinte de fato) – o contribuinte de direito recolhe o tributo, mas repassa o respectivo encargo financeiro para o contribuinte de fato, como nos impostos que gravam o consumo de bens ou serviços (IPI, ICMS, ISS). Obs: juridicamente, todo contribuinte é de direito, pois é a lei que o define. Conforme, numa análise já de conteúdo econômico, o ônus seja ou não por ele suportado, é que se dirá se há ou não a figura do contribuinte de fato, como personagem diversa. Fixos: tributos cujo montante independe da maior ou menor dimensão econômica do fato gerador. Variáveis ou proporcional: o montante varia de acordo com o maior ou menor valor da operação tributada. Regressivos: quando sua onerosidade relativa (base de cálculo) cresce na razão inversa do crescimento da renda do contribuinte. Progressivos: se a onerosidade relativa aumenta na razão direta do crescimento da renda. Seletivos: tem as suas alíquotas graduadas para onerar mais gravosamente os bens menos essenciais (supérfluos, de luxo) e mais brandamente os bens essenciais. Ex: IPI. Não seletivos: eles abstraem, em regra, essa preocupação. Ex: ICMS. Monofásico: o tributo incide apenas em uma das fases do processo produtivo. Ex: IOF sobre ouro. Plurifásico: o tributo incide em duas ou mais fases do processo produtivo. Ex: IPI ou ICMS.
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