Buscar

Cadeia Produtiva de Sementes no município de Altamira-PA

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA 
FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL 
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA FLORESTAL 
CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE 
SEMENTES NO MUNICÍPIO DE 
ALTAMIRA-PA 
Discentes: 
Dionízia Moura Amorim 
Loirena do Carmo Moura Sousa 
Maurílio Silva do Monte 
Nágilla Gabriella Euzébio da Silva 
Nayra Glaís Pereira Trindade 
Thaynara Viana Cavalcante 
 
Docente: Dra. Márcia Hamada 
 
ALTAMIRA - PARÁ 
OUTUBRO/2013 
 
2 
DIONÍZIA MOURA AMORIM 
LOIRENA DO CARMO MOURA SOUSA 
MAURÍLIO SILVA DO MONTE 
NÁGILLA GABRIELLA EUZÉBIO DA SILVA 
NAYRA GLAÍS PEREIRA TRINDADE 
THAYNARA VIANA CAVALCANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE SEMENTES NO MUNICÍPIO DE 
ALTAMIRA-PA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho apresentado como requisito 
para média total na disciplina de 
Manejo de Produtos Florestais Não-
Madeireiros, do curso de Bacharelado 
em Engenharia Florestal da UFPA, 
ministrada pela professora Márcia 
Hamada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALTAMIRA - PARÁ 
OUTUBRO/2013 
 
3 
CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE SEMENTES NO MUNICÍPIO DE 
ALTAMIRA-PA 
 
1. INTRODUÇÃO 
 A Floresta Amazônica ainda é fonte de recursos naturais para muitas 
utilidades humanas, não somente aqueles recursos alocados via mercado, como 
também aqueles para autoconsumo ou uso direto da família ou comunidade, em 
que, muitas comunidades ainda possuem neles a fonte de alimento, renda, paz, 
bem-estar social, saúde e segurança (PEREIRA, 2007). 
Dentre estes os Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) se destacam 
por serem os mais utilizados pelas comunidades. Segundo o Ministério da 
Agricultura de Moçambique (2008), os PFNM são aqueles derivados da floresta, 
exceto a madeira, cuja definição engloba fibras, frutos, raízes, cascas, folhas, 
taninos, cogumelos, exsudados, mel, plantas medicinais, lenha e carvão, entre 
outros. Silva et al. (2010) ressaltam que, em tese, estes produtos também podem 
ser obtidos de plantas semidomesticadas em plantios ou sistemas agroflorestais. 
Apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se que há pouca 
informação sistematizada sobre a quantidade, valor, processos de produção, 
industrialização e comercialização desses produtos. No entanto, ainda não tem 
merecido a devida atenção da parte das politicas econômicas e sociais 
governamentais, o que precisa ser mudado, pois a escassez de informações é um 
empecilho à conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas para 
esses produtos, sendo necessário que se identifique o potencial extrativo de cada 
produto, sua importância social, sua projeção econômica e a partir daí, formular 
medidas de políticas econômicas e proporcionar melhor qualidade de vida as 
comunidades (FIEDLER et al., 2008). 
Poucos são os estudos desenvolvidos para entender a estrutura das cadeias 
de comercialização dos PFNM, as relações estabelecidas entre os agentes mercantis 
e sua respectiva participação na composição do valor dos produtos, e que apontem 
os principais gargalos para o desenvolvimento desta economia. Esse tipo de estudo 
permite entender como o produtor participa no processo mercantil, e quais 
possibilidades existem para que o mesmo atue mais eficientemente nas respectivas 
cadeias de comercialização (IDESP, 2011). 
 
4 
 De acordo com Morvan (1988), a cadeia produtiva é definida a partir de um 
determinado produto final. A partir desta visão, trata-se de um conjunto de 
componentes e processos interligados que agem no intuito de fornecer produto 
aos consumidores finais, via transformação de insumos básicos, constituindo-se 
em um sistema, que pode se subdividir em sistemas menores ou subsistemas 
(SIMIONI, 2001). 
 
2. OBJETIVO 
 Identificar e caracterizar a cadeia produtiva de sementes florestais 
comercializadas no município de Altamira-PA. Analisando aspectos como: perfis 
dos agentes mercantis, estrutura das cadeias, Valor Bruto da Produção (VBP), o 
Valor Adicional Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT), fatores críticos e 
potenciais. 
 
3. MATERIAL E MÉTODOS 
O levantamento da cadeia produtiva de sementes florestais foi realizado no 
mercado municipal “Maria de Lourdes Roque Souza” e na feira livre da cidade de 
Altamira-Pará (Figura 1). A pesquisa foi realizada através da aplicação de 
questionários semi-estruturados junto a 10 (dez) agentes mercantis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - Feira do Produtor Maria de Lurdes Roque Souza. 
 
O Valor Bruto da Produção a preços de mercado (VBP) é o resultado da 
multiplicação de todas as quantidades de produtos vendidos pelos seus preços, isto 
é, o faturamento bruto de todas as unidades produtoras mais os valores de 
 
5 
produtos que não são comercializados. A fórmula utilizada para chegarmos ao VBP 
foi a seguinte: 
VBP = Produção x Preço Médio 
 
A definição do Valor Adicional Bruto (VAB) é dada pela diferença entre o VBP 
e o consumo intermediário (CI). Isto é, o valor de todas as mercadorias que entram 
na produção de outras mercadorias é descontado do valor total das mercadorias 
produzidas. A fórmula utilizada para chegarmos ao VAB foi a seguinte: 
 
VAB = VP – CI 
 
Onde: 
VAB: Valor Adicionado (ou Agregado); 
VP: Valor da Produção; e 
CI: Consumo Intermediário. 
 
A Renda Bruta Total (RBT) é obtida através da multiplicação entre a 
quantidade de produto vendido, estocado e/ou consumido pelo preço de venda do 
mesmo produto. A RBT também pode ser denominada de Valor Bruto de Produção 
(VBP). A fórmula utilizada para chegarmos ao RBT foi a seguinte: 
 
RBT = P.q 
Onde: 
P: preço líquido de venda; 
q: quantidade (kg) vendida e/ou consumida e/ou estocada. 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Foram encontrados 06 (seis) produtos, utilizados tanto para uso 
alimentício, quanto para uso fármaco (Tabela 1). 
 
Tabela 1 – Produtos, tipo de uso e propriedades das sementes encontradas no 
mercado municipal e feira livre do município de Altamira-PA. 
Nome vulgar 
Nome 
científico 
Tipo de Uso Propriedades 
 
6 
Castanha-de-
caju 
Anacardium 
occidentale 
Alimentício 
É rica em fibras, minerais 
(magnésio, ferro, potássio, 
selênio, cobre e zinco) e 
vitaminas (A, D, K, PP, E). 
Castanha-do-
pará 
Bertholletia 
excelsa 
Alimentício 
É rica em selênio, bem como, é 
uma boa fonte de magnésio e 
tiamina. 
Cumaru 
Dipteryx 
odorata 
Medicinal 
Anti-espasmódicas, 
emenagogas, cadio-tónicas e 
anti-asmáticas. 
Jucá 
Caesalpinia 
ferrea 
Medicinal 
Antidiarréica, cicatrizante, 
béquica, febrífuga, expectorante, 
hemostáticas, anti-sépticas, 
tonificantes e antimicrobianas. 
Noz moscada 
Myristica 
fragrans 
Alimentício 
É rica em fibras e uma excelente 
fonte de manganês mineral, 
além disso, possui baixo teor de 
sódio e colesterol baixo. 
Sucupira 
Diplotropis 
purpurea 
Medicinal 
Atua contra enfermidades como 
a artrite, a artrose, o 
reumatismo e as dores nas 
costas, nos joelhos e nas 
articulações. 
 
Quanto à procedência, constatou-se que as sementes são oriundas do 
próprio município, de municípios vizinhos, tais como, Medicilândia, Vitória do 
Xingu e Santarém, bem como do nordeste brasileiro, especificamente do Piauí. A 
distribuição das sementes está melhor descrita na tabela 2. 
 
Tabela 2 - Procedência das sementes comercializadas no mercado municipal e 
feira livre da cidade de Altamira-PA. 
Nome vulgar Procedência 
Castanha-de-caju Altamira, Vitória do Xingu e Medicilândia 
Castanha-do-pará Altamira e Medicilândia 
Cumaru Altamira, Medicilândia,Santarém e Piauí 
Jucá Altamira, Medicilândia e Piauí 
Noz moscada Piauí 
Sucupira Piauí 
 
De modo geral, a cadeia produtiva de sementes no município de Altamira 
envolve diversos agentes mercantis, as sementes são retiradas da floresta, de áreas 
nativas ou plantadas, e vendidas por produtores locais e por uma empresa (situada 
no Piauí) para os atravessadores, que vendem os produtos no mercado municipal e 
 
7 
feira livre da cidade diretamente para o consumidor final, que utiliza as sementes 
para uso alimentício ou medicinal. Além disso, há casos em que o produtor local 
vende as sementes para o consumidor final, sem que haja a interferência de 
agentes intermediários (Figura 2). 
 
 
Figura 2 – Fluxograma da cadeia produtiva de sementes do município de Altamira-PA. 
 
A seguir serão apresentadas as principais cadeias de comercialização dos 
produtos identificados no município de Altamira. 
 
4.1. CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA-DE-CAJU 
 
a) Caracterização dos agentes mercantis 
 
- Produtor local: produção proveniente de áreas plantadas, no Projeto de 
Assentamento Assurini, município de Altamira, e propriedades rurais nos 
municípios de Medicilândia e Vitória do Xingu; 
 
8 
- Atravessadores (atacadista local): pequenos comerciantes, do próprio 
município, que compram a castanha-de-caju in natura dos produtores e 
comercializam no mercado municipal e feira livre de Altamira; e 
- Consumidores: pessoas do próprio município que compram a castanha-de-
caju dos atravessadores, em pequenas quantidades, somente para uso alimentício. 
 
b) Estrutura da cadeia de comercialização 
 
Os agentes mercantis atuam, em média, há 25 e 40 anos no ramo. Sendo 
que, a comercialização das sementes não é a única fonte de renda, complementam 
a renda com o cultivo agrícola e aposentadoria. 
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados 
identificou-se que os mesmos não possuem local adequado para armazenagem, 
armazenando as sementes em suas próprias residências em sacos de fibra de 60 
kg, sacos plásticos e sacos do tipo rede. Em relação ao transporte, o meio de 
transporte utilizado é fretado, caminhão e carro, sendo que, o produtor é quem 
paga o frete. Quanto aos equipamentos, os entrevistados alegam não possuir 
nenhum equipamento. A mão-de-obra predomina a familiar, sem que haja a 
necessidade da contratação de terceiros. Em relação ao período de trabalho todos 
inferem trabalhar o ano todo. 
 
c) Preço médio praticado nas transações entre os agentes mercantis 
 
O preço da castanha-de-caju praticado pelo produtor local foi de R$ 2,00/kg 
na venda para o atravessador, enquanto que o preço de venda para o consumidor 
final foi de R$ 3,00/kg. Constatando-se dessa forma, que o preço praticado pelo 
atravessador é 1,5 vezes maior do que o preço médio recebido pelos produtores. 
 
d) Valor Bruto da Produção (VBP) 
 
Somando-se todos os valores recebidos pela venda da castanha-de-caju por 
todos os produtores entrevistados, o Valor Bruto da Produção (VBP) foi de R$ 
480,00/ano para o produtor local e R$ 720,00/ano para o atravessador. 
 
9 
e) Valor Adicionado Bruto (VAB) 
 
Ao longo da cadeia de comercialização da castanha-de-caju, da produção 
local até o consumidor final, o valor de R$ 220,00 foi adicionado ao produto, sendo 
descontados do VBP os valores com a compra de insumos, em que, R$ 480,00 
corresponde à aquisição do produto in natura e R$ 20,00 a aquisição das 
embalagens para a venda. 
 
f) Renda Bruta Total (RBT) 
 
Os atravessadores foram responsáveis pela renda bruta total de R$ 
720,00/ano, pois compraram de insumo a castanha-de-caju in natura por R$ 
480,00/ano e adicionaram o montante de R$ 240,00/ano. 
 
4.2. CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA-DO-PARÁ 
 
a) Caracterização dos agentes mercantis 
 
No caso específico da Castanha-do-pará, as relações mercantis ocorrem de 
duas maneiras: (1) do produtor local para o consumidor final, e (2) do produtor 
para o atravessador, e do atravessador para o consumidor final. 
- Produtor local: produção proveniente de áreas nativas, no Projeto de 
Assentamento Assurini, município de Altamira, ramal situado no km 18, entre o 
trecho Altamira - Brasil Novo, e propriedades rurais no município de Medicilândia; 
- Atravessadores (atacadista local): pequenos comerciantes, do próprio 
município, que compram a castanha-do-pará in natura dos produtores e 
comercializam no mercado municipal e feira livre de Altamira; e 
- Consumidores: pessoas do próprio município que compram a castanha-do-
pará dos atravessadores, em pequenas quantidades, somente para uso alimentício. 
 
 
 
 
 
10 
b) Estrutura da cadeia de comercialização 
 
Os agentes mercantis possuem um período de atuação no ramo bastante 
variável, variando de 2 meses a 40 anos. De modo que, a comercialização das 
sementes não é a única fonte de renda, complementam a renda com o cultivo 
agrícola e aposentadoria. 
O método de coleta apenas foi possível de ser descrito no caso do 
comerciante que vende os produtos de sua própria propriedade, em que, a coleta 
das sementes é realizada de forma manual, sem o uso de nenhum equipamento, 
utilizando as próprias mãos para catar os frutos diretamente do chão. Constatou-se 
também que não há o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), colocando 
em risco a vida das pessoas que realizam essa atividade. A coleta é realizada com 
mão-de-obra familiar e envolve três pessoas. Em relação à quebra dos frutos, o 
produtor utiliza foice e terçado para retirar as amêndoas de dentro do ouriço. 
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados 
identificou-se que apenas um dos entrevistados possui local adequado para 
armazenamento das sementes, armazenando as sementes em um galpão, enquanto 
que os demais deixam as sementes em suas próprias residências, em sacos de fibra 
de 60 kg, sacos plásticos e sacos do tipo rede. Em relação ao transporte, na maioria 
dos casos o meio de transporte utilizado é fretado, caminhão e carro, sendo que, o 
produtor é quem paga o frete, havendo apenas um caso em que o meio de 
transporte é do atravessador, dessa forma os custos são de sua responsabilidade. A 
mão-de-obra predomina a familiar, sem que haja a necessidade da contratação de 
terceiros. Em relação ao período de trabalho todos inferem trabalhar durante todo 
o ano. 
 
c) Preço médio praticado nas transações entre os agentes mercantis 
 
O preço da castanha-do-pará praticado pelo produtor local foi de R$ 
3,00/kg na venda para o atravessador, enquanto que o preço de venda para o 
consumidor final foi de R$ 5,00/kg. Constatando-se dessa forma, que o preço 
praticado pelo atravessador é 1,7 vezes maior do que o preço médio recebido pelos 
produtores. 
 
11 
d) Valor Bruto da Produção (VBP) 
 
Somando-se todos os valores recebidos pela venda da castanha-do-pará por 
todos os produtores entrevistados, o Valor Bruto da Produção (VBP) foi de R$ 
8.928,00/ano para o produtor local e de R$ 14.880,00/ano para o atravessador. 
 
e) Valor Adicionado Bruto (VAB) 
 
Ao longo da cadeia de comercialização da castanha-do-pará, o valor de R$ 
3.888,00 foi adicionado ao produto, sendo descontados do VBP os valores com a 
compra de insumos, em que, R$ 8.928,00 corresponde à aquisição do produto in 
natura, R$ 384,00 à compra de sacos plásticos, R$ 240,00 à aquisição de sacos do 
tipo rede e R$ 1.440,00 ao aluguel da banca de venda. 
 
f) Renda Bruta Total (RBT) 
 
Os atravessadores foram responsáveis pela renda bruta total de R$ 
14.880,00/ano, pois compraramde insumo a castanha-do-pará in natura por R$ 
8.928,00/ano, as embalagens por R$ 624,00, alugaram as bancas de venda por R$ 
1.440,00 e adicionaram o montante de R$ 3.888,00/ano. 
 
4.3. CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO CUMARU 
 
a) Caracterização dos agentes mercantis 
 
- Produtor: produção proveniente de áreas nativas, no Projeto de 
Assentamento Assurini, município de Altamira, propriedades rurais nos 
municípios de Medicilândia e Santarém, além de uma empresa, chamada “Casa das 
Ervas” no Estado do Piauí; 
- Atravessadores (atacadista local): pequenos comerciantes, do próprio 
município, que compram o cumaru in natura dos produtores e/ou empresa e 
comercializam no mercado municipal e feira livre de Altamira; e 
 
12 
- Consumidores: pessoas do próprio município que compram o cumaru dos 
atravessadores, em pequenas quantidades, somente para uso medicinal. 
 
b) Estrutura da cadeia de comercialização 
 
Os agentes mercantis atuam, em média, há 25 anos no ramo, variando de 10 
a 40 anos. Sendo que, somente dois entrevistados relatam ter a venda de sementes 
como única fonte de renda. Os outros complementam a renda com o cultivo 
agrícola e aposentadoria. 
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados 
identificou-se que os mesmos possuem local adequado para armazenagem, 
armazenando as sementes em depósitos em sacos de fibra de 60 kg, sacos 
plásticos, vasilhas plásticas e caixas de papelão. Em relação ao transporte, o meio 
de transporte utilizado é fretado, caminhão e ônibus, sendo que, o produtor e/ou 
empresa é quem paga o frete. Quanto aos equipamentos, os entrevistados alegam 
não possuir nenhum equipamento. Em relação ao processo de secagem, apenas um 
dos vendedores realiza a secagem das sementes, utilizando o método ao ar livre. 
Quanto ao beneficiamento, apenas dois dos vendedores afirmam realizar o 
beneficiamento das sementes, um deles se refere à basicamente retirar a casca das 
sementes, e o outro a fazer “garrafadas”. Envolvendo geralmente apenas uma 
pessoa. A mão-de-obra predomina a familiar, sem que haja a necessidade da 
contratação de terceiros. Em relação ao período de trabalho todos inferem 
trabalhar o ano todo. 
 
c) Preço médio praticado nas transações entre os agentes mercantis 
 
O preço do cumaru praticado pelo produtor local foi de R$ 50,00/kg na 
venda para o atravessador, enquanto que o preço de venda para o consumidor 
final foi de R$ 125,00/kg. Constatando-se dessa forma, que o preço praticado pelo 
atravessador é 2,5 vezes maior do que o preço médio recebido pelos produtores. 
 
 
 
 
13 
d) Valor Bruto da Produção (VBP) 
 
Somando-se todos os valores recebidos pela venda do cumaru por todos os 
produtores entrevistados, o Valor Bruto da Produção (VBP) foi de R$ 4.500,00/ano 
para o produtor local e R$ 11.250,00/ano para o atravessador. 
 
e) Valor Adicionado Bruto (VAB) 
 
Ao longo da cadeia de comercialização do cumaru, da produção local até o 
consumidor final, o valor de R$ 4.830,00 foi adicionado ao produto, sendo 
descontados do VBP os valores com a compra de insumos, em que, R$ 4.500,00 
corresponde à aquisição do produto in natura, R$ 480,00 a aquisição das 
embalagens para a venda e R$ 1.440,00 ao aluguel da banca de venda. 
 
f) Renda Bruta Total (RBT) 
 
Os atravessadores foram responsáveis pela renda bruta total de R$ 
11.250,00/ano, pois compraram de insumo o cumaru in natura por R$ 4.500,00, 
embalagens por R$ 480,00, alugaram a banca de venda por R$ 1.440,00 e 
adicionaram o montante de R$ 4.830,00/ano. 
 
4.4. CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DO JUCÁ 
 
a) Caracterização dos agentes mercantis 
 
- Produtor: produção proveniente de áreas nativas, no Projeto de 
Assentamento Assurini, município de Altamira, propriedades rurais no município 
de Medicilândia, além de uma empresa, chamada “Casa das Ervas” no Estado do 
Piauí; 
- Atravessadores (atacadista local): pequenos comerciantes, do próprio 
município, que compram o jucá in natura dos produtores e comercializam no 
mercado municipal e feira livre de Altamira; e 
 
14 
- Consumidores: pessoas do próprio município que compram o jucá dos 
atravessadores, em pequenas quantidades, somente para uso medicinal. 
 
b) Estrutura da cadeia de comercialização 
 
Os agentes mercantis atuam, em média, há 25 anos no ramo, variando de 10 
a 40 anos. Sendo que, somente um dos entrevistados relata ter a venda de 
sementes como única fonte de renda. Os outros complementam a renda com o 
cultivo agrícola e aposentadoria. 
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados 
identificou-se que os mesmos possuem local adequado para armazenagem, 
armazenando as sementes em depósitos em sacos de fibra de 60 kg, sacos 
plásticos, vasilhas plásticas e caixas de papelão. Em relação ao transporte, o meio 
de transporte utilizado é fretado, caminhão e ônibus, sendo que, o produtor e/ou 
empresa é quem paga o frete. Quanto aos equipamentos, os entrevistados alegam 
não possuir nenhum equipamento. Quanto ao beneficiamento, apenas um dos 
vendedores afirmam realizar o beneficiamento das sementes, que consiste em 
basicamente fazer “garrafadas”. Envolvendo geralmente apenas uma pessoa. A 
mão-de-obra predomina a familiar, sem que haja a necessidade da contratação de 
terceiros. Em relação ao período de trabalho todos inferem trabalhar o ano todo. 
 
c) Preço médio praticado nas transações entre os agentes mercantis 
 
O preço do jucá praticado pelo produtor local foi de R$ 15,00/kg na venda 
para o atravessador, enquanto que o preço de venda para o consumidor final foi de 
R$ 60,00/kg. Constatando-se dessa forma, que o preço praticado pelo atravessador 
é 4,0 vezes maior do que o preço médio recebido pelos produtores. 
 
d) Valor Bruto da Produção (VBP) 
 
Somando-se todos os valores recebidos pela venda do jucá por todos os 
produtores entrevistados, o Valor Bruto da Produção (VBP) foi de R$ 630,00/ano 
para o produtor local e R$ 2.520,00/ano para o atravessador. 
 
15 
e) Valor Adicionado Bruto (VAB) 
 
Ao longo da cadeia de comercialização do jucá, da produção local até o 
consumidor final, o valor de R$ 642,00 foi adicionado ao produto, sendo 
descontados do VBP os valores com a compra de insumos, em que, R$ 630,00 
corresponde à aquisição do produto in natura, R$ 288,00 a aquisição das 
embalagens para a venda e R$ 960,00 para o aluguel da banca de venda. 
 
f) Renda Bruta Total (RBT) 
 
Os atravessadores foram responsáveis pela renda bruta total de R$ 
2.520,00/ano, pois compraram de insumo o jucá in natura por R$ 630,00/ano, as 
embalagens por R$ 288,00, alugaram as bancas de venda por R$ 960,00 e 
adicionaram o montante de R$ 642,00/ano. 
 
4.5. CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA NOZ MOSCADA 
 
a) Caracterização dos agentes mercantis 
 
- Empresa (produtor): produção proveniente de áreas nativas, de uma 
empresa, chamada “Casa das Ervas” no Estado do Piauí; 
- Atravessadores (atacadista local): pequenos comerciantes, do próprio 
município, que compram a noz moscada in natura dos produtores e comercializam 
no mercado municipal e feira livre de Altamira; e 
- Consumidores: pessoas do próprio município que compram a noz moscada 
dos atravessadores, em pequenas quantidades, para uso alimentício. 
 
b) Estrutura da cadeia de comercialização 
 
Os agentes mercantis atuam, em média, há 25 anos no ramo. Sendo que, a 
comercialização das sementes é a única fonte de renda. 
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados 
identificou-se que os mesmos possuem local adequado para armazenagem,16 
armazenando as sementes em depósitos, dentro de tambores com tampa. Em 
relação ao transporte, o meio de transporte utilizado é fretado, caminhão, sendo 
que, a empresa é quem paga o frete, em que, o valor já vem incluso no valor 
cobrado pelas sementes. Quanto aos equipamentos, os entrevistados alegam não 
possuir nenhum equipamento. A mão-de-obra predomina a familiar, sem que haja 
a necessidade da contratação de terceiros. Em relação ao período de trabalho 
todos inferem trabalhar o ano todo. 
 
c) Preço médio praticado nas transações entre os agentes mercantis 
 
O preço da noz moscada praticado pela empresa foi de R$ 90,00/kg na 
venda para o atravessador, enquanto que o preço de venda para o consumidor 
final foi de R$ 200,00/kg. Constatando-se dessa forma, que o preço praticado pelo 
atravessador é 2,2 vezes maior do que o preço médio recebido pelos produtores. 
 
d) Valor Bruto da Produção (VBP) 
 
Somando-se todos os valores recebidos pela venda da noz moscada por 
todos os produtores entrevistados, o Valor Bruto da Produção (VBP) foi de R$ 
540,00/ano para a empresa e R$ 1.200,00/ano para o atravessador. 
 
e) Valor Adicionado Bruto (VAB) 
 
Ao longo da cadeia de comercialização da noz moscada, o valor de R$ 
230,00 foi adicionado ao produto, sendo descontados do VBP os valores com a 
compra de insumos, em que, R$ 540,00 corresponde à aquisição do produto in 
natura, R$ 30,00 a aquisição das embalagens para a venda e R$ 400,00 ao aluguel 
da banca de venda. 
 
f) Renda Bruta Total (RBT) 
 
Os atravessadores foram responsáveis pela renda bruta total de R$ 
1.200,00/ano, pois compraram de insumo a noz moscada in natura por R$ 
 
17 
540,00/ano, as embalagens por R$ 30,00, alugaram a banca de venda por R$ 
400,00 e adicionaram o montante de R$ 230,00/ano. 
 
4.6. CADEIA DE COMERCIALIZAÇÃO DA SUCUPIRA 
 
a) Caracterização dos agentes mercantis 
 
- Empresa (produtor): produção proveniente de áreas nativas, de uma 
empresa, chamada “Casa das Ervas” no Estado do Piauí; 
- Atravessadores (atacadista local): pequenos comerciantes, do próprio 
município, que compram a sucupira in natura dos produtores e comercializam no 
mercado municipal e feira livre de Altamira; e 
- Consumidores: pessoas do próprio município que compram a sucupira dos 
atravessadores, em pequenas quantidades, para uso medicinal. 
 
b) Estrutura da cadeia de comercialização 
 
Os agentes mercantis atuam, em média, há 25 anos no ramo. Sendo que, a 
comercialização das sementes é a única fonte de renda. 
Na descrição da capacidade instalada dos agentes mercantis entrevistados 
identificou-se que os mesmos possuem local adequado para armazenagem, 
armazenando as sementes em depósitos em sacos de fibra de 60 kg, sacos 
plásticos, vasilhas plásticas e caixas de papelão. Em relação ao transporte, o meio 
de transporte utilizado é fretado, caminhão e ônibus, sendo que, a empresa é quem 
paga o frete. Quanto aos equipamentos, os entrevistados alegam não possuir 
nenhum equipamento. Quanto ao beneficiamento, apenas um dos vendedores 
afirmam realizar o beneficiamento das sementes, que consiste em basicamente 
fazer “garrafadas”. Envolvendo geralmente apenas uma pessoa. A mão-de-obra 
predomina a familiar, sem que haja a necessidade da contratação de terceiros. Em 
relação ao período de trabalho todos inferem trabalhar o ano todo. 
 
 
 
 
18 
c) Preço médio praticado nas transações entre os agentes mercantis 
 
O preço da sucupira praticado pela empresa foi de R$ 25,00/kg na venda 
para o atravessador, enquanto que o preço de venda para o consumidor final foi de 
R$ 60,00/kg. Constatando-se dessa forma, que o preço praticado pelo atravessador 
é 4,0 vezes maior do que o preço médio recebido pela empresa. 
 
d) Valor Bruto da Produção (VBP) 
 
Somando-se todos os valores recebidos pela venda da sucupira por todos os 
produtores entrevistados, o Valor Bruto da Produção (VBP) foi de R$ 600,00/ano 
para a empresa e R$ 1.440,00/ano para o atravessador. 
 
e) Valor Adicionado Bruto (VAB) 
 
Ao longo da cadeia de comercialização da sucupira, o valor de R$ 360,00 foi 
adicionado ao produto, sendo descontados do VBP os valores com a compra de 
insumos, em que, R$ 600,00 corresponde à aquisição do produto in natura, R$ 
80,00 a aquisição das embalagens para a venda e R$ 400,00 ao aluguel da banca de 
venda. 
 
f) Renda Bruta Total (RBT) 
 
Os atravessadores foram responsáveis pela renda bruta total de R$ 
1.440,00/ano, pois compraram de insumo a sucupira in natura por R$ 600,00/ano, 
as embalagens por R$ 80,00, alugaram a banca de venda por R$ 400,00 e 
adicionaram o montante de R$ 360,00/ano. 
 
4.7. ANÁLISE GERAL 
 
A pesquisa constatou que as sementes comercializadas em Altamira reúnem 
um VBP total de R$ 32.010,00, de modo que as espécies que obtiveram maior 
participação foram a castanha-do-pará, com 46% (R$ 14.880,00), seguido do 
 
19 
cumaru, com 35% (R$ 11.250,00) (Figura 3 e 5). Esses valores podem ser 
explicados porque essas duas espécies são as mais procuradas pelos 
consumidores, e como o VBP está diretamente relacionado a quantidade vendida 
(produção), os valores se tornam mais elevados nesses casos. 
 
Figura 3 – Distribuição do VBP das sementes comercializadas no município de Altamira-PA. 
 
Quanto ao VAB total, as sementes reuniram juntas R$ 10.170,00, sendo 
que, o cumaru foi quem teve maior participação, com 48% (R$ 4.830,00) (Figura 4 
e 5), acredita-se que esse fato ocorreu porque geralmente as sementes de cumaru 
são adquiridas por quilo e revendidas por unidade, agregando maiores valores ao 
produto. 
 
Figura 4 – Distribuição do VAB das sementes comercializadas no município de Altamira-PA. 
 
Castanha-de-caju 
2% 
Castanha-do-pará 
46% 
Cumaru 
35% 
Jucá 
8% 
Noz moscada 
4% 
Sucupira 
5% 
Castanha-de-caju 
2% 
Castanha-do-pará 
38% 
Cumaru 
48% 
Jucá 
6% 
Noz moscada 
2% 
Sucupira 
4% 
 
20 
Em relação ao RBT, podemos considerar o mesmo comportamento obtido 
para o VBP, já que ambos os cálculos refletem as mesmas informações. De modo 
que, assim como o VBP o RBT total foi de R$ 32.010,00 (Figura 5). 
 
Figura 5 – Valores de VBP, VAB e RBT das sementes comercializadas no município de Altamira-PA. 
 
4.8. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL 
 
Os produtos florestais não-madeireiros (PFNM), como óleos fixos e 
essenciais, frutos, amêndoas, fibras, corantes, plantas fitoterapêuticas e outros, são 
de ocorrência abundante nas florestas tropicais e consistem em uma fonte de 
renda alternativa para milhares de famílias que vivem da agricultura familiar. 
Segundo Pastore Júnior e Borges (s/d) a floresta amazônica ainda é fonte de 
recursos naturais para muitas utilidades humanas. Não somente aqueles recursos 
alocados via mercado, mas também aqueles alocados para o autoconsumo ou uso 
direto da família ou comunidade. Desse modo, a função social da floresta ainda é 
muita diversa e rica. Muitas sociedades locais ainda têm nela a fonte primeira de 
alimento, renda, paz, bem-estar social, saúde e segurança. Dessa forma, naquelas 
sociedades e comunidades que vivem exclusivamente da extração de recursos 
naturais renováveis, o fim do extrativismo tem significado o fim de uma fonte 
básica de renda, de trabalho e condições de subsistência. 
Corroborando acerca desse tema, Machado (2008) infere que, os PFNM são 
utilizados na alimentação, produção de medicamentos, usos cosméticos, 
construção de moradias, tecnologias tradicionais, produção de utensílios e tantos 
Castanha-
de-caju
Castanha-
do-pará
Cumaru Jucá
Noz
moscada
SucupiraVBP 720,00 14880,00 11250,00 2520,00 1200,00 1440,00
VAB 220,00 3888,00 4830,00 642,00 230,00 360,00
RBT 720,00 14880,00 11250,00 2520,00 1200,00 1440,00
0,00
2000,00
4000,00
6000,00
8000,00
10000,00
12000,00
14000,00
16000,00
V
a
lo
re
s 
(R
$
) 
 
21 
outros usos. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e 
Alimentação), cerca de 80% da população de países em desenvolvimento usam os 
PFNM para suprir algumas de suas necessidades de vida. Além disso, de acordo 
com Alexiades e Shanley (2004), a coleta de sementes representa um controle 
maior do desmatamento, pois quem utiliza o produto normalmente preserva as 
matrizes. 
Os PFNM criam uma economia de importância social inestimável para as 
sociedades da Amazônia. Produtos como castanha-do-pará, borracha, palmito, açaí, 
babaçu etc. ainda são fonte de renda para milhares de famílias. Além disso, a gestão 
de recursos naturais renováveis, enquanto forma de absorção da força de trabalho 
disponível e geração de renda, reduz o impacto ecológico causado por outras 
atividades econômicas substitutas tais como a agricultura, a pecuária, a 
garimpagem e a extração madeireira (PASTORE JÚNIOR e BORGES, s/d). 
Dos produtos analisados no presente trabalho, a castanha-do-pará e o 
cumaru estão dentre os PFNM da região amazônica que são exportados do Brasil. 
Vale ressaltar que, a castanha-do-pará é o segundo maior produto em abrangência 
geográfica e importância social da Amazônica. Ela ainda é explorada em 53,6% do 
estado de Rondônia, 54% do Acre, 32% do Amazonas e 42% do Pará. Embora os 
preços de exportação estejam subindo, dentro da floresta os coletores dizem que 
trabalham com capacidade ociosa por que o preço que recebem pela venda das 
sementes não compensa. 
Por outro lado, apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se 
que há pouca informação sistematizada sobre quantidade, valor, processos de 
produção, industrialização e comercialização desses produtos. Essa escassez de 
informações é um empecilho à conservação e ao desenvolvimento de estratégias 
mercadológicas para esses produtos (FIEDLER et al., 2008). 
 
4.9. CONTRIBUIÇÃO NO PIB DO MUNICÍPIO 
 
Em 2008, o Produto Interno Bruto - PIB da Região de Integração Xingu 
somou R$ 1.397 milhão, com uma variação de 8,7% em relação ao PIB 
contabilizado no ano anterior (R$ 1.285 milhão), porém se manteve na 10ª 
colocação no ranking entre as regiões de integração e participou com um 
 
22 
percentual de 2,4% no PIB estadual. Altamira é o município com maior 
participação no PIB regional, com aproximadamente 40,6% (R$ 567.678), pois o 
setor de indústria e serviços obteve um valor, em torno de, três vezes maior que os 
valores obtidos pelo 2º colocado Uruará, o valor agropecuário foi R$ 5.855 maior 
que o valor obtido no município de Pacajá. De modo geral, o PIB de Altamira foi 
três vezes maior que o segundo colocado Uruará, justificando assim, sua condição 
de cidade pólo da região. Assim como também, polarizadora do espaço regional 
com a prestação de serviços bancários, saúde, educacionais e comerciais (PARÁ, 
2011). 
A participação da comercialização de sementes na economia do município 
de Altamira é incipiente, pois essa atividade não gera grandes contribuições ao 
Produto Interno Bruto. Contudo, para os produtores locais e para os 
atravessadores, essa participação representa um incremento de renda anual que 
colabora na manutenção das famílias. 
 
4.10. PRINCIPAIS ENTRAVES 
 
De acordo com Balzon et al. (2004) as pessoas que tem a posse dos PFNM 
são, normalmente, famílias com baixa escolaridade e quase sempre sem nenhuma 
instrução quanto a mercados, tecnologias e recursos financeiros, que são levadas a 
vender sua produção a preços baixos para intermediários (comerciantes locais), ou 
para “marreteiros”, que são pessoas que adentram ao interior da floresta para 
adquirir os produtos, mantendo-as dependentes e as impede de fazerem 
investimentos no setor. 
Segundo Santos et al. (2003), os PFNM representam hoje um dos grupos 
mais desafiadores do ponto de vista mercadológico, graças a seu número, 
variedade de usos e diferenciação de outros produtos básicos. O mercado desses 
produtos florestais é ainda recente e tem muito que ser desenvolvido e explorado, 
apresentando-se de forma bastante instável, concentrando-se hora em alguns 
produtos, hora em outros. Nesse sentido, Gonçalo (2006) corrobora que, os 
estudos sobre os mercados para esses produtos são ainda insuficientes para 
atender a demanda crescente de informações que os produtores de base familiar 
 
23 
necessitam para organizar a produção e melhorar a renda nas suas unidades 
produtivas. 
 De acordo com Trindade et al. (2010) os PFNM comercializados no 
município de Altamira são, em sua maioria, vendidos pelos próprios produtores, 
utilizando métodos rústicos de estocagem e venda, sem que haja local próprio e 
organização necessária. De modo que, a instabilidade de demanda de mercado, a 
inconstância da produção e a falta de organização dos produtores para alcançar 
certa escala de produção, são alguns dos problemas encontrados pelos agricultores 
para a comercialização de seus produtos. 
Diante desse contexto, a nossa pesquisa revela que a principal dificuldade 
enfrentada para a comercialização das sementes é a pouca demanda e a 
concorrência com outros vendedores. A respeito dessa problemática, Pastore 
Júnior e Borges (s/d) inferem que um dos fatores que contribui para que recursos 
da floresta fiquem expostos aos desequilíbrios entre oferta e demanda é a falta de 
conhecimentos técnicos sobre gestão de recursos naturais renováveis e a dinâmica 
de mercados. De modo que, melhores estudos sobre a demanda por PFNM poderão 
contribuir para reduzir a sobre-exploração dos recursos e tornar preços de 
mercado mais competitivos. 
Para tornar os produtos mais atraentes aos consumidores, umas das 
alternativas apontadas pelos próprios vendedores seria a venda das sementes sem 
casca, no caso da castanha-do-pará e do cumaru, bem como, a disseminação das 
propriedades medicinais de algumas sementes, como é o caso da sucupira. 
Trindade et al. (2010) sugerem ainda que, para melhorar a comercialização dos 
PFNM, deve-se identificar o potencial de suprimento e padrão de qualidade destes 
produtos; desenvolver tecnologias de estocagem e transformação; buscar 
marketing adequado; e criar o conceito de comercialização conjunta, buscando o 
mesmo canal de comercialização. 
 
 
 
 
 
 
 
24 
5. CONCLUSÕES 
A Cadeia Produtiva Local de sementes no município de Altamira é 
caracterizada pela venda de seis espécies, oriundas do próprio município, 
municípios vizinhos e do nordeste brasileiro. 
Na maioria dos casos as sementes são originadas de áreas nativas, sendo 
extraída da área de terceiros. 
A coleta das sementes é realizada de forma manual, em que, o transporte é 
terceirizado. 
A participação da comercialização de sementes na economia do município 
de Altamira é incipiente. 
A principal dificuldade enfrentada para a comercialização das sementes é a 
pouca demanda, bem como, a concorrência com outros vendedores. 
Atualmente, percebe-se que, apesar do potencial dos PFNM para alavancar a 
economia local, estudos sobre o manejo e o mercado desses produtos ainda são 
incipientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
6. LITERATURA CITADA 
 
ALEXIADES, M. N.; SHANLEY, P. Produtos forestales, medios de subsistência e 
conservacion. Indonésia: Center International Forestry Reseach, 2004. 
 
BALZON, D. R.; SILVA, J. C. G. L. da; SANTOS,A. J. dos. Aspectos mercadológicos de 
produtos florestais não madeireiros – análise retrospectiva. Disponível em: 
<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/floresta/article/view/2422/2024>. 
Acesso em: 15 de out. de 2013. 
 
FIEDLER, N. C.; SOARES, T. S.; SILVA, G. F. da. Produtos Florestais Não Madeireiros: 
importância e manejo sustentável da floresta. Revista Ciências Exatas e Naturais, 
Vitória, v.10, n.2, 263-278, jul./dez. 2008. 
 
GONÇALO, J. E. Gestão e comercialização de produtos florestais não madeireiros 
(PFNM) da biodiversidade no Brasil. Anais. XXVI Encontro Nacional de Engenharia 
de Produção (ENEGEP), Fortaleza- CE, 2006, p. 9. 
 
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL DO 
PARÁ . Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na 
Região de Integração Xingu, Estado do Pará: relatório técnico 2011./ Belém: 
IDESP, 2011. 193p. 
 
MACHADO, F. S. Manejo de Produtos Florestais Não Madeireiros: Um manual 
com Sugestões para o Manejo Participativo em Comunidade da Amazônia. 
Rio Branco, Acre: PESACRE e CIFOR, 2008, 105 p. 
 
MOÇAMBIQUE. Ministério da Agricultura. Manual para a Elaboração e 
Implementação do Plano de Maneio da Concessão Florestal. Maputo, 2008. 
75p. 
 
MORVAN, Y. Fondements d´economie industrielle. Paris: Economica, 1988. 
 
PARÁ. Secretaria de Estado de Integração Regional. Atlas de Integração Regional 
do Estado do Pará. Belém: SEIR, 2010. 347p 
 
PASTORE JÚNIOR, F.; BORGES, V. L. Extração Florestal Não-Madeireira na 
Amazônia: Armazenamento e Comercialização. s/d. 
 
PEREIRA, L. R. Caracterização da cadeia produtiva de sementes florestais - 
estudo de caso de uma comunidade extrativista do Estado do Acre. 
Monografia. 2007 
 
SANTOS, A. J. dos; HILDEBRAND, E.; PACHECO, C. H. P.; PIRES, P. de T. de L.; 
ROCHADELLI, R. Produtos não madeireiros: conceituação, classificação, 
valoração e mercados. Revista Floresta, 33(2). 2003. p. 215-224 
 
SILVA, M. da S. Leite de amapá (Parahancornia fasciculata (Poir) Benoist): 
remédio e renda na floresta e na cidade. 2010. 100 f. Dissertação (Mestrado em 
 
26 
Agroecossistemas) - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa 
Catarina, Florianópolis, 2010. 
 
SIMIONI, F. J. Análise diagnóstica e prospectiva da cadeia produtiva de 
energia de biomassa de origem florestal. Curitiba, 2007. 46p. 
 
TRINDADE, N. G. P.; SANTOS, A. P. F. dos; PIOVESAN, P. R. R.; OLIVEIRA, J. P. A. P. 
de; MENEZES, M. C. de. Mercado para Produtos Florestais Não-Madeireiros (PFNM) 
no Município de Altamira, Pará: Dados Preliminares. CD-ROM. Semana de 
Integração das Ciências Agrárias (SICA), Altamira-PA, 2010. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
7. APÊNDICE 
Figura 06 - Sementes de Castanha-de-caju comercializadas no município de Altamira-PA. 
Figura 07 - Sementes de Castanha-do-Pará comercializadas no município de Altamira-PA. 
Figura 08 - Sementes de Cumaru comercializadas no município de Altamira-PA. 
 
 
 
28 
Figura 09 - Sementes de Jucá comercializadas no município de Altamira-PA. 
 
Figura 10 - [A] Sementes de Noz Moscada e [B] Embalagens utilizadas para comercializar as 
sementes. 
Figura 11 - Sementes de Sucupira comercializadas no município de Altamira-PA. 
 
 
A B 
 
29 
 
 
 
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DE SEMENTES 
Nome do comerciante: ___________________________________________________________________ 
Data: ______/______/_______ 
 
LOCAL DE COLETA 
Qual o local de onde são extraídas as sementes (ramal e município)? 
_______________________________________________________________________________________________ 
Como é a plantação? ( ) nativa ( ) plantada 
Qual a idade do plantio? _____________ anos 
A quem pertence a área de onde é feita a coleta das sementes? 
( ) área própria ( ) área de terceiros 
Em caso, da resposta acima ser área de terceiros, qual a sua relação com essa 
pessoa? 
( ) possuem algum grau de parentesco, qual: _______________________________________ 
( ) propriedades vizinhas, qual a distância até a sua propriedade? ________________ 
km 
Compra semente o ano todo? ( )Sim ( )Não 
Sem não, qual o período?__________________________________________________________ 
 
MÉTODO DE COLETA 
Como é feito a extração da semente? 
________________________________________________________________________ 
Quais os materiais utilizados? ( ) terçado ( ) outros 
_____________________________________________ 
Há a utilização de EPI? ( ) sim ( ) não 
Caso sim, quais? 
_______________________________________________________________________________________________ 
Quantas pessoas são envolvidas nessa etapa? ____________ pessoas 
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL 
 
 
30 
Essas pessoas fazem parte da sua família? 
( ) sim, qual grau de parentesco: _______________________________ ( ) não 
Há a contratação de terceiros? ( ) sim ( ) não 
Caso sim, qual o valor pago pelo serviço: R$ ________________________ 
 
SECAGEM E BENEFICIAMENTO 
É feito a secagem das sementes? ( ) sim ( ) não 
Qual o método utilizado? ( ) ao ar livre ( ) outros: _________________________ 
Há algum beneficiamento? ( ) sim ( ) não 
Caso sim, qual? ( ) quebra dos frutos ( ) retirada da casca 
( ) outros ______________________________________ 
 Quantas pessoas são envolvidas nessa etapa? ____________ pessoas 
 
TRANSPORTE 
Qual a distância da área de sua propriedade até o local de comercialização? 
____________ km 
Como é feito o transporte da semente até o ponto de comercialização? 
( ) Caminhão ( )Ônibus ( )Barco ( ) Outro_______________________________ 
De quem é a propriedade do transporte? 
( ) próprio ( ) alugado/fretado 
Quem custeia o transporte? 
( ) Você mesmo 
( ) Produtor 
( ) Outro. Qual? _________________________________________ 
Qual o valor pago pelo frete? R$ _____________ Qual a frequência?______________________ 
É utilizado algum tipo de embalagem para transportar a semente? 
( )Sim ( )Não 
Se sim, qual?__________________________________________________________________________ 
 
ARMAZENAMENTO 
Onde as sementes ficam armazenadas (local e tipo de recipiente)? 
_______________________________________________________________________________________________ 
 
31 
Qual o período médio que as sementes ficam armazenadas? _________________________ 
 
COMERCIALIZAÇÃO 
De quem você compra e qual é a porcentagem? 
( ) Direto do produtor _________% 
( ) Atravessadores _________% 
( ) Associação ou cooperativa _________% 
Qual?_______________________________________________________ 
( ) Outro_____________________________________________________________% 
Como você compra a semente (em que unidade você negocia)? 
( )Unidade ( )Kg ( )Dúzia ( ) Outros___________________________ 
Como você vende a semente (em que unidade você negocia)? 
( )Unidade ( )Kg ( )Dúzia ( ) Outros___________________________ 
 
Quantas sementes são comercializadas por dia/mês? _____________ unidades 
 
Produto Unidade Preço de compra (R$) Preço de venda (R$) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES 
Há quanto tempo trabalha com a venda de sementes? _________ anos 
Existem outras fontes de renda? () sim ( ) não 
Caso sim, quais? ( ) aposentadoria ( ) agricultura ( ) bolsa-família 
( ) outros __________________________ 
Qual o custo total mensal da produção (coleta, transporte, etc)? R$ ____________ 
 
32 
Qual a renda mensal obtida com a venda das sementes? R$ _______________ 
Quais as dificuldades enfrentadas para comprar? E comercializar sementes no 
município de Altamira? 
_______________________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________________ 
O que você acha que poderia ser feito para melhorar a comercialização de 
sementes no município? 
_______________________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________________ 
Quais são as exigências dos seus compradores de semente? 
_______________________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________________ 
Qual é o tipo de semente é mais procurada no mercado? 
_______________________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________________

Continue navegando