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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
DISCIPLINA: FILOSOFIA
PROFESSORA: RAULIETTE DIANA LIMA E SILVA
DATA: ---/----/------
Mafalda, personagem dos quadrinhos do cartunista argentino Quino (1 932-), é uma menina bem informada e contestadora, que faz constantemente perguntas difíceis sobre ética, política e cultura para seus pais.
Por que é tão necessário estudar filosofia? A verdade é que o mundo em que vivemos é resultado direto da filosofia dos grandes filósofos, mas do que isso, a maioria dos nossos atos está baseada (mesmo que sem querer) nas teorias que já foram filosofadas.
 Qualquer um pode filosofar, não sendo necessários talentos intelectuais extraordinários, tampouco possuir muitos conhecimentos, nem mesmo ter uma formação escolar, embora isso facilite. Basta ter disposição para ver de outro jeito o que se passa à sua volta.
 Embora qualquer um possa pensar filosoficamente, a grande maioria das pessoas desconhece ou evita a filosofia. Existem por aí muito mais misósofos (do grego miséo = odiar, detestar), ou seja, aqueles que têm aversão à sabedoria, do que filósofos. Por quê? Não há uma razão única. 
 Uma outra razão para a desconfiança em relação à filosofia é que pensar envolve perigos. Sabemos que a indagação filosófica pode gerar instabilidade. Às vezes tudo parece estar bem e estamos satisfeitos com nossa vida, então somos defrontados com questões complexas, aparentemente sem solução, e entramos em crise. A crise é um momento doloroso, na medida em que é um estado de incerteza, quando a vida parece não ter mais sentido. Teme-se a crise porque ela é contraproducente: nossas atividades diárias parecem perder toda a importância. Entretanto, a crise pode ser também uma oportunidade de mudança e de transformação. 
 
UM OLHAR DIFERENTE
 Por que a filosofia é uma forma diferente de ver o mundo?
 O olhar filosófico é diferente porque envolve a capacidade de sentir admiração. Aristóteles diz na Metafísica: “O homem que é tomado da perplexidade e admiração julga-se ignorante” (Metafísica, 982 b 13-18). Não se trata de ter admiração por algo ou alguém, mas de admirar-se com o próprio mundo. Esse sentimento de espanto acontece geralmente diante de algo extraordinário, como quando algo de inusitado acontece: um ato desequilibrado de uma pessoa sabidamente serena; ou ainda a ocorrência de um fenômeno natural incomum, tal como um furacão ou a erupção de um vulcão. Todavia, a admiração presente no ver filosófico é voltada principalmente para as coisas que tomamos por habituais e com as quais estamos familiarizados. Existem na vida cotidiana diversas situações assustadoras e maravilhosas que provocam a sensação de que as coisas talvez pudessem ser de outra maneira. Então surge a pergunta “Por quê?”. Por exemplo: por que o homem tem que morrer? Ou por que temos tanto prazer vendo um filme ou ouvindo uma música? Ou, ainda, por que é ao mesmo tempo tão importante e às vezes tão difícil conviver com outras pessoas? Tais questões surgem quando nos sentimos desconfortáveis na realidade, mesmo que ela pareça óbvia e evidente para os outros.
O olhar de admiração do filósofo é parecido com o olhar infantil: não se trata de uma visão de raios X, capaz de penetrar os mais sólidos obstáculos, mas de um olhar espontâneo e irreverente, o modo infantil de olhar está apto a enxergar o que todos podem ver, mas não conseguem por causa do hábito, do medo ou da preguiça. Infelizmente o olhar de admiração está em processo de extinção - deixamos de nos surpreender com a morte e a violência, algo que antes era inimaginável e absurdo. A miséria das grandes cidades, por exemplo, tende a se tornar banal através da sua superexposição pela tevê e pelos jornais.
 Contra a banalização do real, a filosofia surge como uma oportunidade de ressensibilização do nosso olhar, anestesiado por belas ilusões. Finalmente, para se praticar o olhar filosófico é preciso muita paciência. Vivemos em uma época em que nossas atividades estão muito aceleradas. O volume de informações a que estamos submetidos é gigantesco e somos exigidos a gerenciar todos os dados em um piscar de olhos, promovendo conexões e decisões rápidas. A linguagem do videoclipe é adequada a esse tipo de olhar: cortes bruscos, enredo fragmentado, fusões e sobreposições de imagens. O olhar videoclipe tem suas vantagens; ele evita que nos sufoquemos no oceano de sinais sonoros e luminosos, fortalecendo nossa habilidade de selecionar e administrar as informações. Por outro lado, estamos perdendo nossa capacidade de contemplar demorada e desinteressadamente o mundo. Somente quando praticamos um olhar não violento sobre as coisas, sem forçar classificações ou inter-relações, as deixando serem o que são, é que o real pode se mostrar em toda sua complexidade e beleza. O olhar filosófico é lento, não tem pressa de chegar a lugar algum, pois sabe que é essencial ater-se aos detalhes.
FILOSOFIA: O PROBLEMA DO CONCEITO
 Na história do pensamento, que a humanidade vem construindo ao longo do tempo, muitos foram os, pensadores e pesquisadores que deram definições para a Filosofia. Por vezes, essas foram complexas, por vezes simples; por vezes rebuscados e quase incom​preensíveis. Há, pois, um emaranhado de compreensões. Diante deles muitas pessoas se sentem entediadas e, em vez de enfrentar o problema, preferem descartá-lo, dizendo que a Filosofia é um "jogo inútil e estéril de palavras", ou que é "muito difícil e só serve e interessa a pessoas especiais e muito inteligentes".
 Uma curiosidade interessante nos livros de filosofia é a sua denominação usual: “Fundamentos de...”, “Elementos de...”, ”Noções de...”. Louvável essa preocupação dos autores de livros didáticos de Filosofia, até porque coerente com uma das características mais marcantes da busca do conhecimento filosófico; o fato de constituir uma busca permanente.
 Os problemas é que, na maioria das vezes, quando um livro desses é manuseado por um estudante de segundo grau, ou qualquer outro iniciante na Filosofia, o resultado é diverso do pretendido pelo autor com essa modéstia. Geralmente funciona como um choque aversivo, reforçando ainda mais a visão preconceituosa da Filosofia como um conhecimento fechado, só acessível aos iniciados, “sábios”, donos de uma erudição notável, portanto, um conteúdo árido e sem qualquer ligação com a realidade do homem comum.
 Em sua clássica conferência "Elogio da Filosofia", Merleau-Ponty fez esta afirmação muito interessante: "Se filosofar é descobrir o sentido primeiro do ser, não se filosofa afastando-se da situação humana; é necessário, ao contrário, engolfar-se nela”.
 Isso pode servir de balizamento ao se iniciar uma caminhada no campo da filosofia. Filosofar não significa engolfar-se pura e simplesmente na história da filosofia, nas obras que aqueles denominados Mestres da Filosofia produziram. Mais adiante, em sua conferência, Merleau-Ponty afirma: "A filosofia posta em livros deixou de interpelar os homens".
 Fugindo tanto do emaranhado histórico dos conceitos elaborados, quanto do descrédito, maligno ou jocoso, que as pessoas lançam em relação à Filosofia, vamos tentar entende-la de uma forma simples e existencial. De tal forma que possamos compreender o que ela é e verificar o seu significado para a vida humana.
 Vamos começar por dizer que a Filosofia é um corpo de conhecimento, constituído a partir de um esforço que o ser humano vem fazendo de compreender o seu mundo e dar-lhe um sentido, um significado compre​ensivo. Ela é tida como uma forma de conhecimento ao lado de outras formas de conhecimento, que também são outros tantos esforços do homem para compreender essa mesma realidade.
 Corpo de conhecimentos, em Filosofia, significa um conjunto coe​rente e organizado de entendimentos sobre a realidade. Conhecimentos estes que expressam o entendimento que se tem do mundo, a partirde desejos, anseios e aspirações.
 Expliquemos melhor. Quando lemos um texto de Filosofia, nos apropriamos do entendimento que o seu autor teve do mundo que o cerca, especialmente dos valores que dão sentido a esse mundo. Valores esses que, por vezes, são aspirações que deverão ser buscadas e realizadas, se possível. O filósofo sistematiza, assim, as aspirações dos seres humanos, aspirações essas que dão sentido ao dia-a-dia, à luta, ao trabalho, à ação. Ninguém vive o dia-a-dia sem um sentido; para o seu trabalho, para a sua relação com as pessoas, para o amor, para a amizade, para a ciência, para a educação, para a política etc.
 Então, a Filosofia é esse campo de entendimento que, quando nos apropriamos dele, nos sentimos refletindo sobre a cotidianidade dos seres humanos. Desde a cotidianidade mais simples, como é o encontrar-nos com as pessoas, até a cotidianidade mais complexa, que pode ser a reflexão sobre o sentido e o destino da humanidade.
A respeito disso, Arcângelo Buzzi, em seu livro Introdução ao pensar, nos diz que “consciente ou inconscientemente, explícita ou implicitamente, quem vive possui uma filosofia de vida, uma concepção do mundo”. Esta concepção pode não ser manifesta. Certamente ela se aninha nas estruturas inconscientes da mente. De lá ela comanda, dirige-lhe os passos, norteia a vida. A vida concreta de todo homem é, assim, Filosofia. O campônio, o operário, o técnico, o artista, o jovem, o velho, vivem todos de uma concepção de mundo. Agem e se comportam de acordo com uma signifi​cação inconsciente que emprestam à vida. Nesse sentido, pois, pode-se dizer que todo homem é filósofo no sentido usual da expressão. A palavra filósofo (no sentido crítico do termo) ficou reservada àqueles que consciente e deliberadamente se põem a filosofar. Escolhem um método, sistematizam os conhecimentos obtidos, arquitetam um sistema interpretativo da reali​dade. 
Todos têm uma forma de compreender o mundo, especialistas e não especialistas escolarizados e não escolarizados analfabetos e alfabetizados. Esta é uma necessidade "natural" do ser humano, pois que ninguém pode agir no "escuro", sem saber para onde vai e por que vai. Só se pode agir a partir de um esclarecimento do mundo e da realidade.
 Esse fato é tão verdadeiro que encontramos modos de compreensão da realidade tanto no profissional de Filosofia (o filósofo profissional), quanto em qualquer pessoa que viva a sua vida e reflita sobre ela, seu sentido, significado, valores etc... A prova disso está aí: de um lado, pelos sistemas filosóficos que encontramos na história do pensamento filosófico escrito da humanidade e, de outro lado, pela forma popular de compreender a vida que, normalmente, não tem registro escrito, a não ser nos poetas populares, nos trovadores etc.
 A Filosofia se manifesta ao ser humano como uma forma de enten​dimento que tanto propicia a compreensão da sua existência, em termos de significado, como lhe oferece um direcionamento para a sua ação, um rumo para seguir ou, ao menos, para lutar por ele. Ela estabelece um quadro organizado e coerente de "visão de mundo" sustentando, consequentemente, uma proposição organizada e coerente para o agir. Nós não "agimos por agir". Agimos, sim, por uma certa finalidade, que pode ser mais ampla ou mais restrita. As finalidades restritas são aquelas que se referem à obtenção de benefícios imediatos, tais como: comprar um carro, assumir um cargo. 
 As finalidades mais amplas são aquelas que se referem ao sentido da existência: buscar o bem da sociedade, lutar pela emancipação dos opri​midos, lutar pela emancipação de um povo etc. Isso tudo, por quê? Cer​tamente, devido ao fato de que a vida só tem sentido se vivida em função de valores dignos e dignificantes. Desse modo, a Filosofia é um corpo de entendimentos que compreende e direciona a existência humana em suas mais variadas dimensões.
 É exatamente isso que Georges Politzer expressa quando mostra a Filosofia "como uma concepção geral do mundo da qual decorre uma forma de agir". No caso, a Filosofia é a expressão de uma forma coerente de interpretar o mundo que possibilita um modo de agir também coerente, consequente, efetivo.
 No dizer de Leôncio Basbaum, "a filosofia não é, de modo algum, uma simples abstração independente da vida. Ela é, ao contrário, a própria manifestação da vida humana e a sua mais alta expressão. Por vezes, através de uma simples atividade prática, outras vezes no fundo de uma metafísica profunda e existencial, mas sempre dentro da atividade humana, física ou espiritual, há filosofia. A filosofia traduz o sentir, o pensar e o agir do homem. Evidentemente, ele não se alimenta da filosofia, mas, sem dúvida nenhuma, com a ajuda da filosofia”.
 Se fizermos um retrospecto histórico perceberemos quantas vezes ela esteve presente na vida do homem. Podemos afirmar seguramente que sempre esteve presente: antes das mudanças radicais; durante as revoluções, após as transformações sociais, políticas, econômicas; compreendida pela população, concreti​zada em forma de ação. Possuída por uma minoria que a utili​zava até para dominar a maioria, enfim, não há possibilidade de se rever a história do homem sem se perceber a presença da filosofia. Mas perceber sua presença e saber a sua impor​tância também não garante o conhecimento do que ela é. O que é a filosofia? É a arma dos combatentes? É a garantia do domínio? É a prática da transformação? O dia-a-dia do povo? É a busca da verdade? É o discurso contundente e cheio de argumentação? De certo, também não será pelas tantas e tantas formas que ela poderá assumir que definiremos o que ela é. Embora revestida pelos homens dos mais variados senti​dos e utilizada para as mais variadas finalidades, não será na multiplicidade de papéis que ela ocupou e ocupa que conseguiremos compreende-la.
 Deste modo, a filosofia se manifesta como o corpo de entendimento que cria o ideário que norteia a vida humana em todos os seus momentos e em todos os seus processos.
 A Filosofia, em síntese, não é tão-somente uma interpretação do já vivido, daquilo que está objetivando, mas também a interpretação de aspi​rações e desejos do que está por vir, do que está para chegar. Filósofos não são profetas, no sentido do senso comum. O seu pensamento torna-se, assim, expressão da história que está acontecendo e enquanto está acontecendo, e compreensão do que vai acontecer. Deste modo, o pensamento filosófico manifesta-se tanto como condicionado pelo momento histórico quanto como condicionante do momento histórico subsequente. Manifesta-se, dessa maneira, como impulsionador da ação, tendo em vista a concretização de determinadas aspirações dos homens, de um povo, de um grupo ou de uma classe. 	
 Neste sentido, a filosofia é uma força, é o sustentáculo de um modo de agir. É uma arma na luta pela vida e pela emancipação humana. "A filosofia, como já dissemos, não é apenas um instrumento para a compreensão do mundo e interpretação dos seus fenômenos. É tam​bém um instrumento de ação e arma política e, como tal, tem sido utilizada, em todos os tempos, consciente ou inconscientemente".
 Esse fato é tão verdadeiro que a filosofia tem gerado, ao longo da história humana, atitudes contraditórias e paradoxais. Governos que, de um lado, “alijam a filosofia como subvertora da ordem, de outro, contratam especialistas para criarem um pensamento, uma forma de conceber o mundo que garanta sua forma de administrar politicamente o povo e a nação”.
 Os maus políticos, efetivamente, agem assim. Preferem à massificação do povo, por isso impedem o desenvolvimento do pensamento filosófico. Mas "filosofam" para sustentar sua ação deletéria contra a Filosofia. Não há como negar a filosofia sem fazer filosofia, porque para se negar o valor da filosofia dentro do mundo é preciso ter uma concepção do mundo que sustente esta negação.
 Não podemos encerrar estas consideraçõesiniciais sobre a filosofia sem mencionar o fato de que, por vezes, o pensamento filosófico estabelecido serve aos interesses do poder dominante. O pensamento filosófico constituído não é "limpo". Neutro, mas sim embebido de história e de seus problemas. De seus interesses e aspirações.
 Neste sentido, vale lembrar os esforços dos governos totalitários na perspectiva de criar "uma filosofia capaz de justificar o sentido de sua política e propagá-la como filosofia total do universo". 
 Percebemos através destas colocações o quanto se torna penoso, quase impossível, definir filosofia. Entretanto, ela exis​te. Sua presença e importância podem ser notadas em todos os momentos da história até mesmo quando sua ausência, por motivos outros, se fez presente.
 O que podemos concluir neste primeiro momento de discussão é que, conseguindo ou não defini-la, estamos sempre esbarrando no fato incontestável de sua presença. O próprio exercício de buscar definições objetivas e claras para este "saber tão especial" ou para esta "busca da verdade", ou para esta "tentativa de explicação da realidade", enfim para a filosofia, já nos atesta um fato indiscutível: ela existe. Do contrário. Não teríamos em cima do que buscar coisa alguma. Quem poderá discordar deste argumento. Ela existe, existindo. A filosofia se faz filosofando.
 Dizer que a filosofia é a primeira de todas as ciências, classifica-a, mas não a define. E dizer que ela é maravilhosa e que, como diz Bochenski, "o filosofar... é uma das coisas mais belas e mais sublimes que pode haver na vida do ho​mem" pode até convencer de sua existência, mas tampouco a define.
 Uma primeira aproximação nos mostra pelo menos quatro definições gerais do que seria a Filosofia:
1. Visão de mundo de um povo, de uma civilização ou de uma cultura. Nessa definição, a Filosofia corresponderia, de modo vago e geral, ao conjunto de idéias, valores e práticas pelos quais uma sociedade apreende e compreende o mundo e a si mesma.
 Qual o problema dessa definição? Por um lado, ela se parece com a noção de “minha filosofia” ou “a filosofia da empresa”; por outro, ela é tão genérica e tão ampla que não permite, por exemplo, diferenciar entre filosofia e religião, filosofia e arte, filosofia e ciência. Na verdade, essa definição identifica Filosofia e Cultura, pois esta é uma visão de mundo coletiva que se exprime em idéias, valores e práticas de uma sociedade determinada.
 A definição, portanto, não consegue acercar-se da especificidade do trabalho filosófico e por isso não podemos aceitá-la como definição da Filosofia, mas apenas como uma expressão que contém ou indica alguns aspectos que poderão entrar na sua definição.
2. Sabedoria de vida. Nessa definição, a Filosofia é identificada com a atividade de algumas pessoas que pensam sobre a vida moral, dedicando-se à contemplação do mundo e dos outros seres humanos para aprender e ensinar a controlar seus desejos, sentimentos e impulsos e a dirigir a própria vida de modo ético e sábio. A Filosofia seria uma escola de vida ou uma arte do bem-viver; seria uma contemplação do mundo e dos homens para nos conduzir a uma vida justa, sábia e feliz, ensinando-nos o domínio sobre nós mesmos, sobre nossos impulsos, desejos e paixões. 
 Fala-se de filosofia hindu, chinesa, etc,..., Mas essa é uma designação equívoca. Trata-se de formas de pensamento em geral bastante diferente daquilo que é a filosofia ocidental, baseada numa racionalidade diferente, se é que o termo racionalidade se lhes pode aplicar. Mais do que de filosofias deveríamos chamá-las sabedorias, até para acentuar o seu caráter na generalidade vivencial, apoiadas não na razão, mas noutras faculdades menos teóricas, pressupondo toda uma outra visão do mundo e do homem.
 Essa definição, porém, nos diz, de modo vago, o que se espera da Filosofia (a sabedoria interior), mas não o que é e o que faz a Filosofia e, por isso, também não podemos aceitá-la, mas apenas reconhecer que nela está presente um dos aspectos do trabalho filosófico.
3. Esforço racional para conceber o Universo como uma totalidade ordenada e dotada de sentido. Nessa definição, atribui-se à Filosofia a tarefa de conhecer a realidade inteira, provando que o Universo é uma totalidade, isto é, algo estruturado ou ordenado por relações de causa e efeito, e que essa totalidade é racional, ou seja, possui sentido e finalidade compreensíveis pelo pensamento humano.
 No entanto, essa definição também é problemática, porque dá à Filosofia a tarefa de oferecer uma explicação e uma compreensão total sobre o Universo, elaborando um sistema universal ou um sistema do mundo, mas sabemos, hoje, que essa tarefa é impossível.
 É verdade que, nos seus primórdios, a Filosofia se apresentava como uma explicação total sobre a realidade, isto é, sobre a natureza física e sobre os seres humanos, pois não só viera substituir a explicação religiosa como também constituía o conjunto de todas as ciências teóricas e práticas (ou seja, não havia distinção e separação entre filosofia e ciência). No entanto, há, nos dias de hoje, pelo menos duas limitações principais a essa pretensão totalizadora: em primeiro lugar, a filosofia e as ciências foram se separando no correr da história e o saber científico se dividiu em vários saberes particulares, cada qual com seu campo próprio de investigação e de explicação de um aspecto determinado da realidade. Em outras palavras, a Filosofia compartilha a explicação da realidade com as ciências e as artes, cada uma das quais definindo um aspecto e um campo da realidade para estudo (no caso das ciências) e para a expressão (no caso das artes), já não sendo admissível que haja uma única disciplina teórica que possa abranger sozinha a totalidade dos conhecimentos ou o conhecimento universal do Universo. Em segundo lugar, porque a própria Filosofia já não admite que seja possível um único sistema de pensamento que ofereça uma única explicação para o todo da realidade, pois esta permanece aberta e convida a múltiplas perspectivas de conhecimentos e interpretações. Por isso, essa definição também não pode ser aceita, embora contenha aspectos importantes da atividade filosófica.
4. Fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas. Fundamento é uma palavra que vem do latim e significa “uma base sólida” ou “o alicerce sobre o qual se pode construir com segurança”. Do ponto de vista do conhecimento, significa “a base ou o princípio racional que sustenta uma demonstração verdadeira”. Sob esta perspectiva, fundamentar significa “encontrar, definir e estabelecer racionalmente os princípios, as causas e condições que determinam a existência, a forma e os comportamentos de alguma coisa, bem como as leis ou regras de suas mudanças”.
 Teoria vem do grego, no qual significava “contemplar uma verdade com os olhos do espírito”, isto é, uma atividade puramente intelectual de conhecimento. Sob esta perspectiva, uma fundamentação teórica significa “determinar pelo pensamento, de maneira lógica, metódica, organizada e sistemática o conjunto de princípios, causas e condições de alguma coisa (de sua existência, de seu comportamento, de seu sentido e de suas mudanças)”.
 Crítica também é uma palavra grega, que significa “a capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente; o exame racional de todas as coisas sem preconceito e sem pré-julgamento e a atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma idéia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra artística ou científica”. Sob essa perspectiva, fundamentação crítica significa “examinar, avaliar e julgar racionalmente os princípios, as causas e condições de alguma coisa (de sua existência, de seu comportamento, de seu sentido e de suas mudanças)”.
 Como fundamentação teórica e crítica, a Filosofia ocupa-se com os princípios, as causas e condições do conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro;com a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, religiosos, artísticos e culturais; com a compreensão das causas e das formas da ilusão e do preconceito no plano individual e coletivo; com os princípios, as causas e condições das transformações históricas dos conceitos, das idéias, dos valores e das práticas humanas.
 A atividade filosófica é, portanto, uma análise (das condições e princípios do saber e da ação, isto é, dos conhecimentos), uma reflexão (volta do pensamento sobre si mesmo para conhecer-se como capacidade para o conhecimento, a linguagem, o sentimento e a ação) e uma crítica (avaliação racional para discernir entre a verdade e a ilusão, a liberdade e a servidão, investigando as causas e condições das ilusões e dos preconceitos individuais e coletivos, das ilusões e dos enganos das teorias e práticas científicas, políticas e artísticas, dos preconceitos religiosos e sociais, da presença e difusão de formas de irracionalidade contrárias ao exercício do pensamento, da linguagem e da liberdade).
 Essas três atividades (análise, reflexão e crítica) estão orientadas pela elaboração filosófica de idéias gerais sobre a realidade e os seres humanos. Portanto, para que essas três atividades se realizem, é preciso que a Filosofia se defina como busca do fundamento (princípios, causas e condições) e do sentido (significação e finalidade) da realidade em suas múltiplas formas, indagando o que essas formas de realidade são, como são e por que são, e procurando as causas que as fazem existir, permanecer, mudar e desaparecer.
 A palavra “Filosofia” aparece na Grécia no século VI a.C nos escritos de Pitágoras, que não querendo definir-se como “sábio”, prefere autodenominar-se “Filos-sophos” - A palavra Filosofia é composta por duas outras: PHILO e SOPHIA. Philo deriva - se de Philia que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem à palavra Sophos = sábio -, ou seja, aquele que busca a sabedoria, “amante da sabedoria”, “amigo do saber”, para ele uma denominação mais humilde e fiel à sua postura de tentar compreender a realidade de seu tempo. Filosofia significa, portanto amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria tem amizade pelo saber, deseja o saber.
 Pitágoras foi o primeiro a empregar o termo “filósofo” no lugar de “sábio”, pois parecia-lhes que havia alguma presunção na palavra sábio, enquanto que a palavra filosofia tinha mais um sentido de modéstia. Se o sábio é o homem que sabe ou pretende saber, filosofo é o amigo (filos, em grego) da sabedoria (Sofia); é o buscador da sabedoria. Para Pitágoras, filosofo é aquele que não sabe ainda, mas continua procurando, pesquisando, analisando, para chegar ao saber. Em outras palavras: para Pitágoras (e, depois dele, para Sócrates, Platão, Aristóteles e os demais), filosofia nunca pode ser um assunto encerrado, uma meta conquistada, uma solução definitiva. Pelo contrário, filosofia representa o eterno anseio do homem para compreender sempre mais e sempre melhor as causas ultimas das realidades e dos fenômenos da vida.
 Assim, a filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.
 Essa "procura do saber" na tradição grega clássica apresenta-se como procura "amorosa", "desinteressada", e eminentemente "teórica". Entretanto, Marx na sua compreensão da filosofia, introduz a prática. Para ele (1978:53) "os filósofos se limitaram a interpretar o mundo diferentemente, cabe transformá-la". A Filosofia com Marx adquire o caráter de práxis (reflexão-ação, teoria-prática).
 A filosofia sendo uma atitude racional, uma atividade crítica, e uma práxis, tem como principal tarefa levar o ser humano a pensar o seu próprio pensamento, a examinar suas opiniões e crenças. A elevar a consciência de um plano acrítico para o crítico, objetivando transformar a realidade social.
DE QUE TRATA E PARA QUE SERVE A FILOSOFIA?
 De que trata a Filosofia? Trata de nos perguntarmos o porquê de perguntarmos, o porquê de existirmos, o porquê de termos em nós tantos quereres, tantas incertezas, de sermos escravizados por tantas ilusões. A Filosofia trata, também, de nos apresentar a vida noutra perspectiva: uma perspectiva na qual o valor das coisas não está apenas em seu uso como instrumento para atingir algo; por extensão, nos mostra que o valor do conhecimento não pode ser medido apenas pelo que ele resolve das carências e problemáticas cotidianas, mas principalmente pelo que pode nos acrescentar em termos de humanidade: capacidade de compreender a nós mesmos como seres históricos, criativos, capazes de erguer, destruir e reconstruir coisas belas. A Filosofia trata de tudo o que é humano: das capacidades humanas de criação, de simbolização, de expressão, de paixão e trata das possibilidades de construção de relações sociais pautadas pela ética, pelo respeito e pela justiça de fato.
 A ausência do caráter pragmático, utilitário, da filosofia tem sido motivo de inúmeras críticas, severas e rigorosas, a essa forma de pensar e de conhecer, acusada então de se transformar num refinamento desvairado do procedimento intelectual. Há dificuldade de se perceber a necessidade, a finalidade e a utilidade do conhecimento filosófico, muitos justificam a existência da Filosofia. Mas não é, pois, necessário “justificar” o conhecimento, uma vez que isto coincidiria com a justificação do próprio homem.
          E para que serve tudo isso? Serve para não servirmos, para que não nos tornemos servos, para que não nos tornemos autômatos, repetidores acríticos de fórmulas obsoletas, de crendices ingênuas e/ou absurdas, de preconceitos infames. Serve para não sirvamos à ditadura dos modismos, da alienação, dos abusos e das politicagens. Serve para que não valorizemos o que de pior pode produzir o ser humano: a intolerância, a discriminação, a exclusão, as tantas violências com as quais convivemos todos os dias e diante das quais nos comportamos ora como se estivéssemos anestesiados, ora como se fôssemos incapazes de viver uma vida digna, realmente produtiva, verdadeiramente humana. 
          “A Filosofia tem a função de desvendar o senso comum”, de ultrapassar os limites das pequenas “espertezas” e do “jeitinho”, não se restringe a um conteúdo abstrato, excessivamente difícil e desligado das indagações referentes à estruturação da realidade. Ela deve propiciar aos indivíduos uma oportunidade de amadurecimento, necessário para que possam, verdadeiramente, assumir na sociedade um papel consciente, ativo, autônomo e responsável. 
 A filosofia que tem valor para nós é a filosofia feita hoje em cima das realidades atuais. Certos princípios de filosofia descobertos, por exem​plo, pelos antigos filósofos, tais como o monoteísmo universal, ou o valor e a dignidade do homem, ou outros, são evidentemente válidos ainda hoje, e sua aplicação nos poupa tempo de pesquisa e reflexão. Mas não devemos esquecer que os antigos tinham que resolver problemas reais historicamente diferentes. Cada filósofo é filósofo do seu tempo, da sua época e vai refletir sobre os problemas que a realidade do seu tempo apresenta.
 Filosofar não faz milagres, nem há de salvar a pátria, apenas pode nos revelar o que, por vezes, tentamos esconder: que temos sobrevivido tristemente e “educado” as novas gerações para uma sobrevivência culturalmente pobre, perdida nos excessos conteudistas, nas informações fragmentadas, nas pseudociências e nos truques ilusionistas dos charlatões de plantão. A Filosofia pode, apenas, nos colocar em cheque, porém, para isso, precisamos aprender a querer jogar.
 O que importa ter claro, por ora, é o fato de que a filosofia nos envolve, não temos como fugir dela. Ela é como o ar que respiramos, está permanentemente presente. Se nós não escolhermos qual é a “nossa filo​sofia”, qual é o sentido que vamos darà nossa existência, a sociedade na qual vivemos nos dará, nos imporá a sua filosofia. E como se diz que o pensamento do setor dominante da sociedade tende a ser o pensamento dominante da própria sociedade, provavelmente aqueles que não buscam criticamente o sentido para a sua existência assumirão esse pensamento dominante como o seu próprio pensamento, a sua própria filosofia. Quem não pensa é pensado por outros!
 Assim, ressoa para nós a palavra dos gregos que criaram o conceito de filosofia, como philo-sophia, amor à sabedoria; sabedoria que encerra dois momentos: o saber verdadeiro e o comportamento reto bom em suma. O Verdadeiro e o Bem. “A filosofia não vivida não é autentica, não cumpre a função da filosofia. Todo filosofo, portanto, deve fazer da própria filosofia sua própria atitude”. (Agnes Heller – A Filosofia Radical)
 Então o que é Filosofia? Filosofia é a faculdade de manter viva a curiosidade da infância e a rebeldia da adolescência. Filósofos são como crianças que não cessam de se admirar (Platão) e de se espantar (Aristóteles) diante de um mundo que parece renascer novo a cada aurora. Filósofos são como adolescentes que não aceitam os limites impostos pelo “já pensado”, pelo “já dito” e pelo “já feito”. Filosofia é a capacidade de manter sempre em vista uma utopia que – como um horizonte – jamais será alcançada; mas que nos faz caminhar, ao invés de parar e ficar pastando feitos cordeirinhos mansos à espera do abate.
A atitude crítica
 A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não aos “pré-conceitos”, aos “pré-juízos”, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido. Numa palavra, é colocar entre parênteses nossas crenças para poder interrogar quais são suas causas e qual é seu sentido.
 A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê e o como disso tudo e de nós próprios. “O que é?”, “Por que é?”, “Como é?”. Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
 A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica. Por que “crítica”?
 Em geral, julgamos que a palavra “crítica” significa ser do contra, dizer que tudo vai mal, que tudo está errado, que tudo é feio ou desagradável. Crítica é mau humor, coisa de gente chata ou pretensiosa que acha que sabe mais que os outros. Mas não é isso que essa palavra quer dizer.
 A palavra “crítica” vem do grego e possui três sentidos principais: 1) capacidade para julgar, discernir e decidir corretamente; 2) exame racional de todas as coisas sem preconceito e sem pré-julgamento; 3) atividade de examinar e avaliar detalhadamente uma idéia, um valor, um costume, um comportamento, uma obra artística ou científica. A atitude filosófica é uma atitude crítica porque preenche esses três significados da noção de crítica, a qual, como se observa, é inseparável da noção de racional, que vimos anteriormente.
 A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do dia-a-dia para que possam ser avaliados racional e criticamente, admitindo que não saibamos o que imaginávamos saber. Ou, como dizia Sócrates, começamos a buscar o conhecimento quando somos capazes de dizer: “Só sei que nada sei”.
 Para Platão, o discípulo de Sócrates, a Filosofia começa com a admiração ou, como escreve seu discípulo Aristóteles, a Filosofia começa com o espanto “... pois os homens começam e começaram sempre a filosofar movidos pelo espanto (...). Aquele que se coloca uma dificuldade e se espanta reconhece sua própria ignorância. (...) De sorte que, se filosofaram, foi para fugir da ignorância”.
 Admiração e espanto significam que reconhecemos nossa ignorância e exatamente por isso podemos superá-la. Nós nos espantamos quando, por meio de nosso pensamento, tomamos distância do nosso mundo costumeiro, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.
 A Filosofia inicia sua investigação num momento muito preciso: naquele instante em que abandonamos nossas certezas cotidianas e não dispomos de nada para substituí-las ou para preencher a lacuna deixada por elas. Em outras palavras, a Filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural (o mundo das coisas) e a realidade histórico-social (o mundo dos homens) tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis e enigmáticas, quando as opiniões estabelecidas disponíveis já não nos podem satisfazer. Ou seja, a Filosofia volta-se preferencialmente para os momentos de crise no pensamento, na linguagem e na ação, pois é nesses momentos críticos que se manifesta mais claramente a exigência de fundamentação das idéias, dos discursos e das práticas. Filosofar é, pois o espinhoso caminho entre a admiração e o infortúnio.
 Assim como cada um de nós, quando possui desejo de saber, vai em direção à atitude filosófica ao perceber contradições, incoerências, ambiguidades ou incompatibilidades entre nossas crenças cotidianas, assim também a Filosofia tem especial interesse pelos momentos de crise ou momentos críticos, quando sistemas religiosos, éticos, políticos, científicos e artísticos estabelecidos se envolvem em contradições internas ou contradizem-se uns aos outros e buscam transformações e mudanças cujo sentido ainda não está claro e precisa ser compreendido.
Filosofia: um pensamento sistemático
 As indagações fundamentais da atitude filosófica e da reflexão filosófica não se realizam ao acaso, segundo preferências e opiniões de cada um de nós. A Filosofia não é um “eu acho que” ou um “eu gosto de”. Não é pesquisa de opinião à maneira dos meios de comunicação de massa. Não é pesquisa de mercado para conhecer preferências dos consumidores com a finalidade de montar uma propaganda.
 As indagações filosóficas se realizam de modo sistemático. Que significa isso?
 A palavra sistema vem do grego, significa um todo cujas partes estão ligadas por relações de concordância interna. No caso do pensamento, significa um conjunto de idéias internamente articuladas e relacionadas, graças a princípios comuns ou a certas regras e normas de argumentação e demonstração que as ordenam e as relacionam num todo coerente.
 Dizer que as indagações filosóficas são sistemáticas significa dizer que a Filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos lógicos entre os enunciados, opera com conceitos ou idéias obtidos por procedimentos de demonstração e prova, exige a fundamentação racional do que é enunciado e pensado. Somente assim a reflexão filosófica pode fazer com que nossa experiência cotidiana, nossas crenças e opiniões alcancem uma visão crítica de si mesmas. Não se trata de dizer “eu acho que”, mas de poder afirmar “eu penso que”.
 O conhecimento filosófico é um trabalho intelectual. É sistemático porque não se contenta em obter respostas para as questões colocadas, mas exige que as próprias questões sejam válidas e, em segundo lugar, que as respostas sejam verdadeiras, estejam relacionadas entre si, esclareçam umas às outras, formem conjuntos coerentes de idéias e significações, sejam provadas e demonstradas racionalmente.
 Quando alguém diz “Esta é minha filosofia” ou “Esta é a filosofia de fulana ou de fulano” ou ainda “Esta é a filosofia da empresa”, engana-se e não se engana.
 Engana-se porque imagina que para “ter uma filosofia” basta alguémpossuir um conjunto de idéias mais ou menos coerentes sobre todas as coisas e pessoas, bem como ter um conjunto de princípios mais ou menos coerentes para julgar as coisas e as pessoas. Mas não se engana ao usar essas expressões porque percebe, ainda que muito confusamente, que há uma característica nas idéias e nos princípios que leva a dizer que são “uma filosofia”. Ou seja, pressente-se que a Filosofia opera sistematicamente, com coerência e lógica, que tem uma vocação para compreender como se relacionam, se conectam e se encadeiam num todo racionalmente compreensível às coisas e os fatos que aparecem de modo fragmentado e desconexo em nossa experiência cotidiana.
A reflexão filosófica
 A palavra “reflexão” é empregada na física para descrever o movimento de propagação de uma onda luminosa ou sonora quando, ao passar de um meio para outro, encontra um obstáculo e retorna ao meio de onde partiu. É esse retorno ao ponto de partida que é conservado quando a palavra é usada na Filosofia para significar movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. A reflexão filosófica é o movimento pelo qual o pensamento, examinando o que é pensado por ele, volta-se para si mesmo como fonte desse pensado. É o pensamento interrogando-se a si mesmo ou pensando-se a si mesmo. É a concentração mental em que o pensamento volta-se para si próprio para examinar, compreender e avaliar suas idéias, suas vontades, seus desejos e sentimentos.
 Do mito à razão a filosofia surge no momento em que o pensar é posto em causa, tornando-se objeto de reflexão. Não se trata, porém, de qualquer reflexão. Examinemos a palavra reflexão: reflectere, em latim, signi​fica "fazer retroceder", "voltar atrás". Portanto, re​fletir é retomar o próprio pensamento, pensar o já pensado, voltar para si mesmo e colocar em ques​tão o que já se conhece.
 É ainda Gramsci quem diz: “o filósofo pro​fissional ou técnico não só 'pensa' com maior rigor lógico, com maior coerência, com maior espírito de sistema do que os outros homens, mas conhece toda a história do pensamento, sabe explicar o desenvolvimento que o pensamento teve até ele e é capaz de retomar os problemas a partir do ponto em que se encontram, depois de terem sofrido as mais variadas tentativas de solução”.
 O professor Dermeval Saviani mostra a filosofia como uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que a realidade apresenta. Interpretaremos esses tópicos.
 Radical: a palavra latina radix, radicis sig​nifica "raiz", e no sentido figurado, "fundamen​to, base". Portanto, a filosofia é radical não no sentido corriqueiro de ser inflexível (nesse caso seria a antifilosofia!), mas na medida em que busca explicitar os conceitos fundamentais usa​dos em todos os campos do pensar e do agir. Por exemplo, a filosofia das ciências examina os pressupostos do saber científico, do mesmo modo que, diante da decisão de um vereador em aprovar determinado projeto, a filosofia po​lítica investiga as "raízes" (os princípios políti​cos) que orientam sua ação.
 Rigorosa: enquanto a "filosofia de vida" não leva as conclusões até as últimas consequências, nem sempre examinando os funda​mentos delas, o filósofo deve dispor de um método claramente explicitado a fim de proceder com rigor. É assim que os filósofos inovam nos seus caminhos de reflexão, tal como o fizeram Platão, Descartes, Espinosa, Kant, Hegel, Hus​serl, Wittgenstein. São inúmeros os métodos filo​sóficos em que se apoiam os filósofos para de​senvolver um pensamento rigoroso, fundamen​tado a partir de argumentação, coerente em suas diversas partes e, portanto sistemático. Além dis​so, o filósofo usa de linguagem rigorosa para evitar as ambiguidades das expressões cotidianas, o que lhe permite discutir com outros filósofos a par​tir de conceitos claramente definidos. Por isso o filósofo sempre "inventa conceitos", criando expressões novas ou alterando o sentido de pa​lavras usuais. Aliás, quantos souberam fazer isso os gregos, no nascimento da filosofia!
 De conjunto: a filosofia é globalizante, por​que examina os problemas sob a perspectiva de con​junto, relacionando os diversos aspectos entre si. Nesse sentido, a filosofia visa ao todo, à totalidade. Mais ainda, o objeto da filosofia é tudo, porque nada esca​pa a seu interesse. Daí sua função de interdisciplina​ridade, ao estabelecer o elo entre as diversas formas de saber e agir humanos. Sob esse enfoque, a filosofia se distingue da ciência e de outras formas de conhecimento.
 A exposição sumária e isolada de cada um dos itens acima descritos não nos deve iludir. Não se trata de categorias autossuficientes que se justapõem numa somatória suscetível de caracterizar, pelo efeito mágico de sua junção, a reflexão filosófica. A profundidade (radicalidade) é essencial à atitude filosófica do mesmo modo que a visão de conjunto. Ambas se relacionam dialeticamente por virtude da íntima conexão que mantém com o mesmo movimento metodológico, cujo rigor (criticidade) garante ao mesmo tempo a radicalidade, a universalidade e a unidade da reflexão filosófica. (Dermeval Saviani).
O Papel da Filosofia
 A Filosofia tem uma urgente e grandiosa missão a desempenhar. Como parte essencial dessa missão, está à tarefa de desenvolver no ser humano o senso crítico, que im​plica a superação das concepções ingênuas e superficiais sobre os ho​mens, a sociedade e a natureza, concepções estas forjadas pela "ideolo​gia" social dominante.
 Para isso, é necessário que o ensino da Filosofia estimule o desen​volvimento da reflexão do ser humano e forneça-lhe um conjunto de infor​mações sobre reflexões já desenvolvidas na história do pensamento filo​sófico.
 O resultado desse processo é a ampliação da consciência reflexiva do estudante, voltada para dois setores fundamentais:
A consciência de si mesmo: crítica de si próprio enquanto pessoa e seu papel individual e social (autocrítica);
A consciência do mundo: compreensão do mundo natural e social e de suas possibilidades de mudança.
 Quanto a este último aspecto, é necessário compreender claramente que a Filosofia não deve servir, apenas, para "pensar contemplativamen​te o mundo", mas para transformá-lo.
 A Filosofia é, sem dúvida alguma, a disciplina que possibilita as condições para o pensar crítico e reflexivo por excelência. Isso significa que a Filosofia será cada vez mais necessária, pois é ela, na medida em que se ocupa com o pensar em geral, quem nos prepara para pensar as outras disciplinas. Não se trata, porém, de querer defender a superioridade hierárquica da Filosofia, mas de mostrar apenas que ela é tão importante – e atende uma demanda específica – quanto a Matemática, a Física, a Biologia, a História, a Geografia, a Química etc. Salienta-se, portanto, a importância da Filosofia não somente como uma disciplina isolada, mas também como um projeto interdisciplinar, ou seja, como uma proposta de escola e de educação que deverá perpassar todas as disciplinas. Nesse sentido, é imprescindível a inclusão da Filosofia ao conjunto das disciplinas que, tradicionalmente, compõem a grade curricular.
 Há filosofia no sexo, no boteco da esquina, na prisão, na Igreja (em poucas, haja vista que as pessoas de algumas denominações parecem não pensar muito), nas lojas, nas escolas, etc. Não se limita à academia ou á um círculo de eruditos. É simples e todos podem ter acesso, se quiserem de fato. Nós somos filosofia no momento em que não aceitamos verdades mastigadas (as coisas como aparentam) e passamos a questioná-la, naturalmente para uma melhor e mais saudável utilidade, seja passar o tempo, resolver uma questão, melhorar de vida, ou conviver melhor com as pessoas, ou não.
 Pensar livremente é filosofar, afinal, quando a ignorância impera, abre caminho para a brutalidade, racismo, corrupção e todas as essas coisas que presenciamos em nosso dia-a-dia e mostra que muitosainda são fantoches de suas próprias fraquezas, ou daquelas que lhes foram imputadas pelo sistema.
 Todos somos filósofos, o problema é que as pessoas parecem não querer pensar. Assim como todos somos escritores, mas quase ninguém de fato escreve. 
 A filosofia faz com que não sejamos mais um no rebanho, levado de canto a canto por qualquer coisa que nos digam. Ela é a mãe de todas as ciências e traz um significado para nossa vida. É mais que um monte de informações acumuladas que valem um punhado de notas, não, ela é vida, posto que sonhar, pensar, imaginar é viver.
 O nosso pensamento pode mudar nossa realidade, haja vista que o mundo à nossa volta é repleto de significados e ser senhor destes ou saber que ninguém nos guia senão nós mesmos, é o que de fato, torna-nos livres para construir uma vida sem medo, neuroses e mitos baratos, mas com curiosidade e vontade de conhecê-la e senti-la cada vez mais.
 Não há como manipular tão facilmente alguém que quebrou as amarras da rotina, do costume e começou a pensar por si próprio. Estes encontraram o caminho do saber e passarão conscientes por suas experiências. Não haverá mais apenas reação ao meio, mas ação sobre a própria reação. 
 Muitos dizem que é perda de tempo, que não traz dinheiro para o bolso, que filosofia não traz nenhum benefício senão dor de cabeça e loucura para os estudiosos da mesma. Dizem que isso é chato e difícil. Até a preocupação com dinheiro, em certos casos entende-se, afinal, filosofar de barriga vazia, num mundo como o nosso é um pouco complicado. Mas limitar qualquer atividade a um propósito financeiro é reflexo de um sistema capitalista que pelo visto tem transformado pessoas em objetos sem alma, doentes, sem vontade. Não se pode mais se esforçar, senão em virtude dos lucros? Acredito que exista coisa melhor e menos estressante.
 Se esses que dizem que a Filosofia é pura chatice, loucura e todas essas bravatas (Ó pai, eles não sabem o que falam), lessem um pouco que seja de história, agradeceriam a certos "loucos e chatos" por terem enlouquecido em nome da medicina, da matemática, da física, sociologia e do pensamento moderno, etc. Pois os mesmos construíram este mundo e libertaram as pessoas da caverna da ignorância, do medo, da escuridão. Quebraram padrões da época e trouxeram algo de útil, de novo e que hoje gera a sobrevivência de milhões de pessoas.
 De fato, a FILOSOFIA não se preocupa com dinheiro ou bens materiais, posto que o dinheiro acaba e nosso "amor" pelos objetos também. Ela não se preocupa com futilidades que nada crescem o humano como SER. Ela é gratuita e qualquer um pode ter acesso, é simples, basta querer.
 Não há nada que compre a satisfação de alguém saber que mesmo tendo tudo tentando limitar seu poder de atuação, este pode ser livre para SER (mesmo na imaginação) e pensar o que quiser. 
 Isso é filosofia, ser livre para viver e pensar, mesmo sabendo das limitações de nosso sentir e SER.
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