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APELAÇÃO CRIMINAL

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Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ______ - PARANÁ.
___________, devidamente qualificado nos autos, por seus procuradores infra-assinados, com escritório profissional localizado na Rua ___________, nos autos da Ação Penal nº _____, promovida pela Justiça Pública, onde foi condenado como incurso na prática do crime tipificado no art. 155, §4°, incisos I e IV, do CP, e art. 1°, Lei n. 2.252/54, inconformado com a sentença de fls. ..., dos autos, vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 600, do Código de Processo Penal, apresentar 
RAZÕES DE APELAÇÃO
as quais constam na minuta anexa, para que após o cumprimento das formalidades legais, sejam as mesmas remetidas com os autos para o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.
Termos em que, 
pede deferimento.
__________, 10 de março de 2016.
_____________________
Advogado
OAB/PR nº 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
Apelante: _________
Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Origem: VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ________.
Autos nº: ________
Eméritos julgadores:
O apelante foi denunciado pela prática dos crimes tipificados no artigo 155, §4°, incisos I e IV, do Código Penal, e no artigo 1°, da lei nº 2.252/54, combinado com os arts. 29 e 69, ambos do CP.
A denúncia foi recebida, no dia 15 de fevereiro de 2003, acolhendo a imputação feita pelo Ministério Público e aplicando, erroneamente como se demonstrará adiante, o rito sumário, limitando o número de testemunhas para o máximo de 05.
Após a apresentação de resposta à acusação, o magistrado determinou a realização de audiência de instrução e julgamento. Não permitiu, contudo, a oitiva de uma testemunha arrolada na defesa prévia, tendo em vista que o Sr. Oficial de Justiça certificou não ter encontrada a mesma no endereço indicado pela parte. 
Encerrada a instrução probatória, e apresentadas as alegações finais, o apelante foi condenado na r. sentença pela prática do art. 155, §4°, incisos I e IV, do CP, em 3 anos de reclusão, cumulada com 15 dias-multa, no valor de 1/30 do salário mínimo cada dia; e no art. 1°, da lei nº 2.252/54, em 1 ano e 6 meses de reclusão, cumulada com 15 dias-multa, no valor de 1/30 do salário mínimo cada dia. Sustentou ainda o d. magistrado que as penas privativas de liberdade deveriam ser cumpridas em regime semiaberto, pelo fato de a soma das penas ultrapassarem 4 anos e serem os delitos apenados com reclusão.
Todavia, deve ser reformada a r. sentença apelada, em conformidade com o exposto nos itens a seguir.
PRELIMINARMENTE:
da prescrição da pena máxima em abstrato:
Verifica-se, preliminarmente, que o crime pelo qual está sendo acusado o apelante tem como pena máxima cominada 8 anos (art. 155, §4º, incisos I e IV, CP – furto qualificado), e chega-se, portanto, com base no que estabelece o art. 109, III, do CP, ao lapso prescricional de 12 anos. 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
[...]
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
[...]
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Art. 109.  A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
(...)
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
O último marco interruptivo do prazo prescricional ocorreu em 15 de fevereiro de 2003, data do recebimento da denúncia. Desde então, passaram-se mais de 12 anos e não havia sido proferida a sentença condenatória. 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
Nesse sentido, seguem excertos do entendimento da jurisprudência pátria:
[...] LAPSO TEMPORAL. OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ESTATAL. 1. É pacífico nesta Corte que o crime previsto no art. 95, alínea d, da Lei n.º 8.212/91, [...] com pena máxima em abstrato de 5 (cinco) anos, o que acarreta prazo prescricional de 12 (doze) anos, conforme disposto no art. 109, inciso III, do Código Penal, que restou transcorrido no caso desde o último março interruptivo da prescrição. [...] (STJ - EDcl nos EDcl no REsp: 686564 SC 2004/0104290-6, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 23/02/2010, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 22/03/2010).
PENAL E PROCESSUAL PENAL. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELA PENA IN ABSTRATO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. - A prescrição, para os crimes cuja pena seja de no máximo 8 (oito) anos, é de 12 (doze) anos, nos termos do art. 109, III, do CP, [...] - Tendo em vista que transcorrido mais de 12 anos entre o recebimento da denúncia e o julgamento no Tribunal, operou-se a prescrição da pretensão punitiva in abstrato, o que acarreta na decretação da extinção da punibilidade. - Julgado prejudicado o exame da apelação. Súmula TFR nº 241. (TRF-2 - ACR: 2228 1999.02.01.056624-0, Relator: Desembargador Federal ALEXANDRE LIBONATI DE ABREU, Data de Julgamento: 06/04/2005, PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU - Data: 19/04/2005 - Página: 181).
Diante disso, considerando o interregno prazo prescricional de 12 anos, requer preliminarmente a extinção da punibilidade com base na prescrição da pretensão punitiva do Estado.
DA prescrição retroativa:
Caso não acolhida a preliminar acima aduzida, passa-se a análise da prescrição retroativa. A qual, para o seu cálculo, utiliza a pena aplicada em concreto, com o trânsito em julgado para a acusação, levando-se em conta os prazos anteriores ao da sentença.
Ressalta-se que com o advento da Lei nº 12.234/2010, houve a vedação, na nova redação do artigo 110, § 1º, do Código Penal, da prescrição que tenha por termo inicial data anterior à da denúncia ou da queixa. 
Ou seja, proibiu-se, tão somente, a prescrição retroativa pré-processual. Aquela que poderia ser alegada pela demora na fase investigativa policial, contada da data do fato até o recebimento da peça acusatória, veja-se sua nova redação:
Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.
§ 1º. A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula‑se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
Acerca do assunto, segue o entendimento jurisprudencial:
APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO CULPOSO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELA PENA IN CONCRETO NA MODALIDADE RETROATIVA. OCORRÊNCIA ENTRE A DATA DO FATO E DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. FIXAÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ART. 387, IV, CPP. DECOTE. INEXISTÊNCIA DE REQUERIMENTO E CONTRADITÓRIO. RECURSO PROVIDO. 1. Declara-se extinta a punibilidade quando decorrido está o lapso prescricional entre a data do fato e do recebimento da denúncia. [...]. 4. Recurso conhecido e provido. [...] (TJ-CE - APL: 00000231120138060207 CE 0000023-11.2013.8.06.0207, Relator: MARIA EDNA MARTINS, 1ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 19/02/2016)
APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME PATRIMONIAL (ART. 155, § 4º, INC. I, C/C ART. 14, INC. II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL) [...] PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA NA MODALIDADE RETROATIVA VERIFICADA COM BASE NA PENA COMINADA EM CONCRETO - SUPERAÇÃO DO LAPSO PRESCRIBENTE VERIFICADO ENTRE A DATA DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA E A PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA - INEXISTÊNCIA DE QUALQUER CAUSA INTERRUPTIVA OU SUSPENSIVA DA PRESCRIÇÃO - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (ARTS. 107, IV, 109, III E 110, § 1º E 115, TODOS DO CP)- DECLARAÇÃO DE OFÍCIO - EXAME DO MÉRITO RECURSAL PREJUDICADO. Tendo em vista ser a prescrição matéria de ordem pública, esta pode ser declarada, de ofício, se constatada pelo órgão julgador. Transcorrido tempo superior ao previsto no Código Penal, entre o recebimento da denúncia até publicação da sentença, em não havendo qualquer interrupção ou suspensão do prazo prescricional, impõe-se o reconhecimento da ocorrência da prescrição da pretensão punitiva do Estado, na modalidade retroativa. (TJ-PR - ACR: 6713499 PR 0671349-9, Relator: Antônio Martelozzo, Data de Julgamento: 12/05/2011, 4ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 640).
No presente caso, o suposto crime fora praticado no ano de 2000, com recebimento da denúncia em 2003, e sentença penal condenatória, com pena de 4 anos e 6 meses, já transitada em julgado para a acusação, em 2016.
Portanto, com fundamento no artigo 109, III, do CP, requer o reconhecimento da prescrição retroativa pelo decurso do prazo de mais de 12 (doze) anos contados do trânsito em julgado da sentença condenatória e do recebimento da denúncia.
da inadequação do rito:
A garantia constitucional do 'devido processo legal' compreende também o tipo legal de procedimento, especialmente para garantir o direito de defesa. 
As formalidades neste campo estão intimamente ligadas às garantias constitucionais do processo penal. Por isso mesmo, a infração às normas que regulam a reconstrução histórica do fato imputado, incluindo-se aí o procedimento legal, deve ser sancionada, em princípio, com a nulidade.
O tipo de procedimento é, aliás, tratado na doutrina como um pressuposto de validade da relação processual. Pois a relação processual não se forma, validamente, sem um tipo legal de procedimento.
No processo penal brasileiro, os procedimentos padrões levam em consideração a pena cominada abstratamente. Assim, o procedimento ordinário é o adequado para os crimes punidos com pena acima de 4 (quatro) anos; e o procedimento sumário é típico para os crimes punidos com pena máxima inferior a 4 (quatro) anos. Nesse sentido dispõe o artigo 394, §1º, I do CPP:
Art. 394 CPP. O procedimento será comum ou especial.
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
Portanto, requer o apelante seja declarada a nulidade do ato processual, preservando, porém, a prova testemunhal, tendo em vista que o erro de procedimento contamina apenas os atos que não possam ser aproveitados (art. 250 do CPC, aplicável por analogia).
DA NECESSIDADE DA INTIMAÇÃO DA TESTEMUNHA ARROLADA:
Observa-se ainda, que após a apresentação da resposta a acusação o d. magistrado não permitiu a oitiva de uma testemunha arrolada previamente pela defesa.
De acordo com a previsão do artigo 564, III, h, do Código de Processo Penal, in verbis, ocorre nulidade se houver falta de intimação das testemunhas arroladas:
Art. 564 CPP.  A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei;
Ainda nesse sentido:
APELAÇÃO CRIMINAL. NULIDADE ABSOLUTA POR FALTA DE INTIMAÇÃO DE TESTEMUNHA ARROLADA PELA DEFESA. AUSÊNCIA DE INDEFERIMENTO, SUBSTITUIÇÃO OU DISPENSA. CERCEAMENTO DE DEFESA. APELO CONCEDIDO. I - Tratando-se de falta de intimação de testemunha previamente requerida pela parte, sem qualquer motivação, dá-se provimento ao recurso para anular o processo a partir de tal ato. Vício que ofende o princípio constitucional do devido processo legal e da ampla defesa. II - Recurso conhecido e provido parcialmente à unanimidade. (TJ-MA - APR: 259932001 MA, Relator: NELMA SARNEY COSTA, Data de Julgamento: 01/04/2002, BURITI).
No caso em comento, ocorre que tal testemunha objetivava comprovar fatos importantes e imprescindíveis para o deslinde do processo. Como por exemplo, que os acusados não quebraram a janela do carro, tendo em vista que já estava danificada há semanas, devido a um sinistro que envolvera o citado veículo.
Tem-se, desta forma, comprovada a nulidade pela falta de intimação da referida testemunha.
MÉRITO:
da AUSÊNCIA DAS QUALIFICADORAS E DA DESQUALIFICAÇÃO PARA FURTO SIMPLES:
Caso restem ultrapassadas as preliminares supra arguidas, o que não se espera, pelo princípio da eventualidade, passa a análise de mérito.
DO DESTRUIMENTO DE OBSTÁCULO:
Prevê o art. 155, §4º, inciso I, do CP que:
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
[...]
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
Ainda, sobre a importância da realização de prova pericial, dispõem os artigos 158, 167 e 171 do CPP, in verbis:
Art. 158 CPP.  Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 167 CPP.  Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 171 CPP.  Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
Dessa forma, para a caracterização da qualificadora em questão, segundo a doutrina, deve haver dano concreto do obstáculo, o qual deveria ser comprovado através de um laudo pericial.
Ressalta-se ainda, que não foi juntado aos autos, o Auto de Levantamento de Local de Delito, documento que comprovaria a devida destruição do obstáculo. 
Veja-se o entendimento jurisprudencial:
APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO - TENTATIVA - ARTIGO 155, § 4º, INC. IV, C/C ARTIGO 14, INC. II, DO CP – [...] PERGUNTAS FORMULADAS POR ESCRITO - PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA RESPEITADO - QUALIFICADORA PELO ROMPIMENTO OU DESTRUIÇÃO DE OBSTÁCULO NÃO COMPROVADA - DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO SIMPLES E RESPECTIVO REDIMENSIONAMENTO DA PENA - SENTENÇA REFORMADA NESTE PONTO [...] (TJ-PR - ACR: 4800982 PR 0480098-2, Relator: Edvino Bochnia, Data de Julgamento: 03/09/2009, 3ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 230)
APELAÇÃO CRIME. FURTO QUALIFICADO. ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. IMPRESCINDIBILIDADE DE PERÍCIA. AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA. [...]. (TJ-PR - APL: 13692772 PR 1369277-2 (Acórdão), Relator: Luiz Taro Oyama, Data de Julgamento: 12/11/2015, 4ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 1708 11/12/2015).
Não havendo, portanto, provas do emprego de destruimento de obstáculo, o que macula a correta materialidade da qualificadora, requer a desqualificação para o crime de furto simples (art. 155, caput, do Código Penal).
DO CONCURSO DE PESSOAS:
Manifesta-se também o apelante pelo afastamento da qualificadora do concurso de pessoas diante da falta de vínculo subjetivo entre o recorrente e o outro acusado. Já que o próprio adolescente A.B.C declara desconhecer a pessoa do apelante.
Nelson Hungria elucida a questão, quando enfatiza ser “[...] indispensável que haja uma consciente combinação de vontades na ação criminosa, para caracterizar a causa especial de aumento de pena”�.
Nessa perspectiva, veja-se:
APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO [...] A AUSÊNCIA DE DOLO DE UM DOS RÉUS DESCARACTERIZA O LIAME SUBJETIVO, INDISPENSÁVEL PARA A CONFIGURAÇÃO DO CONCURSO DE PESSOAS E PARA CONDENAÇÃO PELO CRIME DE FURTO QUALIFICADO. ASSIM, O DELITO DE FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE PESSOAS (ART. 155, § 2º, IV, CP) DEVE SER DESQUALIFICADO PARA O DELITO DE FURTO SIMPLES(ART. 155, CAPUT, CP). - RECURSO PROVIDO, SEM EXTENSÃO DOS SEUS EFEITOS AO CORRÉU NÃO APELANTE. (TJ-MG - APR: 10427120005470001 MG, Relator: Alberto Deodato Neto, Data de Julgamento: 15/04/2014, Câmaras Criminais / 1ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 25/04/2014).
Por conseguinte, pugna pela descaracterização da qualificadora de concurso de pessoas, e consequentemente a desqualificação para o crime de furto simples (art. 155, caput, do Código Penal).
Corrupção de Menores:
O apelante foi condenado pela prática do crime previsto no art. 1° da Lei n. 2.252/54, que assim dispõe:
Art. 1º Constitui crime, punido com a pena de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros), corromper ou facilitar a corrupção de pessoa menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando, infração penal ou induzindo-a a praticá-la.
Ressalta-se que a referida Lei foi revogada pela Lei n. 12.015/2009, que alterou a redação do art. 244-B da Lei 8.069/90, in verbis:
Art. 5º  A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescida do seguinte artigo: 
“Art. 244-B.  Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos”. 
Porém, impende observar que o apelante não participou da conduta delitiva, ou seja, não presenciou o cometimento de qualquer conduta, seja ativa ou passivamente. 
Pois, denota-se dos autos que, não há indícios e muito menos provas que caracterizem o crime em questão. Ao contrário, o próprio menor em seu depoimento afirma desconhecer a pessoa do apelante. Restando comprovado, portanto, que não houve qualquer tipo de facilitação ou corrupção do menor.
Nesse sentido, veja-se um excerto do entendimento jurisprudencial pátrio:
APELAÇÃO CRIMINAL - CORRUPÇÃO DE MENORES - CRIME NÃO CARACTERIZADO - AUSÊNCIA DE PROVA DA CORRUPÇÃO OU DA FACILITAÇÃO DA CORRUPÇÃO DO MENOR - ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE – [...]. Para que se caracterize o delito de corrupção de menores, não basta a simples prática do crime em companhia de menor inimputável, sendo imprescindível que haja prova da atuação concreta do acusado no sentido de quebrar a resistência do jovem ou adolescente, para corrompê-lo ou facilitar-lhe a corrupção, sem o que a infração penal não se configura. [...] (TJ-MG - APR: 10433110047241001 MG, Relator: Paulo Cézar Dias, Data de Julgamento: 22/01/2013, Câmaras Criminais Isoladas / 3ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 29/01/2013).
Por conseguinte, diante da ausência de provas do crime de corrupção de menores, a absolvição é medida que se impõe.
DA suspensão condicional do processo:
Sendo as teses anteriores acatadas, o apelante faz jus, conforme prevê o art. 383, §1º do CPP, o art. 89 da Lei 9.099/91, e também a Súmula 337 do STJ, in verbis, à suspensão condicional do processo.
Art. 155 CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 383 CPP.  O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei.
Súmula 333 STJ . É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
Nesse sentido:
APELAÇÃO - FURTO SIMPLES [...] - OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 383, DO CPP E DO ENUNCIADO DE SÚMULA 337, DO STJ - NECESSIDADE - REMESSA DOS AUTOS À INSTÂNCIA DE ORIGEM - RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE. – [...] - Condenado o acusado em segunda instância por crime menos grave do que imputado na denúncia, nos termos do art. 383, do CPP, observa-se a possibilidade de suspensão condicional do processo, se preenchidos os requisitos legais (súmula 337, do STJ), o que enseja o retorno dos autos à Comarca de origem a fim de se oportunizar ao Ministério Público a possibilidade de oferecimento da proposta inerente, não havendo que se falar, neste momento, em fixação de pena. - Recurso provido parcialmente. (TJ-MG - APR: 10074130003903001 MG, Relator: Agostinho Gomes de Azevedo, Data de Julgamento: 22/05/2014, Câmaras Criminais / 7ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 30/05/2014).
[...] ART. 383, § 1º. PROCEDÊNCIA PARCIAL DA DENÚNCIA. LEI 9.099/95. ART. 89. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. SÚMULA 337 - STJ. Denúncia que atribuiu a prática de mais de um crime, mas a sentença de parcial procedência condenou por apenas um, com pena mínima de um ano. Excesso de acusação. Incidência da Súmula 337 do Superior Tribunal de Justiça, e do art. 383, § 1º, do Código de Processo Penal. Em caso de desclassificação, ou em caso de concurso de crimes, sendo o remanescente com pena mínimo igual ou inferior a um ano, antes da condenação deve ser examinada a possibilidade da suspensão condicional do processo. Sentença desconstituída, em parte. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. POR MAIORIA. (TJ-RS - ACR: 70060296076 RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Data de Julgamento: 16/10/2014, Quarta Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 27/10/2014).
Portanto, requer, havendo a desclassificação do crime, na qual a nova definição permite a suspensão, que haja a remessa dos autos para o juízo de primeiro grau, afim de que, com a devida intimação do representante do Ministério Público, ofereça a suspensão condicional do processo ao apelante.
DOS PEDIDOS:
PELO EXPOSTO, requer o apelante seja reformada a decisão para:
a.) preliminarmente, seja reconhecida a extinção da punibilidade com base na prescrição da pretensão punitiva do Estado, nos termos do art. 107, IV, ou do art. 109. Inciso III, ambos do CP;
b.) reconhecer a prescrição retroativa pelo decurso do prazo, nos termos do artigo 109, III do CP;
c.) declarar a nulidade do ato processual, preservando, porém, a prova testemunhal, tendo em vista a inadequação do rito; 
d.) declarar a nulidade, pela falta de intimação da testemunha previamente arrolada, com base no art. 564, III, h, do CPP;
e.) caso sejam as preliminares improvidas (o que não se acredita), no mérito seja reformada a sentença para reconhecer a não configuração do destruimento de obstáculo e do concurso de pessoas, e consequentemente desclassificar a conduta típica para furto simples;
f.) absolver o apelante, considerando os argumentos carreados e a absoluta falta de provas para a caracterização do crime de corrupção de menores;
g.) que com a desclassificação do tipo penal, remeta os autos ao juízo de primeiro grau, com o objetivo de se possibilitar o oferecimento da suspensão condicional do processo.
Termos em que,
pede deferimento.
______, 10 de março de 2016.
_____________________
Advogado
OAB/PR nº 
� Comentários ao código Penal, 1ª Ed., vol. VII, p. 44. o insigne Des. Hoeppner Dutra, por seu turno, acrescenta que não se compreende a majorativa sem a aquiescência dos co-participantes” O Furto e o Roubo, 1955, p. 244.

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