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A Psicologia Investigativa: uma adaptação A Psicologia Investigativa constitui-se de um conjunto de conhecimentos aplicados na atuação do investigador de condutas delitivas e não delitivas. A Psicologia Investigativa é uma área da Psicologia Jurídica e o profissional para tal função se utiliza de métodos e técnicas cientificamente validados. A atuação na Psicologia Investigativa se subdivide em: Criminal: estabelecimento de perfis psicológicos de agentes de delitos, vítimas e testemunhas. Civil: esclarecimento de perfis de sujeitos envolvidos em conflitos conjugais, situações de desaparecimento de pessoas, processos de interdição, etc. Administrativa: esclarecimento de situações que envolvem relações administrativas, comerciais, bancárias, societárias, fiscais, trabalhistas e políticas. A Psicologia Investigativa visa à compreensão psicológica de um criminoso (perpetrador), de sua atividade criminal, auxiliando no processo para apresentação à Justiça. A Psicologia Investigativa surgiu com os trabalhos de elaboração de “perfis criminais” realizados pela Unidade de Ciência Comportamental da Academia do FBI em Quântico – Virgínia-EUA. Mas, a Psicologia Investigativa teve sua origem científica a partir dos trabalhos de David Canter, considerado o pai da Psicologia Investigativa em 1992, que passou a utilizar uma base mais científica, introduzindo conhecimentos de Psicologia Social e Ambiental. Assim, os trabalhos da Psicologia Investigativa vão além da mera confecção de “perfis psicológicos ou criminais”. A principal dificuldade encontrada na criação da Psicologia Investigativa foi conciliar a cultura do meio acadêmico com a cultura policial, que muitas vezes trabalham com parâmetros opostos, mas que podem, perfeitamente harmonizar-se. Explicação: A polícia e o Sistema Judiciário como um todo trabalham com métodos interpretativos opressores e repressivos (ainda é assim na maioria das vezes) e a Psicologia com métodos interpretativos de assistência à saúde mental (no sentido de estar diante de uma pessoa em dificuldades). A Investigação Tradicional, características: Atua sempre ex post factum, após o delito já ocorrido. Repressiva. Limitada a critérios territoriais. Concentra as atividades em uma única autoridade. Realiza uma análise unidimensional do fato e do autor do fato. Compreende o fato como exclusivamente penal. Entende o crime enquanto fenômeno isolado e estático e Possui caráter inquisitorial. A Investigação Moderna através da Psicologia Investigativa, características: Tem propósitos essencialmente técnicos. Utiliza-se do profiling (processo de análise da investigação criminal que levanta os aspectos multifatoriais e observa numa perspectiva personalística cruzada do crime). Explicando: faz o cruzamento dos dados levantados de todas as pessoas envolvidas. Entende o delito na sua dimensão biopsicossocial. Apresenta uma indicação multidisciplinar. Observa sua dinâmica, com os elementos comuns e distintos em uma determinada ação. Observa a probabilidade de o fato se repetir ou não. Se há uma sequência padronizada de atos ou condutas. Engloba a pessoa do investigado, a vítima, as testemunhas, as circunstâncias do delito, os aspectos médicos, psicológicos, sociais, econômicos, familiares, etc. Engloba os fatores causais do crime de forma mais dinâmica, não o considerando como um fato isolado e estático. Assim trabalhando poder estabelecer um perfil criminal, embora não se atendo a apenas esta finalidade. Ajudar na avaliação do conjunto probatório, ao mesmo tempo em que reafirma os aspectos jurídicos, processuais e constitucionais que formam a teoria geral da prova. A Investigação Psicológica aponta para uma investigação criminal que revela uma dimensão social de combate à criminalidade e constitua um elemento fundamental de justiça, servindo a propósitos não apenas ex post factum, como também de prevenção do delito. Nesse contexto, a psicologia investigativa, deve obedecer aos princípios que norteiam a moderna processualística penal, dentre os quais destacamos o Princípio da Lealdade. Um procedimento leal por parte dos operadores do direito não permite utilizar métodos ou meios que ofendam bens jurídicos como a vida, a integridade física e psíquica, a vida privada, a honra e a imagem do investigado. Um procedimento leal também não autoriza recorrer à obtenção de provas de forma ilícita, nem usar meios ardilosos ou que de qualquer forma possam induzir a confissão, seja por coação, ameaça, provocação ou tortura, nem pretender que o suspeito produza prova contra si mesmo. Tais aspectos reforçam os pilares jurídicos do Estado Democrático de Direito, colocando a investigação criminal no estatuto de cientificidade e de rigor ético. Nesse contexto, Montet (apud Correia) considera o profiling uma disciplina científica auxiliar do direito do tipo psicocriminológico que se ligaria à Psicologia Investigativa numa dimensão mais ampla, e à Psicologia Jurídica na sua globalidade. A investigação criminal deve pautar a máxima de que o processo penal é o direito fundado na presunção da inocência, pois conforme Sêneca, o homem é sagrado para o homem (Homo Homini Res Sacra) e este princípio impõe um limite inegociável às técnicas de investigação criminal. Refs. bibliográficas: Trindade, J. Manual de Psicologia Jurídica para Operadores do Direito (pp.458-461) http://psicologiainvestigativa.wordpress.com/2011/05/19/o-conceito-de-psicologia-investigativa/
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