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Introdução Ao Direito - 2º Semestre


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INTRODUÇÃO AO DIREITO – 2º SEMESTRE
NORMA JURÍDICA
	Fórmula da norma jurídica: Hipótese + Disposição, ou, F (fato jurídico) deve ser C (caso concreto). Hipótese: define a situação de incidência da norma, Disposição: consequência dessa incidência. Para que uma norma possa incidir é necessário que ela preveja a situação de sua incidência e suas consequências.
	Há hipóteses que gerem diversos efeitos, e há efeitos que servem para diversas hipóteses. Necessário estudar caso a caso.
	Problemas enfrentados pelas normas: 
Concretização da hipótese: se há correspondência entre fato e a hipótese. Se há ou não discordância entre a hipótese e o fato é uma questão interpretativa e também de comprovação dos fatos.
Sentido de alcance dos efeitos: uma vez comprovado o fato, desencadeiam-se a disposição da norma e os efeitos se produzem. É necessário saber quais são esses efeitos e qual sentido e alcance desses efeitos. Mais uma vez é uma questão interpretativa.
Eficácia da norma: se esta norma realmente faz efeito em tal sociedade, concretizar os efeitos. Mesmo decidindo que alguém tem direito e outrem dever, pode acontecer de não realizar o cumprimento desse dever.
A transição do Dever Ser para o Ser pode haver situações que impossibilitem essa transição, por mais que o Direito possua diversos meios para que ocorra.
Validade e Eficácia
	
A validade de uma norma jurídica diz respeito à existência da norma pertencendo a certo sistema jurídico. Existem normas que informam quais as condições que devem ser preenchidas para criação de normas jurídicas válidas. O sistema jurídico que esta norma pertence é que regula os meios pelos quais possam ser criadas essas normas, alterando-o. Isso garante uma maior segurança para o sistema e assim estará apto a alterações caso for necessário. Para uma norma ser válida importa o seu conteúdo, não podendo contrariar normas superiores.
A eficácia pode ser: 
Eficácia Jurídica: são os efeitos jurídicos da norma. Se ela tiver validade e incidência, a norma é eficaz juridicamente. Percebe-se que essa eficácia não produz nenhuma modificação fática.
Eficácia Social: é a concretização dos efeitos que se desencadearam da eficácia jurídica. Pode ou não acontecer. Pode ser: Espontânea (quando não á necessidade de atuação do Estado) ou Compulsória (quando o Estado intervém).
Relações entre Validade (Dever Ser) e Eficácia (Ser):
	Desuso: revogação de uma norma por falta de aplicação, por falta de eficácia. No nosso sistema jurídico não é aceito. 2 teorias sobre o Desuso:
	
	Kelsen: Eficácia não é fundamento de validade, pois a eficácia não basta para ser válida. Mas a eficácia é mais uma condição para ser válida, pois se a norma nunca é aplicada, logo não é válida. Preencher os critérios de validade e ter no mínimo, um grau baixo de eficácia para existir.
	
	Hart: Depende do sistema jurídico. Se um sistema jurídico não admite o desuso, ela permanece válida. O sistema jurídico sim depende da eficácia, mas as normas podem ou não depender.
Validade e Justiça
	Positivismo x Jusnaturalismo. O primeiro é justo por si mesmo, o segundo é válido se for justo.
	Um sistema jurídico sempre busca a justiça. Por mais que fossem injusto (Nazismo) eles não proclamavam a injustiça, mas sim defendiam um ideal a ser alcançado, sendo este ideal justo.
	Hoje em dia com os sistemas jurídicos liberais, democráticos, a busca da justiça através das normas é muito mais controlada evitando injustiças flagrantes.
	Porem nada disso impede o aparecimento de injustiça, entendida aqui como opinião de cada um. Por exemplo, em questões polêmicas (pena de morte) o Direito faz opções, assim os contrários aquela posição acham que o Direito é injusto. O que é justo ou injusto é relativo, está sujeito à divergência.
	Não se pode questionar no tribunal uma norma alegando injustiça, certamente há de falhar.
Classificações das Normas Jurídicas:
Classificação Genérica (Hart): 
Primárias: impõe um dever ser a conduta humana.
Secundárias: se referem às normas primárias para resolver os problemas das primárias. São de:
Reconhecimento: critérios para estabelecer o que vale e o que não vale naquele sistema jurídico e logo naquela sociedade.
Alteração: critérios para que se façam mudanças no sistema jurídico.
Aplicação: mecanismos para garantir a aplicação de sansões, permitem que se tenham maior grau de eficácia.
Classificação Específica: 11 classificações. (existe uma variedade de critérios classificatórios e logo de terminologias)
Quanto ao SISTEMA a que pertencem (nunca existem isoladamente)
Nacional: Integram o sistema jurídico local. Dentro do território brasileiro se aplicam normas do sistema jurídico brasileiro.
Estrangeira: integram o sistema jurídico de outros Estados-Nação. Quando um sujeito está em território estrangeiro ele deve obedecer as leis daquele país, porem continuará submetido a algumas normas relativas a sua nacionalidade.
Direito Uniforme: adotadas em comum por mais de um Estado-Nação através de tratados internacionais. São as regras de sobredireito, que são resoluções de conflitos entre normas de diferentes países.
Quanto à FONTE de que provêm
Normas legisladas: resultam do processo legislativo e também do poder executivo (regulamentos, decretos). Esses citados não são leis no sentido formal, mas são considerados parte da legislação, pois atuam sobre as leis.
Normas jurisprudenciais: produzidas pela via jurisprudencial, aplicação de direito vigente a casos concretos, criando normas que passam a ser um padrão para casos análogos, que devem ser julgados igualmente. Só se fala em ‘norma jurisprudencial’ pelo peso que elas têm, pois como não são obrigatórias, salvo as súmulas vinculantes, não existem como normas válidas. 
Normas costumeiras: existe quando em caso de omissão da lei o juiz decidir com base no costume. É necessário a conjunção dos 2 elementos: objetivo (prática reiterada pela sociedade) e subjetivo (conscientização da obrigatoriedade daquela prática, costume). Só é valida naquele caso.
Quanto ao seu ÂMBITO ESPACIAL de validade
Normas de aplicação geral: são válidas em todo o território nacional de um Estado. Normas Federais
.
Normas de aplicação local: são aplicadas em parte do Estado. Normas Estaduais, Municipais.
Cada uma dessas normas possuem matérias de competência exclusiva, onde não há sobreposição de poderes. Mas também existem matérias de competência concorrente onde as normas Federais valem mais que as Estaduais, e as Estaduais valem mais que as Municipais.
Quanto ao ÂMBITO TEMPORAL de validade
Normas de vigência indeterminada/permanentes: o seu início de vigência é estabelecido, porem o não tem o seu fim determinado. Irretroatividade da lei (não se aplica a casos no passado, apenas no futuro). Só deixará de ser aplicada caso seja revogada por outra norma. 
A revogação pode ser: Expressa (outra norma a revoga) ou Tácita (critérios que a doutrina consagrou para resolver problemas temporais). Os critérios da revogação tácita são: 1º Hierarquia (superior prevalece), 2º Cronológico (posterior revoga a anterior, por ser a vontade mais recente do legislador), 3º Especialidade (a mais específica revoga a mais geral. É um caso específico, só acontece quando há normas de mesmo nível e mesmo tempo. Para os outros casos continua a mais geral.) E caso os 3 critérios não resolvam o problema ambas são revogadas por serem contraditórias.
 
Normas de vigência determinada/temporária: início e fim da vigência estabelecidos. Utiliza-se quando há necessidade de regulamentação jurídica momentânea. Ex: leis orçamentárias
Quanto ao ÂMBITO MATERIAL de validade (matéria a que se refere)
Direito público: de interesse público, coletivo. Estão nele os Direitos: Constitucional, Penal, Administrativo, Tributário, Processual, Internacional.
Direito privado: de interesse particular. Estão nele os Direitos: Civil e Empresarial
No Direito privado há a faculdade de pedir ou não a defesa do seu interesse,o cidadão só terá seu caso defendido caso solicite. No Direito publico não há essa opção. Não há uma distinção clara sobre esses 2 ‘Direitos’ pois o Estado tem total interesse no Direito privado, mas como essa distinção é muito clássica, ela é mantida. Existe a possibilidade de normas com características híbridas.
Quanto ao ÂMBITO PESSOAL de validade
Faz referencia aos sujeitos de direito que as normas se aplicam.
Normas Genéricas: qualquer pessoa que se encontre na situação prevista. Tem que ser genéricas para perdurarem, e também porque definem a situação de incidência e os efeitos de forma genérica.
Normas Individualizadas: 
Decisões Judiciais: origem pública, pois são produzidas no âmbito público. Princípio da ‘coisa julgada’, uma vez julgado o efeito não é mais genérico e não se tem mais a lei genérica como fonte e sim a norma individualizada.
Normas Negociais: origem particular por serem interesses privados. Tais normas estabelecem regras somente para aquele específico caso. ‘Autonomia da vontade privada’, auto regulação dos particulares desde que não haja impedimento do sistema jurídico. Exs: contrato de compra e venda (bilateral), ou testamento (unilateral).
Quanto a HIERARQUIA
Sempre haverá uma relação hierárquica entre normas superiores, inferiores ou de mesmo nível. Porem é uma distinção relativa, pois necessita de comparações. Teoria da escalonação do direito (Pirâmide de Kelsen): derivação da norma mais geral para a mais particular, cada vez mais específica, onde a norma mais específica é valida caso estiver de acordo com as superiores (constituição>legislação>regulamentos>normas ind.).
OBS: Medida Provisória: forma atípica de formação de lei e possui hierarquia de lei. A M.P entra em vigor na data de aplicação para posteriormente ser analisada pelo Legislativo, concretizando-se em lei ou rejeitada. Deveriam ser usadas em casos urgentes. É um problema de democracia, pois é um abuso do poder do executivo sobre o legislativo, se aproxima do poder ditatorial, descontrolado, pois ele próprio cria as leis. Extinção do tríplice poder.
Quanto ás SANÇÕES
Leges Perfectae: ‘Leis perfeitas’, caracterizadas pela Nulidade, anulação de um ato jurídico. Perfeitas porque as tornam invioláveis. Uma vez nulo o ato, seus efeitos não se produzem, porem só é eficiente no plano jurídico, pois no plano fático a situação não muda. Seriam Legis Perfectae também as normas com consequências Reconstitutivas, essas sim tem eficácia no plano fático, reconstitui uma situação ao normal como se o ato ilícito não tivesse acontecido.
Leges Plus Quam Perfectae: ‘Leis mais que perfeitas’, caracterizadas pela Indenização + Pena, onde indenização é a compensação dos danos causados e a pena é a punição. A indenização faz retornar a situação inicial, volta a ter o mesmo patrimônio no ponto de vista patrimonial, o sujeito fica ‘indene’ (sem dano). E além de repor a situação no patamar econômico, ainda puni o infrator, que serve para castiga-lo, visando desestimulá-lo a cometer novamente o ilícito. Também se enquadram: Nulidade ou Reconstituição + Pena, ou ainda Indenização + Reconstituição + Pena (Ex: aluguel).
	
Leges Minus Quam Perfectae: ‘Leis menos que perfeitas’, onde a sanção consiste somente na Pena, punição. Ou não há ou não se considera conveniente à indenização. São mais antigas, mais primitivas e menos desejadas, pois o que se obtém com a aplicação da sanção não tem relação com a norma violada. Os outros 2 tipos pretendem atingir a finalidade de se obter o mesmo ou equivalente a que a norma pretendia, buscam minimizar os danos que sofrem, esse tipo de norma não. A sanção punitiva é preventiva.
Leges Imperfectae: ‘Leis imperfeitas’, são aquelas Sem Sanção. Servem para orientar como agir ou não de acordo com o Direito. Esta é uma questão controversa. Para Kelsen só é dever jurídico aquela conduta que evita a sanção, situação que é forçado pela ameaça da sanção. Como o direito não tem relação com a Moral, é necessário que a obrigatoriedade do direito se fundamente nas sanções. Essas normas imperfeitas podem ter obrigatoriedade moral, mas não jurídica. Contra essa teoria Hart diferencia Ter Obrigação de Ser Obrigado. Ter obrigação é algo abstrato, compreendido pelo intelecto, essas normas produzem nas pessoas a noção do dever, mesmo sem sanção. A sanção é importante, mas não é necessária. Este é no mínimo um problema de eficácia, pois a eficácia espontânea diminui por não haver a eficácia compulsória (esta causa medo e aumenta a eficácia espontânea). Para um sistema jurídico ser válido é necessário um numero mínimo de sanções para ter um grau mínimo de eficácia.
Quanto a QUALIDADE ou a NATUREZA
Ou ainda quanto AO MODO DE ATUAR SOBRE A LIBERDADE DO SUJEITO (Oscar). 
1-) Positivas ou Permissivas: garantem a liberdade, podem ser chamadas positivas por afirmarem a liberdade dos sujeitos. Eles podem fazer ou deixar de fazer o que quiser, autorização parar agir de acordo com sua vontade. Direito Subjetivo.
2-) Negativas ou Proibitivas: restringem a liberdade do sujeito, ordenam uma conduta ou proíbem uma conduta.
Devido à bilateralidade do direito, pode ser dizer que todas as normas são tanto positivas como negativas, porem o que se pretende é dizer que uma norma tem natureza positiva a um sujeito e negativa a outro.
Quanto as RELAÇÕES DE COMPLEMENTAÇÃO
Diferente dos sentidos da classificação de Hart.
Primárias: razão de ser em si mesmo. Se a norma primária for revogada, as normas secundárias que existem em função da primária também são revogadas. O contrário não acontece.
Secundárias: existem em razão, em função das normas primárias com o fim de completa-las.
2.a – Vigência: dizem respeito à vigência de outra norma, podendo ser vigência determinada ou indeterminada. Estabelecem o inicio e/ou fim da vigência de outra norma.
2.b – Declarativas: ou Explicativas. Explicam termos fundamentais da norma primária, para dar a entender o seu conteúdo.
2.c – Permissivas: ou Excepcionantes. Criam regras que abrem exceções a regras mais gerias.
2.d – Interpretativas: normas que realizam a interpretação autentica do próprio legislador. Geralmente tais normas são criadas quando o legislador percebe que os tribunais estão julgando os casos de forma que ele não pretendia que acontecesse. Não se considera conveniente que existam, pois interfere no funcionamento dos 3 poderes (é a função do Judiciário de interpretar e julgar). Outro motivo é que se deseja que as normas sejam genéricas para se adaptarem mais facilmente a realidade, se o legislador interpreta a norma em abstrato, dificulta o ajuste à realidade. 
2.e- Sancionadoras: existem para dar eficácia a norma primária. Antecipadamente preveem o descumprimento e atrela a tal norma uma norma sancionadora para evitar que seja descumprida, desestimulando os ilícitos. Porem aqui há um debate, caso desapareça a norma sancionadora afetará a norma primária? Antes foi dito que as normas secundárias caso desapareçam não revogam as primárias, mas aqui se percebe que caso a norma sancionadora desaparecer, a norma primária sofrerá, no mínimo, uma diminuição em sua eficácia, mas baseado na teoria de Hart, as normas não dependem das sanções. Mesmo que aquela norma não possua sanção, o descumprimento dela pode acarretar em outras normas e consequentemente outras sanções. (Ex: proibido fumar e uma explosão).
Quanto a RELAÇÃO COM A VONTADE DOS PARTICULARES
1-) Taxativas ou Cogentes: são as maioria das normas públicas. Impõe-se aos particulares independentes da vontade dos sujeitos, estes não podem ser afastados da sua incidência. Heteronomia do direito. 
2-) Dispositivas ou Supletivas: maior aparecimento no direito privado. Permitem que os particulares afastem a incidência mediante manifestação de vontade. Caso não houver essa manifestação ela se aplica supletivamente. Faz-se uso quando se considera inconveniente que aquela situação fique sem regulamentação caso não haja manifestação de vontade. E quando é aplicada é de formataxativa.
FATOS JURÍDICOS
A Norma Jurídica e o Fato Jurídico
	São fatos jurídicos aqueles que possuem eficácia jurídica, munidos de efeitos jurídicos. A ocorrência do fato gera efeitos jurídicos caso tal fato esteja disposto na hipótese de alguma norma jurídica, e produz os efeitos previstos na disposição de tal norma.
	São tomados em consideração os fatos como jurídicos aqueles cuja incidência interfere nos valores e finalidades que o sistema jurídico pretende proteger, realizar, garantir.
	Subsunção: enquadramento do fato á norma, enquadramento jurídico, atividade dos profissionais do Direito.
Classificação dos Fatos Jurídicos
Fato jurídico (sentido amplo): Critério para diferenciar: vontade do sujeito
Fato jurídico (sentido estrito): independem da vontade humana, pois essa vontade nada pode fazer sobre aquele fato. A vontade do sujeito é impotente. Critério para diferenciar: previsibilidade.
Ordinários: são previsíveis, ocorrem regularmente. Ex: nascimento, morte, passagem do tempo.
Extraordinários: são anômalos, excepcionais, imprevisíveis. O tratamento diferenciado a esses fatos se dá devido a seu caráter imprevisível. Geralmente esses fatos jurídicos criam normas excepcionantes. Podem ser:
Caso fortuito: ou Força maior. Se for imprevisível é caso fortuito, se for insuperável é força maior, mas possuem o mesmo efeito e são necessários os 2 fatores para se configurar a exceção de um cumprimento de norma. O efeito principal é a exclusão da responsabilidade, porem o dever permanece.
Factum Principius: Fato do príncipe. Refere-se a um ato da autoridade que provoque um obstáculo insuperável para o cumprimento do dever. É o descumprimento de um dever jurídico dado a um ato imprevisível de uma autoridade e esse ato seja insuperável para o cumprimento do dever jurídico. Mesmo efeito do caso fortuito ou força maior. Ex: confisco governo Collor.
Ato jurídico (sentido amplo): dependem da vontade humana, podem ser decididos pela vontade do sujeito. Não é preciso que se pratique o ato, basta que houvesse a possibilidade de intervir, pudesse decidir se praticaria ou não.
Lícito: são atos voluntários que produzem efeitos jurídicos. Os fatos que não possuem efeitos jurídicos não são tomados em conta. 
Ato jurídico (estrito senso): possibilidade de produzir efeitos através de certos atos. O sistema jurídico põe a disponibilidade do sujeito, se quiser, praticar atos e produzir seus efeitos. São Efeitos Ex Leges: vindos da lei, a vontade do sujeito não interfere, uma vez decidido praticar o ato, nada pode fazer contra os efeitos.
Negócio jurídico: mesma descrição dos atos jurídicos de estrito senso, porem os efeitos são Efeitos Ex Voluntae: vindos da vontade, é possível escolher os efeitos dos seus atos, a vontade é determinante. 
Ilícito: são fatos contrários aos valores do Direito. Principal consequência são as sanções (atos desfavoráveis para quem pratica o ato ilícito). 
Doloso: com intenção, com dolo de praticar ou produzir resultados.
Culposo: não é intencional, não é voluntário. Ocorre por negligencia ou imprudência. O sujeito podia ter agido corretamente, mas não o fez e acabou praticando um ato jurídico ilícito.
O que para um sujeito é um ato, para outro é um fato. Depende o ponto de vista. Um caso híbrido de fato e ato é o Uso Capião que ocorre quando um sujeito age como proprietário durante um longo tempo e adquire a propriedade caso o proprietário real não se pronuncie. O fato é a passagem do tempo, e o ato (podendo ser lícito ou ilícito) é a ocupação do local. Este caso é considerado um Ato-fato. 
RELAÇÕES JURÍDICAS
	São relações entre pessoas (podendo ser física ou jurídica) regidas pelo Direito. Uma norma impõe dever a um sujeito e gera direito a outro, assim se forma uma relação jurídica. Para isso é preciso que exista uma norma geradora. 
5 elementos da Relação Jurídica
Norma Jur. + Fato Jur. < Suj. Ativo (faculdade ou poder) x (vinculo) Suj. Passivo (dever) > Objeto. 
	Poder do sujeito ativo faz referencia quando o Estado é o polo ativo, então é mais do que um direito e sim um poder. Faculdade é presente no Direito Privado.
	A norma geradora somada ao fato é atributiva de dever jurídico a um e faculdade a outro, pois é antecedente, o vínculo não atribui, pois o vínculo nem existe antes da norma geradora. O vínculo é o que gera a exigibilidade da relação, exigir o cumprimento do dever. O vínculo sempre se dá em função de um objeto, este é sempre um bem, algo que tem valor patrimonial ou não. Este objeto interessa a algum sujeito por isso o Direito o protege.
Classificação das Relações Jurídicas
Quanto a NATUREZA DO OBJETO
1- Patrimoniais: objeto com valor de natureza econômica, constitui patrimônio. Ex: rel. crédito, propriedade, etc.
2- Não patrimoniais: valor de outra natureza sem ser econômica. Ex: honra, dignidade, rel. família, etc.
Quanto ao INTERESSE PROTEGIDO ou quanto aos SUJEITOS
Relação de direito privado: Particular x Particular. Quando o Estado não aparece na relação é privado, ou se o interesse que aquela norma jurídica visa proteger for particular.
Relação de direito público: Part. x Est, Est x Part., Est x Est. Se o objeto for coletivo, ou se o Estado estiver presente na relação.
Quanto a EFICÁCIA DO DIREITO SUBJETIVO 
Direito Relativo: relativo na eficácia jurídica, a quem se pode opor esse direito. Pessoa(s) devidamente determinada(s). Só existe direito perante a esta pessoa e não a outros. Os 2 sujeitos são determinados. Natureza de exigibilidade.
Direito Absoluto: a eficácia é em relação a todos (inclusive ao Estado) e não a determinadas pessoas. Natureza de liberdade, onde o direito não pode ser perturbado, os bens podem ser usufruídos sem que os demais intervenham. O sujeito ativo fica com sua liberdade protegida perante todos os outros. Suj. Ativo X \ Suj. Passivo
 objeto \
FALTA: TEORIA DOS DIREITOS SUBJETIVOS (4 PROVA)
Classificação dos Direito Subjetivos (Moderna):
Quanto a NATUREZA
de Pretensão: quando o Direito impõe a alguém o dever de agir daquela forma, cobrar uma certa conduta, ou autoriza um a pretender do outro a conduta, onde o objeto da relação é essa conduta. Objeto=Prestação. São direito relativos em relação a outro sujeito. Ex: direito obrigacionais/de crédito.
de Liberdade: a ordem jurídica garante um espaço de liberdade a um sujeito dentro do qual os outros não podem praticar qualquer interferência. Satisfazem-se não pela conduta dos sujeitos passivos, a conduta desses é condição para que o direito exista. Ex: direito absolutos e negativos.
de Poder: a ordem jurídica autoriza alguém a produzir efeitos jurídicos em relação a outro(s) sujeito(s). Chamado Direito Potestativo, onde os efeitos se produzem independente da vontade do sujeito passivo, não depende da atitude ou da vontade da outra parte. Esse Direito Potestativo aparece dentro de uma relação jurídica. Ex: direito de preferencia, contratos e testamentos.
de Imunidade: aparece com menor frequência. Quando a ordem jurídica nega a outros em relação a alguém, um poder jurídico que eles teriam normalmente. O titular do direito fica imune aos poderes dos outros que antes tinham sobre ele. Exs: imunidade parlamentar (contexto histórico favorável para justificar, poder de criticar sem sofrer protestos), imunidade diplomática (poderia existir ordenamentos jurídicos excessivos que o diplomata estaria em risco), representantes sindicais, gestantes (não podem ser demitidos durante seu mandato/período).
Classificação tradicional dos Direito Subjetivos:
Quanto ao INTERESSE PROTEGIDO:
Direito Subjetivo Privado: A maioria dos direitos subjetivos visam proteger o direito de um particular. Nesse tipo o Estado não aparece na relação, e o sujeito tem direito em relação a outro e seu interesse é de conteúdo privado. 
Direito Subjetivo Público: Quando o Estado aparece na relação, e o objeto da relação jurídica não interessa apenas a um particular, e sim ao coletivo. Quandofigura no polo passivo da relação o Estado atua para proteger o interesse coletivo. Quando aparece no polo ativo o estado não tem apenas uma faculdade de exercer o seu direito, ele é obrigado a isso, ele tem o poder-dever de exigir. Apenas quando na relação jurídica aparece dois Estados soberanos existe o direito subjetivo propriamente dito.
Quanto à NATUREZA DO OBJETO:
Patrimonial: o objeto é um bem de natureza econômica.
Não Patrimonial: objeto de outra natureza, como a moral, por exemplo (dignidade, liberdade, vida, etc.).
Quanto à EFICÁCIA: contra quem esses direitos são oponíveis
Relativos: individualmente aplicado. Só pertence à aquela pessoa.
Absolutos: se opõem a todas as demais pessoas, que alguém tem contra todos. Cria-se um espaço de liberdade para que o sujeito possa usufruir desse direito.
Exemplos de Direitos Subjetivos enquadrados na classificação tradicional:
D.S Privado Patrimonial Relativo: direito obrigacionais (de crédito), negócios jurídicos, contratos.
D.S Privado Patrimonial Absoluto: direitos reais (vindo de “rés”, objeto). Os objetos são de natureza econômica e suscetíveis de apropriação. Existem 4 tipos: direito real de propriedade (protege o interesse do proprietário, onde ele possa usar, gozar, reivindicar, e alienar sem interferência), direito real sobre coisa alheia (dividido em 3 tipos: de fruição, como o usofruto, que é utilizar das vantagens que uma coisa oferece sem possuir essa coisa, de garantia, exemplo é a hipoteca, que se garante uma dívida com um bem imóvel, e se o devedor não pagar o credor pode reivindicar a hipoteca para saldar a dívida, e de aquisição, que acontece quando se estabelece um pré-contrato, onde a promessa de venda é registrada e caso não cumprida o compromitente pode pedir uma ação judicial para se tornar proprietário.), direito real hereditário (as pessoas que são herdeiras adquirem o patrimônio através da herança), direito real de direito autorais (incidem sobre o invento, e não sobre a obra, a propriedade é intelectual. Se apresenta um problema pois um objeto, uma coisa era concebido como bem corpóreo, e aqui são abstratos. Tipo peculiar de direito real).
D.S Privado Não-Patrimonial Relativo: direito de família, mas existem também direito de família patrimoniais.
D.S Privado Não Patrimonial Absoluto: direitos da personalidade, basta que seja pessoa para deter a titularidade desse direito. Exemplos: direito à vida, a honra, ao nome, a imagem, etc. Porem quando violados geram direito patrimoniais. 
D.S Público Patrimonial Relativo: quando uma determinada pessoa jurídica pública frente a um particular, que tem por objeto uma prestação de valor econômico. 
D.S Público Patrimonial Absoluto: direito à propriedade. Direito de propriedade é o direito sobre alguma coisa particular. Direito à propriedade aparece no compromisso do Estado em reconhecer, respeitar e garantir a propriedade privada. É pressuposto para existir o direito de propriedade. Este tipo de direito é patrimonial pois apesar de não ser sobre coisa, é um direito que vá ser sobre uma coisa, reconhece uma forma de distribuição de renda, portanto privado.
D.S Público Não Patrimonial Relativo: direitos sociais, como por exemplo a educação, ao trabalho, a moradia, ao lazer, etc. São funções que o Estado é obrigado a prover, são necessidades consideradas fundamentais. Eles podem ter um reflexo patrimonial mas são bens de natureza moral, de primeira necessidade, e relativos pois cada indivíduo é titular de um direito com natureza de pretensão em relação ao Estado. Caso esta proteção não seja cumprida não atingirá apenas um particular e sim de todos, portanto público.
D.S Público Não Patrimonial Absoluto: direitos individuais, direito a vida, a liberdade, igualdade. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Não se pode discriminar sem justificativa, o direito discrimina sim, porem favorecendo aos considerados menos capazes. Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. 
OBS:	Direitos individuais: 1ª geração de Direitos Humanos, Estado Liberal.
	Direitos sociais: 2ª geração de Direitos Humanos, Estado do bem-estar social.
	1ª geração: Surgem com as revoluções liberais (Americana e Francesa). São a expressão do individualismo liberal, fundou o Estado Liberal, a “Mão invisível”, o Estado fiscaliza o funcionamento da sociedade, mas com a liberdade como bem maior, interfere minimamente. Porem houve um desgaste e o funcionamento livre não funcionou gerando muitas divergências entre classes sociais. As teorias e movimentos socialistas aparecem para derrubar esta forma de Estado. 
	2ª geração: Neo-liberalismo. O Estado passa a assumir um papel muito mais ativo, o Estado prove tudo o que for necessário, chamado de “Leviatã maternal”, o Estado do bem estar social. A carga tributária é muito alta, mas quando atende as necessidades da sociedade funciona, mas muitos países que adotaram esse modelo não foram bem sucedidos, pois muitos impostos são mal aplicados e acabam por sufocar a economia.
DEVER JURÍDICO
	O dever jurídico é correlativo ao direito subjetivo, se uma pessoa tem direito subjetivo sobre algum bem, a outra pessoa da relação tem o dever de submeter-se ao direito subjetivo da primeira. Ocorrendo o fato previsto por uma hipótese normativa, desencadeiam-se as consequências previstas, que serão o direito subjetivo a alguém e dever jurídico a outrem. 
	Tem-se de fazer uma distinção entre deveres jurídicos e deveres morais. Os deveres jurídicos são heterônomos, ou seja, a motivação para cumprir com ele deriva do fator externo, das normas, da imposição coativa. Já os deveres morais são autônomos, pois dependem apenas da adesão de consciência de cada indivíduo, eles próprios se impõem. 
	Para Kant as normas jurídicas, por serem heterônomas não podem impor um dever, para serem autênticos deveres é preciso que estas regras sejam aceitas pelos indivíduos e se tornem regras autônomas. 
	Já Kelsen é contrário a essa tese e afirma que os deveres morais são autônomos e os deveres jurídicos, heterônomos. O dever jurídico é imposto sobre os indivíduos independentemente de qualquer concordância, ele pode obrigar a agir caso não haja espontaneamente. Decorre de uma norma jurídica e o importante são os atos externos, o indivíduo pode até não concordar, mas agindo como previsto pela norma já é suficiente. 	Outra tese interessante é a de Hartmann que diz que só se pode conceber o dever quando se contrapõe a vontade do sujeito, senão o conceito de dever fica sem sentido. Se a vontade do sujeito é aquela conduta exigida, não é um dever. As normas, segundo Hartmann, só podem atuar sobre outras motivações, sobre a vontade empírica, essa sim é regulada por normas. O dever é voltado a submeter às vontades do sujeito. 	Hart criou outra teoria ainda sobre dever jurídico que repousa na teoria das regras sociais. Esta teoria estabelece uma ponte entre o dever ser e o ser, que é o direito costumeiro. São regras que surgem espontaneamente e são aceitas e adotadas não por valores, mas por utilidade. Primeiro surgem os fatos, a prática generalizada e a obrigatoriedade da conduta, para depois virar norma e criar um dever. Nos sistemas jurídicos a aceitação das normas jurídicas depende dos funcionários encarregados da criação do direito, por parte da sociedade não é necessária, basta apenas uma aquiescência, porém há um risco com tal aquiescência (Ex: Nazismo). Portanto o dever jurídico para Hart é a obrigatoriedade de uma conduta dada por normas aceitas naquele sistema jurídico. 
Classificação dos Deveres Jurídicos:
Quanto ao INTERESSE PROTEGIDO:
1-) Privados: prevalece o interesse das pessoas envolvidas, de particular frente a outro particular.
2-) Públicos: o Estado tem para com os particulares, servem para satisfazer o interesse de todas as pessoas da sociedade naquela situação, não somente a uma particular (saúde, moradia, segurança, etc.). Também são deveres públicos aqueles que um particular tem frenteao Estado e também é de interesse da coletividade. Ainda pode ser de um Estado frente a outro Estado.
Quanto ao VALOR DO OBJETO:
1-) Patrimoniais: quando se tem dever em relação a um bem como valor econômico.
2-) Não Patrimoniais: em relação a um objeto sem valor econômico.
Quanto ao CONTEÚDO:
1-) Genéricos: dependem de um gênero e não de uma conduta específica, como por exemplo os direitos absolutos, eles não tem que se abster de uma certa conduta de não interferência, mas de qualquer tipo de interferência.
2-) Específicos: tem um conteúdo determinado, caracterizado a se cumprir.
Quanto a CONDUTA EXIGIDA:
1-) Positivos: cujo cumprimento implica numa conduta de fazer, de agir.
2-) Negativos: se exige uma omissão, uma conduta de não-fazer. Podem ser específicos (em relação aos direitos relativos) ou genéricos (em relação aos direitos absolutos). 
SUJEITOS DE DIREITO
	A noção de pessoa no mundo real é diferente da noção de pessoa no mundo jurídico. No plano do ser, pessoa é qualquer ser humano; no plano do dever ser as pessoas são divididas em pessoas físicas e pessoas jurídicas. As pessoas físicas são, modernamente, todos, sem exceção, as pessoas naturais, os seres humanos como concebidos no plano do ser. Porem nas épocas passadas em algumas sociedades nem todos os seres humanos eram pessoas físicas, portadoras de direito, como os escravos por exemplo. As pessoas jurídicas não são seres humanos, são conjuntos personificados, podendo ser conjunto de pessoas ou conjunto de bens. 
	
Pessoa Física
	O requisito para que um ser humano seja considerado pessoa é que esse indivíduo seja dotado de personalidade jurídica. Personalidade jurídica por sua vez é a aptidão para adquirir direitos e obrigações. Para o direito pessoa é o ente físico ou coletivo capaz de contrair direitos e obrigações. Pessoa e personalidade são conceitos indissociáveis.
	A personalidade começa com o nascimento com vida, logo o nascituro (feto já concebido) não é pessoa do ponto de vista jurídico, uma vez que não tem personalidade jurídica, isto é, aptidão para adquirir direitos e obrigações. Aqui entra a questão do aborto. Os defensores do aborto dizem que a ordem jurídica reserva os direitos daquele nascituro caso nasça com vida. Dizer que o nascituro já tem direito a vida desde a concepção é errado, pois se morrer antes ou depois de nascer tanto faz, é decisivo ele nascer com vida ou não. Como o nascituro pode ter direito sem ser pessoa ainda? Os adversários do aborto dizem que são direitos que ele provavelmente adquira caso não haja interferência humana que lhe tire a vida.
	A personalidade jurídica de alguém é medida pelo conceito de capacidade. Para ser pessoa, dotado de personalidade, basta existir como ser humano. Para ser capaz, no entanto, é necessário preencher alguns requisitos específicos. Há dois aspectos para ser preencher esses requisitos: o primeiro é a capacidade de direito, entendida como a aptidão para ser sujeito ativou ou passivo de uma determinada relação jurídica. Existem direitos que são inerentes ao ser humano (à vida, ao nome, etc.) que são adquiridos juntamente com a personalidade jurídica. Porem há outros direitos que dependem de uma capacidade de direito que ainda possam não existir (ao voto, ser eleito, etc.) O segundo requisito é a capacidade de exercício, ou seja, a aptidão para agir por si como sujeito ativo ou passivo de uma relação jurídica. Tanto a capacidade de direito como a capacidade de exercício sofrem restrições pelo ordenamento jurídico.
	A existência da capacidade de exercício depende de certos requisitos que são estabelecidos pelo ordenamento jurídico, geralmente referido ao discernimento, se a pessoa tem aptidão para distinguir o lícito do ilícito. As pessoas que o ordenamento jurídico considera que possam não ter tal capacidade, serão enquadradas nos casos de incapacidade. A restrição da capacidade de exercício (incapacidade) pode ser total ou parcial, sempre prevista em lei. No nosso sistema jurídico os menores de 16 anos são absolutamente incapazes, eles têm sua capacidade de exercício totalmente restringida. Já os maiores de 16 e menores de 18 são relativamente incapazes. 
	Nos casos de incapacidade absoluta, o direito criou o instituto da representação, no qual através de seu representante (outra pessoa capaz), o incapaz tem seus direitos e deveres protegidos por esse representante. Atos civis praticados por um incapaz sem seu representante terão como consequência a nulidade de tais atos, isto é, não existirão no mundo do direito. 
	Nos casos de incapacidade relativa, ou parcial, há o instituto da assistência, o qual permite que o próprio incapaz exerça os seus direitos e cumpra com suas obrigações, acompanhado por uma pessoa plenamente capaz, o assistente, o qual irá controlar e aprovar os atos do relativamente incapaz. Os atos praticados por ele na vida civil, sem a assistência, terão como consequência a anulabilidade, ou seja, os atos são anuláveis. Isto significa que tais atos poderão ser validados posteriormente, eliminando então a anulação.
Pessoa jurídica
	As pessoas jurídicas são entes coletivos personificados. Classificação:
Quanto à NACIONALIDADE:
1-) Nacionais 
2-) Estrangeiras
 Quanto a sua FUNÇÃO:
	1-) Privadas: os partidos políticos, organizações religiosas, associações, sociedades e fundações. As duas primeiras possuem regras próprias, já as ultimas três possuem características que as diferenciam claramente. 
	As associações são coletividade de pessoas com finalidades não lucrativas, com fins não econômicos, elas podem participar de relações patrimoniais, só não podem possuir fins lucrativos.
	As sociedades são também uma coletividade de pessoas, porem com finalidades lucrativas, possuem fins econômicos visando lucro. Existem dois tipos: as sociedades civis e as empresariais. As sociedades civis possuem ganho econômico por qualquer atividade que não seja empresarial. As sociedades empresariais, por sua vez, têm seus ganhos através de atividades empresariais. (OBS: O direito empresarial moderno é a atualização do antigo direito comercial, este foi reformulado, pois abrangia apenas os atos comerciais, as atividades de produção de bens e prestação de serviços ficavam de fora desse conceito e precisavam ser enquadradas).
	As fundações são compostas por coletividade de bens, e se reúnem sempre visando certa finalidade.
	2-) Públicas: são aquelas cuja função é de ordem pública. Podem ser internas ou externas. 
	As pessoas jurídicas internas são reguladas pelo direito de um Estado-Nação, como por exemplo, os municípios, os estados, etc. 
	As pessoas jurídicas externas são reguladas por força do direito internacional. Exemplo: nações estrangeiras, ONU, etc.
A SANÇÃO JURÍDICA
	As sanções têm como principal função desestimular o descumprimento das normas que são respaldadas por elas. Sempre que um dever jurídico for descumprido, teremos a prática do ato ilícito (contrário ao direito, condicionante à sanção), sendo assim a norma sancionadora se aplica e produz a sanção. Sendo ilícito, deve ser a sanção. Há outras consequências além da sanção.
	Existe um tipo peculiar de sanção, a sanção premial. Este tipo de sanção tem por objetivo estimular a prática de atos favoráveis ao direito, acarretando consequências favoráveis. O ato condicionador não é um ilícito. A não-prática dos atos condicionantes dessas sanções não possuem nenhum efeito, pois não são condutas obrigatórias. 
	
Consequências da Sanção
Ato ilícito – Sanção -} consequências da sanção: Direito de aplicação, Dever do Estado de aplicar, Dever de cumprir a sanção.
	O direito de aplicar a sanção nasce para aquele que foi prejudicado com o ilícito, exceto para quando o Estado aparecer no polo passivo, pois para o Estado não é apenas um direito, é um dever também, portanto um poder-dever. Nos casos privados, o interessado tem a possibilidade (direito) de pedir a aplicação da sanção se quiser. O Estado só pode aplicar a sanção se houverinteresse do particular.
	O dever do Estado de aplicar a sanção se baseia no seu uso exclusivo legítimo da coação física. Uma vez solicitado pelo particular, o Estado tem o dever de aplicar a sanção correspondente ao ato ilícito.
	O dever de cumprir a sanção nasce para quem descumpriu com uma norma, e teve como consequência uma sanção jurídica. Porem pode ser desnecessário o cumprimento do dever (no caso da rescisão de contrato), ou pode acontecer de não haver o cumprimento da sanção, onde o Estado tem de fiscalizar.
Diferenças entre: Sanção e Coação
	Sanção é um efeito jurídico, pertencente ao plano do dever ser. Sendo ilícito deve ser a sanção. Ela pode efetivar-se sem a necessidade do ato coativo estatal. As normas sancionadoras não implicam em si nenhum fenômeno de coação, ela faz nascer, como qualquer norma jurídica, uma obrigação.
	Coação é uma das formas de aplicação forçada da sanção, porem não a única forma. Caso o sujeito não cumpra com a obrigação imposta pela sanção, o Estado utiliza do ato coativo para força-lo a cumprir.
Classificação das Sanções Jurídicas
Sanções Reconstitutivas: permite obter no plano fático o que se teria caso o ilícito não tivesse sido praticado. Pretende-se obter a situação original, há coincidência entre o resultado da sanção reconstitutiva e a situação inicial pré-ilícito. (exemplo: execução forçada). Apesar de ser a mais desejável é evidente que nem sempre é possível aplica-la, como nos casos de homicídio, destruição de objetos únicos, ou então o direito não julga conveniente ou ainda insuficiente (então soma-se este tipo de sanção com outro tipo).
Sanções Compensatórias: busca-se a equivalência entre o dano sofrido e a sanção, para compensar quem sofreu o ilícito. Valorativamente equivalente, busca-se um valor equivalente à aquele bem. Podendo ser por dano patrimonial ou moral. Este tipo de sanção funciona bem quando o dano é patrimonial, porém quando o dano é moral se torna muito mais difícil mensurar o valor do dano, do sofrimento, por não haver nenhuma semelhança entre o dano (moral) e a compensação (econômica). 
Sanções Compulsórias: atuam sobre o infrator para obriga-lo a ter a conduta correta, compelir o sujeito para que ele cumpra com a obrigação mesmo que tardiamente. Impõe-se uma sanção ao infrator e ela só cessará quando ele cumprir o dever. Quando cumprido o dever, a sanção desaparece. A ideia desta sanção não é punir, e sim compelir para que cumpra com a obrigação. Este tipo de sanção não é muito utilizada por às vezes não produzir o efeito pretendido. Dependendo do caso não é interessante que se cumpra com a conduta posteriormente, e pode ser insuficiente que se cumpra posteriormente nos casos de natureza econômica, então se combina outra sanção junta a esta. Exemplo que funcionam: execução alimentícia, dívida diária por greve infundada. 
Sanções Punitivas: menos desejadas por produzirem resultados totalmente diferentes do ilícito. Objetivo de castigar exemplarmente quem pratica o ilícito. Este tipo de sanção possui 4 funções: A função retributiva busca retribuir o mal que o sujeito causou, permite proporcionalidade entre a gravidade do ilícito e sua punição. A função preventiva visa punir o infrator para que ele não venha praticar novamente o ilícito, não permite a proporcionalidade. Na função resocializadora a pena imposta deve ser capaz de, ao invés de marginaliza-lo, ser reintegrado na sociedade ao cumprir a pena. Essa ultima função depende de recursos materiais e por isso é pouco utilizada, considerada até utópica. Alguns autores defendem que existe ainda a função socializadora que visa dar satisfações a toda a sociedade, punir para ‘apaziguar’ os ânimos da sociedade. 
Sanções Preventivas: buscam dissimular a prática daquele ilícito, função puramente preventiva de violações futuras. Este tipo de sanção é excepcional, pois se volta para o futuro, busca evitar atos ilícitos no futuro. Exemplos: liberdade condicional, vencimento antecipado quando não pagar uma prestação, etc.
Sanções Nulificantes: ou de nulidade, anulação, rescisão, etc. Possuem somente a eficácia jurídica. Visam eliminar os efeitos jurídicos decorrentes do ilícito. 
O ORDENAMENTO JURÍDICO
	O ordenamento jurídico é entendido como conjunto de normas que possuem validade no âmbito territorial e pessoal de cada Estado-Nação, dotado de unidade, coerência e plenitude.
	Por unidade se entende que cada ordenamento jurídico corresponde a um Estado-Nação, todas as normas estão ligadas por um fundamento de validade, que, de acordo com a teoria da escalonação do direito de Kelsen, por derivação as normas superiores transmitem validade as normas inferiores, caso estas não contrariem as superiores. Todas as normas do sistema jurídico podem ser remetidas a normas constitucionais pelo processo de fundamentação, que é o ‘caminho inverso’ da derivação. Na constituição se encontram as ‘leis maiores’ que regem o ordenamento jurídico como um todo, dividida em duas partes, a orgânica: organização e estrutura do Estado, e a dogmática: princípios fundamentais que tem que ser respeitados pelas ‘leis menores’ (dogmática porque não podem ser recusados). Um problema a ser enfrentado é determinar qual é o fundamento de validade que o torna um conjunto interligado. Existem várias teorias para responder este problema, as mais famosas são: a norma fundamental hipotética de Kelsen e a regra de reconhecimento de Hart. 
	A coerência de um ordenamento jurídico refere-se que este não pode ser contraditório, senão impossibilita o cumprimento por parte dos cidadãos. Todo ordenamento jurídico deve prever formas de solução de antinomias (normas contraditórias), sendo que estas não são evidentes, cabe ao poder judiciário decidir se há ou não antinomias e resolvê-las. Existem 3 critérios para solução entre normas contraditórias: hierarquia (normas superiores fundamentais subordinam as inferiores, caso haja contradição a superior prevalece), cronologia (a norma posterior revoga a anterior por se considerar a vontade mais recente do legislador e da sociedade), e especialização (a mais específica prevalece sobre a mais geral, porem segue se aplicando a todos os outros casos, aquele caso é excepcional). Quando nenhum critério resolve a antinomia ambas as normas são revogadas quando não há consenso doutrinário. Assim abra-se uma lacuna a ser resolvida.
	Plenitude consiste no princípio que o sistema jurídico deve dar resposta de natureza jurídica a questões que podem ser suscitadas no seu âmbito pessoal e espacial de validade. O ordenamento jurídico não se propõe a regulamentar todas as situações sociais, por não se considerar necessário nem conveniente que algumas relação sejam normatizadas, logo nesses casos não existe uma lacuna. É preciso diferenciar quais questões o Direito se ocupa e os casos que não (Ex: namoro, amizade). Essa não pretensão de normatização do ordenamento jurídico depende do momento histórico (Ex: união estável entre homossexuais). Quando se afirma plenitude, não significa que ela sempre existe e sempre existirá, depende da interpretação e do momento histórico. Antes de determinar como suprir uma lacuna, é preciso saber se existe a lacuna, portanto é uma questão interpretativa. Existem 2 tipos de lacuna: lacuna técnica (quando o legislador regula uma matéria e deixa de regular um aspecto daquela relação, e essa omissão impossibilita o cumprimento da norma), e lacuna axiológica (depende de valorização, se for intolerável que exista no mundo jurídico é lacuna).

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