Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ROTEIRO DE ESTUDO SEMINÁRIO INFLAMAÇÕES 1. Inflamação: conceito e sinais cardinais (Douglas) O processo inflamatório é um mecanismo de reação dos tecidos para que haja uma eliminação, neutralização e destruição da causa da agressão. Esse processo se caracteriza pela saída de líquidos e células (exsudação) e induz o processo de reparo celular. A inflamação pode ser aguda ou crônica, porém, os mecanismos iniciais serão os mesmos para os dois tipos. Assim sendo, o que diferencia essa divisão é o tempo de exposição ao agente agressor, o tipo de agente e a resposta imune. Existem cinco sinais no processo inflamatório que são chamados sinais cardinais: calor, rubor, tumor, dor e perda da função. O calor e o rubor são decorrentes da vasodilatação que leva ao local afetado uma maior quantidade de sangue (hiperemia), e, portanto, há um aumento da temperatura pelo aumento de sangue e há vermelhidão pela concentração de sangue. O tumor se dá pelo aumento da permeabilidade vascular que permite o extravasamento de líquidos e, portanto, o edema que é sinônimo de tumor. A dor aparece tanto por compressão dos nervos pelo tumor quanto por mediadores químicos liberados como prostraglandinas E2 e cininas. A perda da função pode ser total ou parcial e ocorre em decorrência dos outros quatro sinais cardinais. Durante todo o processo inflamatório há liberação de mediadores químicos que serão abordados mais a frente. 2. Fazer a correlação entre os sinais cardinais e os momentos da inflamação. (Rebeca) Sinais Cardinais da Inflamação Classicamente, existem alguns fenômenos básicos comuns a qualquer tipo de inflamação e que independem do agente inflamatório. Essas fases caracterizam a inflamação do tipo aguda. Apesar de descritos de forma separada, essas fases acontecem como um processo único e concomitante o que caracteriza a inflamação como um processo dinâmico. As fases são: Fase Irritativa: Modificações morfológicas e funcionais dos tecidos agredidos que promovem a liberação de mediadores químicos, estes desencadeantes das demais fases inflamatórias Fase Vascular: Alterações hemodinâmicas da circulação e de permeabilidade vascular no local da agressão Fase Exsudativa: Característica do processo inflamatório, esse fenômeno compõe -se de exsudato celular e plasmático oriundo do aumento da permeabilidade vascular Fase Degenerativa-necrótica: Composta por células com alterações degenerativas reversíveis ou não ( nesse caso originando um material necrótico), derivadas da ação direta do agente agressor ou das modificações funcionais e anatômicas conseqüentes das 3 fases anteriores. Fase Produtiva-reparativa: Relacionada à característica de hipermetria da inflamação, ou seja, exprime os aumentos de quantidade dos elementos teciduais- principalmente de células- resultado das fases anteriores. Essa hipermetria da reação inflamatória visa destruir o agente agressor e reparar o tecido lesado. A manifestação clínica dessas fases se dá por intermédio de 5 sinais, intitulados SINAIS CARDINAIS, que caracterizam a agudização do processo inflamatório. São eles: CALOR, RUBOR, TUMOR, DOR, PERDA DA FUNÇÃO. O TUMOR é causado principalmente pela fase exsudativa e produtiva-reparativa, representadas pelo aumento de líquido (edema inflamatório) e de células. O CALOR é oriundo da fase vascular, em que se tem hiperemia arterial e, conseqüentemente, aumento da temperatura local. O RUBOR ou vermelhidão também é decorrente desse mesmo fenômeno. A DOR, por sua vez, é originada de mecanismos mais complexos que incluem compressão das fibras nervosas locais devido ao acúmulo de líquidos e de células, agressão direta às fibras nervosas e ação farmacológicas sobre as terminações nervosas; portanto engloba pelo menos 3 fases da inflamação (irritativa, vascular e exsudativa). A PERDA DE FUNÇÃO, por fim, é decorrente do tumor (principalmente em articulações, impedindo a movimentação) e da própria dor, dificultando as dificuldades locais. 3. Etiologia dos processos inflamatórios. (Bruna Lins) No caso das agressões que causam uma resposta inflamatória de defesa e reparo, as lesões celulares podem ser reversíveis, com restituição da morfostase e da homeostase e, portanto, da normalidade, ou podem ser também irreversíveis, cujo processo caminha para a morte celular. Sendo assim como etiologias dos processos inflamatórios tem-se: 1. Agressão biológica (Infecções bacterianas, virais, fúngicas ou parasitárias e toxinas microbianas) - Estas são clinicamente importantes como as causas mais comuns de inflamação. Sendo que os mamíferos desenvolveram diversos mecanismos de defesa para tais situações que são capazes de perceber a presença de tais microrganismos. Dentre os receptores mais importantes para os produtos microbianos estão a família de receptores do tipo Toll (TLRs), e vários receptores citoplasmáticos, que podem detectar bactérias, vírus e fungos. A ocupação desses receptores dispara vias de sinalização que estimulam a produção de vários mediadores; 2. Agressão física (Corpos estranhos) - Pode-se citar lascas de madeira, sujeira, fios de sutura, objetos encravados e etc. São responsáveis pela resposta inflamatória por elicitarem a injúria tecidual traumática, ou até mesmo pelo transporte de microrganismos para o organismo. 3. Agressão por necrose tecidual - Podendo ser de qualquer causa, incluso isquemia, trauma e injúria física e química (Exemplo de injúrias térmicas como queimaduras ou úlceras por frio, irradiação e exposição de agentes químicos ambientais). Várias moléculas liberadas das células necróticas são conhecidas por provocarem inflamação; estas incluem o ácido úrico, um metabólito da purina; trifosfato de adenosina, do estoque normal de energia; uma proteína ligante de DNA, quando é liberado no citoplasma e não sequestrado no núcleo, como ele normalmente deveria ser. A hipóxia, que frequentemente é subjacente à injúria celular, também é, por si só, um indutor de resposta inflamatória. Essa resposta é grandemente mediada por uma proteína chamada HIF-1α (fator 1α induzido por hipóxia), que é produzido nas células privadas de oxigênio, e ativa a transcrição de muitos genes envolvidos na inflamação, incluindo o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que aumenta a permeabilidade vascular. 4. Reações imunes (Reações de hipersensibilidade) - São reações nas quais o sistema imune normalmente protetor causa um dano nos próprios tecidos do indivíduo. As respostas imunes injuriantes podem ser direcionadas contra antígenos próprios, causando as doenças autoimunes, ou podem ser reações excessivas contra substâncias ou micróbios do ambiente. A inflamação é a principal causa de injúria tecidual nessas doenças. Devido aos estímulos para as respostas inflamatórias em tecidos próprios não poderem ser eliminados, as reações autoimunes tendem a ser persistentes e dificultar a cura, são associadas com a inflamação crônica e são causas importantes de morbidade e mortalidade. A inflamação é induzida por citocinas produzidas pelos linfócitos T e outras células do sistema imune. O termo doença inflamatória imunomediada frequentemente é usada para se referir a esse grupo de desordens. Todas as respostas inflamatórias compartilham as mesmas características básicas, embora diferentes estímulos possam induzir reações com algumas características distintas. 4. Acontecimentos marcantes dentro dos fenômenos irritativos. (Vitória) Os fenômenos irritativos são um conjunto de modificações provocado por agentes inflamatórios que resultam na liberação de mediadores químicos, responsáveis pelos fenômenos da inflamação. Eles têm ação sobre a ativação da coagulação, sobre o tônus vascular,o aumento da adesão leucocitária, a ativação do sistema complemento, etc. São mediadores químicos dos fenômenos irritativos os derivados do plasma ou de células (mastócitos, basófilos, linfócitos, neutrófilos, plaquetas, células dendríticas, etc). Uma das características marcantes dos Fenômenos Irritativos é o fato de eles agirem durante todos os passos do processo inflamatório, além de estimularem a liberação de outros mediadores pelas células alvo, amplificando a resposta inflamatória e promover efeitos nocivos, de dor e morte, por exemplo. 5. Mediadores químicos: citar os principais, indicando origem, local de atuação e funções. (Karen) Existem mediadores inflamatórios e antiinflamatórios.Quanto aos primeiros podemos citar: a histamina que é liberada pelos mastócitos, as taquicininas liberadas pelas terminações nervosas e quando a agressão provoca hemorragia, há a coagulação do sangue e a geração de outros mediadores (fragmentos de pasmina e fibrinass responsáveis pela síntese de cininas e componentes do complemento ) .Todos esses mediadores induzem os fenômenos vasculares e a exsudação plasmática e celular inicial. Células epitelias ou mesenquimais dos tecidos agredidos respondem não só as PAMP’s como também aos produtos de quebra e ou despolimerização de componentes da matriz ou liberados por células mortas (HMGBI, urato, fosfato) e a produção de citocinas (TNF a , IL I e IL18) ativadoras do endotélio para a saída de leucócitos.Os primeiros leucócitos mais exsudatos produzem mais citocinas, quimiocinas e mediadores lipídicos (prostaglandinas e leucotrienos) que amplificam os fenômenos vasculares e exsudação de plasma e células. Durante a progressão da inflamação são liberados mais mediadores antiinflamatórios produzidos em sua maioria por leucócitos exsudatos, sendo que alguns mediadores da cicatrização( TGF a) tem também efeito antiiflamatório. 6. Fenômenos vasculares: quais são e como se processam as modificações na microcirculação. (Alladin) São representados por modificações hemodinâmicas e realógicas da microcirculação e comandadas pelos mediadores liberados durantes os fenômenos irritativos e , menos frequentes, por ação direta por agente inflamatório. As principais modificações são: Vasodilatação arteriolar, produzida inicialmente e na maioria das vezes por ação da histamina e do reflexo axônico ( por ação da substância P das terminações nervosas e da histamina) e mantidas por prostaglandinas, leucotrienos e PAF. Há aumento do fluxo do sangue para a área agredida, gerando hiperemia ativa e fluxo sanguíneo rápido. As vênulas menores dilatam-se, mas as maiores sofrem pequena constricção, aumentando a pressão hidrostática na microcirculação. De modo geral os mediadores dessas alterações aumentam a permeabilidade vascular iniciando a exsudação do plasma para o interstício. Há hemoconcentração local, o que torna o sangue mais viscoso e a circulação mais lenta; Ao contrário dos fenômenos irritativos os fenômenos vasculares são reconhecidos pelas modificações morfológicas induzidas na hiperemia : vermelhidão inicial (hiperemia ativa) que progressivamente se torna mais escura (hiperemia passiva). Bogliolo Patologia Geral - 4ª Edição 7. Mecanismos de formação do edema inflamatório- etapas (Jéssica Cunha) O edema inflamatório faz parte dos acontecimentos que ocorrem nos Fenômenos vasculares. Ele é causado através da exsudação plasmática (saída de plasma do leito vascular para o interstício). Esta saída de plasma geralmente ocorre nas fases iniciais da hiperemia e continua durante o processo inflamatório. Este processo ocorre sobre tudo nas vênulas e depende do aumento da permeabilidade vascular que pode ser gerada pela liberação de citocinas inflamatórias (como a histamina) ou por agressões diretas ao endotélio vascular. Nos processos inflamatórios, tem-se então a redução da expressão de proteínas das junções intiminas no endotélio (mesmas proteínias que formas a barreira hematoencefálica), favorecendo a saída de proteínas plasmáticas para o interstício celular, levando ao aumento da pressão oncótica nessa região e favorecendo a retenção de água dos vasos para esse local. Além disso, no início da inflamação, a formação de ácido hialurônico pelas células do tecido conjuntivo e a degradação de proteoglicanos presentes na substância fundamental por enzimas ativadas contidas no plasma extravasado contribuem para aumento da hidrofilia local. Tais acontecimentos levam à formação do edema inflamatório. Bogliolo Patologia Geral - 7ª Edição 8. Quais as diferenças entre transudato e exsudato? (Amandita) Exsudato: fluido rico em proteína que é decorrente de uma permeabilidade vascular muito grande.Ele passa através das paredes vasculares em direção aos tecidos adjacentes.Podemos também perceber nesse fluido a presença de bactérias.Um exemplo de um exsudato é o pus. Transudato: fluido cuja composição é basicamente igual a do plasma com exceção de presença de proteínas,pois esse fluido é pobre nesse componente. Bogliolo Patologia Geral - 4ª Edição 9. Fenômenos exsudativos: etapas da migração celular – desde o interior dos vasos até os tecidos. O que é Quimiotaxia? (Walber) No sangue que flui normalmente através das vênulas, os eritrócitos estão confinados a uma coluna axial central, deslocando os leucócitos na direção da parede vascular. Como logo no início da inflamação ocorre uma diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo (estase), as condições hemodinâmicas mudam (as forças de cisalhamento da parede diminuem) e aumenta o número de leucócitos na periferia do fluxo, próximo à superfície vascular. Esse processo de acúmulo dos leucócitos é chamado de marginação. Subsequentemente, os leucócitos vão rolando aos saltos pelo endotélio, aderindo transitoriamente a ele (um processo chamado de rolamento) e finalmente param em um determinado ponto, onde aderem firmemente. O endotélio pode ficar virtualmente coberto de leucócitos, o que é chamado de pavimentação. Após a adesão firme, os leucócitos inserem seus pseudópodes nas junções entre as células endoteliais, espremem-se através dessas junções e ficam entre as células endoteliais e a membrana basal. Os leucócitos, através da secreção de colagenases, perfuram a membrana basal e se acumulam no local onde são necessários. Após o extravasamento, os leucócitos migram nos tecidos em direção ao local da lesão por uma processo chamado de quimiotaxia, cuja definição mais simples é a locomoção ao longo de um gradiente químico. 10. Principais células do exsudato: identifique e cite suas funções no foco inflamatório. (Morelli) Mastócitos: libera histamina que irá produzir vasodilatação arteriolar, aumentar a permeabilidade vascular e possibilitará a passagem de proteínas do plasma para o interstício, especialmente o fibrinogênio. Basófilos: Não se sabe ao certo a sua função, mas libera histamina gerando os efeitos descritos anteriormente. Plaquetas: Libera grânulos que contribuem para o desencadeamentos da reação inflamatória. Também realizam a formação de coágulos. Fibroblastos e células epiteliais: ativam a produção de IL-1,TNFa e IL-8. Essas citocinas são importantes no desencadeamento da reação inflamatória. Células dendríticas: processam e deslocam antígenos para as células T, desencadeando a resposta imunitária. Neutrófilos: Realizam a fagocitose e digestão de agentes estranhos, sobretudo bactérias. Macrófagos: Possuem diversas funções, entre elas, a de realizar fagocitose, e apresentador de antígenos para células T. Linfócitos T: Existem vários subtipos. Participam da imunidade celular e apresentam como principal função a destruiçãode organismos estranhos e células infectadas. Linfócitos B: Produzem imunoglobulinas (anticorpos) contra antígenos estranhos. Eosinófilos: fagocitam imunocomplexos, bactérias, fungos, micoplasmas e partículas inertes. Contudo, são menos eficientes do que os neutrófilos na ingestão e no poder de matar microrganismos. Também geram resposta imune contra helmintos. 11. Interpretação do leucograma: correlação nos diferentes processos inflamatórios; de acordo com a cronologia e o agente agressor = células predominantes. (Amanda Costa) Leucograma da inflamação aguda As inflamações agudas apresentam curso rápido de desenvolvimento (entre uma a duas semanas). As marcas morfológicas de todas as reações inflamatórias agudas são a dilatação de pequenos vasos sanguíneos, lentificação do fluxo sanguíneo e acúmulo de leucócitos e fluido no tecido extravascular. Tais reações são mediadas por células residentes que atuam como “sentinelas”, os mastócitos e macrófagos e por leucócitos polimorfonucleares emigrantes (predominantemente neutrófilos). Ao leucograma observa-se leucocitose à custa de neutrofilia com desvio nuclear a esquerda variável e presença ou não de corpúsculos de Dohle e vacúolos, que constitui a resposta de fase aguda do organismo a muitas patologias. Em infecções subagudas, helmínticas ou relativas a fenômenos alérgicos observa-se o aumento de eosinófilos na circulação periférica. Pode ocorrer ainda basofilia, em geral relacionada a quadros alérgicos, podendo estar acompanhada de eosinofilia. Nos primeiros dias da inflamação, a taxa de leucócitos pode ser normal ou mesmo diminuída (leucopenia por neutropenia) devido a um grande desvio dos neutrófilos para o local da lesão ou mesmo pelo rápido consumo das reservas de neutrófilos. Após três dias de inflamação ativa, a leucocitose por neutrofilia surge devido ao ingresso de neutrófilos segmentados recém-produzidos pela medula óssea e pela presença de um maior número de neutrófilos jovens sem segmentação nuclear (bastonetes, metamielócitos etc) na circulação (desvio à esquerda). Portanto, comparativamente pode-se afirmar que o desvio à esquerda é um indicador mais específico para inflamação do que a leucocitose e a neutrofilia simples. Leucograma da inflamação crônica As inflamações crônicas são sempre precedidas por quadro inflamatório agudo e constituem processos mais demorados (semanas a meses) em que não são visíveis os sinais cardinais de dor, tumor, calor, rubor e perda de função. Classicamente é composta por células do sistema mononuclear macrofágico (linfócitos, plasmócitos e macrófagos), por destruição tecidual, decorrente da permanência do agente agressor (fase degenerativo-necrótica) e por tentativas de reparação (fase produtivo-reparativa), traduzida pela formação de vasos sanguíneos (angiogênese) e pela substituição do parênquima (a parte funcional do órgão) por fibras (fibrose). Ao leucograma, as inflamações crônicas são caracterizadas por leucocitose e neutrofilia discretas, com ou sem desvio nuclear a esquerda. É comum a observação de granulomas, formados por macrófagos ou fusão destes - as chamadas células gigantes multinucleadas. Basófilos e mastócitos: aumentam de número em processos crônicos. Macrófagos: originados dos monócitos, observados mais comumente em estágios de cronicidade e granulomas. Linfócitos e plasmócitos: migram mais lentamente que os neutrófilos para o foco inflamatório. Reconhecem antígenos e desenvolvem respostas para eliminá-los, principalmente em quadros inflamatórios crônicos e granulomatosos. Para diferenciar o leucograma de inflamações agudas e crônicas: o leucograma inflamatório agudo típico é caracterizado por leucocitose neutrofílica com desvio à esquerda não degenerativo e comumente apresenta linfopenia e taxa normal de monócitos. Já nas inflamações crônica, o leucograma revela geralmente uma contagem de leucócitos e de neutrófilos normais ou discretamente elevadas, sem desvio à esquerda, taxa normal ou elevada de linfócito e monocitose. 12. Classificação das Inflamações: quanto ao critério cronológico e quanto ao tipo de exsudato. (Anna Lídia) As inflamações podem ser agudas ou crônicas, as primeiras tendo um curso rápido (entre 1 a 2 semanas) e as outras constituindo processos mais demorados (superam 3 meses e chegam a anos). A variação entre os dois processos está diretamente vinculada aos fatores que influenciam a inflamação. A instalação da aguda é rápida e ela é sempre inespecífica; há predomínio de polimorfonucleares e neutrófilos, predomínio de fenômenos vasculares e exsudativos e há a presença de todos os sinais clínicos da inflamação. Na inflamação de curso crônico a célula predominante é o linfócito e os fenômenos degenerativos- necroticos e produtivo-reparativos tem maior participação. Os sinais e sintomas são discretos. A inflamação crônica pode ser inespecífica ou específica (Granulomatosa). Classificação quando ao tipo de exsudato: 1) Serosa: Quando o exsudato produzido é aquoso, límpido e pobre em células. Pode-se subdividir em dois tipos: Vesícula: Inflamação circunscrita de epitélio de revestimento, com elevação na superfície, e diâmetro igual ou inferior à 5 mm, com exsudato seroso. Bolha: Inflamação exsudativa circunscrita de epitélio de revestimento, com elevação na superfície, e diâmetro superior à 5 mm, com exsudato seroso. Ex: queimaduras. 2) Mucosa ou Catarral: Quando o exsudato produzido é viscoso, com alto teor de mucina, e cor e celularidade variável. Ocorre nas mucosas. 3) Purulenta ou Supurada ou Apostematosa: Quando o exsudato produzido é cremoso, amarelo-esverdeado, rico em PMN vivos e mortos ("Piócitos") e em células necróticas. Exemplos: pústulas, abcessos, antraz, furúnculo, fleimão, pericardite, meningite, etc. 4) Fibrinosa: Quando o exsudato produzido é filamentoso, rico em fibrina, com celularidade variável. Ex: Pericardite Fibrinosa. Pseudomembranosa: Quando ocorre formação de crostas, placas ou pseudomembranas a partir de exsudato fibrinoso. É, na verdade, um tipo especial de inflamação fibrinosa. Crupal ou Cruposa: Inflamação fibrinosa pseudomembranosa em que ocorre necrose do epitélio de revestimento ou mucosa, com abundante exsudação de fibrina e formação de placas brancacentas brilhantes facilmente removíveis (Associa-se com infecções estreptocóccicas). Diftérica: Inflamação fibrinosa pseudomembranosa em que ocorre necrose mais profunda, atingindo mucosa e submucosa, com formação de uma placa acinzentada opaca e que sangra facilmente à tentativa de remoção (associa-se com infecções com Corynebacterium difteriae no ser humano e com Shigella sp.). 5) Hemorrágica: Quando o exsudato é avermelhado e rico em hemácias Inflamação Proliferativa ou "Produtiva": (classificação referente as crônicas) Hipertrofiante ou hiperplasiante:[ou ainda hipertrófica e hiperplásica] Inflamação crônica, preferencialmente de mucosas, com proliferação conjuntivo - vascular e/ou parenquimatosa, com espessamento e maior evidenciação de estruturas da mucosa (papilas, pregas, dobras, etc...) podendo evoluir para crescimentos papilares e poliposos, às vezes com aspecto tumoral vegetante, papilar ou poliposo. Exemplos: Gastrite catarral crônica hipertrofiante; Retite, Colite, Gastrite e Cistite poliposas; Dermatite verrugosa; Habronemose cutânea eqüina e Zigomicose / Hifomicose cutânea eqüina. Esclerosante: Inflamação crônica, preferencialmente de parênquimas, com produção excessiva de colágeno (fibroplasia), antes mesmo da extinção do processo inflamatório em sí (antes de desencadeada a reparação), resultando em alterações profundas na morfologia e fisiologia do órgão. Exemplos: Cirrose hepática(menor aumento) e (maior amento); Carnificação [fibrose] pulmonar; etc. Granulomatosa: Inflamação crônica que se caracteriza pela formação de estruturas nodulares (os "granulomas", de VIRCHOW, do lt. "Granulo" = em forma de grão + "oma" = tumor ou aumento de volume), com arquitetura histológica tal, que muitas vezes permitem o diagnóstico da doença, mesmo sem a visualização do seu agente causal (donde a denominação também corrente de "Inflamação específica"). Basicamente trata-se de uma reação de macrófagos à agentes inanimados e inertes (agentes inflamatórios não imunogênicos nos casos de Granulomas de baixo turn-over ou tipo corpo estranho) ou animados de baixa virulência e grande resistência (agentes inflamatórios imunogênicos nos casos de Granulomas de alto turn- over ou imunogranulomas). O granuloma completo (do tipo tuberculóide, de alto turn-over) se compõem de: -Foco central de necrose caseosa ± calcificação distrófica; Células gigantes tipo LANGHANS e/ou CORPO ESTRANHO (oriundas da fusão de -células epitelióides, alcançando até 300 Micrômetros de diâmetro); Células epitelióides (macrófagos agrupados compactamente, assumindo o aspecto de células epiteliais pela compressão mútua, pela ação de um fator agregador de macrófagos); Macrófagos não envelhecidos (Monócitos migrados para o foco inflamatório sob a ação de linfocinas, produzidas por linfócitos T em presença de antígeno); Manto linfo-plasmocitário; Cápsula fibrosa. 13. Que são inflamações granulomatosas? Constituintes celulares de um granuloma – obrigatórios e facultativos. (Lili) As inflamações granulomatosas constituem um padrão distinto de inflamação crônica que é encontrado em um número limitado de condições infecciosas e algumas não infecciosas. Tais reações imunes usualmente culminam no desenvolvimento de granulomas. Granulomas: focos de inflamação crônica consistindo em uma agregação microscópica de macrófagos transformados em células epitelioides, rodeadas por um colar de leucócitos mononucleares, principalmente linfócitos e ocasionalmente plasmócitos. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N.; ASTER, J. Inflamação Aguda e Crônica. In: KUMAR, ABBAS, FAUSTO et al. Robbins e Cotran, Bases Patológicas das Doenças. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. pp. 73-74. As inflamações granulomatosas são reações inflamatórias crônicas específicas que se caracterizam por modificações das células do exsudato, que se organizam e formam agregados circunscritos, denominados granulomas. Granulomas: agregados celulares constituídos principalmente por macrófagos e linfócitos T, além de outras células inflamatórias, formado a partir de estímulos gerados pelo contato do agente inflamatório com os tecidos. PEREIRA, Fausto Edmundo Lima. Inflamações: Inflamações Crônicas. In: BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo Patologia Geral. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. pp. 219-224. Constituintes Celulares de um Granuloma Obrigatórios ❖ Macrófagos e seus derivados: células epitelioides, células gigantes. Contendo ou não parasitas; ❖ Linfócitos e seus derivados, como plasmócitos. Facultativos (não obrigatórios) ❖ Eosinófilos: em granulomas esquistossomóticos; ❖ Células polimorfonucleares (PMN), principalmente neutrófilos: em actinomicetomas; ❖ Mastócitos; ❖ Fibroblastos. FUGIMOTO, Luciana. Aula de Classificação das Inflamações. Slide nº 39. Julho de 2016. 14. Cicatrização de 1ª. e 2ª. intenção: características/ diferenças entre ambas. (Andressa) Na cicatrização por 1ª intenção o tecido é seccionado, reaproximado e o processo de reparação ocorre sem complicações. É realizada nas incisões cirúrgicas, é bem delimitada com o mínimo de fibrose possível. Há perda mínima de tecido, ausência de infecção e edema mínimo. Quando as feridas cicatrizam-se por 1ª intenção, a formação de tecido de granulação não é visível. Na cicatrização por 2ª intenção ocorre perda excessiva de tecido e presença de infecção .Nessa ferida aberta há formação de tecido de granulação, sua cicatrização é mais demorada e também há o preenchimento de tecidos destruídos, ocorre, por exemplo, em queimaduras infectadas. 15. Citar efeitos locais e sistêmicos da inflamação. (Thiago Buetto) Efeitos Locais: Calor (Vasodilatação, aumento do metabolismo celular) Rubor (Vasodilatação, hiperemia) Tumor (Vasodilatação, extravasamento de fluido (permeabilidade); Influxo celular (quimiotaxia) Dor (Liberação de mediadores afetam terminações nervosas) Perda de função Efeitos sistêmicos: Febre: é produzida como resposta a substâncias (pirógenos) que provocam a liberação de mediadores que agem no hipotálamo, desencadeando a liberação de neurotransmissores que reprogramam o nosso termostato corporal para uma temperatura mais alta. É um mecanismo de defesa. Proteínas de fase aguda: proteina C reativa, fibrinogênio, proteina amilóide A sérica são produzidas pelo fígado e aumentam nas infecções, podendo ser dosadas ou indiretamente estimadas para diagnóstico. Em infecções crônicas, a produção continuada de proteína amilóide A sérica pode levar à amiloidose secundária. Leucocitose: ocorre por causa do aumento da liberação de leucócitos pela medula óssea (estimulada por citocinas), inclusive leucócitos ainda imaturos (desvio para a esquerda). Pulso e pressão sanguínea aumentados/Taquicardia Suor diminuído: devido, principalmente, ao redirecionamento do fluxo de sangue do leito cutâneo para os leitos vasculares profundos, para minimizar a perda de calor atravez da pele. Rigor (tremores) Calafrios : busca por calor Sonolência e mal-estar Sepse: em infecções bacterianas graves, a grande quantidade de bactérias ou de lipopolissacarideos bacterianos (LPS ou endotoxinas) presentes na circulação provocam a produção de grande quantidade de citocinas que por sua vez desencadeiam coagulação intravascular disseminada, consumo de fatores da coagulação e hemorragias. Citocinas podem causar lesões hepáticas e prejudicam a sua função e consequentemente hipoglicemia por baixa da gliconeogenese. Aumento da produção de óxido nítrico leva a falência cardíaca aguda e choque. Esta tríade (coagulação intravascular disseminada, hipoglicemia e insuficiência cardíaca aguda é conhecida como choque séptico. A inflamação e as tromboses percebidas em diversos órgãos podem ocasionar falência de múltiplos órgãos tais como os pulmões (síndrome da angustia respiratória do adulto - SARA), os rins (insuficiência renal aguda - IRA) e os intestinos.
Compartilhar