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Alfabetização do Surdo

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ALFABETIZAÇÃO DO SURDO 
 
 
LIMA, Daiana – UFG/CAJ 
daianamlima@hotmail.com 
 
BENETI, Hercília – UFG/CAJ 
benetieduca@bol.com.br 
 
MORAES, Vanessa – UFG/CAJ 
vanessinha_smj@hotmail.com 
 
ET 02 – Alfabetização e Letramento 
 
Resumo 
 
Trabalho apresentado na disciplina “Alfabetização e Letramento”, do terceiro período do 
curso de Pedagogia da Universidade Federal de Goiás – Campus de Jataí, orientado pela 
Professora Ms. Hercília Maria Fayão Beneti, tratando da alfabetização da criança surda, com 
o objetivo de tentar entender como se dá essa alfabetização especial e se é possível que ela 
aconteça sem nenhuma oralização. Foi feito levantamento bibliográfico cuja análise foi 
baseada na experiência pessoal da aluna Daiana Lima, surda pré-linguística profunda. 
Analisou-se documentos oficiais da FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração 
do Surdo) e do MEC (Ministério da Educação e Cultura). Percebeu-se a importância do 
contexto familiar e a dificuldade que o surdo terá em relação ao seu vocabulário restrito e uso 
correto da gramática em Língua Portuguesa, além da necessidade absoluta da LIBRAS como 
instrumento e meio de comunicação para que essa alfabetização realmente aconteça. No 
estudo bibliográfico percebeu-se, também, que existem poucas pesquisas nessa área e, na 
maioria das vezes, as mesmas são feitas por ouvintes, não havendo pesquisas feitas por surdos 
sobre a alfabetização dos próprios surdos; com o intuito de começar a corrigir essa distorção a 
aluna do curso de Pedagogia da UFG, Campus de Jataí, trabalhou suas impressões pessoais, e 
relatou seu processo de alfabetização, com todas as dificuldades inerentes a ele, sem nunca 
deixar de lado a consciência científica do processo de pesquisa. Tal trabalho revela o imenso 
campo a ser explorado por pesquisadores que se interessem pela área de alfabetização e de 
inclusão, sendo necessidade imperiosa e urgente a produção de trabalhos científicos nessa 
área. 
 
Palavras-chave: Alfabetização. Surdo. Inclusão. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Desde a gravidez, a família, ansiosa, aguarda um bebê perfeito. A descoberta da surdez 
é, sem dúvida, um “divisor de águas” na forma como essa família se estruturará dali em diante. 
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A psicóloga Cláudia Bisol, no texto “A Construção de uma Identidade Cultural de Surdos em 
Parceria com Pais Ouvintes”, afirma: 
 
Para que tarefas normais relacionadas com o desenvolvimento infantil possam 
ocorrer a contento, a família vê-se arrastada por um turbilhão de fatos e de aflições. 
Frequentemente, pode-se observar: 
a) A negação da surdez: os pais insistem em que a criança responde ao ser chamada, 
obedece às solicitações feitas, está entendendo tudo o que se passa ao seu redor. […] 
b) Resistência à Língua de Sinais: […]. Os pais precisam substituir sua própria língua 
materna pela língua de um grupo que é, para eles, totalmente desconhecido. 
c) Tentativas de reparação: inicia-se uma maratona em médicos e fonoaudiólogos, 
exames, testes, numa busca incessante por um diagnóstico melhor, por um “milagre”. 
[…] 
d) Crises familiares: […]. A maneira como cada um, pai e mãe, consegue tolerar as 
frustrações e pressões, associada com a necessária elaboração de um novo modo de 
ser pai e de ser mãe, […] determinam a necessidade de reorganização familiar. 
 
 
Outro momento de crise que a família enfrenta é o início da escolarização. Muitas 
preocupações são advindas dessa etapa. Dependendo de como a surdez foi tratada pelos pais, 
até esse momento, é possível que a criança surda não saiba LIBRAS, portanto ela, na maioria 
das vezes, se isolará e sua comunicação não se dará nem de forma oral nem de forma gestual. 
Com a aquisição da LIBRAS por essa criança, inicia-se, então, o processo de formação da 
identidade surda e da aquisição de uma cultura própria, diferente da cultura dos ouvintes. 
Hoje, na era da informação, outro fator decisivo que auxilia o surdo na busca da 
comunicação é a tecnologia, alguns instrumentos importantes são (Kojima e Segala, 2008): 
 
1. Telefone TDD – existem no mercado diversos tipos de telefone TDD para a 
comunicação de surdos e ouvintes. 
2. Serviço da Telefônica – 1402 (SP) – Comunicação: ouvintes com surdos. 
3. Sinalização luminosa (para campainhas) – Quando a campainha tocar, a luz 
piscará várias vezes. 
4. Chamada luminosa de telefone para surdos – Ao tocar o telefone, a luz 
acenderá acompanhando o toque do telefone. 
5. Despertadores e relógios com alarmes vibratórios. 
6. Receptor de choro de bebê – Enquanto o bebê estiver chorando, a luz piscará 
continuamente. 
7. TV – Legendas escritas e janela em LIBRAS – Closed caption. 
8. Celular: atualmente o principal meio para se comunicar – Com vibrador 
(recebe e envia e-mails; mensagens de texto; torpedos; câmara; vídeo). 
9. Intérpretes de Língua de Sinais – Profissional mediador. 
 
Percebe-se, também, que os surdos tem cultura própria que envolve sua língua (que é 
diferente em cada país) e sua escrita. “A língua é um importante fator de definição identitária, 
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e penso que não ter como primeira língua o português oral constitui uma diferença do surdo 
em relação ao demais brasileiros que não pode ser ignorada”. (Pereira, 2004). Kojima e 
Segala (2008), ainda afirmam: 
 
O mais importante é compreender que não podemos nos sentir dominados ou 
dominantes, mas que todos devemos viver harmoniosamente, surdos e ouvintes. 
Entendimento harmônico entre os cidadãos, depende particularmente da boa vontade 
de todos e do respeito mútuo que qualquer cidadão deve ter com o outro. Saber criar 
condições favoráveis para o crescimento social, emocional e profissional, 
independente da surdez, é saber viver. 
 
A consciência dessa diferença cultural que abarca, inclusive uma língua é 
importantíssima no processo de alfabetização e inclusão. O respeito a essa cultura, não a 
tendo como superior ou inferior a qualquer outra, fará toda a diferença na atuação do 
professor. 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
 Hoje, o Brasil tem leis que garantem a educação para todas as pessoas, deficientes ou 
não. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei 9.394/96, garante a educação 
como direito universal dos brasileiros. Em documento do MEC do ano de 1997 há a seguinte 
afirmação: 
 
A educação infantil deve ser oferecida a qualquer criança, surda ou não, em 
complementação a ação da família, para proporcionar condições adequadas ao seu 
desenvolvimento físico, motor, emocional, cognitivo e social e promover a 
ampliação de suas experiências e conhecimentos, estimulando seu interesse pelo 
processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade. A Educação 
Infantil enfatiza as interações intelectuais como o meio, as quais permitem a 
edificação/construção evolutiva das estruturas lógicas do pensamento, como 
apregoam Piaget, Wallon, Vygotsky e outros. 
 
 Porém, garantir o direito à educação, no sentindo de frequência escolar, não é 
suficiente, é necessário garantir que o processo de ensino aprendizagem ocorra, e que a 
qualidade da educação dos surdos seja a mesma da educação dos ouvintes. 
 No passado não se percebia a necessidade de uma metodologia própria para o surdo. 
Dentro de sala de aula ele era ensinado com métodos exatamente iguais aos empregados com 
os ouvintes, se a opção fosse, por exemplo, por um método de alfabetização fonético, o surdo 
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seria obrigado a aprender falar e entender os sons das letras e sílabas, isso, na prática, era 
sinônimo de exclusão. 
 Hoje a lei garante a inclusão e o aluno surdo é inserido em uma sala de aula junto com 
ouvintes, tendo direito a um intérprete. Contudo a simples presença desse profissional não 
garante que a verdadeira inclusão aconteça, percebe-se que o processo de alfabetização 
continua sendo sofrido para professores e alunos. A consciênciade que o mundo da pessoa 
surda é visual e, apesar dos sons não fazerem parte dele, isso não significa que a educação 
será de qualquer forma inferior, desde que a comunicação realmente aconteça, é 
importantíssima para que consigamos sucesso nesse processo. 
 Segundo documento da FENEIS (1995) muitos professores se perdem no processo de 
alfabetização por considerarem que é mais importante que a criança aprenda a falar, deixando 
de lado o conteúdo. Os papéis do professor e do fonoaudiólogo são distintos e não podem ser 
confundidos, se isso ocorrer, certamente haverá grande perda no processo de ensino 
aprendizagem. Muitos surdos, devido a características pessoais, não conseguem falar, e a 
insistência, por parte do professor para que eles se oralizem, pode levá-los a abandonar a 
escola. 
 Esse mesmo documento mostra, também, que a alfabetização da criança surda demora 
cerca de 2 ou 3 anos, diferentemente da criança ouvinte que ficará 1 ano na série específica. 
 
Com um ritmo mais lento, a criança surda fica com o processo de pensamento e 
desenvolvimento cognitivo intelectual mais lento e quando ela ingressa à escola 
regular para ter continuidade de escolaridade, fracassa, não conseguindo 
acompanhar o ritmo rápido dos ouvintes devido à barreira de comunicação. 
 
 Para que o surdo possa ter um melhor processo de ensino aprendizagem faz-se 
necessário a prévia aquisição da LIBRAS, preferencialmente através do contato com a 
comunidade Surda. Assim, já sabendo se comunicar, é possível que o professor e o intérprete, 
juntos, trabalhem para que o Português escrito seja adquirido, nesse momento é possível, 
sempre com a ajuda do intérprete, que o surdo frequente a escola regular e que tenha sucesso 
nessa atividade. Contudo o professo nunca pode se esquecer que está lidando com um aluno 
com características próprias e que a contextualização do ensino, e a adaptação dos planos de 
aula sempre serão necessários. Para ensinar o surdo o professor precisa pensar que seu aluno 
vive em um mundo visual, e, a partir desse ponto se programar abusando do uso de gravuras, 
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desenhos, teatros, materiais concretos; tudo isso, junto com a LIBRAS, propiciará uma 
aprendizagem do português escrito e levará a criança a ser capaz de ler e escrever. 
 Para poder-se entender, e consequentemente explicar, sobre o processo de ensino 
aprendizagem do surdo, é importante compreender como o surdo aprende e quais fatores 
poderão influenciar nesse aprendizagem, como, por exemplo, a questão da língua. 
 Segundo a professora Daisy Maria Collet de Araújo Lima em “Saberes e Práticas da 
Inclusão” (2006), pesquisas sobre o tema LIBRAS mostram a importância de tal língua como 
meio próprio para comunicação da pessoa surda. Ela acrescenta que essa língua é completa, 
podendo ser usada para discutir qualquer assunto como, por exemplo, filosofia, literatura, 
política, esportes, trabalho, moda, etc. Mostra, também, a citada professora, que com ela 
pode-se fazer teatro, humor, poesias e todas as manifestações inerentes a qualquer língua oral. 
 
As línguas de sinais apresentam-se numa modalidade diferente das línguas orais 
auditivas. São línguas espaço-visuais, ou seja, a realização dessas línguas não é 
estabelecida por meio do canal oral-auditivo, mas por meio da visão e da utilização 
do espaço. A diferença na modalidade determina o uso de mecanismos sistemáticos 
específicos, diferentes dos utilizados nas línguas orais. As línguas de sinais, que não 
são universais, são sistemas linguísticos independentes dos sistemas das línguas 
orais. 
 
 Qual a melhor língua para desenvolver a comunicação da criança surda e ela, 
consequentemente, ter um melhor desempenho escolar? A LIBRAS. Ela é muito importante 
em todo o processo de ensino aprendizagem da pessoa surda, especialmente a criança na fase 
de alfabetização. 
 Documento da FENEIS, publicado em 1995, traz claramente essa consideração: 
 
Com a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), sim, é possível ter desenvolvimento 
semelhante à criança ouvinte, contando que tenha contato com a LIBRAS desde 
cedo; assim a criança surda poderia se sentir como as outras crianças, fazer peguntas 
e obter respostas de professores, de pais e outras pessoas; ou seja, a curiosidade da 
crianças surda será satisfeita muitas vezes. 
 
 Segundo a professora Daisy Maria Collet (2006) apesar da falta de audição, o surdo 
tem uma melhor visualização, por isso a LIBRAS, língua espaço-visual, é aprendida com 
muita naturalidade pelo sujeito, e ela que será responsável pela comunicação necessária ao 
processo de ensino aprendizagem da criança surda. A FENEIS (1995), considera a LIBRAS 
como principal instrumento de diminuição das desigualdades entre o desenvolvimento do 
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surdo e do ouvinte. 
 
Assim a criança surda pode iniciar sua vida em condições de igualdade com a 
criança ouvinte. Através da LIBRAS, os potenciais talentos podem ser utilizados 
permitindo-lhe crescer como ser humano competente, pois damos a ela oportunidade 
de desenvolvimento normal. 
 
 A lei 10.436/2002, conhecida como “Lei de LIBRAS”, reconhece a mesma como a 
modalidade própria de comunicação da pessoa surda. Tal lei, apesar de reconhecer a 
importância dessa língua, ressalta a obrigação do surdo em ler e escrever o Português. Não é 
possível que a alfabetização do surdo em Português seja preterida, sendo, segundo a lei, 
obrigatória. Daí a necessidade urgente de pensar-se em métodos e formas que tornem possível 
a alfabetização e o letramento da criança surda, pois assim como ela encontra dificuldades na 
escrita, essas mesmas dificuldades se repetem na leitura e interpretação até mesmo de textos 
simples. 
 
Art. 1º É reconhecida como meio degal de comunicação e expressão 
a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS e outros recursos de 
expressão a ela associados. 
[…] 
Art. 4º O sistema educacional federal e os sistemas educacionais 
estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão 
nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e 
de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua 
Brasileira de Sinais – LIBRAS, como parte integrante nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais – PCNs, conforme legislação vigente. 
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá 
substituir a modalidade escrita da língua portuguesa. 
 
 A LIBRAS é fundamental para a alfabetização da criança surda, porém só seu uso não 
significa a utilização de uma nova metodologia, que precisa ser desenvolvida para que o surdo 
aprenda o Português e ao mesmo tempo tenha sua cultura e identidade respeitadas, além de 
sua forma singular de escrever o Português, submetendo tal língua a aspectos gramaticais e 
semânticos próprios da LIBRAS. 
 Não resta dúvida da necessidade da compreensão do Português escrito pelo surdo, 
através dela será possível a leitura de jornais, revistas, livros, etc, aumentando, assim, o 
conhecimento do surdo. Novamente ressaltamos que o Português oral não é importante, pois 
ele é substituído por uma Língua gesto-visual, contudo o Português escrito é fundamental. 
Segundo Lima (2006), saber não só ler, mas também escrever, levará o surdo a se comunicar 
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melhor com o mundo a sua volta. 
 
Segundo Quadros (1997), a escrita deve ser a oportunidade de o individuo expressar 
inúmeras situações significativas para determinados fins. A língua escrita é uma 
língua constituída independentemente da construção da língua oral. 
 
 A Língua 1 do surdo é a LIBRAS, com o domínio dela o professor, o instrutor ou o 
intérprete poderão começar a introduzir palavras através de gravuras, desenhos, sempre 
ressaltando o nome que será decorado pelo surdo. Ressaltamos, a grafia da palavra será 
decorada pelo surdo, já que, por não ouvir e não ter nenhum conhecimento dos sonsserá 
difícil elaborar as hipóteses de escrita. 
 Em virtude disso, o surdo demora a aprender ler e escrever, contudo é importante 
sempre mostrar livros e contar histórias para a criança surda. Incentivá-la a ler é fundamental 
para que ela adquira auto-confiança e curiosidade para aprender (FENEIS, 1995). 
 
A LIBRAS é o meio principal de aquisição do conhecimento, enquanto a língua 
portuguesa tem fundamentalmente, a função de uma língua escrita, de leitura e 
também de leitura labial e de fala. Para que a criança surda assimile o conteúdo da 
disciplina de escolaridade é necessário oferecer a LIBRAS e também a língua 
portuguesa e (quando a criança surda adquire auto-confiança e coragem de se 
expressar, defendendo seus pontos de vista, etá está estabelecido o elo de ligação 
entre as duas línguas. 
 
 É inegável a dificuldade que a criança surda encontrará em sua aprendizagem da 
Língua Portuguesa, pois além de ter de decorar a grafia das palavras, seu vocabulário é 
pequeno, fazendo até mesmo textos simples se tornarem verdadeiros obstáculos para 
interpretação e correto entendimento dos mesmos. 
 Ao pensar-se em atividades para alfabetização do surdo o primeiro passo é a adaptação 
dos materiais, como, por exemplo, o alfabeto móvel, para que o alfabeto dactilológico 
(LIBRAS), seja inserido. 
 Uma boa sugestão seria começar pelo nome da criança, já que esta constitui uma 
palavra-texto cheia de significados para ela, pois nele está contida toda sua história. O 
professor poderia iniciar levando o aluno a marcar com seu nome todos os seus pertences e 
seus espaços. Poderá ser feita a leitura, comparação, identificação de semelhanças e 
diferenças entre os vários colegas, além do professor usar sua criatividade para trabalhar 
atividades diversas como: bingos, tesouros, dominós, roletas, cartazes, etc. 
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 O alfabeto deve ser apresentado em duas línguas: alfabeto da língua portuguesa e o 
alfabeto dactilológico ou manual. O professor deve possibilitar à criança a manipulação dos 
alfabetos e contatos permanentes com a linguagem escrita. 
 Utilizar o vocabulário dos conteúdos de aula para fixação. Aproveitando a brincadeira 
do bingo: no fim de cada rodada todos terão que copiar as palavras marcadas na sua cartela. 
Depois poderão formar frases ou pequenos textos em português com as palavras registradas. 
 As atividades com o bingo podem ser variadas, como: relação sinal e letra (a 
professora apresenta a letra e os alunos farão o sinal correspondente ou vice-versa); 
identificação da primeira letra das palavras; atividades variadas com letras iniciais; bingos em 
nível de visualização de palavras, fazendo relação com outros conteúdos. 
 Outra sugestão que temos é o trabalho com sinais relacionados que consiste em 
apresentar um sinal-tema (e se necessário conceituá-lo), escrevê-lo em português no quadro e 
pedir que as crianças deem todos os sinais que possam conhecer relacionados a este. 
Exemplo: sinal-tema: festa de casamento. Sinais-relacionados: noiva, noivo, padrinhos, bolo, 
igreja, véu, convidados, aliança, buquê, dança, presente... assim, partindo do concreto, as 
diversas palavras poderão ser introduzidas. 
 Pode-se trabalhar, também, o baralho com a configuração das mãos mais utilizadas em 
LIBRAS e usá-lo como base para explorar palavras em Português. Uma sugestão é que as 
cartas sejam embaralhadas e uma delas seja escolhida e apresentada para o grupo, cada 
criança deverá lembrar um sinal com a configuração de mão contida nesta carta e apresentá-lo 
ao professor. A palavra, em Português, será, então, escrita no quadro para que sua grafia seja 
trabalhada. Poder-se-á, também, montar cruzadinhas (em português ou alfabeto manual) com 
vocabulários dos conteúdos das aulas. Aproveitando a brincadeira: as crianças podem criar as 
cruzadinhas, com figuras, sinais ou frases que caracterizem ou conceituem as palavras 
escolhidas ou o professor cria as cruzadinhas com as palavras que os alunos têm mais 
dificuldade de fixar. 
 Utilizar adivinhações já existentes ou criar novas conforme o que se esteja trabalhando. 
Aproveitando a brincadeira: lançar a adivinhação em língua de sinais para que os alunos 
respondam em sinais e em português; lançar a adivinhação de forma escrita para trabalhar a 
compreensão do português, reforçando as palavras novas. 
 Poderemos trabalhar o “jogo da forca”, no qual procuraremos explorar todas as 
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possibilidades deste tipo de jogo de tal forma que faremos as seguintes combinações: sinais, 
Libras, escrita de sinais e figuras. 
 Deve-se, também, aproveitar todas as datas comemorativas (cívicas, religiosas, sociais) 
para trabalhar palavras, se possível, por meio de dramatização. Por exemplo: festa junina. O 
que tem? Pipoca, bolo, fogueira... 
 Explorar tais palavras com outras atividades, mas sempre dentro de um contexto. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Muito ainda há que se aprender sobre a cultura da pessoa surda, sua escrita, sua 
identidade e sua forma de aprender, contudo a lei 18.436/2002, foi, sem dúvida um marco na 
história do surdo no Brasil. A partir da valorização da LIBRAS é possível pensar-se em uma 
metodologia própria para o surdo. 
 Para conseguir aprender e se integrar na sociedade é preciso que o surdo aprenda a 
Língua Portuguesa escrita, pois ela não pode ser substituída pala LIBRAS, contudo tal fato 
não diminui a importância dessa Língua gesto-visual na comunicação. Ressaltamos a 
necessidade urgente de pesquisas e metodologias novas nessa área. A proposta de inclusão 
feita atualmente, não abrange as necessidades próprias do surdo, embora tenha sido um passo 
importante na caminhada histórica do surdo no Brasil. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BISOL, Cláudia. A Construção da Identidade Cultural dos Surdos em Parceria com Pais 
Ouvintes. In Revista da Feneis. Ed. 15, pgs 30-45. Belo Horizonte. 1995 
 
Brasil. FENEIS. LIBRAS. Belo Horizonte.1995 
 
SALLES, Heloisa Maria Moreira LIMA. Ensino de língua portuguesa para surdos: Caminhos 
para prática pedagógica. Brasília: MEC, SEESP. 2004 
 
LIMA. Daisy Maria Collet de Araújo. Educação Infantil: Saberes e práticas da Inclusão: 
10 
Dificuldades de comunicação e sinalização: Surdez. MEC.Brasília 2006 
 
BRASIL, Reinaldi Giuseppe. MEC\SEESP,1997.

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