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QUESTÕES SOBRE O TEXTO
CONTRA ÊUTIQUES E NESTÓRIO, BOÉCIO
1. Qual a intenção de Boécio nesta obra?
	O texto é dirigido ao diácono João, tendo como origem uma discussão sobre a natureza de Cristo em que estavam envolvidos Êutiques e Nestório. Nestório defendia que Cristo tinha duas naturezas e, portanto, era duas pessoas. Êutiques, ao contrário, afirma que Cristo tinha apenas uma natureza e, consequentemente, era uma pessoa.
	Fica evidente que ambos aplicaram de modo equivocado os conceitos de natureza e pessoa. Por isso, Boécio utiliza-se da lógica filosófica para responder a essa questão teológica, a partir da análise e posterior definição dos conceitos.
2. Quais os dois principais conceitos considerados por ele para propor a definição que pretende?
	Os dois principais conceitos apresentados por Boécio são o de natureza e o de pessoa, sendo este último um produto da definição do primeiro.
	Boécio afirma que há natureza dos seres corpóreos, dos incorpóreos e dos que existem, e apresenta uma definição geral de que natureza "é própria daquelas coisas que, por serem, podem ser apreendidas de algum modo pelo intelecto" (2005, p. 161). Porém, uma vez que a discussão tem como cerne a natureza de Cristo, o filósofo expõe com maior riqueza de detalhes os três modos pelos quais a natureza dos seres corpóreos pode ser entendida.
	Utilizando-se do arcabouço filosófico aristotélico, Boécio propõe natureza como substância, o que sofre ou pratica ações; como matéria, aquilo que tem substância corpórea; e como forma, "a diferença específica que informa cada coisa" (2005, p. 163).
	Nesse ponto, surge a dúvida: será que, necessariamente, toda natureza tem pessoa? Boécio nega essa possibilidade e define o conceito de pessoa para responder à questão proposta.
3. Qual a definição de pessoa?
	"Pessoa é [...] substância individual de natureza racional" (2005, p. 165). 
	Pessoa, portanto, é uma substância (ousiosis)	 individual, sensível, cuja essência (ousia) é a razão. Esta é marcada pela individualidade, de modo que cada pessoa raciocina de modo diferente.
4. Qual a diferença entre hypóstasis, ousia, ousiosis e prósopon apresentada por Boécio no capítulo III de sua obra?
	Para construir seu conceito de pessoa, Boécio considera necessário compreender corretamente os termos gregos e latinos relacionados ao conceito de modo que a definição de pessoa seja a mais precisa possível.
A partir do texto, entendemos que hypostasis é a substância individual; prósopon, a pessoa; ousia é a essência do homem e ousiosis é a subsistência. 
O termo prósopon, corresponde às máscaras do teatro antigo, à personalidade jurídica, ao papel social e à pessoa gramatical, mas em nenhum caso a uma concepção substancial. Já o termo hypóstasis, sob influência do sistema filosófico aristotélico, é entendido como substância individual passível de ter acidentes. Estes não definem a pessoa, mas sim a substância.
Boécio, então, usa o termo latino persona, de modo a englobar tanto a concepção não-substancialista prósopon quanto a substancializante hypóstasis.
A essência do homem (ousia), aquilo que é comum aos universais, é a razão. Esta subsiste de modo que não precisa de acidentes para ser.
5. Como qualificar o modo de apresentação de exposição desta obra: filosofia, teologia ou ambos os modos? Por quê?
	Em sua origem, o modo de exposição da obra é teológico: surge a partir de uma discussão a respeito da natureza de Cristo (se uma ou duas) e tem como objetivo resolver esse problema teológico.
Porém, o modo como Boécio chega à resposta ao problema é filosófico: o autor utiliza-se dos instrumentos da lógica filosófica ao definir os conceitos de natureza e pessoa e, com eles, contrapor-se aos argumentos de Nestório e Êutiques.
Portanto, podemos concluir que a obra de Boécio é tanto filosófica quanto teológica.
6. Segundo a tua análise, qual a efetiva importância do conceito de pessoa para a Filosofia e outros campos do saber?
	O conceito de pessoa desenvolvido por Boécio tornou-se importante não apenas para responder à questão teológica que originou a discussão, mas também para a Filosofia, o Direito e a Bioética. 
	Na Filosofia, Boécio é o primeiro a destacar a dignidade da pessoa humana enquanto indivíduo, de modo a dar uma nova perspectiva à compreensão do homem sobre si. Na Grécia Antiga, era praticamente impossível identificar a noção de indivíduo como característica mais importante da vida humana; pois a ênfase estava na coletividade, de modo que o cidadão era visto como parte da polis.
	Nos campos do Direito e da Bioética, o conceito de pessoa é constantemente utilizado quando se discute, por exemplo, questões como o aborto. Uma vez que ao embrião ou o feto pode ser aplicado perfeitamente o conceito boeciano de pessoa, ele passa a ter assegurados, já desde os primeiros estágios de seu desenvolvimento, todos os direitos previstos na legislação concernentes à pessoa humana, o que inclui, não apenas, mas também, o direito à vida. Desse modo, o aborto seria considerado, na concepção de Boécio, como um infanticídio. 
	Portanto, é indiscutível a importância do conceito de pessoa desenvolvido por Boécio para qualquer campo de saber que discuta o que é ser humano.