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Universidade Federal Do Maranhão Bacharelado Interdisciplinar Em Ciência e Tecnologia Meio Ambiente e sustentabilidade Soluções Ambientais A Degradação dos Manguezais No Maranhão Componentes: Alef Veloso Pires Ferreira Brendo Vieira Soares Gabriel Moraes Telles Jose Lucas Costa Magalhães Samara Da Paixão Santos Vieira São Luis – MA Agosto de 2016 Universidade Federal Do Maranhão Bacharelado Interdisciplinar Em Ciência e Tecnologia Meio Ambiente e sustentabilidade Soluções Ambientais A Degradação dos Manguezais No Maranhão Componentes: Alef Veloso Pires Ferreira Brendo Vieira Soares Gabriel Moraes Telles Jose Lucas Costa Magalhães Samara Da Paixão Santos Vieira São Luis – MA Agosto de 2016 Resumo Este trabalho foi desenvolvido com base em pesquisas já realizadas sobre a situação dos manguezais do Maranhão. Este ecossistema vem sofrendo pressão antrópica desde a colonização, a cultura de que o manguezal é um ambiente insalubre, contribuiu consideravelmente para a sua degradação, porém esse ecossistema é de extrema relevância para a manutenção de centenas de espécies, os manguezais contribuem de forma significativa para a contenção das marés e controle da salinidade dos lençóis freáticos. Neste trabalho foram pesquisadas as causas da degradação dos manguezais no Maranhão e meios de contenção e de remediação, bem como o uso sustentável dos manguezais como forma de preservá-lo. Abstract This work was developed based on research already carried out on the situation of the Maranhão mangroves. This ecosystem has been suffering anthropic pressure since colonization, the culture of the mangroves is an unhealthy environment, contributed significantly to their degradation, and however this ecosystem is of extreme relevance to the maintenance of hundreds of species, the mangroves contribute significantly to the containment of the tides and control of salinity of groundwater. This work researched the causes of the degradation of the mangroves in Maranhão and means of containment and remediation, as well as the sustainable use of mangroves as a way to preserve it. Introdução O manguezal é considerado um ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestre e marinho. A caracterização dos manguezais depende dos tipos de solos litorâneos e, sobretudo, da dinâmica das águas que age sobre cada ambiente costeiro. A cobertura vegetal, ao contrário do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, instala-se em substratos de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob a ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra. A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam os grandes berçários naturais, tanto para as espécies características desses ambientes, como para peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do ciclo de sua vida. No noroeste do Maranhão são quase 6 mil km² do litoral. Em São Luís, cerca de 50% dessa vegetação já desapareceu por conta de crescimento descontrolado da capital. O depósito de sedimentos, consequência do assoreamento, faz-se sentir nas praias e nos entroncamentos de igarapés e rios em todo o Golfão Maranhense. O Golfão está localizado no extremo norte do estado e é constituído pelas baías de São José e São Marcos, onde está localizada a ilha de São Luís. Esta área é de extrema importância para pesquisas, pois está configurado como Área de Proteção Ambiental das Reentranças Maranhenses constitui-se em um sítio de Rede de Resevas de Aves Costeiras do Hemisfério Ocidental e um sítio do Rasmar (Área úmida de interesse Internacional com 1.775,036 ha). Este sítio está entre os 8 maiores sítios do Rasmar no mundo, e apresenta critérios representativos únicos como por exemplo aves aquáticas e peixes. Localização dos Manguezais no Maranhão Os manguezais maranhenses são encontrados desde o município de Carutapera, na costa ocidental do estado, estendendo-se pela costa oriental até Tutóia. Ocupam toda faixa de terras abrangidas pela foz e as margens de rios, até o limite interno da influência de maré, nas reentrâncias maranhenses. Segundo IBAMA/SEMATUR (1991), a área de manguezais no Maranhão foi avaliada inicialmente em 602.300 ha, incluindo-se os 226.600 ha de mangues ocorrentes no Golfão maranhense1. De acordo com Rebelo e Medeiros (1988), as áreas abrigadas da ação das ondas, associadas ao clima quente e úmido, constituem o paraíso desse ecossistema litorâneo, pois as águas calmas e salobras favorecem o surgimento dos depósitos de sedimentos finos (silte2 e argila). A área de Preservação Ambiental das Reentranças maranhenses apresenta uma área de 2.680,911ha e localiza-se entre a desembocadura do rio Gurupi e a Baía de São Marcos, incluído a Ilha do Cajual. Esta área corresponde a maior parte dos manguezais do estado do Maranhão. Em São Luís as áreas de manguezais estão associadas as bacias hidrográficas que cortam a ilha entre as principais podemos destacar : Bacia do Rio Anil Embora se localize em terrenos alagadiços e seu uso seja restrito à ocupação, os manguezais têm sido desmatados e/ou aterrados para posteriormente serem implantadas palafitas e áreas de ocupação, mas também órgãos de gestão e empreendimentos particulares. Bacia do rio Paciência A malha hidrográfica desta bacia é constituída pelos rios Paciência, Itapiracó, Saramanta, Prata, Santa Rosa, Miritiua e pelos igarapés Cumbique, Iguaiba, Cristovão, Cajueiro, Maiobão e Genipapeiro, dentre outros. O rio Paciência, principal corpo hídrico da bacia, apresenta um curso de 32 km inserido num ambiente estuarino que se desenvolve no sentido nordeste da Ilha de São Luís, desembocando na Baia de São José Bacia do rio Bacanga é a segunda bacia mais fortemente urbanizada da cidade de São Luís, perdendo apenas para a bacia do rio Anil, apresentando 1 O Golfão maranhense é um complexo estuarino localizado em uma posição em ângulo reto em relação ao litoral. No golfão, desembocam duas drenagens independentes; o sistema Mearim/ Pindaré/ Grajaú, na baía de São Marcos, e o rio Itapecurú, na baía de São José O golfão é largamente aberto ao norte sobre a plataforma continental (100 km), a NW, o litoral é constituído por “falas rias” e a Leste, este trecho é retilíneo e ocupado por campos dunários (El-Robrini, 1992). 2 Silte são fragmentos de rocha ou partículas detríticas menores que um grão de areia, que entram na formação do solo ou de uma rocha sedimentar. problemas associados à ocupação desordenada e lançamento de esgotos in natura. A pesar da ocupação urbana informal, a bacia possui uma extensa área de cobertura vegetal, formando o Parque Estadual do Bacanga, onde se encontra a barragem do Batatã, que produz 10% da água potável de São Luís, e a Área de Proteção Ambiental do Maracanã, criada como área de tamponamento da expansão urbana e industrial. Bacias Hidrográficas de São Luis. Áreas cobertas por florestas de Mangues. Proteção dos Mangues Resolução CONAMA Nº 004, de 18 de setembro de 1985. Publicado no D.O.U. de 20/1/86. O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe conferem a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e tendo em vista o que estabelece a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, alterada pela Lei nº 6.535, de 15 de junho de 1978, e pelo que determina a Resolução CONAMA no 008/84, RESOLVE: Art. lº - São consideradas Reservas Ecológicas as formações florísticas e as áreas de florestasde preservação permanente mencionadas no Artigo 18 da Lei nº 6.938/81, bem como as que estabelecidas pelo Poder Público de acordo com o que preceitua o Artigo lº do Decreto nº 89.336/84. Art. 2º - Para efeitos desta Resolução são estabelecidas as seguintes definições: a) - pouso de aves - local onde as aves se alimentam, ou se reproduzem, ou pernoitam ou descansam; b) - aves de arribação - qualquer espécie de ave que migre periodicamente; c) - leito maior sazonal - calha alargada ou maior de um rio, ocupada nos períodos anuais de cheia; d) - olho d'água, nascente - local onde se verifica o aparecimento de água por afloramento do lençol freático; e) - vereda - nome dado no Brasil Central para caracterizar todo espaço brejoso ou encharcado que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d'água de rede de drenagem, onde há ocorrência de solos hidromórficos com renques buritis e outras formas de vegetação típica ; l) depressão - forma de relevo que se apresenta em posição altimétrica mais baixa do que porções contíguas; 1. linha de cumeada - interseção dos planos das vertentes, definindo uma linha simples ou ramificada, determinada pelos pontos mais altos a partir dos quais divergem os declives das vertentes; também conhecida como "crista", "linha de crista" ou "cumeada"; 2. restinga - acumulação arenosa litorânea, paralela à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzida por sedimentos transportados pelo mar, onde se encontram associações vegetais mistas características, comumente conhecidas como "vegetação de restingas" ; 3. manguezal - ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos sujeitos à ação das marés localizadas em áreas relativamente abrigadas e formado por vasas lodosas recentes às quais se associam comunidades vegetais características; 4. duna - formação arenosa produzida pela ação dos ventos no todo, ou em parte, estabilizada ou fixada pela vegetação; LEI Nº 7.661, DE 16 DE MAIO DE 1988. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º. Como parte integrante da Política Nacional para os Recursos do Mar - PNRM e Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, fica instituído o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC. Art. 2º. Subordinando-se aos princípios e tendo em vista os objetivos genéricos da PNMA, fixados respectivamente nos arts. 2º e 4º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, o PNGC visará especificamente a orientar a utilização nacional dos recursos na Zona Costeira, de forma a contribuir para elevar a qualidade da vida de sua população, e a proteção do seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, considera-se Zona Costeira o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre, que serão definida pelo Plano. Art. 3º. O PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e dar prioridade à conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens: I - recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias; promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e pradarias submersas; II - sítios ecológicos de relevância cultural e demais unidades naturais de preservação permanente; III - monumentos que integrem o patrimônio natural, histórico, paleontológico, espeleológico, arqueológico, étnico, cultural e paisagístico. CÓDIGO FLORESTAL Lei n°4771, de 15 de setembro de 1965. Art. 1º As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. [...] § 2º Para os efeitos deste código, entende-se por: [...] II - Área de Preservação Permanente: Área protegida nos termos dos arts. 2° e 3° desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Seção I Das Disposições Gerais Art. 1º Esta Resolução define os casos excepcionais em que o órgão ambiental competente pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em Área de preservação permanente - APP para a implantação de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, ou para a realização de ações consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental. § 1º É vedada a intervenção ou supressão de vegetação em APP de nascentes, veredas, manguezais e dunas originalmente providas de vegetação, previstas nos incisos II, IV, X e XI do art. 3° da Resolução CONAMA no 303, de 20 de março de 2002, salvo nos casos de utilidade pública dispostos no inciso I do art. 2o desta Resolução, e para acesso de pessoas e animais para obtenção de água, nos termos do § 7o, do art. 4o, da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965. Flora Presente nos Manguezais do Maranhão No Maranhão como na maior parte dos manguezais do Brasil, predominam três espécies de mangue vermelho, mangue branco e mangue preto. Ao longo de milhares de anos, as espécies de mangue desenvolveram adaptações fisiológicas que lhes permitiram viver nesse ambiente desfavorável à maioria das plantas. Dentre essas adaptações, as mais importantes são: Presença de raízes aéreas (pneumatóforos) que emergem da lama em grande quantidade. Existência de lenticelas ou pequeno agrupamento de pontos de orifícios para as trocas gasosas (adaptações que permitem uma melhor circulação de gases entre a planta e o meio externo). Viviparidade, ou seja, processo reprodutivo onde os propágulos e sementes germinam na própria árvore mãe antes de caírem ou durante sua dispersão pelas marés. Presença de mecanismos fisiológicos que permitem a filtragem ou eliminação do salino interior da planta. Desenvolvimento de raízes escoras ou Rhizophoros (gaiteiras em algumas regiões) para fixarem-se ao substrato lamoso. Espécies de Mangue Rhizophora mangle (mangue vermelho): É a espécie mais conhecida ao longo do Litoral Brasileiro, uma árvore de casca lisa e clara, que ao ser raspado mostra cor vermelha. Suas raízes escoras são visíveis a longas distâncias e crescem rapidamente para atingir o solo lamoso e dar estabilidade à planta. O sistema radicular é formado por raízes chamadas rizóforos e possui membranas permeáveis que filtram a água, não permitindo a passagem do sal para o interior da planta. A sua estrutura reprodutiva (vivíparo) se dá através de propágulos que ao amadurecer se desprendem da árvore mãe e caem como lanças, apontadas para baixo, vindo a enterrar-se na lama. Sua casca é bastante rica em tanino, substância de cor vermelha e impermeabilizante. No início da colonização do Brasil foi muito explorada pelos curtumes para tingir couro e hoje tem sua exploração restrita e regulamentada, apesar da grande utilização pelas ceramistas. Na Malásia, está sendo utilizada para a produção de álcool, repelentes naturais e remédios. Laguncularia racemosa (mangue branco). É uma árvore pequena cujas folhas têm pecíolo vermelho com duas glândulas em sua parte superior, junto à lâmina da folha. Apresentapneumatóforos menores do que os da Avicennia em média 10 cm de altura. É a espécie mais utilizada pelo caranguejo-uçá, para o cultivo de fungos e micro-organismos, depois do apodrecimento das folhas no interior das tocas. Mangue Branco Avicennia schaueriana (mangue preto): Conhecida também como Siriba, siriúba ou mangue preto. É uma árvore de casca lisa castanho-claro, que quando raspada mostra cor amarelada e apresenta folhas esbranquiçadas por baixo devido a presença de pequenas escamas. Esse gênero é mais tolerante ás altas salinidades, elimina o sal do interior da planta através de estômatos localizados na superfície das folhas. O sistema radicular desenvolve-se horizontalmente, a poucos centímetros da superfície da lama e dessas raízes axiais saem ramificações que crescem eretas (aéreas), conhecidas como pneumatóforos, com a função de fazer a troca gasosa entre a planta e o meio ambiente. Mangue Preto. Fauna Presente nos Manguezais do Maranhão Os manguezais são conhecidos como berçários, porque existe uma série de animais que se reproduzem nestes locais. Moluscos: Muitos moluscos vivem enterrados na lama, como é o caso dos sururus, enquanto que outros se fixam às raízes do mangue, como as ostras, e outros ainda se encontram em galerias cavadas em pedaços de madeira, os turus. Peixes: Os peixes podem passar toda a sua vida no manguezal, uma fase ou apenas fazer migrações diárias de acordo com as marés, para a reprodução e bisca de alimento. Dentre as espécies, o peixe-boi é o que possui maior dependência dos manguezais, e atualmente encontra-se em perigo de extinção temos ainda outra espécie peculiar em nossos manguezais o mero (Epinephelus itajara) além de sardinha, bagre, robalos, tainhas, baiacus, anchovas e outros; SURURU OSTRAS Peixe-boi e Mero, ambos ameaçados de extinção. Crustáceos: Dentre os crustáceos, o mais conhecido é o caranguejo (Ucides cordatus), e também os siris, tanto o azul quanto o vermelho. Os camarões, pitus, também são importantes no manguezal; Aves: O manguezal é um verdadeiro santuário de aves que vivem parte de sua vida nos manguezais, principalmente as migratórias que encontram nos mangues proteção para descansar e se reproduzir, tais como, as garças, os guarás, os falcões, biguás, etc; Anfíbios: No manguezal os anfíbios encontram refúgio e alimento, dentre outros citamos os sapos, rãs e jias; Répteis: Os Répteis que podem ser encontrados nos manguezais são os cágados e os jacarés; Mamíferos: Os mamíferos representam uma fauna diversificada dentro dos manguezais. Muitos visitam a noite, à procura de alimento. Morcegos, macacos, guaxinins, capivaras e outros. Impactos Ambientais E degradação dos Manguezais A supressão ou degradação dos manguezais resulta em impactos ambientais e socioeconômicos, uma vez que diminui a produtividade natural, modifica a paisagem e força a saída de populações locais (SCHAEFFER-NOVELLI, Siri Caranguejo Sarnambi 2002). No Brasil, vários estudos descrevem a estrutura das florestas de mangue, relacionando o grau de desenvolvimento estrutural com os fatores ambientais (SCHAEFFER- NOVELLI et al., 1994; SEIXAS et al., 2006). Apesar de muitos manguezais estarem localizados em núcleos urbanos e sujeitos a vários tipos de impacto, poucos trabalhos comparam áreas de mangue com diferentes históricos de urbanização (SOUZA & SAMPAIO, 2001; DEUS et al., 2003). Desmatamento, erosão acelerada, especulação imobiliária e obras públicas. Ações humanas que colocam em primeiro lugar o chamado desenvolvimento sem medir as consequências ambientais. Palafitas em área de mangue. A ocupação humana nas áreas de manguezais, além de representar uma problemática ambiental, significa péssima qualidade de vida. A expansão urbana sobre as áreas de manguezais localizam-se próximas ao centro da cidade (São Luís) e tem provocado além da degradação que compromete a integridade do ecossistema manguezal, também uma ocupação humana precária de uma população de baixa renda, e que habitam as palafitas apresentando baixa qualidade de vida (Gomes, 2001). Desmatamento e poluição devastam os manguezais Outros fatores que Afetam os Manguezais: Queimadas Deposição de lixo Lançamento de esgoto Lançamentos de efluentes industriais Dragagens Construções de marinas Pesca predatória Carcinocultura Importância dos Manguezais Alem de abrigar uma avifauna que utiliza o manguezal como área de alimentação, reprodução, desenvolvimento e refugio, a capacidade de reciclar e reter nutrientes, gerando mais energia do podem consumir e a presença de todos os tipos de produtores, fazem do manguezal um ambiente de grande importância econômico-ambiental. Desempenha importante papel como exportador de matéria orgânica para o estuário, contribuindo para produtividade primária na zona costeira. É no mangue que peixes, moluscos e crustáceos encontram as condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo para várias espécies de fauna aquática e terrestre, de valor ecológico e econômico. Os mangues produzem mais de 95% do alimento que o homem captura do mar. Sua manutenção é vital para a subsistência das comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno. A vegetação de mangue serve para fixar as terras, impedindo assim a erosão e ao mesmo tempo estabilizando a costa. As raízes do mangue funcionam como filtros na retenção dos sedimentos. Constitui importante banco genético para a recuperação de áreas degradadas. O Emprego da Biotecnologia Na Recuperação de Manguezais Fitorremediação Esta técnica vem sendo utilizada para a descontaminação de solos e rios há muito tempo para remediar ações antrópicas. Por volta de 1910, a fitorremediação foi aplicada em solos contaminados por metais pesados na Rússia. Em 1926 com a publicação de “A Biosfera" por Wladimir Vernadsky 3. Houve um estudo dos fluxos biogeofísicos entre o solo (litosfera), os vegetais (biocenose) e a atmosfera levaram à definição das regras de cálculo de bioacumulação de metais pesados nos vegetais. Por volta de 1980, a extinta URSS4 , anunciou um conjunto de instruções para um programa de "fitorecultivação" dos solos industriais contaminados que resultou o tratamento de mais de 1,4 milhões de hectares entre 1980 e 1990. A partir da verificação da eficácia destas técnicas foram desenvolvidos estudos e pesquisas que visavam à melhoria da fitorremediação, à medida que as ações humanas desempenham um papel degradante sobre o meio ambiente o emprego desta tecnologia se torna mais sofisticado e abrangente, a fitorremediação é eficaz na descontaminação de rios e do solo contaminados por metais (Pb, Zn, Cu, Ni, Hg, Se), compostos inorgânicos (NO3- NH4+, PO4 3-), elementos químicos radioativos (U, Cs, Sr), hidrocarbonetos derivados de petróleo (BTEX)5 . A fitorremediação está dividida em cinco processos de acordo com as técnicas empregadas: Fitoextração: Este processo funciona através da absorção dos contaminantes pelas raízes. Podem ser utilizados para contaminantes como os metais (Cd, Ni, Cu, Zn, Pb), podendo também serem usadas para compostos inorgânicos (Se) e compostos orgânicos. Algumas espécies de plantas que podem ser usadas na técnica de fitoextração: Alyssum bertolonii, Aeolanthus biformifolius, Thlaspi caerulescens. (Newman, 2004). Fitovolatilização: é aquele em que as plantas e/ou organismos a elas associados ajudam a remover os poluentes do meio pela volatilização destes. Há o sequestro e remoção do poluente, que passapara a atmosfera através do vapor de água volatilizada. A volatilização pode ocorrer pela biodegradação na rizosfera ou após a passagem na própria planta. Os poluentes podem ser transformados em gases através do processo de respiração das plantas. A vantagem de tal técnica é que remove o contaminante do ecossistema, devendo ser utilizada com 3 Wladimir Vernadsky (1863-1945), mineralogista russo, pai da ecologia global holista, define o conceito numa perspectiva mais ampla e complexa. O conceito de "biosfera" impõe-se a partir de então. 4 URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1922-1991). 5 BTEX é um acrônimo que dá nome ao grupo de compostos formado pelos hidrocarbonetos: benzeno, tolueno, etil-benzeno e os xilenos (o-xileno, m-xileno e p-xileno). cuidado para que as plantas não liberem concentrações altas de poluentes na atmosfera. (IBEAS) Fitoestimulação: é um mecanismo no qual os micro-organismos associados e/ou beneficiados pela presença vegetal estão envolvidos, direta ou indiretamente, na degradação de contaminantes. A rizodegradação é quando essa estimulação ocorre nas raízes das plantas mudando as condições do solo e aumentando sua aeração, ajustando sua umidade e produzindo exsudatos que favorecem o crescimento de micro-organismos e, por consequência, a biodegradação de contaminantes. (IBEAS). Rizofiltração: é uma técnica em que a adsorção ou precipitação ocorre nas raízes ou absorção de contaminantes que estão em solução aquosa, ao redor da zona de raízes, e a translocação na planta depende do contaminante. Aplicada a metais pesados, radionuclídeos, tais como, urânio, césio e estrôncio (EPA, 2000). Fito-estabilização: implica na imobilização do contaminante no solo, basicamente metais, através da absorção e acumulação pelas raízes, e no uso de plantas e suas raízes para prevenir a migração do contaminante. As raízes das plantas, por reduzirem a quantidade de água no solo, impedem o movimento dos metais, estabilizando-os e evitando a erosão. Aplicada a metais pesados em minas, fenóis e solventes clorados. Processos de Fitorremediação. Existem ainda três processos de fitorremediação, que são barreiras hidráulicas (que utiliza árvores de grande porte com raízes profundas), capas vegetativas (coberturas vegetais de capim ou arvores, as raízes incrementam a aeração do solo promovendo a biodegradação evaporação e transpiração) e açudes artificiais (ecossistemas formado por solo algas micro-organismos e plantas aquáticas vasculares que trabalham conjuntamente no tratamento de efluentes, através da ação combinada filtração, troca iônica, absorção e precipitação). O Uso Da Fitorremediação Na Recuperação De Manguezais. Algumas cidades brasileiras já utilizaram o processo de fitorremediação na recuperação dos manguezais, entre os quis o da cidade de Cubatão na Baixada Santista em São Paulo pode ser aqui citado como modelo de estudo para a implantação desta técnica nos manguezais de São Luis. A primeira etapa consiste em: Testar a viabilidade da recuperação dos manguezais por meio da fitorremediação Elaborar um plano de recuperação das áreas degradadas Definir as técnicas mais adequadas para a situação da área, Fazer o plantio de propágulos e plântulas das espécies de mangues nativas No caso apresentado a espécie selecionada foi a Rhizophara mangle (Figura2), pois esta apresentou expressiva capacidade de regeneração e um potencial fitorremediador para contaminantes orgânicos. Após o plantio é foram realizados o monitoramento de parâmetros como: altura, ramificação, número de folhas, taxa de sobrevivência e formação de raízes aéreas. Podemos, portanto concluir que a implantação da fitorremediação na faixa de manguezais no Maranhão, demanda estudos de campo além do levantamento de áreas isoladas uma vez que as agressões antrópicas vão desde o lançamento de efluentes domésticos e industriais a resíduos sólidos de todas as regiões do planeta. Podemos ainda enfatizar que se faz necessário o uso de várias tecnologias para a despoluição e preservação dos manguezais. Mangue vermelho Vantagens E Desvantagens Da Fitorremediação Esse tipo de processo de descontaminação pode ser aplicado a vários ecossistemas, apresenta bons resultados e possui baixo custo de implantação. As plantas ajudam no controle do processo erosivo, eólico e hídrico. ENEGEP 2005. No caso da aplicação de fitorremediação nas áreas de manguezal, há uma necessidade de constante monitoramento devido as variações constantes de maré. Outra vantagem do processo de fitorremediação é que as plantas utilizadas podem ser controladas com maior facilidade, o que sobressaem outras técnicas de biotecnologia, como por exemplo, o uso de bactérias e fungos. Por outro lado apresenta algumas desvantagens, o clima é um fator que pode restringir o crescimento das plantas, também é mais lenta do que as técnicas físico-químicas tradicionais e ainda o risco de contaminação na cadeia alimentar Outras soluções podem ser aplicadas para a despoluição dos manguezais, porém são processos mecânicos, podendo assim ocasionar mais impactos na sua implantação e funcionamento, como por exemplo, os filtros e o ecoboat. Uso Sustentável dos Manguezais Conclusão O trabalho apresentado procurou demonstrar os principais aspectos dos manguezais no Maranhão, sua localização , fauna , flora e a importância desse ecossistema para as espécies marinhas, e para a manutenção de comunidades que sobrevivem do manguezal. Outro fator aqui apontado foi a supressão e/ou degradação dos manguezais provenientes da constante ocupação irregular, lançamento de efluentes domésticos e industriais e lançamento de resíduos sólidos que põe em risco a biodiversidade deste ecossistema. Foram apontadas soluções tecnológicas, que visam a remediação dos danos. Cabe ainda destacar a importância da educação ambiental como agente preventivo,somente a conscientização pode contribuir para que as pessoas cobrem dos órgãos competentes uma maior fiscalização e punições exemplares para quem degrada o meio ambiente, sobrepondo-se as leis. Refencias Mar Sem Fim, A importância dos manguezais. Disponível em: <http://marsemfim.com.br/a-importancia-dos-manguezais/ Instituto Ecofaxina, A importância dos manguezais para o nosso planeta. Disponível em: <http://www.institutoecofaxina.org.br/2008/10/importancia-dos- manguezais-para-o-nosso.html Portal de Ecologia Aquática, O ecossistema manguezal. Disponível em: <http://www.ecologia.ib.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=arti cle&id=70&Itemid=409 Uniaerp, A importância dos maguezais para o equilíbrio ambiental. Disponível em: <http://www.unaerp.br/sici-unaerp/edicoes-anteriores/2005/secao-2-1/904- a-importancia-dos-manguezais-para-o-equilibrio-ambiental/file Museu do Una, Manguezais e estuário. Disponível em: <http://www.museudouna.com.br/mangue.htm Prezerve o Manguezal, Poluição do manguezal. Disponível em: <http://preserveomanguezal.blogspot.com.br/2008/06/poluio-do-manguezal- uma-pena-que-esse.html Revista Memo, Plantas na recuperação de mangues. Disponível em:<http://www.revistamemo.com.br/meio-ambiente/plantas-na-recuperacao- de-mangues/
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