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Resumo Constitucional II

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CONSTITUCIONAL II
Carlos Rátis
RESUMO
ORIGENS DO FEDERALISMO: O Brasil traduz uma República Federativa, que congrega entes federativos (União; Estados membros; Distrito Federal; Municípios). O modelo de federalismo adotado no Brasil é inspirado no modelo americano (às avessas). Não há HIERARQUIA entre os entes. Cada um deles tem seu papel definido pela Constituição. A união de todos os entes resulta na República Federativa do Brasil, que é soberana. Os entes têm autonomia (legislativa, administrativa, funcional, etc.), mas não soberania. Estes devem buscar uma cooperação, o que faz nosso modelo ser chamado de Federalismo Cooperativo (cada ente preocupa-se com suas funções e com a dos outros, sem invadi-las). Este deve ser protegido, a fim de evitar segregação (como o processo de intervenção). O Federalismo norte-americano deveria acontecer de maneira centrípeta. A União comungaria os estados-membros, que seriam responsáveis pelos poderes remanescentes, a fim de fortalecer estes estados-membros, em detrimento da União. O caráter dual do Federalismo americano não imprime hierarquia (União – Estados Membros). No Brasil, o federalismo se concebeu de maneira CENTRÍFUGA (de dentro para fora. Um governo central resolve dividir suas funções em prol do bem-comum).
Processo Histórico: No decorrer do século XIX, os direitos fundamentais vão surgindo de acordo com a necessidade. A Revolução Industrial, na Inglaterra, é um marco para o surgimento desses direitos. O Brasil alcança sua independência em 1822 e é concebido como Estado unitário, porque os atuais estados-membros eram apenas províncias (que correspondiam às sesmarias). Com o movimento abolicionista, transformou-se o sistema de governo e a situação político-administrativa (do estado-unitário para a Federação – 1891). Ruy Barbosa traz o modelo americano para o Brasil, de maneira que aqui se adotou o Federalismo centrífugo. As províncias passam a ser denominadas “estados-membros” que, unidos, formariam a União. A teoria do Federalismo busca a descentralização, de maneira que os entes ganhassem mais força, em especial os municípios. Estes, porém, começaram a ser criados de maneira desenfreada. 
O Distrito Federal: O DF nasce para envolver Brasília como capital federal. Ele é hibrido, pois não tem município, nem se transforma em Estado. O DF porém, acumula competências estaduais e municipais.
Competência da União e dos demais entes federativos
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA: aquela que não pode ser objeto de delegação (passar para outro); é exercida única e exclusivamente pela União, nas hipóteses previstas no art. 121, CF. trata-se de competência programática, haja vista que a União tenha a obrigação de adotar as políticas definidas nesse artigo;
COMPETENCIA PRIMITIVA: aquela que será exercida primeiro pela União, mas pode ser objeto de delegação para os Estados-membros, mediante lei complementar. 
COMPETÊNCIA COMUM: aquela exercida por todos os entes federativos ao mesmo tempo. Trata-se de competência programática (imperativa)
COMPETÊNCIA CONCORRENTE: a União deve legislar sobre normas gerais que irradiarão efeitos sobre o Estado brasileiro, e os demais entes concorrerão com a União sobre o mesmo assunto, dentro de sua competência. A União não poderá inviabilizar o exercício da competência pelo Estado, e nem o Estado invadir sua reserva de competência. É típica de um Estado Federado
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PLENA: na hipótese da União ter criado as normas gerais sobre os assuntos discriminados no art. 24, CF, os Estados-membros e o DF legislarão plenamente sobre o assunto. Entretanto, se a União, em caráter posterior, legislar sobre a matéria, todas as normas que forem consideradas incompatíveis com a legislação federal serão suspensas;
COMETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA: é exercida pela União, em caráter exclusivo na criação de impostos (IEG: imposto extraordinário de guerra), em face de uma guerra declarada. A previsão está no art. 154, II da CF;
COMPETÊNCIA RESIDUAL TRIBUTÁRIA:traduz-se na possibilidade da União em criar novos impostos através de lei complementar, desde que ela não venha a se utilizar do mesmo fato gerados e a base de cálculos de impostos já existentes. Essa competência é da União, e somente dela, de criar novos impostos.
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL: A CF corresponde a um grande sistema aberto. Há na CF uma clausula de Abertura (art. 5º, §2º), que indica que a CF não acaba no seu texto, mas está sempre aberta a tratados, convenções, etc.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS
a) Princípio da estrita Legalidade: Os tributos só podem ser criados ou majorados por lei. Numa análise constitucional, o tributo tem seu conceito dividido em algumas partes: Toda proteção: há uma obrigação do cidadão em pagar os tributos, para que haja a prestação de serviço ao Estado; Pecuniária: o cidadão deve pagar ao Estado apenas de maneira pecuniária, não se admitindo entrega de coisa ou prestação de serviço; a prestação pecuniária é compulsória É possível que o Estado execute o cidadão inadimplente. Instituída em Lei: tributo é matéria reservada à lei (legislador); Em moeda ou em cujo valor nela se exprimir: o tributo sempre será arrecadado em reais; Que não constitua sanção de ato ilícito: não se pode confundir tributo com multa. O fato social que implicará o nascimento de um tributo deve ser ato LÍCITO, enquanto a multa é sanção a ato ILÍCITO. O tributo é obrigatório (compulsório) e é deles que o Estado sobrevive; Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: não existem opções para o Estado cobrar os tributos, eles simplesmente estão positivados (em lei).
b) Princípio da isonomia tributária: Decorre do principio da isonomia geral. Quando se fala em isonomia, o Estado deve partir de critérios específicos para diminuir as desigualdades. Na relação entre contribuinte e Estado, utiliza-se o fator de discriminação, observando-se a capacidade econômica contributiva (quem ganha mais, paga mais).
c) Princípio da irretroatividade: Visa impedir a cobrança de tributos em relação aos fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os instituiu ou aumentou. Tal princípio comporta duas exceções, quais sejam: Quando a nova forma for expressamente interpretativa (não cria nada, só explica como se aplica a lei anterior); Quando deixar de definir a conduta do contribuinte como prática que comprometeria o ordenamento.
d) Princípio da anterioridade: Visa impedir a cobrança de tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou.
e)Princípio do prazo nonagesimal: Também chamado “noventena” e objetiva não permitir a cobrança de tributo antes de decorridos 90 dias da lei que os instituiu ou aumentou.
f)Princípio da vedação ao confisco: Confiscar é expropriar, tomar propriedade sem o pagamento de qualquer indenização. Tributo não pode ser meio de confisco. Este princípio protege o direito de propriedade do contribuinte, que não devera dispor de sua propriedade para o pagamento de tributos.
g)Princípio da liberdade de tráfego: Tem como escopo não permitir que o Estado venha a criar limitações indevidas ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de criação de tributos interestaduais e intermunicipal. 
h)Princípio da seletividade: Busca a seletividade, desestimular o consumo de produtos considerados supérfluos para o cidadão.
i)Princípio da uniformidade geográfica: Visa criar obstáculo à União quanto a criação de novos tributos que implicassem distinções entre os estados-membros. 
Obs.: não há hierarquia, se não valorativa, entre estes princípios
PROCESSO LEGISLATIVO Fases: subdivide-se em três (princípio da simetria)
-- 1ª Fase - INICIATIVA: é o momento em que se envia/encaminha determinado processo, projeto, etc. Quem faz este envio, é também uma questão de subdivisão: Iniciativa privativa: exercida por aquelas pessoas legitimadas pelo legislador constituinte. É a própria lei quem determina quem enviará o projeto, terá a iniciativa, etc. Iniciativa concorrente:a CF aponta pessoas legitimadas que concorreriam quanto à inciativa de determinado processo legislativo. Iniciativa comum: é a regra geral. No fundo qualquer deputado, senador, o poder judiciário, executivo, pode vir encaminhar um projeto de lei. O texto da CF permite que qualquer agente público encaminhe um projeto de lei, sujeitos a aceitação. Iniciativa popular: É necessário 1% do eleitorado nacional, estando este dividido entre os estados e em cada um deles, 0,3% dos eleitores. O objetivo é alcançar um consenso.
-- 2ª Fase – CONSTITUTIVA: é o momento em que se discute a aprovação, sanção, veto, etc. Discussão/Aprovação: a PEC pode começar na Câmara ou no Senado. A que começar será a casa iniciadora, a outra, será casa revisora. O texto deverá ser discutido duas vezes com quorum de 3/5 em cada casa. Alei ordinária, quando encaminhada ao CN, depende de quorum de maioria simples. Já as leis complementares, requerem quorum de maioria absoluta. Em ambos, haverá apenas uma discussão em cada casa. Encaminha-se a o processo para o Executivo. Sanção/Veto: o Executivo é quem participa desta fase (presidente, governador ou prefeito), e há um prazo de 15 dias para veto, que deve ser motivado. Passado esse período, ocorre a sanção tácita, que e um consentimento por omissão de opinião do executivo. O veto é recebido pelo presidente do Senado que marcará uma sessão no Congresso, e este pode rejeitar o veto presidencial, por exemplo, pois quem legisla é o legislativo, não o executivo.
-- 3ª Fase: COMPLEMENTAR: Promulgação: a lei, depois que for aprovada pelo CN é objeto de sanção pelo executivo, deve ser promulgada, que é o reconhecimento de validade da norma, aprovada pelo CN e sancionada pelo Poder Executivo. A promulgação será realizada pelo presidente da República, porém, se houver recusa, caberá ao Presidente do Senado; Publicação: a norma tem que ser enviada para o Diário Oficial e depois de publicada, terá os seus efeitos. A eficácia é diferente da vigência. 
Medida Provisória: leva em consideração a RELEVÂNCIA e a URGÊNCIA, e são atos excepcionais que, para serem editados levam em consideração as características supracitadas, surgiram substituindo os decretos-leis. Não seria qualquer assunto ou qualquer momento, pois o processo legislativo vistos acima não será observado. Assim sendo, quando editada, a MP deve ser considerada/observada. 
Leis Delegadas: uma exceção a separação dos poderes, porque embora quem crie lei seja o legislativo, quem cria as leis delegadas é o Presidente, mediante resolução, que limitará a lei delegada (não é muito utilizada, já que a MP é ilimitada por resolução).
Decreto Legislativo: correspondem à manifestação do CN. É como o poder legislativo trabalha, atua.
Resolução: forma de atuação das casas legislativas isoladamente. É a forma de deliberação: se as casas estiverem reunidas, será decreto legislativo. São editadas pelos poderes executivo, legislativo e judiciário. Uma resolução não pode confrontar uma lei.
COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO (CPI): Não são exceções, devem ser iniciadas sempre que necessário. Características: É necessário pelo menos 1/3 da Câmara dos Deputados ou do SF, ou conjuntamente, para eu se inicie uma CPI. Cabe a CPI ser eminentemente político, não permitindo controle jurisdicional quanto à abertura; Toda e qualquer CPI tem que ter motivo determinado, não podendo ser iniciada por mera abstração, porque direitos fundamentais dos investigados serão contidos; A CPI será instaurada para ser concluída em prazo determinado, podendo sofrer prorrogação;
O que a CPI pode, ou não fazer: Criou-se uma legislação específica para as CPIs, de maneira a abranger algumas exceções, como a permissão de quebra de sigilo bancário e fiscal (LC n. 105/2001). Outra legitimidade de uma CPI é o acesso aos dados telefônicos pretéritos (que não se confunde com a interceptação telefônica). A CPI pode executar prisão em flagrante, mas não dar uma ordem de prisão – por isso, muitos investigados requerem HABEAS CORPUS PREVENTIVO. De acordo com as decisões do STF, uma CPI não poderá: Promover busca domiciliar de documentos, objetos ou pessoas; Proceder a quebra de sigilo de telecomunicações (art. 5º, XII); Expedir ordens de prisão, salvo em caso de flagrante de delito. O Relatório corresponde à conclusão dos trabalhos da CPI, podendo, ou não, ser encaminhado ao MP. É através desse relatório que pode ser iniciado um processo legislativo contra um parlamentar. Pode ser usado por qualquer uma das partes.
PODER JUDICIÁRIO: Art. 93 – nesse artigo, apresentam-se princípios e regras específicas para o poder judiciário; Mas existe uma Lei Complementar nº 35/79, que vem sendo considerado o “estatuto da magistratura”, como fala o próprio texto constitucional. Interpretação dos seus incisos: O CNJ vem preenchendo lacunas jurídicas existentes nessa lei, em especial com a elaboração do Código da Magistratura. A emenda 45 trouxe informações óbvias. Vedações e prerrogativas da Magistratura: as prerrogativas estão indicadas no artigo 95, e o magistrado não pode dispor destas. Elas seriam:
 VITALICIEDADE – que não se confunde com a estabilidade, alcançada após três anos de serviço. Por conta dela, o magistrado só pode ser demitido por processo judicial. É uma blindagem ao cargo, de maneira que o magistrado não fica submetido aos interesses da administração, não precisa ter receio de uma eventual sanção que venha a proferir e desagrade. 
INAMOVIBILIDADE –. O magistrado tem a segurança de que não sofrerá uma remoção forçosa por parte do poder público. A inamovibilidade visa fortalecer a independência do magistrado, pra que ele não fique à mercê de vontades do poder público.
IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO – o magistrado terá a segurança de manutenção no seu salário, mas é claro que há exceções como escassez de recurso do Estado. 
As vedações estão previstas no parágrafo único co artigo 95. o magistrado precisa ser:
IMPARCIAL: não pode filiar-se a nenhum partido, mas pode ser ligado a associações; Nem pode receber regalias ou contribuições para que haja benefício de uma das partes no julgamento de um caso que esteja julgando. 
QUARENTENA: expressão muito criticada, pois seria mal aplicada. É um período de três anos em que o magistrado não pode exercer advocacia, após deixar o cargo da magistratura, com o objetivo de proteger a livre concorrência, não permitir locupletação (beneficiar) do seu cargo. A vedação diz respeito ao tribunal que o juiz integra, apenas. 
PODER EXECUTIVO: o Presidente da República (chefe do poder executivo) acaba sendo mais do que um chefe de Estado, mas interferindo nos poderes judiciário e legislativo, desde 1891 que esse modelo de poder executivo foi instalado no texto constitucional. De lá pra cá, ao invés de haver uma mitigação, pelo contraio, houve uma concentração ainda maior de poderes. 
Compete privativamente ao Presidente da República: Nomear ou exonerar os ministros de Estado: o poder executivo é composto por ministros e seus auxiliares, especializados em suas respectivas pastas. O presidente pode, então, criar ou extinguir essas pastas; Também para exonerar não é necessária uma justificativa. Não cabe controle jurisdicional sobre a escolha desses ministros, secretários. Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; Vetar projetos de lei, total ou parcialmente; Dispor mediante decreto; Manter relações com os Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso: estamos diante de uma típica atribuição de chefe de Estado, que acontecem em três etapas. O presidente celebra o tratado. Depois que esse acordo foi celebrado pelo executivo, o legislador pode referendar as normas. Depois, um decretoexpedido pelo presidente admitindo a recepção da norma internacional; Decretar estado de defesa e estado de sítio.
ESTADO DE DEFESA: art. 136; o Estado de Defesa poderá ser instaurado para preservar EM LOCAIS RESTRITOS E DETERMINADOS a ordem pública ou a paz social ameaçadas por instabilidade institucional ou atingidas por calamidades naturais. Tudo depende do caso concreto, pois não existe uma legislação que defina o que seriam esses locais restritos e determinados. Neste caso, o presidente editaria um decreto e só depois sofreria a análise do Congresso, que decidirá por maioria absoluta. O Estado de Defesa pode perdurar por no máximo 30 dias, com uma chance de prorrogação. Enquanto durar este decreto, os direitos fundamentais do individuo podem ser mitigados, desde que isso seja necessário ao bem estar do cidadão. Trata-se de um Estado excepcional e é importante que não haja abusos.
ESTADO DE SÍTIO: arts. 137 e 139; ao contrário do Estado de Defesa, só poderá ser instaurado após a autorização do CN. Ele poderá ser instaurado nas seguintes hipóteses: Em caráter subsidiário ao Estado de Defesa, ou seja, se o Estado de Defesa não conseguir resolver o problema, instaura-se o Estado de Sítio; Em caso de comoção grave de repercussão nacional; No caso de guerra declarada ou resposta à agressão armada estrangeira. Essa instituição seria, portanto, de mais gravidade do que o Estado de Defesa. O Estado de Sítio não tem prazo e o decreto dura tanto quanto for necessário para que a Soberania volte a ser respeitado. Se tiver prazo determinado, pode ser prorrogado o quanto for necessário. Os direitos fundamentais sofrerão ainda mais restrições.
Processo de Impeachment: O texto constitucional traça as condutas que configuram CRIMES DE RESPONSABILIDADE. Estes seriam infrações político-administrativas e não verdadeiramente infrações penais. Isto porque dizem respeito à proteção do pacto federativo. O processo de Impeachment pode ser iniciado por qualquer cidadão, junto a Câmara dos Deputados. A denúncia deve ser apreciada por um órgão colegiado da Câmara. Se a Câmara vier a admitir o processo, o presidente terá suas atividades suspensas por 180 dias – neste período, o vice assume. Já que o processo foi admitido pela Câmara, quem julga será o Senado e ele terá que reconhecer a responsabilidade do presidente, ou declarar sua inocência. O presidente pode perder o cargo e perder seus direitos políticos por um prazo de oito anos. CRIMES COMUNS são as chamadas CLÁUSULA DE IRRESPONSABILIDADE RELATIVA (art. 86, §4º) diz que o presidente não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de sua função. Se ele cometer um crime sem relação à sua atividade, só terá o processo iniciado no fim de seu mandato e não ocorre prescrição do tipo. Em relação aos crimes comuns, estes só serão admitidos na Câmara dos Deputados, com quorum de 2/3, e quem julga o presidente é o STF. Há uma diferença: no processo de Impeachment o Senado apenas dá seguimento ao processo da Câmara, mas aqui, mesmo que esta tenha admitido o processo, o Judiciário pode dizer que não aceita e arquivar o processo.
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
OAB: O advogado tem função pública, não podendo permitir que seus interesses particulares prevaleçam sobre os interesses públicos. O texto constitucional traça diretrizes sobre a atividade dos advogados. Também o estagiário deve ter um vínculo com a OAB, de maneira que há uma relação de direitos e deveres. Um dos princípios da atuação do poder judiciário é o da inércia, pois este só pode trabalhar quando provocado. E essa provocação é feita pelos membros do ministério público, defensores, procuradores, advogado, etc. No art. 6º do Código de Ética, fica explícito que todos os advogados, magistrados e membros do MP devem ser tratados sem considerar ordem hierárquica. Os advogados têm, de fato, alguns direitos (vide art. 7º, Estatuto da OAB). Entretanto, essa blindagem não é absoluta, em especial no que se tratando do escritório, que pode sofrer mandado de busca e apreensão, por exemplo. Este mandado deve se limitar às informações relacionadas aquele processo em questão. Um advogado só poderá ser preso em flagrante no exercício de sua função, com a presença de um representante da OAB, sob pena de nulidade. Caso ele seja preso fora de seu exercício, será como um cidadão comum, de maneira que a OAB será comunicada posteriormente. 
PROCESSO DISCIPLINAR: a representação oferecida contra um advogado não pode ser anônima. A OAB está aberta para receber representação de qualquer indivíduo, mas é necessário se identificar. O prazo de prescrição da pena é de cinco anos para a OAB. As infrações penais serão discutidas pelo órgão competente, assim o advogado responderá um processo disciplinar e um criminal, de maneira concorrente. As sanções as quais o advogado está sujeito estão no artigo 35, sendo elas: censura, suspensão, exclusão ou multa. A CENSURA é a sanção disciplinar. Se o advogado for suspenso por três vezes, será excluído. A exclusão está discutida no art. 38. A multa pode ser cobrada em até dez vezes o valor da anuidade.
 ESTAGIÁRIO: está disposto no art. 9º do Estatuto. O estagiário pode praticar todos os atos que o advogado pode exercer, juntamente com um advogado. Para que o escritório venha a ser credenciado, a OAB fiscaliza. Esse estágio deve ter duração de, no máximo, dois anos. O que pode acontecer é a efetivação do estagiário, depois de formado, já como advogado.
Defensoria Pública: Art. 134, CF. No Brasil, ela ainda está sendo estruturada, mas não faz parte do poder executivo. O mister do defensor público é defender os interesses dos cidadãos hipossuficientes. Não só pessoas físicas, mas também pessoas jurídicas – aquelas que passam por dificuldades. A defensoria pública tenta restringir seu campo de atuação, de maneira a procurar saber a situação financeira do individuo, para que possa representá-lo. O defensor é um advogado por excelência, pois primeiro o bacharel deve ser aprovado na OAB para que, depois, possa exercer mandato de defensor. No Brasil, existe a Defensoria Pública da União e a dos Estados. A Defensoria Pública da União tem apenas sete anos. A inamovibilidade é uma das prerrogativas, ou seja, tem a segurança de não sofrer alterações do poder executivo. 
Ministério Público: O chefe do poder executivo interfere no funcionamento do MP, o que muitas vezes atrapalha o pleno funcionamento do mesmo. Os membros do MP integram o Estado e possuem inúmeras atribuições. O procurador geral do estado é o advogado do estado, o que não tem a ver com o procurador geral da justiça. Além do CNJ, existe o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), que surgiu com a emenda 45. Os conselheiros têm status de ministro, de maneira que o mandato é de dois anos, sendo permitida uma reclusão. ADI interventiva é ajuizada pelo membro da MP. As funções institucionais do MP são abertas, prezando pelo papel da constituição, acima de tudo, defendendo interesses da sociedade como um todo. Tem papel de fiscalizar a lei. É o MP quem provoca o judiciário para que sejam abertos os processos de investigação. 
EDUCAÇÃO E JUSTIÇA: A UNESCO observou que naqueles Estados em que a educação é precária e ineficiente, o jurisdicionado ou não sabe provocar o poder judiciário, ou as decisões acabam por não atender os interesses sociais. Ao trabalharmos com educação e justiça, temos que determinar um marco histórico. As instituições educacionais sempre foram manipuladas. Antes da independência, podemos dividir o acesso à educação em três etapas. A educação serve para a emancipação do cidadão. Quanto melhor nossa formação, mais aptos estamos para acompanhar e fiscalizar a administração e os próprios particulares. 
FASE JESUÍTICA: vai de 1549 a 1759. Os índios não tinham acesso á escola, o que indica que a educação não era para os brasileiros. Destacam-se figuras como Inácio de Loyola, que fundavam as chamadas “escolas de ler, escrever e contar”, as quais somente os filhos dos lusitanos tinham acesso. A fase jesuíticaé marcada pelo processo de aculturamento, onde os brasileiros precisavam aprender a se comportar, se vestir, orar. 
FASE POMBALÍTICA: vai de 1759 a 1808. As primeiras escolas particulares teriam sido criadas neste período, com autorização da metrópole. Não havia interesse em investir na educação nas ex-colônias. O descaso com a educação, portanto, não é recente. No inicio do século XIX acontece a fuga da família real para o Brasil, quando não só ela, mas também muitos súditos vieram para cá. 
FASE JOANINA: vai de 1808 a 1822. O destaque é a fundação das primeiras faculdades, de maneira que foi um período de motivação para que em 1827 surjam as primeiras faculdades de direito do país. Isto, porém, só aconteceu para que houvesse, de fato, mão de obra para servir a família real. Quando a família real chega a Salvador, implanta-se a primeira faculdade de Medicina Entende-se, portanto, que a educação era refém da vontade da metrópole e, por isso, buscou-se a emancipação. Fica claro que a educação foi utilizada como manutenção da estratificação social. Depois da independência, todas as constituições, sem exceção, discorreram sobre o acesso à educação. Em 1824, a Constituição Imperial já estabelecia o direito de acesso ao ensino primário. Em 1891, analfabetos já não poderiam mais votar, pois os alforriados, com a abolição, poderiam controlar o poder. Aí, a educação foi mais uma vez utilizada para a manutenção do poder. O momento de valorização dos direitos sociais, prestacionais, que exigem o fazer, que seriam de segunda dimensão vem com a Constituição de 1934. Ela inaugura o bem estar e traz um capitulo especial para a educação, de maneira que passa a se preocupar com a erradicação do analfabetismo, inclusive. Há de se observar que podemos nos deparar com vários conflitos, e a Carta de 1937 é a demonstração de como a liberdade de aprendizagem deve ser observada. O cidadão deve participar do processo educacional, construindo o conteúdo programático do que será estudado. Já em 1946, a Constituição era chamada de redemocratizadora, visto que todos os avanços trazidos pela Carta de 1934 retornaram. Em relação às Constituições da Ditadura Militar, não houve grandes avanços (1967 e 1969). 
Educação e Constituição de 1988: É na Constituição de 1988 que surgem artigos específicos que formam uma “micro-constituição da educação” (arts. 205 a 214, CF). Já no artigo 205, apresenta-se um tripé: família, sociedade e Estado. Estes serão os responsáveis pela garantia da educação ao cidadão. O acesso à educação permite o exercício de vários direitos e por isso entende-se que a educação é um direito transdimensional. No artigo 206, apresentam-se os PRINCÍPIOS que regem a educação como um todo. FORÇAS ARMADAS: Suas funções não se confundem com os órgãos que integram a segurança pública. O art. 142 nos mostra alguns princípios que regem as Forças Armadas. Não se pode comparar a hierarquia de valores feita pelo magistrado do Tribunal Militar com um órgão colegiado formado por magistrados civis. O respeito às normas, à disciplina e as próprias sanções aplicada no regimento interno das Forças Armadas têm outra conotação, outra dimensão. A aplicação dos princípios constitucionais na órbita militar é distinta e é por isso que inúmeros direitos fundamentais assegurados aos civis serão assegurados aos militares. Para essas punições penais militares não cabe o Habeas Corpus, mesmo que os regimentos internos das Forças Armadas estabelecem inúmeras sanções restringindo a locomoção. Vai caber Habeas Corpus somente e a restrição não for razoável. Nosso Superior Tribunal Militar apresenta mais ministros do que o STF, tornando a carga de trabalho dos ministros muito menor e a carga dispendiosa muito maior. 
Nas Forças Armadas há interferência decisiva, de maneira que a perspectiva é de que um militar exerça somente esta função para que esteja sempre à disposição de sua respectiva força. Essa questão de acúmulo de atividades é muito rigorosa e caso descumprido, cabe processo. Se o militar assumir uma atividade, enquanto comissionado, não ingressa na reserva, pois quando ele for exonerado ele volta à ativa. Mas se ele passa a exercer um cargo público permanente, ele entre na reserva. Diante de dois direitos fundamentais assegurados aos servidores públicos, sendo eles a SINDICALIZAÇÃO e a GREVE, estes ficam proibidos aos militares. Isto porque os sindicatos são entidades profissionais, são associações que defendem interesses profissionais. Essa vedação não é exclusiva do Brasil, mas de todo o mundo. Os militares podem, de fato, lutar por melhores salários, mas sem que se promova uma instabilidade da defesa da pátria, da proteção da soberania. Porque o militar representa o Estado onde ele estiver, podendo criar associações desde que estas não sejam questionadoras das decisões políticas do Estado que os militares devem, acima de tudo, defender. 
Paralisação x Greve: A paralisação ocorre em tempo muito especifico para demonstrar a insatisfação. Os militares sequer a manifestação podem realizar, mesmo porque eles têm acesso a informações privilegiadas acerca da segurança pública. As greves também não são permitidas. Quem acaba fazendo as reivindicações são os companheiros e companheiras dos militares, que possuem fortes associações em todo o mundo. Quanto ao partido político, fica vedada, ainda, a participação em partidos políticos (militares aposentados, porém, estão liberados). Mas caso ele se candidate a algum cargo político, fica aguardando o resultado das eleições e, se for eleito, só aí ele entra num partido e entra em reserva. Não obtendo êxito na eleição, volta às atividades normais. O oficial que não cumprir suas funções de forma digna, ele será afastado do cargo. Nem todo direito fundamental do trabalhador é assegurado a ele, mas outros são, bem como as férias, a licença maternidade, etc. para os militares não existiria um rol, como existe para os civis, mas o legislador explicita quais serão garantidos aos militares. Um dos direitos individuais é o de resistência, que é aberto, porque a resistência pode ser coletiva (caso de desobediência civil, por exemplo, a greve exercida por um grupo de trabalhadores) ou individual (caso do imperativo de consciência). Um exemplo do imperativo de consciência é o fato de que o serviço militar é obrigatório, mas o jovem que vai se alistar pode alegar o IMPERATIVO DE CONSCIÊNCIA, que é dizer que não vai servir às Forças Armadas por questão filosófica, sensorial, religiosa, etc. Neste caso, porém, o individuo deve, porém, cumprir prestação alternativa (todos os fins de semana prestar serviço em instituição filantrópica). Se o individuo não cumprir nem uma coisa nem outra, seus direitos políticos serão suspensos durante o período em que não se cumpra esse serviço alternativo. 
Segurança Pública: É um dever do Estado e direito e responsabilidade de todos, através dos órgãos de segurança pública. É um objetivo distinto das Forças Armadas, que defendem a pátria. A SEGURANÇA PÚBLICA defende o bem-estar do cidadão. O texto constitucional nos trás que cada um dos órgãos de segurança pública tem uma atribuição específica, e não podem invadir a esfera de atuação um do outro. Por exemplo, um crime que acontece na Caixa Econômica Federal será investigado pela Polícia Federal, de maneira que nada impede que haja uma colaboração da Polícia Militar, por exemplo.

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