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Apostila de FIlosofia

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1 
Marketing Estratégico 
MARKETING ESTRATÉGICO 
 
GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
 
 
 
 
 
1 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
APRESENTAÇÃO 
 
 Prezado (a) Acadêmico (a), 
 
Bem-vindo(a) à Graduação na modalidade a distância, ofertado pelo Centro 
Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC. Sabemos que o seu percurso de 
aprendizagem necessita ser acompanhado e orientado, para que você obtenha 
sucesso nos estudos e construa um conhecimento relevante à sua formação 
profissional e acadêmica. 
Preparamos este material didático, possibilitando, assim, guiá-lo no autoestudo da 
disciplina e na realização das atividades. Além disso, você conta com o ambiente 
virtual de aprendizagem como espaço de estudo e de participação ativa no curso. 
Nele você encontra as orientações para realizar atividades e avaliações on-line, 
além de recursos que vão enriquecer a proposta deste material didático, tais como 
links para sites da Internet, vídeos gravados pelo professor e outros por ele 
sugeridos, textos, animações, ilustrações, dentre outras mídias. 
Lembre-se, no entanto, de que você deve se organizar para criar sua própria 
autonomia de estudo. Isso inclui o planejamento do seu tempo de dedicação ao 
estudo individual e de participação colaborativa no ambiente virtual. 
Este material é o seu livro-texto e apoio importante no percurso de aprendizagem! 
 
Bom estudo! 
Direção UDC On-line 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
SUMÁRIO 
 
 
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 1 
UNIDADE I – O SURGIMENTO DA FILOSOFIA ........................................................ 3 
1.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3 
1.2 DO MITO AO PENSAMENTO FILOSÓFICO ........................................................ 6 
1.3 A FILOSOFIA E O PROCESSO DO FILOSOFAR ................................................ 9 
1.4 O SENSO COMUM E O PENSAR FILOSÓFICO ................................................ 10 
1.5 O CONHECIMENTO ........................................................................................... 13 
UNIDADE II – CONCEITOS E TEORIAS INFLUENTES NO PENSAMENTO 
FILOSÓFICO ............................................................................................................ 18 
2.1 SOBRE O MÉTODO METAFÍSICO .................................................................... 19 
2.2 O RACIONALISMO E O EMPIRISMO................................................................. 20 
2.3 O CRITICISMO KANTIANO E A DIALÉTICA ...................................................... 23 
2.4 A DIALÉTICA ...................................................................................................... 25 
2.5 A FILOSOFIA DOS IMPULSOS .......................................................................... 26 
2.6 O PENSAMENTO POLÍTICO .............................................................................. 29 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32 
 
 
 
 
 
 
3 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
 
UNIDADE I – O SURGIMENTO DA FILOSOFIA 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
Nesta obra estão representados diversos pensadores de diferentes épocas em um mesmo ambiente. 
Escola de Atenas, 2005 – reprodução feita por Alexandre Schuck de obra de Rafael Sanzio (1483 – 
1520). 
 
O surgimento da filosofia, do mito ao pensamento filosófico, a filosofia e o 
processo do filosofar, o senso comum e o pensar filosófico, o conhecimento. 
 
Você sabia? 
É por causa da Academia do filósofo Platão que os estudantes de 
nível superior são chamados de acadêmicos. Na Academia de Platão 
também eram realizados exercícios físicos (ginástica) os quais 
preparavam para a atividade militar. É por isso que hoje em dia, os 
lugares em que se realizam a preparação física ou militar também são 
chamados de academias. 
 
Neste estudo você vai entrar no “mundo das ideias filosóficas”, tornando 
 
 
 
 
4 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
mais claro o processo do filosofar e obtendo uma maior intimidade com esta forma 
de conhecimento. 
Na Grécia, século VI a.C.: surge uma nova forma de pensar e interpretar o 
mundo, uma forma que valoriza a reflexão, baseada no discurso racional (logos), 
sem recorrer às explicações e narrativas fantásticas (mythos). A filosofia inicial surge 
como uma cosmologia, pois os filósofos buscam uma causa primordial para o 
mundo. Os primeiros filósofos estão interessados em entender a natureza (physis) 
sem recorrer às tradições mitológicas e religiosas. Adiante veremos como isto 
ocorre. 
Na Grécia, século V a.C.: surge a Academia de Platão, o primeiro protótipo 
do que seria uma Universidade de nossos dias. Qual a principal disciplina ensinada 
na Academia? Se pensar filosofia, acertou. 
 
A palavra filosofia é derivada do grego philosophia. Philo significa 
amor filial ou amizade. 
Sophia significa sabedoria. Deste modo, o filósofo seria um amigo 
ou amante da sabedoria. Porém, apesar do significado etimológico da 
palavra, a discussão sobre o que realmente é a filosofia não encontrou 
um consenso entre os filósofos, constituindo até hoje objeto de discussão. 
 
A Filosofia é a mais antiga das disciplinas acadêmicas. O ensino do 
conhecimento filosófico foi o primeiro passo para o surgimento do modelo 
acadêmico. Mesmo assim, apesar de tanto tempo e tradição, ela parece sempre 
requerer uma justificação e esclarecimento sobre sua presença no processo de 
aprendizado e currículo dos cursos superiores. 
 
 
Para que filosofia? O que ela é? Como surgiu? 
 
 
Quando iniciamos um debate ou reflexão com a pergunta “o que é?”, abre-se 
a possibilidade de adentrarmos no processo que permite pensarmos os 
fundamentos. Pensar filosoficamente é pensar os fundamentos. O que equivale a 
pensar as bases de sustentação, as primeiras causas e princípios de algo. Por 
 
 
 
 
5 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
exemplo: a pergunta “o que é o homem?” nos remete a pensar qual sua origem, seu 
princípio e o que o mantém enquanto sujeito no mundo. Este tipo de investigação 
também será desenvolvido pela metafísica, um ramo importante da filosofia. 
Diante da complexidade da natureza, - que ao mesmo tempo era capaz de 
maravilhar e assustar com seus ciclos de mudanças, nascimento e morte -, os 
primeiros filósofos gregos deram diferentes respostas à pergunta pelo fundamento 
do mundo natural. 
Desde a Grécia antiga até a atualidade o que se busca através do 
pensamento filosófico é esclarecer questões como: Qual é o elemento fundamental 
que origina e move a natureza? Quais são os fundamentos da matemática? Qual é o 
fundamento do agir humano? Qual é o fundamento do conhecimento? Responder a 
questões como esta não é fácil, mas enquanto não avançarmos nelas, não podemos 
dizer que conhecemos o que é o homem e o mundo. 
O surgimento da filosofia confunde-se com o surgimento do modo ocidental 
de pensar. 
 
A palavra philosophía diz-nos que a filosofia é algo que pela primeira vez e 
antes de tudo marca a existência do mundo grego. Não só isto – a 
philosophía determina também a linha mestra de nossa história ocidental– 
europeia. (HEIDEGGER, Martin. Que é isto – a filosofia, p. 29, 1996). 
 
Como destaca o filósofo alemão Martin Heidegger, o modo ocidental de 
pensamento surge na Grécia antiga, onde, gradativamente, foi se desenvolvendo um 
processo reflexivo diferente de tudo que se conhece até então. Além da filosofia, 
também herdamos da Grécia antiga outros importantes componentes até hoje 
fundamentais para a Civilização Ocidental, dentre eles: palavras e conceitos de 
nosso vocabulário; os princípios do pensamento científico; o conceito de política; a 
primeira noção de democracia; as primeiras noções do Direito, assim como as 
reflexões sobre Ética. 
Os gregos pretendiam avanços que pudessem conferir maior liberdade à 
vida humana e à sociedade. Liberdade no sentido de não mais depender somente 
do que o destino ou a natureza nos reserva. O pensamento filosófico desenvolvido 
pelos gregos visava interpretar e exercer domínio sobre o mundo. Isto constituiu 
uma revolução, pois até então, qualquer interpretação dos fundamentos do mundo 
estava relacionada ou equivalia a uma explicação através dos mitos. 
 
 
 
 
6 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
 
1.2 DO MITO AO PENSAMENTO FILOSÓFICO 
 
 
Mito, do grego mythos, significa narrativo ou lenda. As lendas mitológicas 
eram a forma mais usual de dar sentido para o mundo e as transformações que nele 
ocorriam. Quem narrava eram os poetas, considerados escolhidos pelos deuses, 
eles teriam o poder de revelar os acontecimentos passados e todas as fantásticas 
ações dos deuses. Os gregos confiavam nos mitos porque os consideravam 
provenientes da revelação divina. Um exemplo de mito é a lenda de Prometeu, a 
qual narra o surgimento do fogo e dos males sobre a terra. 
 
“Para os homens”, o fogo é essencial, pois com ele se diferenciam 
dos animais, porque tanto passam a cozinhar os alimentos, a iluminar os 
caminhos na noite, a se aquecer no inverno quanto podem fabricar 
instrumentos de metal para o trabalho e para a guerra. 
Um titã Prometeu mais amigo dos homens do que dos deuses, 
roubou uma centelha de fogo e a trouxe de presente para os humanos. 
Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para que as aves de 
rapina, eternamente, devorassem seu fígado) e os homens também. Qual 
foi o castigo dos homens? 
Os deuses fizeram uma mulher encantadora, Pandora, a quem foi 
entregue uma caixa que conteria coisas maravilhosas, mas nunca deveria 
ser aberta. Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de curiosidade e 
querendo dar a eles as maravilhas, abriu a caixa. Dela saíram todas as 
desgraças, doenças, pestes e guerras e, sobretudo, a morte. “Explica-se 
assim a origem dos males no mundo” (CHAUÍ, Marilena. Convite à 
Filosofia, p. 31, 1997). 
 
O surgimento da filosofia entre os gregos não eliminou a existência dos 
mitos, já que muitos mitos permanecem presentes até hoje, mas conferiu a 
possibilidade de uma via de explicação que busca uma fundamentação racional para 
a compreensão de mundo. 
Este novo modelo de fundamentação teórica foi essencial para o surgimento 
 
 
 
 
7 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
do conhecimento científico, pois lançou as bases teóricas para o desenvolvimento 
da ciência. Também podemos entender que este processo iniciado na Grécia antiga, 
que prima por conhecimentos alicerçados na racionalidade, tornou possível o 
desenvolvimento de milhares de teorias que deram subsídios para a ciência e os 
avanços tecnológicos que temos hoje. A filosofia surgiu não tanto como um novo 
conhecimento, mas principalmente como uma nova maneira de interpretar e explicar 
o mundo. 
 
 
 
 
 
Tales de Mileto: 
Conhecido como 
O “Pai da Filosofia”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tales definiu a água como sendo o elemento primordial para o 
surgimento da vida. Hoje em dia, quando os astrônomos pesquisam 
outros planetas, buscam prioritariamente encontrar água, pois se esta for 
encontrada, há a possibilidade de haver, ou já ter havido, alguma forma 
de vida naquele planeta. 
 
Como já foi visto anteriormente, a filosofia é um processo que busca entender 
os fundamentos. As explicações fantásticas proporcionadas pelos mitos já não eram 
satisfatórias. Era preciso encontrar outra forma de interpretar o mundo. Nisso, os 
primeiros filósofos foram elaborando teorias que pudessem fornecer uma explicação 
natural para a origem e transformação do mundo. 
Para Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo, o mundo e os seres 
vivos tem seu fundamento na água, pois observou que sem água nenhum ser vivo 
pode sobreviver. Tales viu na água o elemento primordial para a existência das 
coisas. 
Outras teorias sucederam esta: para Anaxímenes, o fundamento estava no 
ar; para Pitágoras, nos números; para Demócrito, no átomo (entendido enquanto 
 
 
 
 
8 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
multiplicidade de partículas indivisíveis que compõe todos os seres); para Heráclito, 
o princípio que rege a realidade estaria no movimento e na luta entre os opostos. 
Assim, sucessivamente, cada filósofo buscou estruturar uma argumentação 
capaz de provar racionalmente um fundamento único para o mundo. Estes primeiros 
filósofos também foram conhecidos como filósofos da natureza ou pré-socráticos. 
Marilena Chauí destaca algumas características presentes na filosofia por ocasião 
de seu surgimento na Grécia antiga: 
 
“– tendência à racionalidade, isto é, a razão e somente a razão, com 
seus princípios e regras, é o critério de explicação de alguma coisa; 
Tendência a oferecer respostas conclusivas para os problemas, isto 
é, colocado um problema, sua solução é submetida à análise, à 
crítica, à discussão e à demonstração, nunca sendo aceita como 
uma verdade, se não for provado racionalmente que é verdadeira; 
Exigência de que o pensamento apresente suas regras de 
funcionamento, isto é, o filósofo é aquele que justifica suas ideias 
provando que segue regras universais do pensamento. [...] 
Recusa de explicações preestabelecidas e, portanto, exigência de 
que, para cada problema, seja investigada e encontrada a solução 
própria exigida por ele; 
“Tendência à generalização, isto é, mostrar que uma explicação tem 
validade para muitas coisas diferentes porque, sob a variação 
percebida pelos órgãos de nossos sentidos, o pensamento descobre 
semelhanças e identidades.” (CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia, 
1997, p. 32-33). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os filósofos Platão e Aristóteles 
 
Como podemos ver, desde o início, pensar filosoficamente equivale a pensar 
 
 
 
 
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ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
de modo racional, crítico e criterioso. Os pensadores sempre objetivaram uma 
argumentação que possa ser demonstrada por meio do logos (discurso racional), 
buscando eliminar opiniões infundadas ou explicações fantásticas (mitológicas). 
 
 
1.3 A FILOSOFIA E O PROCESSO DO FILOSOFAR 
 
O que geralmente chamamos de filosofia é o conjunto de milhares de teorias 
elaboradas pelos filósofos que, no decorrer da história da Civilização Ocidental, 
tentam interpretar e jogar luz sobre a realidade. Essas teorias geralmente surgiram a 
partir da elaboração de perguntas fundamentais. 
Estas questões direcionam as reflexões dos filósofos. Perguntas tais como: 
O que é o mundo? O que é o homem? O que é a verdade? O que é o bem? 
Estimulados por questões fundamentais, o filósofo avança em suas reflexões, nesteprocesso o pensador costuma confrontar suas posições com as tentativas de 
respostas que já foram elaboradas por outros filósofos. 
 É a partir do debate entre o pensamento presente e as reflexões do 
passado que surgem as teorias filosóficas. Estas teorias podem influenciar não só 
nosso modo de pensar, como também a maneira de agirmos e nos organizarmos 
socialmente. Por exemplo: os valores que deram origem a alguns direitos, como os 
direitos humanos, estiveram na pauta de debate de diversos filósofos desde a 
antiguidade até serem acolhidos por nosso modo de organização social e 
transformarem-se em direitos universalmente reconhecidos. 
O fato de que não se chega facilmente a respostas conclusivas não 
desanima o filósofo, pois se não há um ponto final, também não se pode dizer que 
não há avanços do pensamento. As ideias filosóficas tentam refletir sobre a 
realidade de modo a “jogar luz sobre o real”. O filósofo alemão Karl Jaspers 
comenta: 
 
Quem se dedica à filosofia interessa-se por tudo. Mas não há homem 
que possa tudo conhecer. [...] 
Abertas para o real, seja o real o que for, tentam essas exposições 
[as exposições filosóficas dos pensadores] descobrir o caminho que 
leva do real ao fundo das coisas, buscam, a partir desse fundo, 
lançar luz sobre as realidades (JASPERS, Karl. Introdução ao 
pensamento filosófico. 2003 p.13). 
 
 
 
 
 
10 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
O mais importante no estudo de filosofia não é o acúmulo de conhecimento 
das teorias filosóficas, e sim, fazer com que o contato com estas teorias possa 
desencadear em nós um processo próprio de reflexão. Filosofar é reaprender a ver o 
mundo, ver o mundo com os “próprios olhos”, pois através de uma pequena auto 
avaliação, perceberemos que a leitura que costumamos fazer da realidade não é 
uma leitura nossa. 
Ao longo de nossa vida, sem perceber, acabamos assumindo posições e 
defendendo ideias exteriores, elaboradas com base no senso comum e que nem 
sempre fazem muito sentido. Essas ideias foram herdadas da cultura em que 
vivemos. 
Até agora a TV nos disse como as coisas são, também as revistas, a 
Internet, a escola e a religião, mas estamos certos destes conceitos recebidos 
culturalmente? Há outras maneiras de se interpretar o mundo que não seja o que já 
recebemos pronto? Certamente que sim. É por isso que filosofar é reaprender a ver 
o mundo, é tentar ver o mundo através do crivo de nossa própria racionalidade, 
tentando questionar o que já foi dito e vendo as coisas de uma nova maneira, livre 
de velhos preconceitos. 
 
 
1.4 O SENSO COMUM E O PENSAR FILOSÓFICO 
 
Ninguém está propenso a aceitar que seu modo de interpretar as coisas é 
comum, preconceituoso e irrefletido. É por isso que, se nos falam que nosso modo 
de pensar faz parte do senso comum, entendemos isso como algo pejorativo. 
 
Chamamos senso comum ao conhecimento adquirido por tradição, 
herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos os resultados 
da experiência vivida na coletividade a que pertencemos. Trata-se de 
um conjunto de ideias que nos permite interpretar a realidade, bem 
como de um corpo de valores que nos ajuda a avaliar, julgar e, 
portanto, agir. O senso comum, porém, não é refletido e se encontra 
misturado a crenças e preconceitos (ARANHA, Mª. L. A. Filosofando, 
2003, p. 60). 
 
Apesar de querermos nos distinguir do pensamento da maioria, sem 
perceber, quase toda nossa forma de pensar e nossos valores tem sua origem na 
cultura em que vivemos, a qual fornece as bases para o senso comum. É preciso 
 
 
 
 
11 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
empreender um processo reflexivo constante para não sermos dominados pelas 
formas de pensar praticadas pelo senso comum. 
É muito difícil pensar de forma original quando somos bombardeados 
diariamente por todo tipo de informação. E mesmo quando buscamos o 
conhecimento filosófico, muitas vezes acabamos por “comprar” ideias que não são 
nossas e sim dos filósofos. 
Para o filósofo alemão Immanuel Kant, “não há filosofia que se possa 
aprender; só se pode aprender a filosofar”. Podemos compreender a filosofia não 
como uma entidade ou um conjunto de conhecimentos com os quais ela geralmente 
se confunde, e sim como um processo, um modo de pensar a partir de argumentos 
racionais que buscam ir à raiz das questões sem recorrer a mitos ou preconceitos. 
Assim, o mais importante não é aprender as teorias filosóficas, mas aprender a 
pensar filosoficamente. 
O estudo de uma História das Ideias ganha maior sentido quando provoca 
em nós algumas reflexões. Assim, nossa visão de mundo pode ser elaborada e 
enriquecida pelo contato com as diferentes interpretações realizadas pelos filósofos 
no decorrer da História Ocidental. 
Muitos podem fazer o seguinte questionamento: por que continuamos 
estudando ideias de filósofos que viveram há tanto tempo e que pensaram o mundo 
em um contexto sociocultural bem diferente do nosso? E a resposta é: apesar de 
estarem distantes de nós no tempo e terem vivido em outro contexto cultural, os 
questionamentos destes filósofos e as teorias que elaboraram ainda fazem muito 
sentido para nós. Pois os problemas humanos costumam ter uma dimensão 
atemporal. 
Enquanto fizer algum sentido o que eles questionaram e disseram, 
provavelmente estes pensadores continuarão presentes com suas ideias sendo 
sempre analisadas e renovadas pelo debate. É bom lembrar que centenas de 
filósofos foram esquecidas ao longo da história, muito provavelmente porque suas 
ideias não tiveram tanta repercussão ou porque o que eles disseram não foi bem 
compreendido e aceito pela sociedade de seu tempo. 
Isto não significa que suas ideias não eram interessantes, muitas delas eram 
tão interessantes quanto às ideias ainda presentes no debate filosófico. Outras não 
tiveram muito vigor na sua argumentação e foram suplantadas. O que ocorre é que 
há um jogo cultural sempre em curso onde umas ideias e conceitos sobrevivem e 
 
 
 
 
12 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
outros são postos à margem ou esquecidos. 
Para entender um pouco melhor como pode se dar o caminho do filósofo em 
direção ao processo filosófico, nada melhor do que uma antiga alegoria, ou seja, 
uma imagem metafórica de uma ideia ou realidade. Esta alegoria, mais conhecida 
como mito da caverna, foi escrita por Platão no livro VII de A República, um dos mais 
importantes livros da filosofia grega. 
Nesta alegoria Platão busca demonstrar o movimento empreendido pelo 
filósofo em busca de um conhecimento superior da realidade. 
Platão nos convida a imaginar a seguinte situação: 
Imaginem homens que, desde o nascimento, estiverem acorrentados ao 
fundo de uma caverna. Estes homens não tinham mobilidade e um muro se erguia 
entre eles e a saída da caverna. Isto os impedia de acessarem outra realidade que 
não fosse aquela. Sua noção de mundo estava reduzida ao interior da caverna e a 
sombras que eram projetadas por cima do muro pela luz de uma fogueira. 
Pessoas passavam com objetos que projetavam silhuetas no interior da 
caverna. A voz das pessoas que projetavam as sombras produziam ecos que os 
homens da caverna imaginavam como sendo o som produzido pelas próprias 
sombras. Em determinado momento um destes homens é libertado, com dificuldade 
ele se movimenta e passa para além do reduto em que se encontrava. 
Acostuma-se aos poucos com a luz e passa a ficar assombrado com outra 
realidade que se descortina diante de seus olhos. Saindo da caverna se dará conta 
de queantes só havia conhecido as sombras dos objetos e não os próprios objetos. 
Também se dá conta que, iluminada pelo sol, há uma realidade mais ampla e 
perfeita que não conhecia. 
Após conhecer esta outra realidade superior, o homem volta à caverna. 
Agora sua dificuldade está em adaptar-se novamente à visão reduzida que só 
observa as sombras. Seus companheiros argumentam que ele foi prejudicado ao 
sair do reduto em que se encontrava, pois fala de coisas que eles não entendem e 
agora sente dificuldades de adequar-se à condição que antes lhe era natural. 
E quando este prisioneiro que se libertou da visão restrita que só conhecia 
as sombras, tentar ajudar seus companheiros a libertarem-se do pequeno mundo da 
caverna, estes poderão considerá-lo nocivo para o grupo e quererão até matá-lo. 
Isto porque consideram mais cômodo continuarem adaptados àquela condição de 
ignorância. 
 
 
 
 
13 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
Platão compara a situação dos homens presos na caverna à de nós 
humanos presos às coisas humanas e imperfeitas do mundo que é o que 
geralmente compõe o senso comum. 
Através desta alegoria Platão compara aquele que filosofa ao prisioneiro que 
foi liberto dos grilhões da caverna e foi posto em contato com um conhecimento 
mais amplo e verdadeiro. Aquele que alcança um conhecimento superior dificilmente 
se adéqua novamente a um modo restrito de pensamento, pois sua mente e 
capacidade reflexiva foram expandidas. 
Por isso, muitas vezes percebemos o filósofo como alguém que não 
compartilha do “mundo dos comuns”, alguém que pensa de modo muito diferente da 
maioria, ou que vive outra realidade que não a nossa. Mas, se dermos ouvidos aos 
argumentos desses pensadores, se atentamente acompanharmos seu raciocínio, 
verá que eles não dizem coisas que não podem sustentar. O filósofo elabora suas 
ideias de modo rigoroso, pois pretende que elas sejam consistentes e difíceis de 
serem refutadas. 
O que nos parece uma ideia estranha, é, na maioria das vezes, uma ideia 
que oferece certa complexidade e que por isso mesmo é frequentemente mal 
compreendida. Assim, podemos concluir que o processo do filosofar nos afasta do 
pensamento compartilhado pelo senso comum, pois passamos a ver a realidade de 
forma mais crítica e abrangente, e a perceber coisas que antes não víamos, fazendo 
relações que antes não fazíamos. Filosofar, seguramente, pode transformar o modo 
de ver e interpretar a realidade. 
E será que alguém que transforma seu modo de ver e interpretar também 
não acaba agindo de forma diferente? Acreditamos que sim. A respeito disto, o 
filósofo alemão Friedrich Nietzsche dizia que toda verdadeira filosofia acaba por ser, 
sobretudo, vivência. Isto significa que o que se pensa acaba refletindo no modo de 
viver, assim como as experiências de vida acabam transformando nosso 
pensamento. 
 
 
1.5 O CONHECIMENTO 
 
 
O homem tem necessidade de conhecer. Sem conhecimento ele não tem 
 
 
 
 
14 
ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
PÓS-GRADUAÇÃO 
FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
como ordenar e transformar o seu mundo para prover as condições de que 
necessita para viver. Assim, o conhecimento pode prover as ferramentas que 
faltavam ao homem. Enquanto os animais possuem instintos apurados, garras ou 
presas, o homem possui a razão e o conhecimento. 
 
 
 
 
Filósofos e seus discípulos. Detalhe da obra 
“Escola de Atenas” por Alexandre Schuck. 
 
 
 
 
Se examinarmos mais a fundo, veremos que as instituições com grandes 
poderes tem sua base real no conhecimento. Grandes potências tanto da política 
como do mundo empresarial, necessitam de muito conhecimento para manter sua 
posição de domínio. 
A informação e o conhecimento são as maiores armas que o homem possui 
frente aos desafios da sobrevivência junto à natureza. 
Para não haver confusão temos de separar duas coisas diferentes que são 
chamadas de conhecimento: 1. O conhecimento pode ser entendido enquanto o ato 
de conhecer, ou seja, o ato pelo qual a consciência (nosso pensamento), conhece 
um objeto. Este objeto pode ser uma coisa material, mas também pode ser uma 
ideia ou um conceito abstrato; 2. O conhecimento pode ser entendido como o 
conjunto de saberes acumulados por uma cultura, ou seja, os saberes que são 
passados de geração para geração, através de livros, das escolas, etc. 
Na filosofia, é o ato de conhecer que tem sido mais investigado pelos 
filósofos, pois é através da compreensão de como se dá o conhecimento, e de que 
maneira podemos estar seguros sobre a veracidade daquele conhecimento, que o 
filósofo avança em suas teorias com maior segurança. 
Existem dois modos básicos de se conhecer: a intuição e o conhecimento 
discursivo. 
Intuição: podemos apreender a realidade através da intuição. Ela é um 
modo imediato de pensamento, ou seja, ao intuirmos não passamos por etapas 
 
 
 
 
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ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
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FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
como análises, ou realização de raciocínios e relações complexas para chegar a 
uma conclusão. A intuição é uma ideia que aparece repentinamente em nossa 
mente, é uma percepção imediata de algo. 
É claro que ao intuir, nosso cérebro deve acessar de modo muito rápido e 
sem que percebamos, diferentes conteúdos nele armazenados de tal forma que 
pode, de forma muito rápida, nos dar a resposta que buscamos. São exemplos de 
intuição: ouvir um som e concluir que provém de um piano; a ideia repentina de uma 
nova hipótese a ser investigada por um cientista; as escolhas que tomamos de modo 
rápido e criativo sem a necessidade de uma análise minuciosa; um conceito sobre 
algo sem ter tempo de realizar um exame cuidadoso. 
Como a intuição é um mecanismo de auxílio presente em nosso processo 
cerebral para que este possa dar respostas rápidas quando delas precisamos muitas 
vezes ela se engana, pois não constitui uma forma criteriosa para se obtiver tais 
respostas. 
Conhecimento discursivo: a razão, para obter um conhecimento mais 
seguro da realidade, precisa superar o nível de conhecimento intuitivo. Para isso, ela 
opera organizando as percepções, conceitos e ideias que recebemos de imediato. 
Através desta articulação da razão, ocorre a faculdade de julgar, ou seja, de formar 
juízos ou conclusões. 
O conhecimento que se dá por meio de conceitos é conhecido como 
conhecimento discursivo. É um conhecimento que ocorre através de um 
encadeamento de ideias que proporcionam uma determinada conclusão. Como o 
próprio nome diz, o conhecimento discursivo é dependente do discurso, isto é, da 
linguagem. 
Você sabia que sem a linguagem simbólica (aquela que ocorre por palavras, 
símbolos e representações) o homem não conseguiria desenvolver a racionalidade? 
Isto mesmo, suas capacidades racionais dependem de um encadeamento de ideias 
e conceitos na mente. E o raciocínio funciona como um jogo de palavras no cérebro. 
Estas palavras representam coisas e estas representações são fundamentais para o 
pensamento racional. 
E mais: sem linguagem não há conhecimento que se possa elaborar ou 
transmitir. O conhecimento humano, e praticamente toda a sua cultura, é 
dependente da linguagem simbólica (palavras, símbolos matemáticos, notas 
musicais, etc.). É a linguagem que permite elaborar qualquer conhecimento e 
 
 
 
 
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ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
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FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
comunicar aos outro aquilo que foi conhecido. 
Por isso, muitos filósofos consideram a linguagem como a principal 
ferramenta de poder do homem sobre o mundo.Também usamos a linguagem para 
nos afastar do “mundo das coisas”. Os conceitos são abstrações que permitem 
construir um “mundo de ideias”, paralelo ao mundo das coisas físicas. 
Mas é também este mundo de ideias acaba por permitir ao homem voltar ao 
mundo das coisas e agir sobre elas transformando a realidade humana. Assim, o 
conhecimento discursivo pode ocorrer como abstrações (ideias que se separam das 
coisas) realizadas pela razão através da linguagem, mas que sempre volta ao 
mundo para nele poder viver e agir. 
A verdade: ninguém busca conhecimento que não acredita ser verdadeiro. 
Para fugir do engano, estabeleceram-se critérios de verdade. Em geral, quando algo 
é o que parece ser ou quando uma ideia sobre algo corresponde à sua realidade 
digo que aquela ideia é verdadeira. Sobre isto, Maria Lúcia A. Aranha em seu livro 
Filosofando comenta: 
 
Há uma longa tradição na história da filosofia segundo a qual o 
critério de verdade é a evidência. Nesse sentido, para os gregos, 
verdade é aletheia, que significa não oculto, portanto o que se 
desvela, o que é visto, o que é evidente. Algo verdadeiro seria o que 
corresponde à realidade, tal qual ela se mostra a nós (ARANHA, Mª 
L. A. Filosofando, 2003, p. 54). 
 
Para o filósofo francês René Descartes, a verdade corresponderia a uma 
ideia clara e distinta que se impõe à nossa consciência por si só, por sua clareza e 
objetividade. Já para o filósofo Friedrich Nietzsche, o critério de verdade não pode 
ser simplesmente intelectual e sim, é através da vida que obtemos este critério. 
Costumamos a chamar de verdadeiro tudo aquilo que contribui para fortalecer a vida 
e falso tudo aquilo que a rebaixa e prejudica. 
Na filosofia, há uma longa polêmica a respeito da possibilidade ou não de se 
alcançar verdades válidas para todas as pessoas em todos os momentos. Diante 
desta dificuldade, podemos distinguir duas posturas perante o conhecimento: a 
postura cética e a dogmática. 
A postura cética é aquela que examina o mundo através do crivo da dúvida. 
O cético, nos casos mais radicais, conclui que o conhecimento da realidade é 
impossível, e, em geral, os céticos admitem apenas a possibilidade de um 
 
 
 
 
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FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
conhecimento relativo do mundo (relativismo). 
Já o dogmático, busca fundar seu conhecimento em princípios que julga 
serem irrefutáveis, acreditando na possibilidade de atingir a certeza sobre um 
determinado assunto. Já do ponto de vista religioso, o dogma corresponde a uma 
verdade fundamental e inquestionável. 
 
 
Glossário da Unidade I 
 
Civilização Ocidental: é o modelo cultural e social próprio do ocidente (Europa e 
países colonizados por europeus). Este modelo surgiu a partir da cultura da Grécia e 
da Roma antiga e teve seu ápice a partir da expansão da cultura europeia por boa 
parte do mundo. 
Cosmologia: investigação filosófica ou científica sobre o surgimento, estrutura e 
desenvolvimento do Universo, da matéria e dos organismos, e também das leis 
fundamentais que os regem. 
Cultura: de modo geral, cultura é tudo o que o homem produz e que pode ser 
transmitido de geração em geração. A linguagem, os valores, as artes, os modos de 
se fazer algo, os modos de se organizar e se relacionar socialmente, as crenças, 
tudo isso compõe o que se chama cultura. 
Metafísica: ramo da filosofia que investiga as primeiras causas ou a essência do 
mundo. 
Pré-socráticos: ou filósofos da natureza. Designa um grupo de filósofos que 
antecederam o filósofo Sócrates e que concentraram suas investigações sobre a 
origem da natureza e das leis que a ordena. 
Protótipo: primeiro modelo ou exemplar; original a partir do qual outras cópias são 
feitas. 
 
 
 
 
 
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Pintura de William Turner que 
busca captar a essência da luz 
UNIDADE II – CONCEITOS E TEORIAS INFLUENTES NO 
PENSAMENTO FILOSÓFICO 
 
 
O termo pode assustar por parecer nome 
de algo complexo, mas Metafísica se refere a um 
conjunto de estudos diversos que, de modo geral, 
não oferecem tanta dificuldade para serem 
compreendidos. 
Desde os primeiros filósofos, como por 
exemplo, Parmênides e Platão, há um grande 
interesse em investigar os primeiros princípios e 
primeiras causas da realidade. Nisso também 
surgiram teorias que consideram a possibilidade 
de uma realidade superior ou mais essencial. 
Realidade esta que não pode ser 
percebida pelos sentidos (visão, tato etc.), mas que pode ser acessada 
racionalmente. O estudo das primeiras causas ou da realidade essencial e 
reguladora do mundo, e que não se mostra claramente através dos sentidos, é 
chamado de metafísica. 
 
“Qual é a essência daquilo que existe? Qual é o ser íntimo de todas 
as coisas?” 
Estas são perguntas essencialmente metafísicas. 
“A metafísica é a investigação filosófica que gira em torno da 
pergunta ‘o que é? ’” Este ‘é’ possui dois sentidos: 
Significa ‘existe’ de modo que a pergunta se refere à existência da 
realidade e pode ser transcrita como: ‘o que existe?’; 
Significa ‘natureza própria de alguma coisa’, de modo que a pergunta 
se refere à essência da realidade, podendo ser transcrita como: ‘Qual 
é a essência daquilo que existe?’. (CHAUÍ, Marilena. Convite à 
Filosofia, p. 207, 1997). 
 
A metafísica constitui o campo de investigação que busca entender 
existência e essência em seus múltiplos aspectos, busca entender o íntimo do 
mundo e de todas as coisas existentes, questionando o porquê de serem como são. 
Quase todos os grandes filósofos tentaram, ao longo da história, desenvolver 
alguma filosofia que dessa conta de fundamentar teoricamente a própria existência 
 
 
 
 
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do mundo e de tudo que nele ocorre. Entre os grandes metafísicos encontram-se: 
Platão, Aristóteles, René Descartes, Baruch Espinosa e Arthur Schopenhauer. 
Atualmente a metafísica é também chamada de ontologia. 
 
Ontologia: estudo do ser; investiga os diferentes modos como os entes 
(coisas) e seres existem; investiga a essência ou o sentido (significação) 
dos entes ou seres; investiga os modos como os entes e seres aparecem 
para nossa consciência. 
 
 
2.1 SOBRE O MÉTODO METAFÍSICO 
 
 a) A metafísica se baseia na experiência. Não podemos conhecer pela 
razão os seres imateriais a não ser na medida em que a nós se 
manifestem por seus efeitos. A metafísica deve, então, apoiar-se sempre 
nos dados dos sentidos, internos e externos, como também nas ciências 
da natureza, e esforçar-se por determinar, pelo raciocínio, qual é a 
natureza do ser universal e quais seus princípios e causas. 
b) A metafísica é uma ciência. A metafísica não é, pois, uma construção 
arbitrária, nem uma obra de arte, nem um objeto de crença irracional. A 
metafísica é uma ciência, e, em certo sentido, a mais rigorosa, uma vez 
que seu objeto, estando acima da matéria e não submetido à 
transformação, não incide nas causas de erro que provêm dos objetos em 
perpétua transformação. 
c) As condições técnicas e morais da metafísica. O que é verdadeiro, 
contudo, é que a metafísica, mais do que qualquer outra ciência, requer 
condições técnicas difíceis e condições morais particulares. Ela procede 
por abstração e afasta, como perigosa, a intervenção da imaginação. Ao 
mesmo tempo, exige uma especial firmeza lógica. De outra parte, trata 
dos grandes problemas da existência e da natureza de Deus, de nossa 
origem e de nosso fim. “A metafísica exige não apenas umadisciplina da 
inteligência, mas também uma disciplina do coração.” 
 
Na filosofia contemporânea muitos filósofos, principalmente a partir de da 
 
 
 
 
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filosofia de Friedrich Nietzsche, têm criticado a metafísica por considerarem que ela 
separa mundo de ideia. Isto significaria separar aquilo que é conceitual, teórico e 
estático, da realidade sempre em movimento e se transformando. A metafísica não 
conseguiria dar conta de explicar o fluxo e o devir (transformação constante) que 
constituem o próprio mundo. 
 
 
2.2 O RACIONALISMO E O EMPIRISMO 
 
O racionalismo, juntamente com o empirismo, é uma tendência metodológica 
marcante no início da filosofia moderna. O racionalismo considera que a realidade, e 
o conhecimento mais seguro a respeito dela, só pode se estabelecer em 
fundamentos racionais. 
O pensamento moderno foi marcado pelas transformações ocorridas através 
do surgimento do mundo burguês, e pelo desenvolvimento da ciência, 
principalmente da física e da matemática. Este contexto que se construiu a partir do 
século XVII, mostrou-se bastante propício ao desenvolvimento do racionalismo. 
Durante a Idade Antiga, Idade Média e Renascimento, vários filósofos e 
cientistas cometeram equívocos afirmando ideias que não poderiam sustentar-se. 
 
A procura da maneira de evitar o erro faz surgir a principal indagação 
do pensamento moderno: a questão do método, que centraliza as 
atenções não apenas no conhecimento do ser (metafísica), mas, 
sobretudo no problema do conhecimento (teoria do conhecimento ou 
epistemologia) (ARANHA, M. L. A. Filosofando, 2003, p. 130) 
 
Teoria do conhecimento ou epistemologia: é o ramo da filosofia 
que estuda os processos de conhecimento, suas possibilidades e o papel 
da razão como agente mediador do conhecimento. 
Os filósofos não queriam cometer os mesmos enganos, era preciso 
encontrar um método seguro capaz de garantir a possibilidade de um conhecimento 
seguro. 
 
Racionalismo cartesiano: O primeiro modelo de racionalismo a ter 
repercussão na filosofia moderna é o fundamentado pelo filósofo francês René 
Descartes (1596-1650). Descartes defendia que não se deve acreditar em nada que 
 
 
 
 
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não seja reconhecido como uma verdade clara e evidente segundo um exame da 
razão. Era necessário começar do zero para se chegar à elaboração de verdades 
que realmente fossem sustentáveis perante o pensamento. 
Para tanto, Descartes elaborou uma espécie de “passo a passo” através do 
qual fosse possível proceder com maior segurança na trajetória de conhecimento do 
mundo e das coisas. 
Seu método baseia-se nos seguintes princípios: 
O primeiro consistia em nunca aceitar como 
verdadeira nenhuma coisa que eu não conhecesse 
evidentemente como tal, isto é, em evitar, com todo o 
cuidado, a precipitação e prevenção, só incluindo nos 
meus juízos o que se apresentasse de modo tão 
claro e distinto ao meu espírito, que eu não tivesse 
ocasião alguma para dele duvidar. 
O segundo, em dividir cada uma das 
dificuldades que devesse examinar em tantas partes 
quanto possível e necessário para resolvê-las. 
O terceiro, em conduzir por ordem os meus pensamentos, iniciando pelos 
objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para chegar, aos poucos, 
gradativamente, ao conhecimento dos mais compostos, e supondo também, 
naturalmente, uma ordem de precedência de uns em relação aos outros. 
E o quarto, em fazer, para cada caso, enumerações tão completas e 
revisões tão gerais, que eu tivesse a certeza de não ter omitido nada. 
(DESCARTES, René. Discurso do método, 2002, p. 31-32). 
Descartes elaborou um método que julgava ser necessário para o avanço da 
ciência e da filosofia. Ele observou que a racionalidade pode ser um eficaz 
instrumento, um guia para a prática científica, por esta razão, este método tem de 
ser predominantemente lógico e racional. 
Seguindo esta linha de raciocínio, seus estudos tiveram início colocando em 
dúvida sua própria existência. Mas ao duvidar de sua existência, ou de qualquer 
outra coisa, não poderia deixar de acreditar que quem duvidava era ele por meio de 
sua consciência. Descarte chegou à conclusão de que uma consciência clara de seu 
pensamento provava sua própria existência. 
Isso considerado um fato verdadeiro a partir do qual ele passou a provar a 
 
 
 
 
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existência de outras coisas. Sua conclusão é expressa através das clássicas 
palavras Cogito ergo sum ou, “penso, logo existo”. O eu, enquanto sujeito pensante 
é, para Descartes, o ponto de partida para o conhecimento, pois é a primeira coisa 
da qual não se pode duvidar. A partir da certeza de que a primeira realidade é a 
realidade do pensamento, é possível deduzir outras verdades encaminhando-se pelo 
método racionalista e procedendo com um mesmo rigor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta gravura de Escher pode exemplificar como os sentidos, no caso aqui a visão, podem nos 
enganar. 
 
O empirismo: A palavra empirismo é derivada do termo grego empeiria que 
quer dizer “experiência”. Diferente do racionalismo, que acredita que o raciocínio 
pode chegar sozinho à determinação de certas verdades fundamentais, o empirismo 
enfatiza o papel da experiência como fonte primeira de todo o conhecimento. 
O empirismo é uma posição metodológica que se estrutura e ganha 
importância a partir da Filosofia Moderna. Os filósofos empiristas deste período são, 
em sua grande maioria, ingleses. Dentre os quais, podemos citar: 
Francis Bacon: filósofo inglês do século XVI e XVII que escreve a obra 
Novum Organum (Novo órgão), na qual denuncia os preconceitos e noções falsas 
que têm dificultado o trabalho científico e filosófico de busca da verdade. 
 
 
 
 
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John Locke: filósofo inglês do século XVII que é conhecido também como um teórico 
do liberalismo, porém, no campo da epistemologia, buscou determinar qual a origem 
e alcance do conhecimento. Para ele, todas as ideias podem ser consideradas como 
originárias de um processo psicológico, através do qual vão sendo construídas na 
mente humana que, a princípio, não possui conteúdo algum, é como uma “tabula 
rasa” (folha em branco). Todo o processo do conhecer e do agir é construído 
gradualmente pela experiência. 
 David Hume: filósofo escocês do século XVIII, Hume dá continuidade ao 
empirismo de Bacon e Locke. Para ele, na observação só temos acesso aos 
fenômenos, portanto não podemos avaliar como seria o íntimo do mundo. Com isso, 
só podemos conhecer a relação de causa e efeito parcialmente. 
É o hábito proporcionado pela observação de casos semelhantes que 
possibilita ao homem afirmar o que a experiência pode confirmar. Assim, esperamos 
que a cada novo caso, o objeto observado se comporte tal como antes. Desta 
maneira, as ideias e conceitos mais gerais, não passariam de crenças. 
 
 
2.3 O CRITICISMO KANTIANO E A DIALÉTICA 
 
 
Kant é um dos principais filósofos da Idade 
Moderna. Seus pensamentos têm influenciado vários 
filósofos posteriores. Ele nasceu em Königsberg, 
Alemanha, onde passou toda sua vida. Sua filosofia 
tem um caráter racionalista e crítico, apesar de ter tido 
muita influência do empirismo cético de Hume. Kant 
realiza uma crítica do conhecimento racional e também 
da metafísica. Criticaré pôr em crise, vem do grego 
krisis, que significa distinguir, separar e decidir. 
Kant em sua obra principal chamada Crítica da Razão Pura, procurou 
colocar em questão a racionalidade e até onde ela é capaz de produzir juízos que 
levem a um conhecimento seguro. Kant realiza sua reflexão como se fosse à razão 
julgando a si mesma. Isso significa que em vez de procurar conhecer as coisas, é 
preciso examinar antes o próprio conhecimento e suas possibilidades. Ele separou 
 
 
 
 
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os juízos (os conceitos que temos do mundo) em analíticos e sintéticos. 
Um juízo analítico apenas analisa o que está dito, sua conclusão é lógica. 
Por exemplo, na expressão “nenhum dos solteiros é casado”, no próprio conceito de 
solteiro, já está contido a exigência lógica de “não ser casado”. Portanto, nesta 
expressão, nada foi acrescentado ao conhecimento. Para o conhecimento, o mais 
importante são os juízos sintéticos, pois eles realizam sínteses, ou seja, eles 
unificam vários elementos. Ex.: o juízo “esta flor é vermelha”, acrescenta-se ao 
sujeito “a flor” um predicado “vermelha” que o sujeito não continha. Nesse exemplo, 
o juízo sintético depende da experiência sensível e é, portanto, a posteriori (depois 
da experiência). 
 
Mas haveria juízos lógicos e necessários como os analíticos, mas 
que fossem também sintéticos, trazendo assim novo conhecimento? 
Estes seriam os juízos sintéticos a priori (antes da experiência). Por 
exemplo, na expressão matemática “5 + 7 = 12”, o 5 + 7 estaria contido na 
expressão 12 ou vice-versa? Não. Por isso podemos dizer que foi 
acrescentado algo novo. Pois de 5 e 7 não podemos deduzir doze e nem 
de 12 podemos deduzir que resultou de 5 e 7. E este processo pode ser 
feito antes da experiência. Por isso podemos dizer que a matemática é 
um meio de produzir “juízos sintéticos a priori”. 
 
Para Kant, o conhecimento começa com a experiência, mas nem por isso 
origina-se nela. Isso porque a experiência pressupõe o sujeito como condição de 
sua possibilidade. Assim, Kant compreende que o sujeito contém em si a faculdade 
do entendimento que torna qualquer experiência ou conhecimento possível. 
Nossos órgãos dos sentidos possibilitam a intuição dos objetos. Estas 
sensações são empíricas. Mas os situamos num espaço e tempo que são anteriores 
a qualquer experiência. Kant irá fazer a síntese entre racionalismo e empirismo, pois 
não temos o conhecimento do mundo somente como derivado da razão ou da 
experiência. 
Para Kant, só podemos alcançar um conhecimento preciso daquilo que pode 
ser experimentado ou situado num espaço ou tempo (os fenômenos), não 
poderíamos conhecer aquilo que está, além disso, ou seja, as essências, ou “Coisa-
em-si”. Deus, liberdade e eternidade também não podem ser conhecidos, pois estão 
 
 
 
 
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ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 
 
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além dos fenômenos. 
A filosofia moral de Kant afirma que a base para toda razão moral é a 
capacidade do homem de agir racionalmente. O fundamento para esta lei de Kant é 
a crença de que uma pessoa deve comportar-se de forma igual à que ela esperaria 
que outra pessoa se comportasse na mesma situação, tornando assim seu próprio 
comportamento uma lei universal. Exemplo: Ninguém deve estacionar em fila dupla, 
senão o trânsito vira um caos. 
Mas, numa emergência, alguém pode estacionar em fila dupla. Com isso, 
espera-se que alguém só o faça, se isto for extremamente urgente e indispensável. 
Assim, todos só fariam algo que esperassem que os outros fizessem também. 
 
 
2.4 A DIALÉTICA 
 
A dialética é um método filosófico interpretativo da realidade. Entre os 
gregos a dialética significava, de maneira geral, a arte da argumentação. Sócrates e 
Platão usavam o termo no sentido de designar o procedimento argumentativo, ou 
seja, o debate que visa à verdade tem um caráter essencialmente dialético. 
Na contemporaneidade, o termo ganhou maior repercussão a partir de 
Georg W. F. Hegel (1770-1831). Hegel elaborou uma filosofia de caráter idealista 
que tem como método o que ele designou como “método dialético”. Para Hegel, “a 
dialética é capaz de traduzir à dinâmica e o princípio de inteligibilidade da realidade 
natural e histórica e também do pensamento”. 
 
Georg W. F. Hegel: é um dos maiores expoentes do idealismo 
alemão que usou o método dialético, modernizando-o, para explicar as 
transformações de todos os aspectos da realidade natural e humana. 
 
Para Hegel, a razão é histórica, ou seja, a razão participa e se aperfeiçoa 
com os processos de transformações históricas e sociais. 
 
A razão, diz Hegel, não é nem exclusivamente razão objetiva (a 
verdade está nos objetos) nem exclusivamente subjetiva (a verdade 
está no sujeito), mas ela é a unidade necessária do objetivo e do 
subjetivo. Ela é o conhecimento da harmonia entre as coisas e as 
ideias, entre o mundo exterior e a consciência, entre o objeto e o 
 
 
 
 
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Arthur Schopenhauer 
sujeito, entre a verdade objetiva e a verdade subjetiva (CHAUÍ, 
Marilena. Convite à Filosofia, p. 207, 1997). 
 
O processo dialético de interação entre mundo e ideia acontece através de 
um esquema fundamentado em um tripé de tese, antítese e síntese. Tudo que existe 
e acontece no mundo tem um ponto de partida, tem algo que é posto e se afirma (a 
síntese). 
Esta primeira condição é negada em um segundo momento por uma posição 
que a ela se contrapõe (a antítese), da tensão entre o que estava estabelecido e o 
que se contrapõe a esta primeira posição, surge uma terceira, que não é nem a 
primeira nem a segunda, mas a conciliação das duas (a síntese). Esta síntese agora 
pode ser novamente posta no lugar da tese, dando início a um novo “giro da roda 
dialética”. 
 
 
2.5 A FILOSOFIA DOS IMPULSOS 
 
Dá-se o nome de “filosofia dos impulsos” ao pensamento que questiona a 
supremacia da razão sobre a existência, e que foi elaborado por pensadores como 
Schopenhauer, Nietzsche e Freud. Estes pensadores do século XIX também são 
designados como “irracionalistas”, não por prescindirem do uso da razão como 
fundamental ao filósofo, mas porque consideram que a razão é secundária face ao 
caráter irracional presente em todas as faces da existência. 
Estes filósofos compreendem que há impulsos (vontade, vontade de 
potência, desejos) que condicionam e interferem decisivamente no processo volitivo, 
avaliativo e nas ações humanas. Isto significa que o pensar e o agir têm como 
predecessor, um impulso irracional. “Antes desejo, depois penso no que desejo”, já 
dizia o filósofo alemão Arthur Schopenhauer. 
 
Sigmund Freud: pensador austríaco do século XIX 
que, a partir do estudo do inconsciente e de suas 
experiências com o uso da hipnose, desenvolveu 
uma nova forma de abordagem e tratamento 
psíquico, a psicanálise. 
 
 
 
 
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FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
 
A concepção de homem na filosofia de Schopenhauer está inteiramente 
ligada a sua doutrina de vontade. O homem existe apenas na medida em que é um 
fenômeno da vontade, uma objetivação do que há de mais íntimo no mundo, isto é, 
da vontade. O mundo possui dois aspectos: o fenomênico e a Coisa-em-si. O 
aspecto fenomênico é aquele dos nossos sentidos, daquilo que vemos e tocamos e 
que podemos interpretar através de causa e efeito. O mundo enquanto fenômeno 
segue as regras do intelecto humano: é o mundo objeto parao sujeito que conhece. 
Se o mundo enquanto fenômeno é o que aparece, o mundo enquanto 
essência será vontade. À vontade, essência do mundo, será atingida por meio de 
uma analogia com o ser humano. O homem, submetido como tudo o que vive ao 
império da vontade, é o lugar em que a vontade se objetiva e se revela. 
O homem descobre, em seu corpo, a imagem de uma vontade cega que 
compartilha com os outros seres vivos. O corpo humano é, em Schopenhauer, o 
lugar em que o homem faz a experiência de uma força que lhe é estranha, de uma 
força que o domina e à qual ele obedece maquinalmente. 
O mundo, enquanto não é fenômeno para um sujeito que conhece, é uma 
força cega e dinâmica. O mundo da vontade é um mundo sem razão. Schopenhauer 
aplica a vontade aos diversos reinos da vida – assistimos ao espetáculo ao mesmo 
tempo harmonioso e terrível – da vida das espécies. 
A escala das formas vivas revela o caminho percorrido pela vontade em 
direção a uma forma superior: a forma humana. O homem, dominado pela vontade e 
pensando agir em prol de si mesmo, busca garantir a sobrevivência, a perpetuação 
e o aumento de poder da espécie. É para a espécie que trabalha quando pensa 
trabalhar para si mesmo. 
A visão schopenhaueriana de mundo é bastante pessimista, pois ela admite 
que o homem não tenha uma finalidade preestabelecida para realizar no mundo 
(teleologia). 
 
Teleologia: do grego telos (finalidade) e logia (estudo racional), é o estudo 
filosófico dos fins, isto é, do propósito, objetivo ou finalidade. Geralmente 
é entendido como sendo a presença de uma finalidade proposta para a 
existência em geral do universo, da vida e do próprio homem. A ausência 
de uma teleologia significa a ausência de uma finalidade. 
 
 
 
 
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FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
 
O que há determinado é apenas a “guerra sem fim” entre as diversas 
espécies, guerra que não se resolve e não leva a uma realização final (um telos). O 
indivíduo humano jamais se satisfaz, quer realizar-se e ao buscar o que deseja 
acaba se frustrando quando não consegue e ficando entediado quando consegue o 
que queria. Para livrar-se da situação de tédio, é necessário sair em busca de nova 
realização, submetendo-se novamente ao império da vontade. 
Para Schopenhauer, é somente dedicando-se a atividades contemplativas 
(arte) e exercendo a compaixão (princípio ético maior) que o homem poderia 
amenizar o sofrimento imposto pela Vontade. Para livrar-se da “escravidão” imposta 
pelos desejos, é preciso constantemente negá-los. 
Já para o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, a negação dos desejos 
constitui um meio de “fuga”, pois desprezamos e desesperamos da vida quando não 
se é bastante forte para aceitar e amar a vida terrena tal como ela se apresenta para 
nós: como movimento e mudança proveniente de uma luta ininterrupta entre 
impulsos. Aceitar que a luta proporciona tanto alegrias como dissabores já é um 
sintoma de maior potência. 
A própria vida, segundo Nietzsche, pode ser mais bem interpretada sob a 
perspectiva do que ele chama de vontade de potência (vontade de superar-se, de ir 
além). Nietzsche afirma que esta luta, que leva uns a se sobreporem aos outros é o 
caráter mais próprio da vida: 
 
Aqui devemos pensar radicalmente até o fundo, e guardamo-nos 
de toda fraqueza sentimental: a vida mesma é essencialmente 
apropriação, ofensa, sujeição do que é estranho e mais fraco, opressão, 
dureza, imposição de formas próprias, incorporação e, no mínimo e mais 
comedido, exploração – mas por que empregar sempre essas palavras, 
que há muito estão marcadas de uma intenção difamadora? 
... Vida é precisamente vontade de potência. Em nenhum outro 
ponto, porém, a consciência geral dos europeus resiste mais ao 
ensinamento; em toda parte sonha-se atualmente, inclusive sobre 
roupagem científica, com estados vindouros da sociedade em que deverá 
desaparecer o “caráter explorador”. 
 
 
 
 
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– a meus ouvidos isto soa como se alguém prometesse inventar 
uma vida que se abstivesse de toda função orgânica. A “exploração” não 
é própria de uma sociedade corrompida, ou imperfeita e primitiva: faz 
parte da essência do que vive como função orgânica básica, é uma 
consequência da própria vontade de potência, que é precisamente 
vontade de vida. ... 
Seja-se honesto consigo mesmo até esse ponto!” 
(Além do Bem e do Mal § 259) 
 
Nietzsche tem a Civilização Ocidental como alvo preferido de suas críticas. 
Critica os valores morais, a religião, as ciências e as artes. Para Nietzsche as morais 
e as religiões são os principais meios para fazer do homem o que quiser. Dominada 
pelos ideais cristãos, a nossa cultura e sociedade foram levadas a desvalorizar a 
vida terrena em favor de uma vida no além. Nietzsche não acredita na existência 
desta outra vida, sendo assim, a vida terrena seria a ocasião que contém todas as 
possibilidades para as realizações humanas. 
 
 
2.6 O PENSAMENTO POLÍTICO 
 
A política é algo muito presente em nossas vidas, pois podemos dizer que 
toda decisão coletiva constitui uma decisão política, assim como todas as relações 
sociais que estabelecem mecanismos de poder de uns sobre os outros são relações 
políticas. Há política na família, nas relações de amizade, no trabalho e nas relações 
dos cidadãos com os poderes constituídos para o fim de governar. Em filosofia, a 
reflexão sobre as questões públicas e coletivas são objeto de estudo da Filosofia 
Política. 
Algumas das grandes questões tratadas pela Filosofia Política na 
modernidade e na contemporaneidade são: 
 A relação entre indivíduo e coletividade; 
 A liberdade e a igualdade; 
 A legitimidade do poder; 
 O melhor modelo de Estado; 
 O espaço público e o espaço privado. 
 
 
 
 
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Legitimidade do Poder: Um poder legítimo ou verdadeiro deve 
possuir um reconhecimento público de parte significativa da população 
por ele governada. Além disso, considera-se legítimo o poder que se 
adapta às normas legais. 
 
Indivíduo e coletividade: Uma das marcas da modernidade é a crescente 
afirmação do espaço do indivíduo frente à coletividade. Há uma fissura difícil de ser 
reconstituída, pois se no passado durante milênios os indivíduos não eram 
considerados senão a partir de seu espaço e função na coletividade, o homem 
moderno busca cada vez mais independência perante a sociedade. 
Aristóteles, ao afirmar que “o homem é um animal político”, ressaltava a 
característica gregária do homem, sempre dependente e voltado para fazê-lo 
coletivo. A não ser que fosse um deus (poderoso a ponto de não precisar de 
ninguém) ou uma besta (tão irracional que não consegue conviver adequadamente 
com os demais), o homem em geral é um ser social que não pode ser considerado 
desvinculado da comunidade política da qual participa. 
Nesta perspectiva, ser cidadão significava ser membro de um corpo político 
e estar comprometido com ele tanto quanto se está comprometido consigo mesmo. 
 
Gregária: característica própria de quem vive em bandos ou em 
grupos. Instinto gregário, tendência que leva os homens ou os animais a 
se juntarem, perdendo, momentaneamente, suas características 
individuais. 
 
Na modernidade este paradigma do cidadão submetido ao compromisso 
com seus concidadãos sofre um grande abalo. O homem se vê como alguém que 
deve constantemente buscar sua independência e realizar-se como indivíduo. 
Mesmo como partícipede uma coletividade, busca continuamente meios de afirmar-
se como alguém que tem autonomia em sua atuação e modo de organizar sua vida. 
A grande maioria de seus compromissos e interesses são privados e não coletivos. 
Filósofos iluministas como Hobbes, Locke e Rousseau perceberam a 
gravidade desta fissura e tentaram cada um à sua maneira, criar discursos que 
conferissem importância à vida política e ao ordenamento da coletividade. Estes 
filósofos são chamados de contratualistas, pois defendem a necessidade de um 
 
 
 
 
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contrato (pacto) social que estabeleça não só um compromisso de um indivíduo para 
com o outro, mas também entre os cidadãos e um poder instituído legitimamente 
reconhecido. Isto constituiu uma forma de restaurar um compromisso com a 
coletividade que estava sendo progressivamente abalado. 
Muitos fatos demonstram que a política hoje, como interesse e compromisso 
com as questões públicas, está cada vez mais enfraquecida. E o desinteresse pela 
política demonstra uma crise de caráter ainda mais geral: o desinteresse pelo outro 
e pelas questões sociais que nos vinculam a este outro, demonstram que os 
vínculos são cada vez mais frágeis, e que estamos nos fechando em nós mesmos. 
Parece que estamos nos transformando em ilhas, e as ilhas são solitárias. 
 
 
Para saber mais sobre os conteúdos da UNIDADE 2: 
BRUM, José Thomas. O pessimismo e suas vontades: Schopenhauer e Nietzsche. 
Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1998. 
GAARDER, Jostein. O mundo de Sofia – Romance da História da Filosofia. São 
Paulo: Cia. Das Letras, 1997. 
HELFERICH, Christoph. A História da Filosofia. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 
2006. 
MOSÉ, Viviane. O homem que sabe: do homo sapiens à crise da razão. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. 
OSBORNE, Richard. Filosofia para principiantes. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. 
 
 
 
 
 
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FILOSOFIA, ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
ABRÃO, Bernadete Siqueira. História da Filosofia - Coleção "Os Pensadores". São 
Paulo: Editora Nova Cultural, 1999. 
ARANHA, Maria Lúcia de A.; MARTINS, Maria Helena P. Filosofando – Introdução 
à Filosofia. 3ª Edição. São Paulo: Ed. Moderna, 2003. 
______. Maria Helena P. Temas de Filosofia. 2ª Edição. São Paulo: Editora 
Moderna, 2001. 
ARENDT, Hannah. A condição humana. p. 201 – 203, 8 ed. Tradução de Roberto 
Raposo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997. 
BRUM, José Thomaz. O pessimismo e suas vontades – Schopenhauer e 
Nietzsche. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1998. 
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 8 Ed. São Paulo: Ed. Ática, 1997. 
GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia – Romance da história da filosofia. Trad. 
João Azenha Jr. São Paulo: Cia das Letras, 2000. 
GALLO, Silvio. Ética e cidadania. São Paulo, Papirus, 2002. 
GIACÓIA Jr. Oswaldo. Pequeno dicionário de filosofia contemporânea. São 
Paulo: Publifolha, 2006. 
GRAY, John. Cachorros de palha: reflexões sobre humanos e outros animais. Ed. 
Rio de Janeiro: Record, 2007. 
HEIDEGGER, Martin. Coleção "Os Pensadores". São Paulo: Editora Nova Cultural, 
1996. 
HELFERICH, Christoph. A História da Filosofia. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 
2006. 
JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Ed. Cultrix, 
2003. 
MATTAR NETO, João Augusto. Filosofia e Ética na Administração. São Paulo: 
Saraiva, 2004. 
MOSÉ, Viviane. O homem que sabe: do homo sapiens à crise da razão. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. 
PLATÃO. A República. São Paulo: Ed. Nova Cultural, 1997. Coleção “Os 
Pensadores.”.

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