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A crise de 1929

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Escola de Economia de São Paulo – FGV – 2010 
 
História do Pensamento Econômico & História Econômica 
Geral 
Prof. Robert Nicol & Prof. Ramón García Fernandez 
 
 
Orientador: Bernardo Stuhlberger Wjuniski 
Trabalho conjunto – Etapa III 
Tema: A crise de 1929 
 
 
Alunos: 
- Deborah Zilberman Macret 
- Esmeralda Sadako Kimura Gonçalves 
- Gabriela Mara Miyazato Szini 
- Thaís Mantovani Canina 
 
 
 
 
 
 
Índice 
1) Introdução.......................................................................... 2 
2) Capítulo I – Um modelo geral das crises........................... 3 
3) Capítulo II – A crise de 1929..............................................8 
4) Capítulo III – O Keynesianismo..........................................11 
5) Conclusão.......................................................................... 15 
6) Referências Bibliográficas................................................. 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1 
1) Introdução 
Durante este trabalho, foi procurado, essencialmente, buscar relações entre 
o colapso econômico que marcou o Século XX e o pensamento econômico que 
predominou no período a seguir. Para isso, utilizaram-se como base as 
ferramentas propostas por diversos autores e que serão explicadas ao decorrer 
do texto. 
Assim como afirmado por economistas e historiadores, dentre eles Charles 
P. Kindleberger1 e Eric Hobsbawn2, a economia é composta por ciclos 
econômicos. Estes são caracterizados por um grande período de expansão e 
prosperidade, seguido por outro de manias, bolhas, pânicos e, por fim, crises. 
A crise de 1929 pode ser considerada o fim de um desses períodos. No dia 
29 de Outubro de 1929, com o anúncio da quebra da bolsa de Nova York, teve 
início o drástico período da Grande Depressão do Século XX. 
Tal acontecimento teve como uma de suas causas a superprodução e, por 
conseguinte, a falsa especulação da economia mundial. As consequências de 
dessa catástrofe foram devastadoras e o nível de desemprego atingiu escalas 
acima do esperado até então. 
 Essa época gerou aos economistas um sentimento de descontentamento e 
insatisfação com a teoria proposta por eles até o momento. Um dos grandes 
pensadores da época foi John Maynard Keynes, e as medidas propostas por 
ele, em sua teoria, são, até hoje, consideradas por muitos a grande “cura” 
deste grande abalo econômico. 
De um modo geral, acredita-se que os acontecimentos dessa época 
influenciaram diretamente o pensamento econômico abordado posteriormente. 
A seguir, apresentar-se-ão, portanto, essas ideias que predominaram durante o 
período entre guerras. 
 
 
1
 Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, and Crashes: A History of 
Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. Capítulo: 
2. 
2
 Hobsbawn, Eric. A Era dos Extremos – O breve século XX (1914-1991). – 1995 – 2ª Edição – 
capítulo 3: “Rumo ao Abismo Econômico”. 
2 
2) Capítulo I – Um modelo das crises 
Para os economistas, em geral, alguns dados apresentam repetições. Um 
dos principais argumentos de Charles P. Kindleberger3 é o de que, em geral, as 
crises ocorrem de modo sistemático, ou seja, seguem um determinado modelo. 
Este raciocínio, segundo o autor, pode levantar duas críticas: a primeira 
consiste no fato de que cada crise é única, de modo que não faz sentido existir 
um modelo geral; a segunda, de que este modelo é irrelevante, pois há 
mudanças no ambiente econômico a todo instante. 
(1.1) Críticas ao modelo 
A resposta à primeira crítica consiste na ideia de que, obviamente, cada 
crise tem sua particularidade, porém a estrutura delas é sempre a mesma. Para 
concluir isto, basta analisar diversas crises em diferentes períodos, e, por fim, 
perceber que sempre ocorre a mesma sequência de fatos. A resposta à 
segunda crítica é a de que, mesmo havendo mudanças no ambiente 
econômico, o modelo é aplicável, pois é possível perceber que as crises que 
ocorrem em países desenvolvidos seguem o mesmo modelo das quais 
ocorrem em países em desenvolvimento (como, por exemplo, crises que 
ocorreram no Brasil, México e Argentina seguem a mesma sequência de fatos 
de crises como a própria crise de 1929). 
(1.2) O modelo fragmentado 
Segundo o autor, o início de uma crise consiste, primordialmente, em 
bolhas em mercados (tanto acionários, quanto imobiliários). Bolhas, por 
definição, envolvem um padrão não sustentável de variações nos preços, ou 
fluxos de caixa. Estas bolhas podem, portanto, resultar no aumento dos preços 
de ativos, e isto, por sua vez, pode ser associado a um boom na economia. 
Com este otimismo na economia, os bancos aumentam seus depósitos, 
empréstimos e capitais rapidamente. Assim, o aumento nos preços leva a um 
 
3
 Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, and Crashes: A History of 
Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. Capítulo: 
2. 
 
3 
aumento das despesas de investimento e gastos no consumo, o que, por sua 
vez, aquece a economia - gerando o boom -. 
As bolhas, geralmente, são resultantes de “manias”4. As manias são 
associadas a uma expansão do ciclo de negócios e a uma euforia, resultantes 
do aquecimento da economia. Neste período, os investidores procuram ganhos 
de capital, em curto prazo, por causa do aumento dos preços. Assim, não 
compram ativos por causa da sua utilização desnecessária. Pode-se dizer que 
é a primeira fase de uma especulação dos agentes, em que ainda agem 
racionalmente. 
Como alguns investidores compram estes ativos que conseguem gerar 
lucro rapidamente, outros também começam a comprar mais ativos, tornando, 
então, a ação coletiva, o que origina as manias. Pode-se dizer que é a segunda 
fase da especulação, em que agem de forma irracional. Neste período de 
otimismo, os bancos ficam mais propensos a fazer mais empréstimos e a 
investir mais. É importante ressaltar, também, que o aumento do investimento 
leva um aumento do crescimento de renda nacional. 
Pode-se dizer, então, que as manias envolvem certa irracionalidade, 
segundo o próprio autor, pois os agentes agem por impulso, e não reagem a 
mudanças no ambiente econômico, o que fariam se estivessem cientes das 
implicações de suas ações. Tudo isso se contrapõe à teoria econômica, que 
nos diz que os agentes econômicos são racionais e assume que não existe 
racionalidade perfeita. É importante ressaltar que toda mania é associada a 
uma expansão econômica, mas que o contrário não é válido. 
Esta abundante compra de ativos faz com que os preços dos ativos se 
elevem ainda mais, originando então as “bolhas”5. Em seguida, algum evento 
exógeno (considerado pelo autor um deslocamento), como, por exemplo, uma 
ação governamental, ou a falha de uma empresa, leva a uma pausa no 
aumento de preços, levando ao estouro da bolha. 
 
4
 Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, and Crashes: A History of 
Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. 
5
 Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, and Crashes: A History of 
Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey 
4 
Assim, alguns dos investidores, que haviam financiado a compra dos 
ativos, passaram a vendê-los, porque os juros sobre o financiamento se 
tornaram maiores do que a renda em investimento dos mesmos. Com isso, o 
preço destes sofre uma queda, e a pressa para vendê-los faz com que essa 
queda seja ainda mais acentuada, causando o pânico decorrente do estouro da 
bolha, que, por sua vez, causa a crise. 
No período em que os juros sob financiamentos se tornaram maiores do 
que a renda em investimentode ativo (por conta da queda dos preços), os 
bancos passaram a oferecer menos crédito, pois ficaram menos otimistas e 
mais cautelosos – assim, em tempos de expansão econômica, há mais oferta 
de crédito, e, em tempos de desaceleração, há uma redução –. Portanto, a 
mudança na mentalidade dos investidores e credores é a fonte da instabilidade 
do crédito. Quando os créditos parecem incertos, há uma corrida por liquidez. 
 
 
 
 
5 
(1.3) Questões políticas 
 Quando manias ou bolhas começam a surgir, uma dúvida surge acerca 
da questão: Os governos devem ou não moderar o aumento dos preços dos 
ativos para diminuir as chances de uma crise surgir? Assim, quase todos os 
governos criaram o Banco Central como órgão regulador da economia e 
também emprestador de última instância para evitar a escassez de liquidez. 
Muitos disseram que a Crise de 29 teve tal intensidade devido à falta de 
emprestadores de última instância. 
Porém, os investidores sabem que há um apoio governamental, e então 
acham que podem quebrar com mais frequência. Além disso, as crises não 
ocorrem somente por conta da escassez de moeda, mas também por conta do 
crescimento do crédito, portanto essa criação não seria suficiente. Deste modo, 
surge um dilema quanto a esta ação governamental. 
Alguns sugerem que a solução adequada seria proveniente do fato do 
governo, além dos investidores, saber sobre a situação de uma possível crise. 
Ele, por fim, deveria tornar a informação pública. Por outro lado, a 
probabilidade dos investidores seguirem algum conselho do governo é muito 
pequena, então tal atitude pouco adiantaria. 
(1.4) Especulação 
 Segundo Minsky6, a especulação têm duas fases (como já foi dito 
anteriormente): uma em que os agentes agem de forma racional, e outra, em 
que agem de forma irracional, originando as manias. A análise para estas duas 
fases sugere dois grupos de especuladores, os insiders e os outsiders. Os 
insiders desestabilizam a economia, elevando os preços e vendendo aos 
outsiders. Estes, por sua vez, compram a preços altos, e depois da queda de 
preços, vendem os ativos a baixos preços. Isso faz com que eles sejam, 
portanto, as vítimas. 
 
 
6
 Minsky, Hyman- citado em: Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, 
and Crashes: A History of Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., 
Hoboken, New Jersey. Capítulo: 2. 
 
6 
(1.5) Propagação da mania para outros países 
O aumento de renda nacional de um país provoca o aumento de suas 
importações, e, consequentemente, o aumento da exportação de outros 
países. Este último faz com que os preços subam nestes países. No mundo 
ideal, o aumento de crédito em um país deveria ser seguido por uma contração 
de crédito em outros, mas, aparentemente, não é isto que ocorre, pois os 
investidores em um país respondem ao aumento dos preços e lucros do 
exterior, exigindo mais crédito para que eles possam comprar ativos, cujos 
preços eles sabem que irá aumentar. 
 
(1.6) Aplicação do modelo à crise de 1929 
No caso da crise de 1929, é importante citar que muitas bolhas nos 
mercados de ações estão relacionadas com o mercado imobiliário, pois o boom 
no mercado acionário de 1929, que originou a crise, foi ligado ao aumento do 
preço das terras, áreas residenciais e prédios comerciais. Os indivíduos têm 
um crescimento de renda com esse aumento de preços, e, portanto para 
manter sua riqueza, compram ações, e o aumento da demanda destas leva ao 
aumento do preço das mesmas. 
Foi dito anteriormente que uma das medidas que o governo poderia tomar 
para evitar as crises seria a de tornar as informações públicas. Porém, em 
1929, Paul Warburg, um dos fundadores do Federal Reserve System, advertiu, 
em Fevereiro deste mesmo ano, que os preços das ações nos EUA estavam 
muito elevados, e, com isso, os investidores fizeram uma breve pausa, mas 
logo os preços retornaram a crescer. Tais ações mostraram, portanto, que tal 
medida é ineficiente. 
 
 
 
 
 
7 
3) Capítulo II – A Crise de 1929 
A 1ª Guerra Mundial já havia chegado ao fim. As economias mundiais 
estavam se recuperando da temporária estagnação desse período. Entretanto, 
a tranquilidade que parecia vir à tona logo cedeu os palcos para o maior 
colapso econômico da economia. 
Segundo Hobsbawn7, todo sistema econômico passa por “ciclos”. Este é 
dado por um grande período de expansão seguido por outro de estagnação e 
queda. A prosperidade inicial, assim, torna-se uma bancarrota. Foi 
essencialmente isso que acontece no intervalo pré-1929 nos Estados Unidos. 
Após a 1ª Guerra Mundial, a Inglaterra e a França estavam destruídas. Os 
EUA puderam, portanto, tornar-se o maior credor, produtor e importador da 
economia mundial. Ele pôde, então, afirmar sua hegemonia frente aos demais. 
Frente aos acontecimentos é possível afirmar que existem duas explicações 
possíveis para a ruína do capitalismo: o desequilíbrio dos EUA frente os 
demais países e a demanda insuficiente de mercado. 
No período pós-1ª Guerra, os salários dos trabalhadores estadunidenses 
caíram. Assim, foi possível contratar mais gente nas fábricas, o que gerou um 
aumento na demanda e, por consequência, um aumento dos preços. Consumir, 
portanto, tornou-se uma “mania”8. As fábricas, a fim de suprir a procura da 
sociedade, começaram a produzir mais, o que gerou uma superprodução na 
economia. Esse ciclo de maior consumo e maior produção constituiu uma 
“bolha”9. Como a demanda dos cidadãos foi insuficiente para cobrir a oferta de 
produtos, houve uma especulação desnecessária, o que casou a ruptura da 
bolha. Deu-se início, assim, a crise. 
Por fim, no dia 29 de Outubro de 1929, a cidade de Nova York entrou em 
pânico. Teve seu começo, ali, a Grande Depressão do Século XX. Tal período 
 
7
 Hobsbawn, Eric. A Era dos Extremos – O breve século XX (1914-1991). – 1995 – 2ª Edição – 
capítulo 3: “Rumo ao Abismo Econômico”. 
8
 Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, and Crashes: A History of 
Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. 
9
 Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, and Crashes: A History of 
Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. 
 
 
8 
teve severas consequências, dentre elas uma de extrema importância: o 
desemprego. 
“Depois da guerra, o desemprego tem sido o mais insidioso, o mais 
corrosivo mal de nossa geração: é a doença social específica da civilização 
ocidental em nosso tempo” – Publicado pelo jornal “The Times” - 23/01/1943 – 
(Hobsbawn, 1995, PP.90)10. 
A fim de dar uma explicação sobre os acontecimentos da época, J. M. 
Keynes elaborou a teoria do “Pleno Emprego”. Segundo ele, caso a economia 
trabalhasse em pleno emprego, a demanda dos trabalhadores estimularia as 
economias em recessão, recuperando-as. Segundo tal economista, o 
desemprego é uma „política social explosiva‟, que pode acabar com as 
estruturas de um país. Deste modo, ele elaborou a política do “Welfare State”, 
que visava investir em sistemas previdenciários. 
Junto com essa medida, o então presidente da época, Franklin Delano 
Roosevelt, programou o “New Deal”, que buscava estimular a economia atrás 
de medidas estatais. Como disse Hobsbawn11, essa foi uma das maiores 
contradições da época: o país símbolo do capitalismo havia tomado medidas 
que iam contra os princípios de tal sistema. 
A economia de livre competição simplesmente não funcionou no período 
entre guerras. Assim, abriram-se portas para a significação de regimes 
nacionalistas, belicosos e agressivos na Europa – tais como o Fascismo, 
Nazismo e o Stalinismo. “Diante de problemas econômicos insolúveis e/ou uma 
classe operária cada vez mais revolucionária, a burguesia agora tinhade 
apelar para a força e a coerção, ou seja, para alguma coisa semelhante ao 
fascismo”. (Hobsbawn, 1995, PP.139)12. 
Os socialistas, por sua vez, afirmaram que esse ciclo é intrínseco à 
economia. Essa crise, em sua visão, revelou todas as contradições capitalistas 
 
10
 Hobsbawn, Eric. A Era dos Extremos – O breve século XX (1914-1991). – 1995 – 2ª Edição – 
capítulo 3: “Rumo ao Abismo Econômico”. 
11
 Hobsbawn, Eric. A Era dos Extremos – O breve século XX (1914-1991). – 1995 – 2ª Edição – 
capítulo 3: “Rumo ao Abismo Econômico”. 
12
 Hobsbawn, Eric. A Era dos Extremos – O breve século XX (1914-1991). – 1995 – 2ª Edição – 
capítulo 4: “A Queda do Liberalismo”. 
9 
que punham em risco a existência de um sistema econômico baseado em tais 
princípios. 
De uma coisa não há dúvidas: a destruição do liberalismo por meio século 
fez com que os aspectos sociais fossem considerados de maior importância 
frente aos aspectos econômicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
4) Capítulo III – O Keynesianismo 
(3.1) – O Keynesianismo em si 
A recessão e o desemprego foram as principais consequências da crise 
de 1929. O modelo econômico adotado na época, o laissez-faire, parecia não 
estar resolvendo o problema, mas sim, agravando-o. Enquanto a teoria 
ortodoxa supunha a economia tendendo para o pleno emprego, a economia 
real continuava estagnada. Desse modo, John Maynard Keynes13 surgiu com 
uma nova teoria que rompe com a „teoria clássica‟ até então vigente. 
Em 1936, Keynes divulga “A teoria geral do emprego, dos juros e das 
moedas”, em que desenvolve suas ideias sobre a fonte da instabilidade do 
capitalismo. Primeiramente, Keynes atacava a posição do governo de adoção 
do padrão-ouro. A explicação para tal oposição era que, ao se amarrar a 
moeda ao valor do ouro, o governo retirava seu controle sobre o nível dos 
preços, já que a flutuação internacional do ouro torna-se responsável pelo 
balanço de pagamentos do país, determinando as tendências dos preços. A 
alternativa sugerida para este problema era uma política do governo de injeção 
e retirada de dinheiro do sistema bancário para, assim, manipular as taxas de 
juros, reduzindo a atividade econômica com o seu aumento e aumentando-a 
com a sua redução. 
De fato, as economias que tiveram recuperações mais rápidas da crise, 
como os EUA e a Grã-Bretanha, foram aquelas que primeiro abandonaram o 
padrão-ouro. Enquanto que aquelas que insistiram neste modelo, França e 
Polônia, por exemplo, demoraram mais para se recuperar. Portanto, aquele 
argumento do capítulo I de que a instabilidade do crédito era a principal causa 
das crises financeiras, começou a ser negligenciada, e começou a se aceitar 
que uma das causas do declínio da atividade econômica no primeiro semestre 
de 1930 foram os erros na política monetária, que acabamos de citar. 
 
13
 Feijó, Ricardo. “História do Pensamento Econômico” – 2ª edição – 2007 -. Capítulo 12: 
“Keynes e a evolução da macroeconomia” 
11 
 A questão que, então, permaneceu foi por que o mercado não se ajustou 
automaticamente após a crise. Segundo Keynes14, deixaram de existir 
mecanismos capazes de levar a uma plena utilização dos recursos mediante a 
transformação automática da poupança em investimento. 
A não utilização dos recursos estava no fato de os capitalistas 
acreditarem que a taxa de retorno de um investimento viria com um alto nível 
de incerteza, ou seja, eram muitos arriscados, estavam sujeitos às ondas de 
pessimismo (que caracteriza a fase de pânico de uma crise). Nem mesmo a 
uma taxa de juros mínima (que garantiriam um risco menor) eles acreditavam 
que poderiam ganhar dinheiro. Essa era a situação real durante a Depressão. 
O dinheiro simplesmente se acumulava nos bancos; em pouco tempo, havia 
bilhões que podiam ser emprestados, mas não havia quem os quisessem, pois, 
nesta fase da crise, como foi descrito no capítulo I, os investidores estavam 
avessos ao risco, por conta do pânico15. 
A poupança superou o investimento e a economia ingressou em uma 
espiral descendente. Keynes não admitia que essa espiral fosse natural, nem 
que a depressão se resolvesse por si mesma ao longo do tempo. A saída era 
neutralizar o excesso de poupança, via gastos públicos. Ou seja, o governo 
não deveria apenas criar dinheiro, mas também assegurar sua aplicação e sua 
velocidade, gastando-o. Assim, Keynes sugeriu que poupança não é o mesmo 
investimento, o que foi contra o pensamento vigente até então. 
(3.2) – Visão alternativa ao Keynesianismo 
Há também, uma visão alternativa ao Keynesianismo, porém menos aceita 
pela sociedade. Esta visão consiste basicamente, na instabilidade do crédito 
(tão enfatizada no capítulo I). 
 
14
 Hall, John A. and Smith, Michael R. “The Political and Economic Consequences of Mr. 
Keynes”. 
15
 Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, and Crashes: A History of 
Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey 
12 
Charles P. Kindleberger16, em seu livro, afirma que a velocidade no declínio 
da produção industrial era muito grande para se ter como causa somente as 
más políticas monetárias, e que, portanto, estes declínios seriam melhores 
explicados pela instabilidade do crédito, dado que os keynesianos ignoram. 
O acúmulo de dinheiro que ocorreu durante a crise de 29 pode ser visto, 
nesse caso, pela ótica da instabilidade do crédito: o volume de dinheiro 
aumenta, os investidores estão mais cautelosos, o mercado de ações cai, e o 
sistema de crédito congela, pois os declínios nos preços de muitas 
commodities e bens causaram mudanças nos padrões de consumo, e de 
empréstimos. Assim, há quem diga (por exemplo, Henry Simons17) que a 
Grande Depressão foi causada pela queda na confiança dos negócios, que 
levou a uma instabilidade do crédito, a mudanças na liquidez, que, por 
consequência, provocou efeitos sobre a oferta da moeda. 
Portanto, a causa principal da Grande Depressão seria a instabilidade dos 
créditos. A saída, para ele, era fazer com que nenhuma outra instituição que 
não fosse um banco pudesse criar substitutos próximos do dinheiro, pois ele 
estava preocupado com o caráter especulativo da sociedade e a facilidade com 
que se conseguissem empréstimos provindos sem ser de bancos. Vale 
ressaltar que esta teoria também vai contra o laissez-faire, pois mostra que 
deve sim ter um controle sob a economia. 
(3.3) – A mudança no curso da História do Pensamento Econômico 
Pode-se, então, perceber que a crise de 1929 ocasionou uma mudança 
no pensamento econômico vigente. O pensamento econômico anterior era, 
basicamente, o do laissez-faire, em que se acreditava que o mercado se 
autorregularia de acordo com os interesses individuais dos agentes. Porém, 
percebe-se que este modo de pensar ocasionou a própria crise, porque a crise, 
como qualquer outra crise, em parte se deu por conta dos agentes que 
 
16
 Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, and Crashes: A History of 
Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. Capítulo: 
4. 
17
 Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. Manias, Panics, and Crashes: A History of 
Financial Crises. 2005. Published by John Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. Capítulo: 
4. 
 
13 
estavam interessados em seu próprio lucro – e isto, pela doutrina do laissez-
faire regularia o mercado, mas isto não ocorreu. Desde modo, uma mudança 
no pensamento era necessária, o que ocasionou então, no Keynesianismo (e 
mesmo a alternativa proposta ao Keynesianismo rejeita o laissez-faire). 
 Porém, alguns autores, como,por exemplo, Clarence E. Ayres18, citam 
que nenhuma das condições da crise de 1929 era totalmente nova, portanto, 
porque não se consolidou o Keynesianismo antes? Outro argumento é o de 
que é difícil de criar uma nova teoria econômica simplesmente a partir de um 
acontecimento particular – como a crise. 
 A resposta para isso seria a de que algo já havia ocorrido no 
pensamento econômico antes de 1930, que rendeu um público suscetível às 
sugestões feitas pelo Keynesianismo, pois, sem isso, a teoria não teria se 
proliferado. Porém, como isto passou despercebido, fica difícil de saber no que 
consiste este acontecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18
 Ayres, Clarence E. “The Impact of the Great Depression on Economic Thinking”. – University 
of Texas. 
14 
5) Conclusão 
Como visto anteriormente, este trabalho teve como principal objetivo 
relacionar a Grande Depressão com o pensamento econômico da época. John 
Maynard Keynes, por exemplo, tornou-se um dos maiores pensadores 
macroeconômicos de toda a história. 
Em sua teoria, ao afirmar que o Estado deveria intervir economicamente, 
Keynes rompeu com os valores do liberalismo clássico vigente na época até 
então. O “Estado do bem-estar social” foi um organismo político adotado por 
diversos países cujos principais objetivos eram a recuperação da crise. 
Assim como afirmado por Hobsbawn19, a crise de 1929 foi uma das maiores 
contradições do Século XX. O país símbolo do liberalismo clássico adotou 
medidas cujos propósitos se contradiziam com seus princípios básicos. O 
Estado intervencionista, voltado para obras estatais, substituiu a economia e a 
política liberal. 
 De um modo geral, pode-se concluir, portanto, que a Grande Depressão 
mostrou, dentre outras coisas, a falibilidade do sistema capitalista. O sistema, 
por si só, tornou-se insustentável e sujeito a ciclos. As consequências de seu 
declínio, por sua vez, marcaram o período entre guerras e deram origem aos 
regimes totalitários e nacionalistas que viriam a seguir. O pensamento 
econômico sofreu relevantes modificações e o liberalismo clássico começou a 
ser contestado. 
 
 
 
 
 
 
19
 Hobsbawn, Eric. “A Era dos Extremos” – O breve século XX (1914-1991). – 1995 – 2ª Edição 
– capítulo 3: “Rumo ao Abismo Econômico”. 
 
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6) Referências Bibliográficas 
I) Kindleberger, Charles P. and Aliber, Robert Z. “Manias, Panics, and 
Crashes: A History of Financial Crises”. 2005. Published by John Wiley & Sons, 
Inc., Hoboken, New Jersey. 
 
II) Hobsbawn, Eric. “A Era dos Extremos” – O breve século XX (1914-1991). – 
1995 – 2ª Edição – capítulo 3: “Rumo ao Abismo Econômico”. 
 
 
III) Hobsbawn, Eric. “A Era dos Extremos” – O breve século XX (1914-1991). – 
1995 – 2ª Edição – capítulo 4: “A Queda do Liberalismo”. 
 
IV) Hall, John A. and Smith, Michael R. “The Political and Economic 
Consequences of Mr. Keynes”. 
 
V) Feijó, Ricardo. “História do Pensamento Econômico” – 2ª edição – 2007 -. 
Capítulo 12: “Keynes e a evolução da macroeconomia” 
 
VI) Ayres, Clarence E. “The Impact of the Great Depression on Economic 
Thinking”. – University of Texas 
 
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