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Direito Empresarial - Sociedade Anônimas (artigo)


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DIREITO EMPRESARIAL
SOCIEDADES ANÔNIMAS
RESUMO
A presente pesquisa objetiva analisar a espécie societária das sociedades anônimas, inclinado enfoque a divisão de seu capital social na modalidade ações. Para tanto, classificando e deliberando, dentre outros, sobre sua natureza jurídica, emissões, circulação e valores. Deste modo, viabilizando melhor compreensão desta importante espécie de sociedade empresária e, sobretudo distinguido-a das demais espécies societárias.
PALAVRAS-CHAVE: Sociedades anônimas – Ações – Certificados de ações – Circulação e negociação – Classificações.
SUMÁRIO: Introdução; I. Breve histórico; II. Das ações; III. Emissão dos certificados de ações; IV. Circulação e negociação; V. Classificações; VI. Conclusão; Referencias.
INTRODUÇÃO
As sociedades anônimas encontram-se regulamentadas pela Lei 6.404/76� e artigos 1.088 e 1.889 do Código Civil�, constituindo uma espécie societária via de regra volvida para empreendimentos de maior vulto.
As sociedades anônimas ou companhias podem ser de abertas ou fechadas, conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários (art. 4º da Lei 6.404/64).
Entretanto, as sociedades anônimas de abertas, mais comuns e objeto do presente estudo, fazem uso de seu capital social de forma fracionada através das denominadas ações. O que possibilita a participação de diversos investidores para a efetivação de seu objeto social.
Oportuno destacar ainda de forma introdutória que, conforme dispõe o artigo 982, parágrafo único do Código Civil, as sociedades anônimas sempre serão consideradas sociedades empresárias, independentemente de objeto e ainda que não se enquadrando do aos requisitos constantes no artigo 966 do mesmo diploma legal.
Tal espécie societária sempre será considerada de capitais, pouco importando as qualidades individuais de seus acionistas.
Por tal razão, se discorre sobre as características da forma de pulverização do atinente capital societário empresário, conforme infraexplanado.
BREVE HISTÓRICO
Desde o início da civilização, o comercio foi forma instintiva de sobrevivência. Inicialmente através de trocas e logo após com o surgimento de moedas que por intermédio da circulação de bens proporcionavam o comércio.
As sociedades anônimas encontravam-se timidamente regulamentadas no Código Comercial de 1850, nos seus artigos 295 a 299�, entretanto, muitas lacunas subsistiam em razão da ausência de normatização especifica. À época eram denominadas de companhia de comércio ou sociedades anônimas.
Dada a muitas discussões das entidades envolvidas no mercado financeiro e aplicações de capitais, a sociedade num todo e os próprios operadores do direito, o Congresso Nacional aprovou relevantes alterações na legislação da sociedade por ações. Tais modificações foram sancionadas com a promulgação da Lei 10.303 de 31 de outubro de 2001�.
Posteriormente, por intermédio do Decreto 2.627 de 26 de setembro de 1940�, as sociedades anônimas foram expressamente regulamentadas no direito brasileiro, sendo, posteriormente revogado com a promulgação da Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976, com alterações trazidas pela Lei 10.303 de 31 de outubro de 2001�.
DAS AÇÕES
Realizadas as concisas ponderações introdutórias e históricas do instituto, permisso já nos é adentrarmos ao cerne do presente estudo, que se trata da forma de divisão do capital inerente às companhias ou sociedades anônimas.
II.1	Conceito
Conforme brevemente exposto as sociedades anônimas encontram-se regulamentadas pela Lei n.º 6.404/76, e a formação de seu capital social possui características próprias.
Na concepção do jurista Leonardo Pereira Lima “o capital das sociedades anônimas pode compreender qualquer espécie de bens, móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, susceptíveis de avaliação em dinheiro” (LIMA, 1969, p. 221).
Acresce a recorrente doutrina de Fábio Ulhôa Coelho que: “O capital social de uma sociedade anônima, como ocorre em relação às demais sociedades comerciais, pode ser integralizado pelo acionista em dinheiro (hipótese mais comum), bens ou créditos”. (COELHO, 2014, p. 393).
Sendo assim, tem-se que na sociedade anônima, o capital social pode ser visto como a integralidade do capital dos seus sócios, denominados acionistas, sendo que, este capital constitui-se na forma de dinheiro em espécie, bens, títulos, etc. (art. 7º, Lei 6.404/76).
Deste modo, as ações nada mais são do que a forma em que se divide a integralização do capital social de uma sociedade anônima (art. 1º, Lei 6.404/76), representando assim o conjunto de direitos e expectativas de direitos perante a sociedade. Tal como, constituindo espécie de valores mobiliários.
II.2	Natureza jurídica
No que tange a natureza jurídica, inconteste que a sociedade anônima possui natureza de pessoa jurídica de direito privado, por previsão expressa do parágrafo único do artigo 982, CC/02, ainda que instituída por capitais públicos, em parte – constituindo uma sociedade de economia mista – ou em sua totalidade, e “qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio” (art. 2º, §1º, da Lei 6.404/76). 
Desta forma, em consonância a doutrina de José Cretella Junior, pode-se dizer que “as ações têm a natureza jurídica de bem móvel, fungível dentro da mesma classe se de mesma natureza, desde que emitidas em massa pela sociedade anônima, e são consideradas sob três aspectos: a) fração do capital social; b) fundamento da condição e indicativo da qualidade do acionista; e c) título de crédito” (CRETELLA JUNIOR, 2009. p. 95).
II.3	Número de ações
A companhia ou sociedade anônima possui seu capital social dividido em ações (artigo 1º, da Lei 6.404/76) e, segundo anteriormente citado “o capital das sociedades anônimas pode compreender qualquer espécie de bens, móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos, susceptíveis de avaliação em dinheiro” (LIMA, Op. cit, p. 221).
A vista disto, dispõe o artigo 11 da Lei 6.404/76, que “o estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal”.
Logo, o número de ações comportáveis por uma companhia ou sociedade anônima, será definido em seu estatuto, por sua vez, apresentado no ato de sua constituição, nos moldes do artigo 80 da Lei 6.404/76 c/c artigo 27 da Lei 4.595/64 e IN 10/2013, do DREI, Anexo III – Manual de Registro de Sociedade Anônima, com a redação dada pela IN 26/2014, item 1.2.6.
EMISSÃO DOS CERTIFICADOS DE AÇÕES
Em consonância ao disposto no artigo 23, da Lei 6.404/76, as emissões dos certificados de ações somente serão permitidas após serem cumpridas todas as formalidades necessárias ao funcionamento legal da companhia. 
Se desatendida algumas das atinentes formalidades legais, os certificados emitidos serão considerados nulos e responsabilização dos infratores.
Há de se observar que, a emissão de ações difere-se da emissão de certificados de ações, vez que, a emissão das ações trata-se do fracionamento do capital social da sociedade, ou seja, a cota de ações a serem subscritas. Já a emissão dos certificados de ações, se materializa na expedição de um documento hábil a comprar a titularidade de exercer e requerer os direitos e obrigações à ação correspondente.
III.1	Agente emissor
A emissão dos certificados das ações e sua movimentação, decorrente da negociação, bem como os registros nos livros respectivos, se apresentam uma onerosa tarefa para as sociedades anônimas, vez que, possuem suas ações negociadas no mercado. 
O volumoso e dinâmico mercado das ações obriga a manutenção de custosos departamentos encarregados desse serviço. Por tal razão a possibilidade de constituição de empresas especializadas que se encarreguem desta responsabilidade. São os chamados “agentes emissores de certificados”. (REQUIÃO, 2014.p 321)
O artigo 23 e 47 da Lei 6.404/76, redação dada pela Lei 9.457 de 05 de maio de 1997, dispõem sobre a possibilidade de a própria sociedade emitir seus certificados ou os requisitos para contratação de tal serviço.
A emissão de certificados de propriedade de ações pode ser efetuada pela própria companhia, ou, então, exclusivamente, por instituição financeira autorizada pela Comissão de Valores Imobiliários. Contratado tal serviço com a instituição financeira, somente este agente poderá emitir certificados e responderá pela origem e autenticidade dos certificados das ações depositadas. (LIMA, 2005. p 79)
III.2	Perda e extravio
Como consta do art. 38 da lei 6.404/76, “O titular de certificado perdido ou extraviado de ação ao portador ou endossável poderá, justificando a propriedade e a perda ou extravio, promover, na forma da lei processual, o procedimento de anulação e substituição para obter a expedição de novo certificado”.
O supracitado dispositivo esclarece ainda em seu §1º, que a substituição do certificado somente será admitida à vista da prova, produzida pelo titular, da destruição ou inutilização do certificado a ser substituído.
Apesar de amplamente discutido, aparentemente o enunciado não abrange os certificados de ações dos quais o proprietário houver sido injustamente desapossado.
Do mesmo modo, silencia o texto legal sobre o procedimento especial da ação de reivindicação de títulos ao portador e endossáveis. 
A sentença da Lei limita-se apenas ao caso de certificados de ações perdidas e extraviadas, referindo-se também, é verdade, ao caso de sua destruição ou inutilização.
Conforme prática habitual, um aviso público de sua perda, pela imprensa, de perda do certificado viabiliza a entidade emissora emita um novo certificado. Na hipótese de destruição ou inutilização do certificado.
Como a morosidade processual apresenta-se um óbice para a recuperação ou substituição do certificado, o § 2º do supracitado dispositivo, admite que poderão ser averbadas sob condição, cabendo à companhia exigir do titular, para satisfazer dividendo e demais direitos, garantia idônea de sua eventual restituição. (REQUIÃO, Op. cit. p 322).
CIRCULAÇÃO E NEGOCIAÇÃO DAS AÇÕES
A livre circulação das ações é intrínseca ao regime jurídico das sociedades anônimas (art. 4º, §2º, da Lei 6.404/76), permitindo seus acionistas alienarem suas ações sem anuência dos demais sócios.
Ressaltando, que a sociedade anônima fechada, poderá em seu estatuto impor limitações à circulação de suas ações (art. 36, da Lei 6.404/76).
Mesmo as ações não integralizadas poderão ser objeto de alienação, da seguinte forma: a) Nas ações da companhia aberta haja sido realizado ao menos 30% (trinta por cento) do preço de emissão, sob pena de nulidade (art. 29, da Lei 6.404/76); b) Ocorrendo a venda após 30% a integralização de 30% do valor da emissão, os alienantes continuarão, pelo prazo de 02 (dois) anos, responsáveis, solidariamente com os adquirentes, pelo pagamento das prestações que faltarem para integralizar as ações transferidas (art. 108, da Lei 6.404/76).
As negociações de ações no mercado de balcão ou na bolsa de valores, desde que devidamente registrados na CVM (Comissão de Valores de Mercados) e podem ser realizadas à vista ou prazo. 
Na primeira hipótese o negócio é realizado e liquidado no mesmo instante da alienação. Já na segunda, realiza-se uma liquidação posterior a data da alienação. Deste modo, as duas formas se diferenciam pelo prazo de liquidação acordado.
CLASSIFICAÇÕES
V.1	Quanto ao valor
Recorrendo a consagrada doutrina de Fábio Ulhoa Coelho, podemos classificar os valores de uma ação da seguinte forma:
a) Valor nominal: “As ações, de acordo com o disposto no estatuto, podem ou não ter valor nominal, que é o resultado da divisão do capital social pelo número de ações emitidas. A atribuição do valor nominal à participação societária importa a garantia relativa contra a diluição do patrimônio acionário, na hipótese de emissão de novas ações�”.
b) Valor patrimonial: 
O valor patrimonial da ação é a divisão do patrimônio líquido da companhia pelo número de ações emitidas. Deve-se distinguir entre o valor patrimonial contábil (histórico ou atual) e o real, de acordo com os critérios de apropriação dos bens componentes do balanço. ... Conceitualmente falando, portanto, o patrimônio líquido de determinado sujeito de direito é o seu ativo menos o passivo. Assim, por exemplo, se a companhia tem o ativo de R$ 10.000.000,00, o passivo de R$ 8.000.000,00 e 5.000.000 de ações emitidas, o valor patrimonial de cada ação será de R$ 0,40�.
c) Valor de negociação: 
Valor de negociação da ação é o contratado, por livre manifestação de vontade, entre quem a aliena e quem a adquire. O principal elemento que as partes do negócio levam em consideração, para chegar ao acordo, diz respeito às perspectivas de rentabilidade da empresa. (...) O valor de negociação da ação de companhia aberta, vendida no mercado de capitais, pode ser referido pela sua cotação na bolsa de valores ou na entidade de mercado de balcão organizado em que se encontra admitida�.
d) Valor econômico: 
O valor econômico da ação resulta de urna complexa avaliação, procedida segundo critérios técnicos e realizada por profissionais especializados. O objetivo do cálculo é mensurar o preço que provavelmente um negociador racional pagaria pela ação, caso ela fosse vendida. Ou seja, os procedimentos de mensuração do valor econômico buscam encontrar o número que reflita o negócio vantajoso de compra e venda de determinadas ações. Por isso, sob o ponto de vista dos investidores, a definição do valor econômico é importante na preparação das propostas ou na delimitação das transigências�.
e) Valor de emissão - ágio: “Preço de emissão é o valor atribuído pela companhia emissora à ação, a ser pago, à vista ou a prazo, pelo subscritor. Em duas oportunidades a sociedade anônima estabelece o preço de emissão: a) constituição; b) aumento do capital social com lançamento de novas ações�”.
CONCLUSÃO
Diante todo o exposto, deliberou-se sobre a constituição das sociedades anônimas, a historicidade, conceituação e natureza jurídica das ações, legislações relacionadas, quem e quais são as obrigações e responsabilidades do agente emissor dos certificados de ações, hipóteses de perda e extravio e sua classificação quanto ao valor.
Sendo assim, discorreu-se sucintamente sobre parte de uma das vertentes do direito societário, qual seja o das sociedades anônimas, pretendo esclarecer e viabilizar melhor compreensão sobre o assunto, sem de nenhum modo pretender esgotar a tema ou mesmo aprofundar-se além do nível permitido com os tópicos apresentados como norteadores da presente pesquisa acadêmica.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n.º 10.406 de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. Acesso em: 28 abr 2016.
BRASIL. Lei n.º 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em 28 abr 2016.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1: direito de empresa. 18º ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
CRETELLA JUNIOR, José. 1000 Perguntas e Respostas de Direito Comercial. 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
LIMA, 	Osmar Brina Corrêa. Sociedade Anônima. 3ª ed. São Paulo: Del Rey, 2005. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/282823410/Sociedade-Anonima-Osmar-Brina-Correa-Lima. Acesso em 30 abr 2016.
LIMA, Leonardo Pereira. Dicionário Enciclopédico Comercial. V. 1, 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969.
REQUIÃO, Rubens. Direito Comercial – Vol. 2. São Paulo: Saraiva, 2014. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/16505438/rubens-requiao---curso-de-direito-comercial---vol-2/35. Acesso em 02 mai 2016.
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� COELHO, Op. cit. p. 383. 
� Ibidem. p. 385.
� Ibidem. p. 386
� Ibidem. p. 388.
� Ibidem. p. 389