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A Lei_Poulantzas

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 “A LEI” 
Aluno: Moacir José Outeiro Pinto 
Período: Direito – Turma 2012 - Noturno 
 
 
PARTE A – RESUMO DO TEXTO OU TEMA:
 
 
“A suposta cisão entre lei e violência, constitui afirmativa falsa. O Estado de 
Direito, ao contrário dos Estados pré-capitalistas que o antecedem, detém o 
"monopólio da violência e do terror supremo" – o monopólio da Guerra” 
 
A lei, longe de constituir conceito antagônico à violência, é parte integrante da 
ordem repressiva e da organização da coação, exercida por todo o Estado. Por 
organizar o funcionamento da repressão física, constitui a lei, um verdadeiro código 
da violência pública organizada. 
 
Percebe-se, segundo pesquisas acerca do texto em resumo, que existem 
correntes que ignoram o papel da repressão física no funcionamento do Estado, 
considerando a vertente de que o Estado manipula o comportamento social por 
meios diversos da violência física, valendo-se de Leis de Dominação que se fundam 
na estrutura psicológica do indivíduo e da sociedade, na falsa noção de legalidade. 
 
Conceber legalidade e terror como fenômenos contrapostos é um erro, vez que 
a lei sempre acompanhou o exercício da violência e da repressão física. Apesar 
disso, entende-se que, nas sociedades modernas, o exercício do poder se baseia 
muito menos na violência e na repressão que nos mecanismos mais sutis, 
heterógenos à violência, das disciplinas. 
 
O Jurídico pode servir para representar de maneira, sem dúvida e não 
exaustiva, um poder essencialmente baseado na antecipação e na morte, 
evidenciando que os processos de poder, funcionam não para o direito, mas para a 
técnica, não para a lei, mas para a normalização, não para o castigo e sim para o 
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controle, e que se exercem em níveis e formas que ultrapassam o Estado e seus 
aparelhos. 
 
Exalta-se no texto, o caráter heterógeno, ou diverso, do direito, em relação ao 
aos novos processos de dominação que se verificam no Estado moderno, 
mecanismos tais que ultrapassam a figura do Estado, inserindo-se no contexto da 
própria materialidade histórica da sociedade. 
 
A interiorização da repressão é sustentada por Foucault em ser a moderna 
fenomenologia da dominação. No entantanto entende-se que o exercício do poder 
nos moldes de Foucault pressupõe uma mudança de paradigma, em lugar da 
técnica estatal de imposição da autoridade, pelo uso da coerção, surgindo o Estado 
de uma metodologia de persuasão, com vistas à manipulação social. Foucault , 
portanto traz uma subestimação do papel da lei e do Estado, ao menos no exercício 
do poder no seio das sociedades , em especial as modernas, sendo o aparato 
repressivo material (exército, polícia, Judiciário, etc.) apenas dispositivos retóricos, 
que moldam a interiorização da repressão. 
 
Afirma-se no texto que à convivência entre lei e violência é correta, mas 
discorda da teoria segundo a qual o Estado não se vale, primordialmente, da 
repressão material, física, para o alcance de suas consecuções. 
 
Segundo também o texto em estudo, a teoria de Foucault se baseia em uma 
concepção de poder que o toma não como resultante de uma violência física 
organizada, mas da manipulação ideológico-simbólica que organiza o 
consentimento, interiorizando a repressão. Tal tese teria origem na filosofia jurídica 
burguesa, que enxerga o Estado de direito como intrinsecamente associado à 
limitação da violência, tomando esta como oposta à lei. 
 
Surge-se, assim, uma filosofia do poder pautada em uma axiomática dupla, a 
noção do papel da repressão física e a concepção de que, no exercício do poder, 
ideologia e violência representam grandezas inversamente proporcionais. 
 
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Nesse sentido, o poder seria fruto de um consenso. ( Há de se saber de quem 
e de que? ) O desejo popular seria o elemento primordial da gênese do poder, 
desejo esse, por sua vez, resultante de um processo de manipulação ideológica que 
prescinde do uso da violência. A repressão psicológica, sob a técnica da violência 
simbólica, produziria uma identidade , ainda que essencialmente maculada entre as 
vontades de dominante e dominado, conduzindo a um consenso legitimo das 
relações de subordinação. A lei seria um símbolo representativo do ente 
carismático/tradicional, induzindo à obediência espontânea de quem a ela se sujeita. 
 
A problemática dessa concepção está no fato de que, ao lado da repressão 
ideológica, razões materiais, positivas, desempenham um papel decisivo na 
obtenção do consenso. De fato, a par da violência simbólica, vale-se o Estado da 
violência física, material, real, efetiva, organizada e mantida pela lei. 
 
Há uma corrente predominante na filosofia do poder, que subestima 
constantemente o papel da violência física aberta, afirmando a submissão dos 
dominados decorrer de técnicas psicológicas de manipulação, que acabam por 
organizar materialmente a submissão dos dominados. Isso é denominado como um 
processo de normalização, concebendo norma como a regra interior que decorre 
não da repressão material, mas da consciência da disciplina potencial. 
 
Atualmente, o poder se exerce ao mesmo tempo através desse direito e dessas 
técnicas. Que essas técnicas da disciplina, que esses discursos nascidos da 
disciplina invadam o direito. Que os procedimentos de normalização colonizem cada 
vez mais os procedimentos da lei, e é isso, que pode explicar o funcionamento 
global daquilo que pode ser chamado de sociedade de normalização. 
 
A lei teria função predominantemente simbólica, o que conduziria, com o 
decurso do tempo, a uma "regressão" do jurídico. 
 
A subestimação do papel da lei, é apenas um indício da subestimação do papel 
da violência aberta, considerada não efetiva em face do uso de diferentes técnicas 
de exercício do poder, como as disciplinas de normalização, mas como um conflito, 
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assim, a própria razão do uso da força. Em face do dissenso de parcela da 
comunidade, necessária se faz a intervenção efetiva, material, ante o fracasso dos 
instrumentos de repressão puramente ideológicos. Sob o peso da espada, o poder 
dominante se impõe sobre quem subjuga, fazendo uso efetivo do aparato material 
que exerce função meramente retórica no âmbito da repressão simbólica. Em 
verdade, por uma necessidade de natureza prática, a saber, a manutenção forçada 
da posição privilegiada na relação de poder, o Estado hoje, como sempre, 
materializa contra quem se opõe, sob a égide da ordem jurídica, não apenas uma 
violência simbólica, mas também violência efetiva, física, material. 
 
Diferentemente dos Estados pré-capitalistas, o Estado capitalista detém o 
monopólio da violência legítima. De fato, ao caráter de Estado de direito concentra a 
força organizada fundado em uma legitimidade racional-legal. A violência física 
aberta, exercida em situações de poder privado, exteriores ao Estado, é nitidamente 
reduzida com o advento do capitalismo, na medida em que o Estado calçado nessa 
doutrina político-econômica se reserva o monopólio da força física legítima. 
 
Como base hitstórica podemos lembrarque os Estados capitalistas europeus 
se formaram quase sempre pela pacificação de territórios devastados pelas guerras 
feudais. Com o poder político institucionalizado na figura de um Rei, que, contudo, 
detém o monopólio da violência, nas circunstâncias normais de dominação é a 
agressividade aberta menos utilizada do que nos Estados pré-capitalistas. 
 
A forma de exercício do poder, por vezes, se dá mediante regimes autoritários 
que encerram elevada violência física em sua manifestação cotidiana. Ademais, sob 
a forma autocrática, a repressão ideológica é aberta, o que pode produzir violência 
em níveis que beiram o insuportável. O terror supremo da guerra, sobre cuja 
viabilidade a decisão repousa exclusivamente nas mãos do detentor do poder 
político, revela que o poder moderno, a despeito de pautado no direito, pode 
funcionar para a morte, restando aos cidadãos apenas a submissão ao ato de 
violência imputado pelo Estado. Por fim, a exacerbação das lutas de classe, que se 
manifesta sob as mais diversas formas, verificada com constância no regime 
capitalista, revela a fragilidade do conceito que enxerga na lei o oposto à violência 
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do Estado. O que de fato a chancela da desigualdade econômica que realiza o 
direito no Estado capitalista nada mais é que pura violência, na medida em que 
considera ilegítima a busca pela igualdade material e aprova atos de exploração da 
pessoa humana. 
 
Há de se concluir que o poder e o domínio moderno baseado na violência física 
não é pura ilusão. Mesmo que essa violência não transpareça no exercício cotidiano 
do poder, como no passado, ela é mais do que nunca determinante. Sua 
monopolização pelo Estado induz a formas de domínio nas quais os múltiplos 
procedimentos de criação do consentimento desempenham o papel principal. 
 
A monopolização pelo Estado da violência legítima está em perfeita 
consonância com o ideal capitalista que encerra o poder na titularidade dos meios 
de produção. Com a desmilitarização dos setores privados e a concentração da 
força armada na pessoa do Estado, desloca-se a luta de classes de uma guerra civil 
permanente, com conflitos armados e periódicos, para um conflito político-ideológico 
estruturado em novas formas de organização social, como sindicatos, associações e 
partidos políticos. Nesse novo panorama, a violência física aberta é de eficiência 
relativa e a luta passa a ser pelo poder de Estado, uma vez que é ele quem detém o 
monopólio da força. 
 
A lei atua, nesse contexto, como organizadora da repressão, da violência física 
organizada, em função tanto negativa, quanto positiva. Além de um complexo de 
interditos e injunções positivas que o direito obriga em vista do poder. 
 
O Estado detém com a lei papel importante na organização da repressão, mas 
a esse não se limita, pois é igualmente eficaz nos dispositivos de criação dos 
“Mecanismos do Medo”, traduzindo assim a representação imaginária da sociedade 
e do poder da classe dominante. 
 
Enfim, a ação do Estado sempre ultrapassa a lei, pois o Estado pode, dentro de 
certos limites, modificar sua própria lei, o que se torna possível constatar a 
especificidade do Estado capitalista a partir do direito por ele produzido. A noção de 
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sistema axiomatizado, composto por normas abstratas e gerais, formais e 
estritamente regulamentadas é tipicamente capitalista, havendo razões lógicas para 
tanto, afinal, o Estado não é a simples figura de alguma lei eternal, seja ela 
imaginária de algum interdito universal ou de uma lei natural. 
 
A abstração, universalidade e formalidade do direito capitalista, que encobre a 
monopolização da violência legítima pelo Estado, opõe-se ao particularismo jurídico. 
A ideia de indivíduos formalmente livres e iguais atende às necessidades de uma 
doutrina segundo a qual há igualdade de oportunidades e liberdade de ação. A 
formalidade e abstração da lei, assim, estão em relação primeira com os 
fracionamentos reais do corpo social, à luz da individualização dos agentes no 
processo de trabalho capitalista. 
 
Em suas características capitalistas, a lei reúne os atributos capazes de 
constituir o quadro formal de coesão social, se mostrando como um dispositivo mais 
apto a preencher a principal função da ideologia do poder, produzindo o “cimento” 
que liga fortemente uma formação social sob a égide da classe dominante. 
 
A lei moderna, sob império do Direito natural, por sua vez, rechaça as 
justificativas pautadas no divino, fundamenta as diferenças da noção de saber, 
traduzida à luz da lei. É a lei, abstrata, formal, universal, que constitui a verdade dos 
sujeitos; é ela quem fornece a diretriz do pensamento científico-racional; é a lei que 
trava a luta contra a religião; é ela o que estabelece a diferença entre o público e o 
privado. É a lei, portanto, que promove a revolução capitalista do poder e do saber, 
condensada no trabalho intelectual da mente sobre o capital, não há saber e nem 
verdade nos indivíduos fora da lei. Por chancelar a divisão capitalista do trabalho, a 
lei promove o despojamento total dos agentes da produção de seu poder intelectual 
em proveito das classes dominantes e de seu Estado, a lei não permite 
questionamentos, acentua-se tão somente no interesse da classe dominante. 
 
Esta especificidade da lei e do sistema jurídico capitalista tem, portanto, seus 
fundamentos nas relações de produção e na divisão social capitalista do trabalho, 
ela se relaciona assim com as classes sociais e com a luta de classes, tais como 
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elas existem sob o capitalismo. 
 
“A lei do Estado moderno capitalista, portanto, não intervém contra a violência 
ou o terror. Funciona como organizador do exercício da violência, considerando-se a 
resistência de parcela da população. O Estado capitalista, valendo-se da lei como 
instrumento de organização da força, aprofundou o uso que dela fizeram os Estados 
que o antecederam, na medida em que monopolizou a violência legítima, 
centralizando o poder de guerra e de morte” 
 
É assim que a lei vem intervindo não contra a violência de Estado, mas por um 
papel organizador do exercício da violência, considerando-se a resistência das 
massas populares. 
 
Afinal, por parte das classes e frações dominantes, o direito como posição de 
limites expressa as relações de força no seio do bloco no poder. Ele se concretiza 
particularmente ao delimitar os campos de competência e de intervenção de 
diversos aparelhos onde dominam as classes e frações diferentes desse bloco. 
 
 
PARTE B – OPINIÃO DO ALUNO: 
 
 
Inicialmente, podemos realizar uma analogia didática e objetiva para 
delinearmos a conclusão sobre o complexo tema apresentado pelo filósofo Nicos 
Poulantzas, o que , com efeito podemos utilizar o mito grego clássico de Procusto, 
obtido junto as narraticas de Teseu: 
 
“Procusto, na mitologia grega era um bandido que vivia na serra de Elêusis. 
Em sua casa, ele tinha uma cama de ferro, que tinha seu exato tamanho, para a 
qual convidava todos os viajantes a se deitarem. Se os hóspedes fossem 
demasiados altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama, 
e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimentosuficiente. Uma vítima nunca se ajustava exatamente ao tamanho da cama porque 
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Procusto, secretamente, tinha duas camas de tamanhos diferentes. Continuou seu 
reinado de terror até que foi capturado pelo herói ateniense Teseu que, em sua 
última aventura, prendeu Procusto lateralmente em sua própria cama e cortou-lhe a 
cabeça e os pés, aplicando-lhe o mesmo suplício que infligia aos seus hóspedes”. 
 
Podemos substituir algumas palavras no relato deste mito para nos auxiliar na 
estrutura da opinião a que vamos apresentar: 
 
“O Direito Capitalista, no contexto de uma pragmática visão atual de mundo, é 
um bandido que vive no seio social das nações, seja de forma velada ou 
transparente. Em seu contexto servil à Classes Dominantes, fez haver leis de ferro, 
que serviam à reais, excusos e frios interesses, para a qual convidava toda a Classe 
Dominada a se servirem em direitos. Se o dominado fosse demasiadamente audaz e 
satisfeito, ele amputava o excesso positivo e favorecido da lei para ajustá-lo ao 
direito capitalista, e os que se sentiam repressivos à lei eram ideologicamente 
manipulados para aceitarem e realizarem seu comprimento. Qualquer dominado 
nunca se ajustava exatamente à lei imputada, porque o Direito Capitalista, 
secretamente, tinha duas leis diferentes , aquela que se ajustava aos vis interesses 
ou sua reformulação providente ao desejo do Estado. O Direito Capitalista continua 
seu reinado de terror e ainda não foi capturado pelo herói da verdade social, que 
exalta a franco e libertária sede de Direitos Reais…” 
 
Esta montagem perante ao mito grego merece mais considerações no ponto 
tecnicista da observação, pois nos leva a pensar se não é a lei capitalista tão 
sombria quanto o cruel assassino Procusto? Tal qual Procusto, satisfaz-se o direito 
às custas do sofrimento alheio? De fato, a satisfação da norma jurídica capitalista 
pressupõe a desigualdade econômica latente no sistema, tanto em sua estrutura 
quanto em seu contexto natural de aplicação. Como o assassino da mitologia grega, 
que, para satisfazer seu capricho, submetia um ser humano a sofrimento, quer o 
direito atual, a todo custo, a manutenção da ideologia que o sustenta, 
independentemente dos efeitos nefastos e do sofrimento real que acarrete a quem 
quer que seja. 
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Assim como o mito grego, onde o algoz procurava a justa medida cometida 
entre sujeito e objeto, quer o específico direito capitalista regulamentado ao extremo, 
o perfeito cometimento entre texto normativo e fato , expectativa absurda , porém 
real no mundo envolto ao capital dominante de hoje. 
 
Ambas as experiências resultam em injustiça, o sofrimento da vítima de 
Procusto, que era levada à morte por nunca se alcançar a exata medida entre o 
corpo e a cama e a impropriedade da decisão e cometimento calçado 
exclusivamente na lei, que gera injustiça ante a impossibilidade de previsão de uma 
multiplicidade de possibilidades fáticas. 
 
O protagonista antagônico do mito grego agia com violência quando era 
frustrada sua expectativa. Do mesmo modo, o direito capitalista intervém 
violentamente no plano dos fatos, forçando a situação de seu interesse. A "eficácia 
jurídica" da norma se manifesta em atos de violência, ou seja, limitação de direitos, 
perda de patrimônio, restrição da liberdade e, em alguns casos, a própria morte. 
 
Tal qual o agente Procusto, o direito capitalista moderno se vale de violência 
física, efetiva e real , não meramente da repressão ideológica ou simbólica, o que 
atuando de forma tanto negativa quanto positiva, a lei funciona, como organizadora 
da repressão, da violência física organizada. 
 
Tendo em vista os "conflitos" persistentes no corpo social, necessário se faz à 
lei comungar com a aplicação efetiva da coação física. O direito, assim, não 
intervém contra a violência ou o terror. Funciona como organizador do exercício da 
violência. 
 
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Charge da revista Punch (1891) comparando a nova lei britânica das 
Oito horas de trabalho com a cama de Procusto. 
 
O uso efetivo da violência se mostra de modo acentuado no Estado 
capitalista, considerado mais agressivo que os precedentes, na medida em que é o 
primeiro a deter o monopólio da violência legítima. O denominado "Estado de direito" 
acumula, como nenhum outro, grande quantidade de meios de coação corporal, 
concentrando a força organizada. 
 
Enfim, é perfeitamente possível constatar a especificidade do Estado 
capitalista a partir do direito por ele produzido. A noção de sistema, composto por 
normas abstratas e gerais, formais e estritamente regulamentadas é tipicamente 
capitalista. A abstração, universalidade e formalidade do direito capitalista encobre a 
monopolização da violência legítima pelo Estado, opondo-se ao particularismo 
jurídico revelador das diferenças intersubjetivas. A formalidade e abstração da lei, 
assim, mostram-se em relação primeira com os fracionamentos reais do corpo 
social, à luz da individualização dos agentes no processo de trabalho capitalista. 
 
 
 
Cuiabá, 17/10/2012 
 
 
 
MOACIR JOSÉ OUTEIRO PINTO 
RGA 201211211022

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