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SOCIOLOGIA PRÉ-VESTIBULAR 97PROENEM.COM.BR RELAÇÕES DE PODER13 MAX WEBER E O PODER As relações políticas são antes de tudo relações de poder, o conceito de poder muito debatido pelas ciências humanas, pode ser entendido pela perspectiva de Weber, como a “probabilidade de impor a vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”, sendo assim, Weber demonstra que o poder pode estar em qualquer ambiente social, desde sua escola, até na sua relação familiar e domiciliar. Formas de Representação do poder Econômico Bens materiais como decisivos para tomadas de decisões. Ideológico Manipulação de visões, acontecimentos, ideiais, como influenciador de indivíduos. Político Legislação, poder policial e poder jurídico. TIPOS DE DOMINAÇÃO Weber entende que as formas de dominação e de poder são divididas, existem formas de dominação legítimas, que são aplicadas em posicionamentos sociais: Dominação Legal – segue regras segundo um ordena-mento, uma lei, que é aceito por todos. O grupo dominante é eleito e o quadro administrativo é nomeado pelo mesmo. Dominação Tradicional – se estabelece “em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes”. Laços de fidelidade que se estabelecem entre senhor e súdito. Sociedade patriarcal, coronelismo. Dominação Carismática - neste tipo de dominação a relação se sustenta pela crença dos subordinados, nas qualidades excepcionais do “líder”, essas podem ser dons sobrenaturais, a coragem, a inteligência, faculdades mágicas, heroísmo, poder de oratória. O tipo que manda é o “líder”, quem obedece é o “apóstolo”. Obedece-se ao líder somente enquanto suas qualidades excepcionais lhe são conferidas. Não existem regras na administração, é característica deste tipo de dominação a criação momentânea. O líder tem que se fazer acreditar por meio de milagres, êxitos e prosperidade dos seus apóstolos. Se o êxito lhe falta, seu domínio oscila. Ao estudar as formas legítimas de poder em uma sociedade, o autor alemão Max Weber acaba por gerar uma reflexão sobre como o Estado adequa-se aos formatos de dominação. Weber considera que o Estado é o dono do “monopólio do uso legítimo da força, exercendo poder político na sociedade, muitas vezes utilizando a dominação legal. O estado é representado por uma série de fatores: • População: é a reunião de indivíduos num determinado local, submetidos a um poder central. • Território: é o espaço geográfico onde reside determinada população. • Soberania: é o exercício do poder pelo Estado, tanto internamente, quanto externamente. • Governo: é a autoridade governante de uma unidade política. A observar os instrumentos de formação do estado, devemos realizar uma diferenciação entre ESTADO e GOVERNO. o governo é temporário, é o administrador do estado, sendo variante e podendo estabelecer-se de diversas maneiras. O governo pode ser monárquico, republicano, parlamentar, presidencialista, entre outros, mas sendo administrador de uma instituição composta por outras variantes que é o Estado. ESTADO E PODER: VISÕES CLÁSSICAS Existem outras visões de Estado além da Weberiana, vale destacar a de John Locke, que considera que o estado deve ser o garantidor dos direitos naturais do homem, direitos como propriedade, vida e liberdade, não devendo ser um estado interventor no meio econômico e no meio político. Marx também traz uma nova concepção acerca do estado, considerando como um instrumento de manutenção dos poderes da elite, Marx considera que o Estado representa um aparelho de dominação das classes dominantes. Outro teórico do Estado foi Nicolau Maquiavel, que teve como alvo o Estado, e tão somente o Estado. Ele concebe uma espécie de manual onde teoriza sobre o poder nos principados, e as ações dos príncipes no objetivo de manter a ordem. O príncipe deve aprender a não ser sempre bom, a ser ou não ser bom “conforme a necessidade”. O príncipe deve conservar o seu reino - esse é o objetivo -, e para que se chegue a ele é necessário usar de quaisquer artifícios, ou seja, “os fins justificam os meios” Nicolau Maquiavel. Por Santi di Tito (Século XVI) https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e2/Portrait_of_Niccol%C3%B2_ Machiavelli_by_Santi_di_Tito.jpg Montesquieu aparece no contexto iluminista também buscando “amarrar” a atribuição de poder ao Estado, concebendo em sua obra, O Espírito das Leis, a concepção de divisão dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, independentes e inter-relacionais. Esse modelo pensado por Montesquieu não visava um regime democrático, mas sim a um regime monárquico constitucional, em que o rei e seu poder fossem legítimos na mesma medida em que o poder jurídico e o legislativo. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR98 SOCIOLOGIA 13 RELAÇÕES DE PODER PROTREINO EXERCÍCIOS 01. Defina Poder, segundo Weber. 02. Aponte os três tipos de Dominação, para Weber. 03. Aponte a principal característica do Estado, segundo Weber. 04. Diferencie Estado e Governo. 05. Apresente a principal ideia de Montesquieu no contexto do Estado. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder. MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado). A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo. b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis. c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis. d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das consequências. e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais. 02. (UEG) O Estado moderno, que representou a superação de concepções políticas medievais, encontrou vários teóricos. Entre eles merecem destaque Maquiavel, Jean Bodin e Thomas Hobbes. Este último ficou conhecido por afirmar que o Estado a) é uma criação do homem para sua própria defesa e proteção. b) é uma criação divina, e o monarca, seu representante. c) é um instrumento de exploração das classes dominantes. d) é um instrumento democrático em benefício do indivíduo. e) era formado por homens bons e caridosos. 03. (UFU) Na concepção de Weber, a política é uma atividade geral do ser humano. A atividade política se desenvolve no interior de um território delimitado e a autoridade política reivindica o direito de domínio, ou seja, o direito de poder usar a força para se fazer obedecer. Se há obediência às ordens, ocorre uma situação de dominação. Sobre os tipos de dominação, assinale a alternativa correta. a) A dominação legal racional é a mais impessoal, pois se baseia na aplicação de regras gerais aos casos particulares. b) O patrimonialismo é o tipo mais característico de dominação legal racional. c) A forma mais típica de dominação tradicional é a burocracia. d) A dominação carismática constitui um tipo bastante comum de poderio, na medida em que se baseia na crença em qualidades pessoais corriqueiras. e) A dominação carismática não possui relação com oratória e retórica. 04. (ENEM) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus,oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros. b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política. c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais. e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares. 05. (ENEM) TEXTO I O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos — seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes. Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099; 3 fev. 2010. TEXTO II Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a a) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle policial. b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos administrativos. c) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras. d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com valores democráticos. e) incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle social específicos à realidade social brasileira. 06. (UFU - adaptada) Sobre o legado do pensamento científico de Max Weber, Carlos B. Martins afirma que: “A obra de Weber representou uma inegável contribuição à pesquisa sociológica, abrangendo os mais variados temas, como o PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 13 RELAÇÕES DE PODER 99 SOCIOLOGIA direito, a economia, a história, a religião, a política, a arte, de modo destacado, a música. Seus trabalhos sobre a burocracia tornaram- no um dos grandes analistas deste fenômeno.” MARTINS, Carlos B. O Que é Sociologia? São Paulo:Editora Brasiliense, 1991, 28 ed., p. 66. A respeito das contribuições de Weber acerca dos conceitos de poder e dominação, assinale a alternativa correta. a) Ao passo que poder é toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo, considerada legítima. b) Há, para Weber, não mais que dois tipos puros de dominação, quais sejam, a carismática (típica das sociedades tradicionais) e a legal-racional (típica das sociedades modernas). c) A transição de uma ordem política patrimonial-tradicional para uma ordem burocrática legal é acompanhada por uma consolidação do tipo de dominação carismática. d) A dominação legal-racional dá-se por meio da obediência do quadro administrativo à pessoa do senhor, em detrimento de estatutos impessoalmente estabelecidos. e) Existem quatro formatos de dominação para Weber, o modelo afetivo, tradicional, amoroso e racionalista. 07. (UFFS) Princípio enunciado por Maquiavel, segundo o qual a ação política encontra em si mesma a própria justificação, ao garantir a ordem e a liberdade da convivência civil. A política, portanto, constitui uma ciência autônoma e independente de qualquer sistema ético e religioso. Indique-o nas alternativas abaixo. a) Política Neutra. b) Realismo Político. c) Realismo Lógico. d) Lógica dominante. e) Política Justificada. 08. (UNIOESTE 2016) Max Weber (1864-1920) afirma que “devemos conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território […], reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física”. (Weber, Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2006, p. 56) Assinale a alternativa CORRETA, a respeito do significado da afirmação de Weber. a) Para Weber, no caso do Estado contemporâneo, apenas seus agentes podem utilizar a violência de modo legítimo dentro dos limites do seu território. b) O Estado foi sempre o único agente que pode utilizar legalmente a violência com o consentimento dos cidadãos – a violência dos pais contra os filhos, por exemplo, sempre foi ilegal. c) Atualmente, o Estado é o único agente que utiliza a violência (ameaças, armas de fogo, coação física) como meio de atingir seus fins – assim a segurança de todos os cidadãos está garantida. d) Outros grupos também podem utilizar a violência como recurso – por exemplo, as empresas privadas de vigilância – independente da autorização legal do Estado. e) Todos os cidadãos reconhecem como legítima qualquer violência praticada pelos agentes do Estado contemporâneo – por exemplo, quando a polícia usa balas de borracha contra grevistas. 09. (Enem) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente. MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado). A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas. b) consagração do poder político pela autoridade religiosa. c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas. d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo. e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito. 10. (UEL)O desenvolvimento da civilização e de seus modos de produção fez aumentar o poder bélico entre os homens, generalizando no planeta a atitude de permanente violência. No mundo contemporâneo, a formação dos Estados nacionais fez dos exércitos instituições de defesa de fronteiras e fator estratégico de permanente disputa entre nações. Nos armamentos militares se concentra o grande potencial de destruição da humanidade. Cada Estado, em nome da autodefesa e dos interesses do cidadão comum, desenvolve mecanismos de controle cada vez mais potentes e ostensivos. O uso da força pelo Estado transforma-se em recurso cotidianamente utilizado no combate à violência e à criminalidade. Adaptado de: COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1997. p.283-285. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a concepçãosociológica weberiana sobre o uso da força pelo Estado contemporâneo. a) A força militar contemporânea, por seu poder de persuasão e atributos personalísticos, é um agente exemplar do tipo de dominação carismática. b) Na sociedade contemporânea, o poder compartilhado entre cidadãos e Estado, para o uso da força, define a dominação legítima do tipo racional-legal. c) O Estado contemporâneo caracteriza-se pela fragmentação do poder de força, conforme o tipo ideal de dominação carismática, a exemplo do patriarca. d) O Estado contemporâneo define-se pelo direito de monopólio do uso da força, baseado na dominação legítima do tipo racional-legal. e) O tipo ideal de dominação tradicional é exercido com base na legitimidade e na legalidade do poder de uso democrático da força pelo Estado contemporâneo. 11. (Enem) Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em risco a própria integridade física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se esse mesmo homem é um chefe de Estado, os critérios pessoais não são mais adequados para decidir sobre ações cujas consequências se tornam tão amplas, já que o prejuízo não será apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e os fins a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir. ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna, 2006 (adaptado). O texto aponta uma inovação na teoria política na época moderna expressa na distinção entre a) idealidade e efetividade da moral. b) nulidade e preservabilidade da liberdade. c) ilegalidade e legitimidade do governante. d) verificabilidade e possibilidade da verdade. e) objetividade e subjetividade do conhecimento PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR100 SOCIOLOGIA 13 RELAÇÕES DE PODER 12. (UEM - ADAPTADA) Considerando as diferentes concepções sociológicas do que é o Estado moderno, assinale o que for correto. a) Para Karl Marx, o Estado moderno funciona como representante dos interesses das classes subalternas. b) Para Émile Durkheim, o Estado exerce o papel de representante dos interesses da classe dominante. c) Segundo Max Weber, o Estado moderno não consegue manter o monopólio do uso da força física. d) O Estado moderno centraliza todas as ações de disciplina e de controle social dos indivíduos. e) O Estado moderno surgiu da desintegração do mundo feudal e das relações políticas até então dominantes na Europa. 13. (UEL) No romance de Monteiro Lobato O Presidente Negro (1926), livro de ficção sobre os EUA, o personagem principal vê o futuro, o século XXI, ano de 2228, através de um porviroscópio, e tece algumas considerações sobre o estágio do choque das “raças” naquele contexto. [...] Até essa época a população negra representava um sexto da população total do país. A predominância do branco era pois esmagadora e de molde a não arrastar o americano a ver no negro um perigo sério. Mas com o proibicionismo coincidiu o surto das ideias eugenísticas de Francis Galton. As elites pensantes convenceram- se de que a restrição da natalidade se impunha por 1001 razões, resumíveis no velho truísmo: qualidade vale mais que quantidade. [...] Os brancos entraram a primar em qualidade, enquanto os negros persistiam em avultar em quantidade. [...] Mais tarde, quando a eugenia venceu em toda a linha e se criou o Ministério da Seleção Artificial, o surto negro já era imenso. [...] (Felizmente), muito cedo chegou o americano à conclusão de que os males do mundo vinham dos três pesos mortos que sobrecarregam a sociedade – o vadio, o doente e o pobre. Em vez de combater esses pesos mortos por meio do castigo, do remédio e da esmola, como se faz hoje, adotou solução mais inteligente: suprimi-los. A eugenia deu cabo do primeiro, a higiene do segundo e a eficiência do último. (LOBATO, M. O Presidente Negro. São Paulo: Globo, 2008, p.97 e p.117, grifos do autor) Constituem exemplos de políticas eugenísticas promovidas como política oficial de Estado: I. O apartheid na África do Sul, em vigor até o início dos anos de 1990. II. As ações dos cidadãos comuns da Ku-Klux-Klan nos Estados Unidos, sobretudo nos anos 1960, com o crescimento do movimento dos direitos civis em defesa da raça branca. III. A implantação dos campos de concentração na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. IV. O movimento Anauê no Brasil, promovido por Plínio Salgado e base das milícias integralistas criadas por Getúlio Vargas. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas 14. (UFU) O deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB- BA) recebeu da Odebrecht doações eleitorais no valor de aproximadamente R$ 300 mil em 2014. Segundo o ex-diretor de Relações Institucionais da construtora, Cláudio Melo Filho, o apoio financeiro era dado com intenção de troca de favores. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/12/10/ delator-diz-que-odebrecht-deu-r-300-mil-a-imbassahy-em-troca-de-favores.htm>. Acesso em: 22 abr. 2017. A troca de favores por benefícios econômicos como a que é noticiada no trecho, é conhecida como: a) Oligarquismo b) Clientelismo c) Nepotismo d) Capitalismo e) Socialismo 15. (UEL) O desenvolvimento da civilização e de seus modos de produção fez aumentar o poder bélico entre os homens, generalizando no planeta a atitude de permanente violência. No mundo contemporâneo, a formação dos Estados nacionais fez dos exércitos instituições de defesa de fronteiras e fator estratégico de permanente disputa entre nações. Nos armamentos militares se concentra o grande potencial de destruição da humanidade. Cada Estado, em nome da autodefesa e dos interesses do cidadão comum, desenvolve mecanismos de controle cada vez mais potentes e ostensivos. O uso da força pelo Estado transforma-se em recurso cotidianamente utilizado no combate à violência e à criminalidade. Adaptado de: COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1997. p.283-285. Sobre violência e criminalidade no Brasil, assinale a alternativa correta. a) As políticas repressivas contra o crime organizado são suficientes para erradicar a violência e a insegurança nas cidades. b) As altas taxas de violência e de homicídios contra jovens em situação de pobreza têm sido revertidas com a eficácia do sistema prisional. c) As desigualdades e assimetrias nas relações sociais, a discriminação e o racismo são fatores que acentuam a violência no Brasil. d) A violência urbana contemporânea é resultado dos choques entre diferentes civilizações que se manifestam nas metrópoles brasileiras. e) O rigor punitivo das agências oficiais no combate à criminalidade impede o surgimento de justiceiros e milícias. 16. (UFFS 2011) O Estado tem sido definido como um conjunto de instituições políticas, jurídicas e administrativas com jurisdição sobre a população de um país. Hegel suge ria que o estado seria uma criação racional, represen tando a “coletividade social”. Essa concepção foi rejeitada por Marx e Engels, que concebiam o Estado como: a) Como curador da sociedade, ou seja, aquele que zela pelos interesses de outra pessoa ou instituição. b) Um instrumento que molda a sociedade; ele existe antes da sociedade, ou seja, ele é não histórico, transcende a sociedade. c) Um instrumento capaz de manter a ordem natural da sociedade, colaborando para o bem comum de diferentes classes sociais. d) Um instrumento essencial de dominação popular, estando acima dos conflitos de classe, com interesses legítimos de dominação comum. e) Um instrumento que serve aos interesses da classe dominante em qualquer sociedade. Não é o Estado que molda a sociedade, mas a sociedade que molda o Estado pelo modo de produção. 17. (UNIOESTE2011) Dois dos conceitos mais importantes desenvolvidos no livro, O Príncipe, de Maquiavel, são os conceitos de virtù e fortuna, que são qualidades que um príncipe terá que cultivar na arte de governar e fundamentais na maneira como o poder pode ser conquistado. Escolha, entre as alternativas abaixo, a que melhor corresponde aos propósitos de Maquiavel ao escrever essa obra. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 13 RELAÇÕES DE PODER 101 SOCIOLOGIA a) Maquiavel preocupava-se em moralizar a política e fazer uma defesa da moral cristã, ou dos valores que sua própria sociedade aprova. b) Maquiavel se detém apenas no estudo das repúblicas e não se interessa em fazer uma classificação dos principados existentes no período. c) Maquiavel, na maior parte da obra, distingue quatro espécies de principados, de acordo como a forma que é utilizado o poder: pela fortuna, pela virtù, pela violência e, por último, aquele que não tem o consentimento dos cidadãos. d) Maquiavel descreve os caminhos e meios de adquirir e conservar o poder político. Para Maquiavel, a política tem uma ética e uma lógica próprias. e) O uso da força não explica o fundamento do poder, porém é a posse da compaixão cristã a chave por excelência do sucesso do príncipe. Sucesso este que tem uma medida política: a manutenção do poder político. 18. (UFU 2013) Em artigo intitulado “Clientelismo ainda domina política no interior do Brasil”, da BBC, de 27 de outubro de 2002, o jornalista Paulo Cabral desenha o painel de parte da política nacional. Ele destaca que, em comício de uma certa deputada, um grande churrasco foi oferecido para os eleitores de uma vila: "Sob um sol escaldante, um caminhão de som tocava o jingle – forró da candidata a todo o volume, a população sentia o cheiro da carne sendo assada trancada dentro de uma casa. Comida, só quando chegasse a candidata”. BBC. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/021027_seriedb. shtml>. Acesso: 11 mar. 2013. A relação descrita entre os eleitores e a candidata aproxima-se, na matriz teórica weberiana, de um tipo puro de relação de dominação, uma vez que a) inscreve-se como relação de poder em que a candidata aproveita-se de uma probabilidade de impor sua vontade, ainda que sem legitimidade. b) estabelece-se, retirando das relações os elementos não racionais, isto é, em evidente processo de desencantamento do mundo. c) sua natureza remonta uma tradição inimaginavelmente antiga e conduz ou orienta a ação habitual do eleitor para o conformismo. d) expõe características típicas das formas carismáticas de dominação, demonstrada pelo dom da graça extraordinário e pessoal manifesto nas práticas clientelistas. e) aponta a total obediência às regras jurídicas e normas racionais asseguradas pelos estatutos legais. 19. (UFU 2002) Na canção Estação derradeira, de Chico Buarque, é apresentada, em breves palavras, parte de um retrato falado do Rio de Janeiro: “Rio de Janeiro Civilização encruzilhada Cada ribanceira é uma nação À sua maneira Com ladrão Lavadeiras, honra, tradição Fronteiras, munição pesada”. CD FRANCISCO, Chico Buarque , RCA, 1987. Relacione essa composição com a concepção do sociólogo Max Weber a respeito das características do Estado moderno e aponte a alternativa correta. a) De acordo com a perspectiva weberiana, a existência de uma “cidade partida”, como o Rio de Janeiro, seria reflexo de uma “nação partida” em que os meios de violência são monopolizados pelas classes dominantes para oprimir as classes dominadas. b) Segundo a concepção weberiana, é típico de toda e qualquer sociedade de classes ou estamental a concorrência entre poderes armados paralelos que põem, permanentemente, em questão a possibilidade da existência do monopólio do uso legítimo da violência. c) De acordo com Weber pode-se afirmar que, no limite, o Estado brasileiro não está inteiramente constituído como tal, uma vez que não se revela em condições de exercer, em sua plenitude, o monopólio do uso legítimo da violência. d) Conforme a ótica weberiana, no Estado moderno, com o surgimento dos exércitos profissionais, vive-se uma situação em que se tem “o povo em armas”, razão pela qual não seria surpreendente, para Weber, constatar a situação de violência que campeia, atualmente, nas metrópoles brasileiras. e) A partir da teoria de Max Weber, as diversas formas de legítimas de uso da violência contribuem para a coesão social. 20.(Unesp) Analise o texto político, que apresenta uma visão muito próxima de importantes reflexões do filósofo italiano Maquiavel, um dos primeiros a apontar que os domínios da ética e da política são práticas distintas. “A política arruína o caráter”, disse Otto von Bismarck (1815- 1898), o “chanceler de ferro” da Alemanha, para quem mentir era dever do estadista. Os ditadores que agora enojam o mundo ao reprimir ferozmente seus próprios povos nas praças árabes foram colocados e mantidos no poder por nações que se enxergam como faróis da democracia e dos direitos humanos: Estados Unidos, Inglaterra e França. Isso é condenável? Os ditadores eram a única esperança do Ocidente de continuar tendo acesso ao petróleo árabe e de manter um mínimo de informação sobre as organizações terroristas islâmicas. Antes de condenar, reflita sobre a frase do mais extraordinário diplomata americano do século passado, George Kennan, morto aos 101 anos em 2005: “As sociedades não vivem para conduzir sua política externa: seria mais exato dizer que elas conduzem sua política externa para viver”. (Veja, 02.03.2011. Adaptado.) A associação entre o texto e as ideias de Maquiavel pode ser feita, pois o filósofo a) considerava a ditadura o modelo mais apropriado de governo, sendo simpático à repressão militar sobre populações civis. b) foi um dos teóricos da democracia liberal, demonstrando-se avesso a qualquer tipo de manifestação de autoritarismo por parte dos governantes. c) foi um dos teóricos do socialismo científico, respaldando as ideias de Marx e Engels. d) foi um pensador escolástico que preconizou a moralidade cristã como base da vida política. e) refletiu sobre a política através de aspectos prioritariamente pragmáticos. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR102 SOCIOLOGIA 13 RELAÇÕES DE PODER APROFUNDAMENTO EXERCÍCIOS DE 01. Max Weber foi um importante sociólogo alemão. Segundo a sua sociologia política, a dominação é legitimada por três tipos puros de poder. Que tipos são esses? Qual desses está mais presente na sociedade moderna? Justifique sua resposta. 02. (UFU) Considere a seguinte citação. É evidente que, tecnicamente, o grande Estado moderno é absolutamente dependente de uma base burocrática. Quanto maior é o Estado e principalmente quanto mais é, ou tende a ser, uma grande potência, tanto mais incondicionalmente isso ocorre. WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 1982. p. 246. Responda: a) De acordo com a Sociologia de Max Weber, explique a diferença entre poder e dominação. b) Cite os três tipos puros de dominação legítima e explique cada um deles. 03. “Em nossa época, entretanto, devemos conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território [...], reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física.” WEBER, Max. A política como vocação. In: _______. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 2004, p.56. A definição acima de Estado foi dada por Max Weber, em seu texto A política como vocação. Explique a importância da noção de legitimidade para a definição dada por Weber. 04. Cada um desses estágios do desenvolvimento da burguesia se fez acompanhar do correspondente progresso político. Estamento oprimido sob a dominação dos senhores feudais, associação armada e autogovernante na comuna, ora república municipal independente, ora terceiro estamento tributável da monarquia; depois, à época da manufatura, contrapeso para a nobreza namonarquia estamental ou na absoluta, fundamento central de todas as grandes monarquias – a burguesia por fim conquistou para si, desde o estabelecimento da grande indústria e do mercado mundial, a exclusiva dominação política no moderno Estado representativo. O moderno poder estatal é apenas uma comissão que administra os negócios comuns de toda a classe burguesa. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto do partido comunista. São Paulo: Penguin Classics/ Companhia das Letras, 2012, p. 46. A partir do texto acima, responda: para Marx, qual a relação entre sistema político e sistema econômico? 05. Eu só quero é ser feliz, Andar tranquilamente na favela onde eu nasci. E poder me orgulhar, E ter a consciência que o pobre tem seu lugar. Minha cara autoridade, eu já não sei o que fazer, Com tanta violência eu sinto medo de viver. Pois moro na favela e sou muito desrespeitado, A tristeza e a alegria aqui caminham lado a lado. Eu faço uma oração para uma santa protetora, Mas sou interrompido a tiros de metralhadora. Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela, O pobre é humilhado, esculachado na favela. Já não aguento mais essa onda de violência, Só peço à autoridade um pouco mais de competência. Diversão hoje em dia não podemos nem pensar. Pois até lá nos bailes, eles vêm nos humilhar. Fica lá na praça que era tudo tão normal, Agora virou moda a violência no local. Pessoas inocentes, que não tem nada a ver, Estão perdendo hoje o seu direito de viver. Nunca vi cartão postal que se destaque uma favela, Só vejo paisagem muito linda e muito bela. Quem vai pro exterior da favela sente saudade, O gringo vem aqui e não conhece a realidade. Vai pra zona sul, pra conhecer água de coco, E o pobre na favela, vive passando sufoco. Trocaram a presidência, uma nova esperança, Sofri na tempestade, agora eu quero a bonança. O povo tem a força, precisa descobrir, Se eles lá não fazem nada, faremos tudo daqui. Rap da Felicidade - Mc Cidinho e Mc Doca a) A música acima faz uma descrição do sentimento de moradores de uma favela carioca a respeito da violência. Comente por que as favelas são locais onde a violência é mais marcante. b) É possível ser cidadão em um contexto de exclusão? Justifique sua resposta. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 13 RELAÇÕES DE PODER 103 SOCIOLOGIA GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. B 02. A 03. A 04. C 05. D 06. A 07. B 08. A 09. D 10. D 11. A 12. E 13. B 14. B 15. C 16. E 17. D 18. C 19. C 20. E EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. Segundo Max Weber, os três tipos de poder são o tradicional, o racional-legal e o carismático. O mais presente na sociedade moderna é o racional-legal. É ele que determina as relações impessoais existentes no capitalismo. Relações estas que estão expressas, de forma mais pura, nos contratos legais e na forma que os cidadãos submetem-se ao Estado. 02. a. A diferença entre PODER e DOMINAÇÃO é a existência ou não de LEGITIMIDADE. . PODER significa toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade. . DOMINAÇÃO é a probabilidade de encontrar obediência à mesma ordem de determinado conteúdo. b. DOMINAÇÃO RACIONAL: baseada na crença na legitimidade das ordens estabelecidas e do direito de mando daqueles que estão nomeados para exercer a dominação; . DOMINAÇÃO TRADICIONAL: baseada na crença cotidiana na santidade das tradições vigentes desde sempre e na legitimidade daqueles que representam a autoridade. . DOMINAÇÃO CARISMÁTICA- baseada na veneração extraordinária da santidade, do poder heroico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das ordens reveladas. 03. A legitimidade corresponde à condição para que o Estado possa existir. Não basta que o Estado exerça o monopólio da violência, mas que esta seja reconhecida pelos indivíduos como sendo legítima, ou seja, que eles se submetam voluntariamente a ela. 04. Para Marx, o sistema político é uma espécie de reflexo do sistema econômico. No caso do sistema político moderno, a democracia que surge é, na verdade, uma expressão burguesa, servindo somente para manter os trabalhadores pacificados e maximizar o lucro da classe burguesa. 05. a. A incapacidade do Estado de oferecer serviços como saúde, educação e trabalho para a população mais pobre acaba gerando regiões de exclusão. Nessas regiões, grupos violentos podem agir e assumir o controle do local. A forma do Estado de conter esse tipo de violência é por meio da ação policial. O grande problema é que, ao invés de conter a violência, esse tipo de “solução” acaba por fomentar ainda mais essa violência. b. Do ponto de vista formal sim, porém, do ponto de vista real não. Ainda que os moradores da favela tenham os mesmos direitos que os demais, eles não possuem acesso aos bens públicos que garantiriam esses direitos ANOTAÇÕES PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR104 SOCIOLOGIA 13 RELAÇÕES DE PODER
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