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RESUMO FILME "Pedregulho: O Sonho é Possível"

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PEDREGULHO
O Sonho É Possível
“Pedregulho: O Sonho é Possível”, filme de Ivana Mendes, conta a história do Conjunto Residencial Mendes de Moraes, localizado no bairro de São Cristóvão no Rio de Janeiro. O edifício era conhecido como “Minhocão” pelos moradores e como “Pedregulho” por profissionais da área. O projeto foi concebido por Eduardo Affonso Reidy juntamente com Carmen Portinho e criado para atender uma demanda habitacional de funcionários públicos do Estado. A obra do edifício foi realizada entre os anos de 1946 e 1952 e fez parte de uma onda de experimentações que envolvem os Conjuntos Residenciais do Realengo, Vila Isabel e da Gávea e a criação do Departamento de Habitação Popular no Rio de Janeiro, os quais foram produzidos durante o Estado Novo de Vargas. Até então a moradia era uma questão popular.
Em 1950 Reidy inicia suas grandes realizações, que o fez ficar famoso mundialmente, dentre seus projetos o que lhe destaca é o conjunto Pedregulho. As principais bases para o projeto Prefeito Mendes de Moraes Pedregulho¨ surgiu após um senso detalhado sobre as principais condições de vida e necessidade das pessoas que morariam ali. A pesquisa sociológica também visionava uma integração entre projetar, construir e progredir na vida futura dos futuros moradores, um exemplo claro foi a escolha dos edifícios necessários, o número dos apartamentos, tudo com a meta de uma ordem social, realizada pelo Departamento da Habitação Popular da Prefeitura do Distrito Federal, onde 570 famílias foram cadastradas, o projeto abriga cerca de 5000 habitantes com boas condições habitacionais e serviços anexos para funcionários municipais .Área destinada a implantação foi de 52.140 m², no bairro industrial de São Cristóvão no morro do Pedregulho com a topografia acidentada, desnível de 50,00 m² e cruza a extensão transversal do terreno, mantendo a composição entre moradia e o espaço externo, promovendo a instalação de serviços complementares às famílias nas mesmas áreas de edificações residências, ou seja com blocos residenciais e áreas de serviços comuns : jardim de infância, maternal, berçário, escola primária, mercado, lavanderia, centro sanitário, quadras esportivas, ginásios, piscinas e comercial.
O Pedregulho foi uma das primeiras tentativas de construir conjuntos habitacionais no país. Referência de habitação popular para o mundo até hoje, assumiu na época de sua construção o papel de disseminador do discurso defendido pelos líderes do Movimento Moderno europeu dos anos 20. A nível global é no 2º CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna) que se iniciam as discussões acerca de uma arquitetura mais coletiva em oposição a propriedade privada e ao individualismo que predominaram anteriormente. Mais do que um assunto a ser discutida o Pedregulho, como foi dito no filme, representa no Brasil uma ruptura com a habitação isolada.
A 1ª e 2ª Guerras Mundiais formam o contexto que impulsionou o início dessas discussões uma vez que as nações se encontravam destruídas e tinham por necessidade a reconstrução do seu espaço físico e de sua organização social. Foi neste contexto que os ideais socialistas começaram a florescer e a influenciar os acontecimentos em diferentes âmbitos. As construções da época nada mais eram, portanto, que forte expressão dos anseios por justiça e igualdade social. “O novo desafio da arquitetura é o coletivo” diz um dos entrevistados no filme. Assim sendo é possível dizer que a ideia de coletivo está explícita no Pedregulho. 
A obra traduz o que havia de mais característico na arquitetura brasileira modernista dos anos 50. Tanto Reidy quanto Portinho tinham a visão de que “o habitar não se resumia à vida no interior de uma casa” e portanto focavam na composição entre a moradia e o espaço externo, solução esta que se assemelha com a solução dada por Le Corbusier na Carta de Atenas, sendo a integração do edifício com o seu entorno feita por meio da natureza. Outros conceitos da Carta podem aí ser identificados. Liberando o térreo para a circulação e sociabilização o piloti prevê maior afetividade entre moradores e consequentemente maior conservação da obra o que foi confirmado por depoimentos demoradores no filme; o destino de espaços para a instalação de serviços complementares às famílias como a creche no andar intermediário, e uma escola central são construídos na mesma área dos edifícios residenciais, o que proporciona economia de tempo no deslocamento diário e traz maior qualidade de vida; há preocupação com insolação e ruídos na organização do conjunto e além disso a manutenção de valores culturais pré-existentes vista nos painéis de azulejos decorados, murais e esculturas de artistas como Anísio Medeiros, Cândido Portinari e Burle Marx são a prova de que a arquitetura para uma população economicamente desfavorecida não supõe uma arquitetura empobrecida. 
Uma nova forma de morar estava sendo proposta e essa só foi bem sucedida a medida que se entenderam os problemas e as reais necessidades do processo de construção desapegando da técnica antiga e reformulando-a. Este método nada mais é do que uma leitura fiel do conceito de “Máquina de Morar” proposto por Le Corbusier. Com o passar dos anos a história foi modificando as necessidades. Um acontecimento importantíssimo que passaria a interferir no modo de morar foi a inserção da mulher no mercado de trabalho.

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